FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

BATENDO NA MESMA TECLA

Os parágrafos abaixo não são de minha autoria, mas foram pinçados da seção EDUCAÇÂO da revista VEJA DIGITAL. Não tenho formação para estabelecer critérios na área de educação, mas até um leigo pode perceber a correlação entre educação e o desenvolvimento de um país.
Não me canso de citar a Coréia do Sul como um exemplo de país que está colhendo os frutos dos seus investimentos em educação. 
Alguém conhece alguma nação que se desenvolveu apenas dando cada vez mais assistência aos pobres?
Assim, exponho aqui alguns trechos que expressam as conclusões de quem entende do assunto.
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Por que investir na primeira infância pode mudar o Brasil

Por volta dos dois anos de idade, o cérebro do ser humano atinge o pico de sua atividade. Nessa fase, é possível estabelecer até 700 novas conexões neuronais por segundo — praticamente o dobro de sinapses executadas aos dez anos de idade, de acordo com estudos feitos pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. É nessa fase que se formam as bases de aprendizado que serão utilizadas ao longo de toda a vida. Entretanto, mais de 200 milhões de crianças ao redor do mundo nessa faixa etária não conseguem atingir seu pleno potencial cognitivo por estarem expostas a fatores como subnutrição, pobreza, violência e aprendizagem inadequada.
No Brasil, a vulnerabilidade social atinge 21,6% das crianças de zero a três anos, segundo dados da ONG Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. Na zona rural, a taxa sobe para 40%.



Tem que ser na base: Segundo James Heckman, estudos demonstram que os investimentos na educação de crianças de 0 a 3 anos têm uma taxa de retorno muito maior do que os investimentos feitos na educação durante a escola, ou na faculdade.

Para o Banco Mundial, instituição que financia projetos em países em desenvolvimento, reverter essa situação não é apenas uma necessidade ética, mas também uma atitude inteligente do ponto de vista econômico. “O prejuízo causado para os cofres públicos para contornar problemas como baixa escolaridade, falta de segurança e mortalidade infantil seria incomparavelmente menor se os recursos fossem destinados para estimular o bom desenvolvimento das crianças na primeira infância", defende Claudia Costin, diretora da área de educação do Banco Mundial.

Incremento na renda e qualidade de vida — O crescente movimento em torno desse tema nos últimos anos tem como percussor o economista americano James Heckman, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2000. Ao longo dos últimos dez anos, Heckman fez dezenas de análises sobre educação infantil e comprovou que o investimento na primeira infância pode resultar em um incremento de renda de até 60% de adultos que frequentaram creches, se comparado a pessoas que não fizeram essa etapa de ensino. "O investimento em educação infantil significa investimento em capital humano. Um dos estudos, realizado em uma pré-escola chamada Perry, nos EUA, mostrou que após cinco anos, 67% das crianças que tiveram acesso à educação desde cedo registraram QI acima de 90 - no grupo que pulou essa etapa, apenas 28% atingiu esse patamar", afirmou o pesquisador ao site de VEJA.


Ainda de acordo com Heckman, após 14 anos, o grupo que participou do programa de educação infantil teve o triplo de notas satisfatórias ao longo da vida escolar em comparação com estudantes que não tiveram o mesmo acesso. "Também houve impacto significativo na redução do envolvimento com criminalidade e até mesmo na capacidade de manter uma relação afetiva estável", conclui.

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Conclusão:

Combater a pobreza é desenvolver o país! 
Assistir aos pobres é uma necessidade emergencial, mas é urgente começar realmente a erradicar a pobreza, evitando que as próximas gerações sejam formadas por carentes, que dependerão eternamente de assistência! 

Erradicar a pobreza é investir em crianças que estão agora a nascer, dando-lhes desde o início educação de qualidade! Acabem com a pobreza do homem de amanhã, dando educação básica de qualidade à criança de hoje!
Claro que os frutos só serão colhidos a longo e médio prazo. A princípio, os esforços neste sentido nem serão percebidos e os resultados não aparecerão no mesmo mandato político. Talvez este o maior empecilho para os governantes, que querem plantar a jabuticaba e come-la no dia seguinte! (Eu tenho um pé há mais de sete anos que só agora ameaça dar os primeiros frutos...)
Eles não gostam que seus sucessores colham os frutos que eles plantaram, e virem "milagreiros" de plantão, gozando dos resultados que receberam! 
Precisamos urgente de gente que ame o país o suficiente para pensar nas gerações futuras, que serão o futuro do país!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

DE CARONA NO COMETA

Hoje, às 14:14 (hora de Brasília) a sonda espacial Philae marcou mais uma etapa na ciência, ao pousar na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. É a primeira vez que um artefato fabricado na Terra pousa suavemente em um cometa. A sonda foi liberada pela nave espacial não-tripulada Rosetta, lançada em 02 de março de 2004 pela Agência Espacial Européia para esta expedição pioneira.

A nave Rosetta, com seus coletores solares.
(Imagem: Wikipedia)

A Rosetta alcançou e passou a orbitar o Churyumov-Gerasimenko em 05 de agosto deste ano, e liberou a sonda hoje, a 22,5 km do cometa, naquele momento a 510 milhões de km da Terra. A Philae levou mais sete horas até o pouso. Houve uma falha no funcionamento dos ejetores a gás que deveriam evitar flutuações da sonda após o pouso, mas foram utilizados arpões, que fixaram a sonda no solo.

Representação artística do Philae pousado.
(Imagem: ESA/ATG medialab)



Os cometas geralmente tem órbitas mais longas do que os planetas e elas também são mais excêntricas em relação ao Sol.
A Philae deverá enviar para a Terra as análises de diversas sondagens e pesquisas, como substâncias presentes na sua constituição e a natureza do seu núcleo. A carona deve durar até dezembro de 2015.
O órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko deverá chegar ao ponto mais próximo do Sol em agosto de 2015.

O cometa Churyumov-Gerasimenko mede 4 X 3,5 km. Esta foto foi tirada pela Rosetta, quando se encontrava a 81 km de distância.












segunda-feira, 3 de novembro de 2014

PASSEIO ESPACIAL ADIADO!

A nave espacial Spaceship Two (assunto do post UM PORTAL PARA O TURISMO ESPACIAL, 18/10/2011), da empresa Virgin Galactic, projetada para levar passageiros em passeios espaciais suborbitais, sofreu um acidente durante um voo de testes sobre o deserto de Mojave, na Califórnia, EUA, na sexta-feira passada (31/10). As únicas pessoas a bordo eram os pilotos Michael Alsbury, de 39 anos, morto no acidente, e Peter Siebold, de 43 anos, que ficou gravemente ferido, mesmo tendo se ejetado da nave.
O dono do empreendimento, o bilionário britânico Richard Branson, viajou no dia seguinte para os EUA, para acompanhar as investigações sobre as causas do acidente.

Foto promocional da empresa, mostrando o Spaceship Two ao centro, suspenso no  lançador WhiteKnight Two.

Ken Brown, um fotógrafo que assistiu ao acidente, contou que a nave explodiu logo após ser liberada do veículo lançador que a transportou até a uma grande altitude.
A queda afetou apenas o módulo espacial Spaceship Two, pois o veículo lançador já se encontrava separado no momento da explosão.

O magnata Branson fala à imprensa, após o acidente. Ele afirmou que o projeto continua.
(Foto: Associated Press)

Carolynne Campbell, uma especialista em propulsão por foguetes, da Associação Internacional para o Avanço da Segurança Espacial, órgão independente, com sede na Holanda, declarou à agencia de notícias Associated Press não poder especular sobre as causas do sinistro. Contudo, relatou ter advertido a Virgin desde 2007 sobre os riscos envolvidos na operação de foguetes como os utilizados pela empresa. Naquele ano, um acidente no solo causou a morte de três engenheiros que testavam o foguete propulsor da nave. Segundo ela, seus avisos foram ignorados.

Destroços da Spaceship Two no deserto de Mojave, a 150 km de Los Angeles.
(Foto: Reuters/Lucy Nicholson)

A National Transportation Safety Board (NTSB), agência que regulamenta a segurança nos transportes nos EUA, já está investigando o acidente.
A Virgin Galactic se comprometeu a devolver os depósitos feitos para reserva das passagens, aos que assim desejarem. Os primeiros voos turísticos estavam programados para 2015. Agora, certamente estão sem previsão, enquanto se investiga as causas do desastre.
Assim, fica adiado mais um degrau na utilização comercial da tecnologia espacial. Ainda não se sabe como isto afetará a comercialização de passagens para os futuros passeios suborbitais.
Entre as mais de 500 pessoas que já reservaram assentos para o passeio suborbital estão celebridades como Angelina Jolie, Brad Pitt, Leonardo Di Caprio, o cientista Stephen Hawking, Justin Bibier, Katy Perry e Kate Winslet.
O passeio tem duração prevista de duas horas e meia, com direito a seis minutos de ausência de gravidade.
Cada passagem custou US$ 200.000,00 para os primeiros 100 candidatos da fila. Depois, gradativamente um pouco mais barato, até a bagatela de US$100.000,00 para os últimos da fila!
A semana não foi boa para a iniciativa privada no espaço: na quinta-feira, o foguete lançador Antares, da Orbital Sciences Corporation, foi destruído deliberadamente pela equipe, para evitar danos maiores, depois que algo saiu errado com o lançamento. O foguete foi lançado de uma base da NASA na Virgínia, EUA, e transportava uma nave  não-tripulada Cygnus com suprimentos para a Estação Espacial Internacional (ISS).

Uma história triste...
Há 57 anos, precisamente em 3 de novembro de 1957, era lançado ao espaço o primeiro ser vivo a sair da Terra por ação consciente do homem, a cadelinha Laika, lançada a bordo da nave soviética Sputnik 2, que entrou em órbita terrestre. Infelizmente, o animalzinho não seria recuperado, e segundo dados revelados somente em 2002 pelos russos, morreu em consequência de superaquecimento da cápsula, após falha no sistema de arrefecimento. Assim, foi também a primeira mártir do espaço. Nossa homenagem a este pequeno ser inocente, cujos últimos ganidos se perderam no confinamento de sua cabine, imersa na imensidão do espaço.

Laika, a primeira astronauta: deve haver um céu só para os animais.

sábado, 9 de agosto de 2014

O JOGO DA VIDA

Em nossa existência neste mundo de quatro dimensões, a cada instante surgem novas alternativas, onde às vezes temos opções de escolha. Outras vezes, a alternativa seguinte é decorrência de outros fatores, que estão fora do nosso controle. Nesta sequência infinita de possibilidades, parece que nossa vida percorre um caminho tortuoso, determinado pela combinação das escolhas que fazemos + fatores imponderáveis.
Não se trata de uma simples árvore binária, onde cada escolha se resume a “sim/não”, “direita/esquerda”, “acima/abaixo” ou “falso/verdadeiro”.
Na realidade, quase sempre existem graus intermediários, transformando cada instante em uma múltipla escolha.
 

A banca está aberta! Façam suas apostas!

Mas, o inconformado ser humano nunca está satisfeito com seus atributos e quer mais: além de descobrir o que aconteceu como decorrência da sua escolha, quer saber também qual teria sido o resultante de uma escolha diferente.
E se eu não tivesse feito aquela viagem?
E se eu tivesse aplicado em tal fundo?
E se eu tivesse escolhido outro caminho?
E se eu não tivesse falado aquilo?
Fred Hoyle, em seu livro Ten Faces of Universe levanta a questão: existirá um universo paralelo criado a partir de cada possibilidade? Existirão incontáveis duplicatas de mim vivendo cada hipótese que eu não escolhi?
O mínimo que se pode ponderar é que se fosse assim, a cada infinitésimo de segundo se criariam incontáveis versões do universo, cada uma delas se multiplicando novamente a cada passo.
Isto nos leva a um número catastrófico cujo propósito, pelo menos ao senso comum, parece não fazer sentido. Mas, de que vale o senso comum diante da complexidade do universo?
Hoyle, em suas ponderações, se inclina para a hipótese mais simples: existe apenas a trajetória escolhida, e as desprezadas simplesmente não aconteceram, nem podem mais acontecer, pois ficaram para trás, sumiram no momento exato em que foram rejeitadas.
Isto me recorda um fato que ocorreu há alguns anos, quando eu vivia no Nordeste: um avião militar de passageiros saiu da base aérea de Fortaleza, no Ceará, numa rota que descia pelo litoral brasileiro. Era época de férias, e diversos candidatos disputavam vagas com suas famílias.
Um militar, com sua esposa e a filhinha de uns três anos, conseguiu passagem até Recife, Pernambuco. Durante o voo, a menina pareceu estranhar o interior apertado do pequeno avião, e chorava e reclamava o tempo todo.
Quando o avião fez escala em Natal, Rio Grande do Norte, a família desceu do avião para relaxar um pouco e na volta, a menininha se recusou a entrar no avião. Protestou tanto que os pais decidiram ficar ali mesmo e fazer o resto da viagem de ônibus.
Outras pessoas que estavam na vez ocuparam os lugares deixados pela família e o avião seguiu, superlotado.
Decolou sem dificuldade, mas, logo após sair do solo, teve falha em uma turbina, que parou de funcionar. O motor restante não suportou o peso excessivo e durante a tentativa de fazer o contorno e voltar para a pista, perdeu altitude rapidamente.
Espatifou-se a pouco mais de um quilômetro da pista. Todos a bordo morreram.
Não vou entrar em polêmica sobre a possibilidade de alguma premonição por parte da criança, mas o que chama a atenção é que foi um dos raros momentos em que se vê o quanto diferente seria tudo se os pais não tivessem optado por desistir: alguns minutos depois, estariam todos mortos!
E quem entrou na vaga deles assistiria a tudo da estação de embarque!
Mas foi assim que ocorreu, e os que escaparam só tiveram que respirar aliviados. A morte passou bem mais perto do que eles jamais imaginariam!
Este é o jogo onde estamos empenhados e do qual não podemos sair...
A cada instante, às vezes inconscientemente, estamos fazendo uma nova aposta!
Boa sorte!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A HIROSHIMA DO FUTEBOL

Os inusitados acontecimentos esportivos de ontem tiveram pelo menos o efeito de me tirar das minhas férias prolongadas  para comentar também.

No dia 6 de agosto de 1945, uma bomba de potência inusitada foi lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima, destruindo praticamente a cidade e matando mais de cem mil pessoas. Foi seguida por outra, três dias depois, desta vez em Nagasaki, elevando o total de vítimas para mais de duzentas mil.
Embora tenha sido um ato discutível, pois alguns historiadores alegam que a rendição do Japão seria só questão de mais uns dias, com ou sem bombas atômicas, este evento é considerado o marco que determinou o fim da II Guerra Mundial.
A história mostrou que, mais do que isto, a bomba estabeleceu um divisor de águas na imagem do Japão e nas atitudes da própria nação em relação ao resto do mundo. Apesar da figura simbólica existente até hoje do imperador, o Japão da primeira metade do século passado era na verdade dirigido por um regime militarista e belicoso, que acabou por lança-lo em campanhas de conquista sobre seus vizinhos continentais e até mais além, envolvendo os EUA.
Após a bomba, veio a rendição e uma reformulação que atingiu o regime de governo e a política interna e externa, tornando o Japão no que é hoje, a terceira maior economia mundial e o décimo país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Seus maiores investimentos revertem em benefício do bem-estar do seu povo, e sua política externa é voltada para as soluções pacíficas.
Mas, porque esta aulinha de história?

O Brasil de joelhos diante da Alemanha...
(foto: sportv.globo.com)

Bem...No Brasil, parece que há momentos em que a coisa mais séria é o futebol.
Entenda-se: num país onde as coisas públicas básicas, como a educação, a saúde, o abastecimento, o transporte e a segurança costumam estar sempre abaixo da crítica, e para aumentar a desesperança, sabe-se que há recursos em quantidade sendo desperdiçados, mal empregados e até roubados, uma das poucas coisas que dá satisfação a um brasileiro de qualquer camada social é o futebol.
É ali, na arquibancada de um estádio ou na frente da TV que o cidadão se realiza, principalmente quando vê sua seleção recordista de títulos reafirmar seu domínio sobre as equipes de nações bem mais desenvolvidas, com vitórias emblemáticas.
Pois bem! O dia 08 de julho de 2014 bem que poderia ser a Hiroshima do futebol e talvez até mais além!
Neste dia, foi arrancada, pisoteada e esmagada a única paixão e consolo do brasileiro comum.
Quando uma nação que se intitula "o país do futebol" patrocina a mais dispendiosa competição mundial da história e sofre em sua própria casa uma derrota tão humilhante quanto indiscutível, não há dúvida de que alguma coisa está muito errada!
Má notícia para o Brasil: o desenvolvimento econômico e social influencia cada vez mais todas as atividades, inclusive as esportivas.
Isto é claramente visível quando vemos que quase a totalidade dos atletas da seleção vem de clubes do exterior, até mesmo de países sem tanta expressão futebolística.
Não vou enumerar as coisas erradas que existem na estrutura do futebol brasileiro. Creio que são apenas extensão das coisas incoerentes e absurdas que acontecem em áreas mais relevantes da nossa Pindorama.
Oremos para que pelo menos esta humilhação futebolística sirva para ajudar um pouco o processo de despertar a consciência do cidadão brasileiro para o fato de que tudo tem interações, e que, para nosso desconforto, será cada vez mais difícil se manter na vanguarda de qualquer atividade sem ter uma conduta acertada em outras coisas básicas.
A Alemanha em campo foi uma projeção da Alemanha como nação: coletiva, organizada, disciplinada, séria e dedicada.
O Brasil também: passional, cheio de garra, individualismo e pouca inteligência.
Mas, claro que agora, ao invés de ir fundo na ferida, será mais fácil culpar Felipão, Fred ou David Luiz...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

UM VISITANTE DO BARULHO

Para não ter que falar de coisas detestáveis que estão acontecendo, destaco um visitante que chegou bem cedo nesta manhã e me acordou com muito barulho...

 Seja sempre bem vindo (não dentro de casa, é claro!)...

terça-feira, 20 de maio de 2014

A QUEM INTERESSA?

Fico em dúvida sobre o motivo de ficar tanto tempo sem postar nada...
Falta de assunto não deveria ser. Talvez assuntos demais! Já comecei a desenvolver diversos temas, principalmente os atuais, mas em determinado ponto, o resultado não me agrada, as conclusões me parecem óbvias demais e eu acabo deletando tudo. Ainda bem que, nesta era das maravilhas tecnológicas, lidamos com coisas virtuais, inclusive os textos. Se fosse em meados do século passado, seriam muitas folhas de papel arrancadas do rolo da máquina de escrever e jogadas na cesta do lixo! Mas, hoje, bastam duas clicadas e tudo se vai para o infinito!
Talvez a minha insatisfação seja por me sentir na obrigação de falar sobre as coisas que tem ocorrido nesta terrinha, no país que eu costumava chamar de meu. Agora, vejo como o país "deles"!
Impressiona ver como a desordem tomou conta de tudo!
Os baderneiros parecem se multiplicar, e tudo que for evento público, como um jogo de futebol, uma apresentação de bandas, um protesto sindical ou uma passeata popular serve de palco para agressões ao patrimônio público e privado, saques, arrastões e provocações contra quem tenta manter a ordem.
Meios de transporte e vias públicas são interrompidas sob qualquer pretexto, ferindo o sagrado direito de ir e vir dos cidadãos de bem e impedindo trabalhadores de irem para seus destinos!

Na hora de voltar para casa, vias públicas interrompidas! Quem tem o direito de cercear os meus direitos? 
 
Com um eficiente sistema de convocação usando redes sociais, os facínoras mascarados comparecem com pontualidade britânica e aguardam o melhor momento para começar a bagunça.
A polícia, acuada por todos os lados e rotulada de "truculenta", hesita em reprimir desde o início as agressões, que já resultaram na morte de um profissional da imprensa, além de policiais e manifestantes feridos.
Quem se beneficia disto? Certamente não são as entidades que esperam lucrar bilhões com eventos como a Copa e as Olimpíadas!
A imagem do Brasil tem sido pintada no exterior com cores cada vez mais sombrias! Qualquer fato que envolver o público que vier ao país ganhará grande destaque, não tenham dúvida!
Ninguém é capaz de avaliar de forma confiável o quanto o sucesso ou o insucesso da equipe brasileira na competição vai influenciar no resultado das eleições. Talvez nem tanto o quanto alguns pensam.
Mas, os insucessos na organização do evento em si com certeza vão afetar a imagem do país como um todo, aos olhos da mídia internacional.
Qualquer facção política ou ideológica que esteja ligada à promoção da desordem como forma de se beneficiar disto não merece o apoio de ninguém!

quinta-feira, 27 de março de 2014

SERÁ PRECISO UMA GUERRA?

Quando criança, eu às vezes ouvia pessoas dizerem: “Se houvesse uma guerra, dava jeito em muita coisa neste país!”
Eu ficava imaginando como uma guerra poderia melhorar alguma coisa...
A guerra só pode ser definida como uma coisa a ser evitada. Ela faz tanto mal a tanta gente, de forma injusta e inevitável, que dificilmente compensa envolver-se em uma.
Geralmente, isto só ocorre quando aceitar passivamente uma situação pode significar um destino pior que a morte para uma coletividade. Lutar para não ser escravizado é uma das situações aceitas universalmente como justificativa para uma guerra.
Mas, para cada cultura, as justificativas variam em importância relativa, de acordo com os valores locais. Houve guerras que começaram supostamente em decorrência de acontecimentos pontuais, embora tais eventos tenham sido o efeito gota d'água, transbordando um cálice já lotado até a boca.
Já houve um conflito entre duas nações centroamericanas por causa de...um jogo de futebol! Na chamada Guerra do Futebol ou Guerra das 100 horas, em 1969, El Salvador e Honduras combateram durante 4 dias num conflito que começou por causa de hostilidades entre torcedores, numa série de 3 jogos que decidiriam uma vaga para a copa de 1970! 
(El Salvador venceu o jogo decisivo, realizado no México, e se classificou.)
Finalmente, houve a intervenção da Organização dos Estados Americanos, que intermediou um cessar-fogo!
Os EUA se envolveram na Guerra do Vietnam em função dum incidente envolvendo um suposto ataque de barcos-patrulha do Vietnam do Norte contra um contratorpedeiro americano. Acontece que, anos depois, não se conseguiu encontrar uma só testemunha deste incidente, negado até pelo comandante do navio americano!
Entretanto, a guerra, em algumas nações, parece ter um efeito de amadurecimento, fazendo com que a população faça uma reordenação de valores e prioridades dentro de uma ordem mais realista, se conscientizando da verdadeira importância de cada coisa, no contexto geral.
Recentemente, um órgão de impressa de um país da Europa, criticando a realização da copa do mundo no Brasil, país cheio de problemas básicos a serem resolvidos, teria declarado que a maioria dos brasileiros se preocupa mais com futebol, espetáculos e festas como o carnaval do que com as eleições, a política, a economia, a saúde e a educação do seu país.
(Eu realmente prefiro mais assistir a um jogo de futebol do que a um debate político.)
Uma vez, enquanto eu assistia a um jogo de futebol na TV, uma pessoa comentou que odiava o futebol (e esportes em geral), e disse que isso era “coisa de país atrasado”.
Eu lhe respondi que então devia ir para um país onde as pessoas não dessem tanta importância aos esportes, e onde, ao invés de jogar ou assistir a futebol, se fazia guerrilha, explodiam carros e homens-bomba ou apedrejavam, chicoteavam e até baleavam mulheres que queriam estudar!
Falei isto num momento de irritação, mas gostar de esportes não é “coisa de país atrasado”!

Construir estádios modernos e confortáveis é aceitável, em países onde as primeiras necessidades da população já foram atendidas...

Agora, “coisa de país atrasado” é gastar dinheiro público em estádios e instalações de apoio para sediar uma copa do mundo, que será a mais cara da história, com gastos que podem alcançar 30 bilhões de reais, segundo o site R7 ESPORTES, em um país onde não se investe com seriedade na educação, onde a saúde pública é um terror, e onde a segunda maior cidade do país vive uma guerra civil, com áreas onde nem a polícia pode passar com segurança.


Cena usual no corredor de um hospital público brasileiro. Estes tiveram sorte, pois diversos pacientes ficam lá fora...

Para que 12 sedes com estádios monumentais para a competição, alguns dos quais vão sem dúvida virar elefantes brancos, com manutenção caríssima, em cidades onde a média de público em jogos é bem menor que a sua capacidade? Não vai dar para viver só de shows...
E aí, os críticos de além-mar acabam tendo razão, embora seja difícil para um brasileiro engolir!

Difícil obter bom rendimento dos alunos, com salas de aula sem nenhum conforto, sem transporte escolar e com greves de professores todos os anos, prejudicando o ensino...

Muito tem sido lembrada a figura do imperador romano Vespasiano, que iniciou a construção do coliseu de Roma, assumidamente para manter a política do “pão e circo”, dando ao povo o essencial para a subsistência e mais a diversão, para garantir o apoio das massas populares.
Da mesma forma, quem já deu aos pobres as esmolas do assistencialismo, proporciona também o circo da copa do mundo, num ano de eleições, que sem dúvida, serão influenciadas pelo sucesso (ou fracasso) da equipe brasileira na competição.
Será mesmo preciso uma guerra para que as pessoas deste país aprendam a colocar as coisas no seu devido lugar?

domingo, 23 de março de 2014

VOO MH370

Dedicado aos familiares dos passageiros e tripulantes do voo 370 da Malaysian Airlines (Kuala Lumpur-Pequim), desaparecido desde o dia 08 de março de 2014 até esta data.



Um mistério sobre os mares
No misterioso oriente
Grande nave sumiu dos ares
Carregando muita gente

Ficaram só as imagens
Sumiram sem avisar
Se enviaram mensagens
Elas ficaram no ar

Dizem que o capitão
Alterou o seu caminho
Talvez nunca saberão
Se ele agiu sozinho

Os dias vão se passando
Sem saber onde procurar
Precisam seguir tentando
Vasculhando terra e mar

Famílias em comunhão
Rezam para encontrar
Pelo menos a explicação
Pra poderem descansar

Satélites gravam e vigiam
Desde o mar até a serra
E as imagens que enviam
Cobrem toda a nossa Terra

Mas, as fotos que hoje vemos
Já são coisa do passado
O que hoje recebemos
Ainda não foi processado

Esperemos que um sinal
Trazido pelo vento
Dê a todos no final
A paz de um novo alento!

sábado, 15 de março de 2014

HISTÓRIA: A BATALHA DO RIO DA PRATA - II

Muita controvérsia foi gerada pela atitude do comandante Langsdorff, se retirando do combate.
Por que agora, que tinha tudo para concentrar seu fogo no Ajax ou no Achilles, que também fora danificado com menos seriedade, ele escolheu se retirar do combate ?
Todos os seus canhões principais estavam intactos e suas máquinas estavam funcionando, apesar de danos no separador de óleo do motor principal. Os danos maiores foram nas cozinhas, alojamentos e depósitos de mantimentos do navio, e em uma das torres secundárias de 5.9 polegadas, além de alguns furos de granadas acima da linha d’água e um rombo de 2 metros de diâmetro na proa, o que limitaria sua velocidade no mar do norte. 36 homens estavam mortos.
Consta que Langsdorff se preocupava com o consumo de munição, pois só restavam 40% de granadas de 11” e 50% da munição de 5.9”, e acreditava que não poderia enfrentar o mar do norte no inverno, devido aos danos na proa do navio.
Além disso, ele sem dúvida sabia que para chegar a Alemanha, teria que encarar uma longa jornada e enfrentar não mais apenas dois cruzadores, mas uma esquadra de navios britânicos que deviam estar rumando a todo vapor para o Estuário do Prata!
Durante o restante do percurso, o Spee algumas vezes voltou-se e disparou contra os cruzadores ingleses, quando estes se aproximaram demais, não logrando porém atingi-los novamente.
Assim, chegou ao porto de Montevidéo, enquanto os cruzadores se postaram na entrada do estuário.
O que se seguiu foi uma batalha de gestões diplomáticas. Os representantes ingleses, a princípio, tentaram fazer com que o governo uruguaio forçasse o Spee a sair do porto no prazo máximo previsto de 72 horas, mas depois foram informados por Harwood que os cruzadores ingleses também se encontravam avariados e tinham gasto mais de metade da munição, podendo ser batidos em um novo combate. O alemão também poderia tentar sair à noite e iludir os cruzadores, escapando para o alto mar.
Assim, os ingleses espalharam diversos boatos de que mais navios de guerra teriam chegado na saída do porto, entre eles o porta-aviões Ark Royal e o cruzador de batalha Renown (8 canhões de 15”). Na realidade, o único reforço que chegou, e somente no dia 16, foi o Cumberland, oriundo das Ilhas Falklands.
Em outro artifício para retardar a saída do Spee, os ingleses fizeram zarpar do porto o cargueiro Ashworth. Segundo as leis internacionais, o Spee não poderia ser liberado antes de 48 horas depois, para evitar que pudesse alcançar e afundar o navio mercante.
Finalmente, no dia 16, após consultar o comando alemão, Langsdorff levou o navio até a saída do porto, acompanhado pelo cargueiro alemão Tacoma. As máquinas pararam. Cargas de destruição foram colocadas em diversos pontos do navio.
Os poucos tripulantes a bordo foram evacuados nas lanchas do Spee para o Tacoma, que se afastou, enquanto o encouraçado era sacudido por violentas explosões.
Totalmente em chamas, o navio afundou em águas rasas, deixando visíveis fora d’água as partes superiores da sua superestrutura.
 Fim da ameaça! O Graf Spee queima diante de Montevidéo, depois de ser dinamitado pelos alemães.


Langsdorff e os outros tripulantes foram conduzidos até Buenos Aires, onde o governo argentino era simpatizante do governo alemão. Três dias depois, Langsdorff envolveu-se em uma bandeira da Marinha da Alemanha Imperial e suicidou-se com um tiro, no seu quarto de hotel.
Os outros tripulantes do Graf Spee foram mais tarde repatriados pelo governo argentino.
O Atlântico Sul estava livre da ameaça, e o mito do encouraçado-de-bolso estava desfeito. Se por um lado esta classe de navios fora bem sucedida como corsário enquanto furtivo, revelou-se incapaz de enfrentar um trio (que se reduziu a uma dupla) de navios mais rápidos, embora com poder de fogo e blindagem bastante inferiores.


Hans Langsdorff: elogiado pela nobreza no trato com os prisioneiros, assumiu toda a responsabilidade pela perda do navio e deu sua vida como prova de lealdade.
A bravura e a tenacidade dos ingleses, somados à algumas atitudes inexplicáveis do comandante alemão, fizeram a diferença.
Todos os marinheiros ingleses capturados dos navios afundados pelo Graf Spee destacam a nobreza do capitão Hans Langsdorff no trato com os prisioneiros. Não houve uma só baixa em nenhum dos navios mercantes afundados pelo Spee.
Entretanto, o suicídio do comandante alemão pareceu um ato desesperado causado pela culpa de haver perdido o navio e pela consciência de que, na Alemanha, possivelmente seria recebido por uma corte marcial.
Assim, terminou a primeira batalha naval da II Guerra Mundial.

segunda-feira, 10 de março de 2014

HISTÓRIA: A BATALHA DO RIO DA PRATA - I

No período de recuperação da economia alemã, após a I Guerra Mundial, quando começaram a reconstruir sua esquadra, os projetistas navais alemães conceberam uma nova classe de belonave que não se enquadrava em nenhum dos conceitos até então existentes. Eles a denominaram panzerschiff (navio-blindado).
Os navios desta classe foram mais tarde classificados como cruzadores pesados, com tonelagem máxima de 14.000 a 16.000 toneladas e armamento principal de 6 canhões de 11 polegadas (280 mm) em duas torres triplas, uma dianteira e outra à ré, e um armamento secundário de 8 canhões de 5.9 polegadas (150 mm) em torres individuais, 4 em cada costado. Sua blindagem lateral era de 80 mm e alcançava uma velocidade máxima de 28 nós (52 km/h) em condições de combate.
Assim, era mais veloz do que qualquer navio com artilharia superior e possuia artilharia mais pesada do que qualquer navio mais rápido.
Teoricamente, poderia fugir ao confronto com encouraçados e cruzadores-de-batalha e arrasar qualquer cruzador isolado que ousasse enfrenta-lo.
Além disso, possuia uma autonomia de 17.460 milhas náuticas (32.336 km) a 14 nós (26 km/h).
Três navios dessa classe foram construídos: o Deutschland (mais tarde rebatizado Lützow), o Admiral Scheer e o Admiral Graf Spee.
A imprensa os chamava “tigres dos mares”. Os ingleses preferiram apelida-los “encouraçados-de-bolso”.
Antes do início da guerra, a marinha alemã enviou para o mar dois destes navios, o Deutschland e o Admiral Graf Spee. O Deutschland se posicionou no Atlântico Norte, enquanto o Graf Spee se dirigiu para o Atlântico Sul.
Em outra rota, seguiu para o sul também o petroleiro Altmark, que daria apoio ao Graf Spee, fornecendo combustível e provisões, em encontros no meio do Atlântico Sul.
Após o início da guerra, em 1º de setembro de 1939, ambos os navios receberam ordens para iniciarem hostilidades contra a marinha mercante inimiga, como corsários, evitando entrar em combate com navios de guerra.
Em 28 de setembro, o Graf Spee fez sua primeira vítima, o mercante inglês Clement, ao largo da costa de Pernambuco.
A partir daí, a belonave alemã vagou entre a costa africana e o continente sulamericano, afundando mais 4 navios e chegando a contornar a África e aventurar-se até ao Oceano Indico, onde fez uma única vítima, o petroleiro Africa Shell, ao largo de Madagascar.

Mapa mostrando o raid do Graf Spee e os locais onde mercantes foram afundados.(Clique para ampliar)
 
Retornando ao Atlântico, já em dezembro, ainda fez mais três vítimas, totalizando um total de 50.000 toneladas em navios afundados. Para se ter uma idéia do transtorno causado, isto forçou a mobilização de uma força de nada menos que 4 porta-aviões, 3 couraçados, 12 cruzadores pesados e 2 cruzadores ligeiros, divididos em oito grupos espalhados pelo Atlântico na caça ao corsário.
Porém, um dos navios atacados, o Tairoa, tivera tempo de transmitir sua posição, informando que fora atacado. Esta mensagem chegou ao almirantado britânico.
O Comodoro Henry Harwood comandava um grupo chamado força G, composto pelos cruzadores pesados HMS Exeter (6 canhões de 8”) e HMS Cumberland (8 canhões de 8”) e pelos dois cruzadores ligeiros  HMS Ajax e HMNZS Achilles (ambos c/ 8 canhões de 6”). Entretanto, o Cumberland teve que dirigir-se às Ilhas Falklands (Malvinas) para uma revisão. No seu capitânea Ajax, Harwood reuniu os capitães dos navios restantes e traçou uma estratégia de busca.

O cruzador ligeiro HMS Ajax era o navio-capitânea do destacamento comandado pelo comodoro Harwood. O HMNZS Achiles, da Nova Zelândia, era idêntico a ele.
Aqui cabe um parêntese para esclarecer que os ingleses julgavam estar caçando o Admiral Scheer, navio idêntico ao Graf Spee.
Acertadamente, reconstruindo os movimentos anteriores do corsário, Harwood teria deduzido que ele não resistiria à tentação de se dirigir para a embocadura do Estuário do Prata, onde havia um grande fluxo de navios partindo abarrotados de suprimentos para a Inglaterra. E para lá rumou com seus 3 cruzadores. Existam versões de que o comandante britânico dispunha de informações privilegiadas, pois o almirantado teria interceptado e decifrado mensagens em código do Graf Spee para o Altmark e para Berlim.
Se tivesse marcado um encontro, não teria tido maior precisão, pois ao amanhecer de 13 de dezembro, o Spee e os três cruzadores ingleses avistaram-se, quase que simultaneamente, aproximadamente às 6:20 h.
Até hoje não ficou claro porque o Graf Spee, que já estava prestes a regressar para a Alemanha vitorioso, não procurou escapar dos inglêses. Existem informes de que, a princípio, o capitão Hans Langsdorff julgou que se tratasse de apenas um cruzador e dois destróieres, possivelmente escoltando um comboio ainda encoberto pelo horizonte.
Harwood ordenou que o Exeter se aproximasse para uma identificação mais positiva do navio avistado. Convém esclarecer que o Spee utilizava uma série de camuflagens durante a sua caçada, falsificando chaminés, torres e as vezes se fazendo passar por navios de países neutros.
Enquanto o Exeter se aproximava, o Ajax e o Achilles rapidamente contornavam a rota do Spee, flanqueando o alemão pelo outro lado.
Assim que teve o Exeter ao seu alcance, o Spee abriu fogo sobre o cruzador inglês. Dois minutos depois, o Exeter respondeu ao fogo, acertando o Spee e danificando seu sistema diretor de tiro.
Outra salva do Exeter danificou uma torre secundária e estilhaços atingiram a ponte, ferindo o comandante alemão no rosto e no braço.
Langsdorff, a princípio, tentara dividir sua artilharia principal de 11”, atirando com apenas uma torre contra o Exeter e usando a outra contra o Ajax e o Achilles. Mas, logo percebeu a precisão e o peso das granadas do seu maior inimigo e desviou toda sua artilharia principal contra o Exeter, mantendo apenas as peças secundárias do outro costado atirando contra os cruzadores ligeiros.
Com isto, o Exeter passou a receber todo o peso da artilharia principal do Spee, e foi alvejado diversas vezes. Sua ponte de comando foi atingida por uma granada de 11” que matou todos os oficiais presentes, exceto o comandante. Suas torres foram sendo silenciadas uma após outra e diversos incêndios irromperam por todo o navio.

A destruição nos conveses do Exeter, após receber vários impactos de granadas de 11". A ponte de comando foi destroçada por estilhaços.

Finalmente, com seu sistema de interfone destruído, apenas um dos canhões atirando manualmente, e, com 61 mortos e 23 feridos a bordo, o bravo Exeter, coberto de fumaça, começou a afastar-se, não sem antes disparar uma salva de torpedos contra o couraçado alemão.
O Spee tentou encurtar a distância para destrui-lo, mas os velozes Ajax e Achilles aproximaram-se corajosamente, atirando sem cessar com seus 16 canhões de 6”, causando diversos danos no Spee, que foi obrigado a voltar contra eles sua artilharia principal.



Em homenagem ao HMS Exeter e sua corajosa tripulação, o autor desta matéria montou esta maquete(inacabada) do navio, na escala 1/400, usando balsa, plástico, clips e diversos materiais catados na sucata.
(Clique para ampliar)
 
Os cruzadores, tirando proveito de sua velocidade superior, se afastaram novamente, sempre castigando o Spee com seus canhões, enquanto manobravam para tentar evitar os tiros do alemão.
Isto não impediu que o Spee acertasse o Ajax, pondo fora de ação suas duas torres de ré e decepando seu mastro traseiro.
Então, estranhamente, o couraçado alemão soltou uma cortina de fumaça para ocultar seus movimentos e virou em direção ao Estuário do Prata, rumando para Montevidéo, sempre acompanhado pelos dois cruzadores ingleses.

(Na sequência: A BATALHA DO RIO DA PRATA - II)
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Siglas:

HMS = His Majesty Ship (usada por todos os navios de guerra britânicos)
HMNZS = His Majesty New Zealand Ship (por se tratar de um navio neozelandês)