FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

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quarta-feira, 9 de julho de 2014

A HIROSHIMA DO FUTEBOL

Os inusitados acontecimentos esportivos de ontem tiveram pelo menos o efeito de me tirar das minhas férias prolongadas  para comentar também.

No dia 6 de agosto de 1945, uma bomba de potência inusitada foi lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima, destruindo praticamente a cidade e matando mais de cem mil pessoas. Foi seguida por outra, três dias depois, desta vez em Nagasaki, elevando o total de vítimas para mais de duzentas mil.
Embora tenha sido um ato discutível, pois alguns historiadores alegam que a rendição do Japão seria só questão de mais uns dias, com ou sem bombas atômicas, este evento é considerado o marco que determinou o fim da II Guerra Mundial.
A história mostrou que, mais do que isto, a bomba estabeleceu um divisor de águas na imagem do Japão e nas atitudes da própria nação em relação ao resto do mundo. Apesar da figura simbólica existente até hoje do imperador, o Japão da primeira metade do século passado era na verdade dirigido por um regime militarista e belicoso, que acabou por lança-lo em campanhas de conquista sobre seus vizinhos continentais e até mais além, envolvendo os EUA.
Após a bomba, veio a rendição e uma reformulação que atingiu o regime de governo e a política interna e externa, tornando o Japão no que é hoje, a terceira maior economia mundial e o décimo país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Seus maiores investimentos revertem em benefício do bem-estar do seu povo, e sua política externa é voltada para as soluções pacíficas.
Mas, porque esta aulinha de história?

O Brasil de joelhos diante da Alemanha...
(foto: sportv.globo.com)

Bem...No Brasil, parece que há momentos em que a coisa mais séria é o futebol.
Entenda-se: num país onde as coisas públicas básicas, como a educação, a saúde, o abastecimento, o transporte e a segurança costumam estar sempre abaixo da crítica, e para aumentar a desesperança, sabe-se que há recursos em quantidade sendo desperdiçados, mal empregados e até roubados, uma das poucas coisas que dá satisfação a um brasileiro de qualquer camada social é o futebol.
É ali, na arquibancada de um estádio ou na frente da TV que o cidadão se realiza, principalmente quando vê sua seleção recordista de títulos reafirmar seu domínio sobre as equipes de nações bem mais desenvolvidas, com vitórias emblemáticas.
Pois bem! O dia 08 de julho de 2014 bem que poderia ser a Hiroshima do futebol e talvez até mais além!
Neste dia, foi arrancada, pisoteada e esmagada a única paixão e consolo do brasileiro comum.
Quando uma nação que se intitula "o país do futebol" patrocina a mais dispendiosa competição mundial da história e sofre em sua própria casa uma derrota tão humilhante quanto indiscutível, não há dúvida de que alguma coisa está muito errada!
Má notícia para o Brasil: o desenvolvimento econômico e social influencia cada vez mais todas as atividades, inclusive as esportivas.
Isto é claramente visível quando vemos que quase a totalidade dos atletas da seleção vem de clubes do exterior, até mesmo de países sem tanta expressão futebolística.
Não vou enumerar as coisas erradas que existem na estrutura do futebol brasileiro. Creio que são apenas extensão das coisas incoerentes e absurdas que acontecem em áreas mais relevantes da nossa Pindorama.
Oremos para que pelo menos esta humilhação futebolística sirva para ajudar um pouco o processo de despertar a consciência do cidadão brasileiro para o fato de que tudo tem interações, e que, para nosso desconforto, será cada vez mais difícil se manter na vanguarda de qualquer atividade sem ter uma conduta acertada em outras coisas básicas.
A Alemanha em campo foi uma projeção da Alemanha como nação: coletiva, organizada, disciplinada, séria e dedicada.
O Brasil também: passional, cheio de garra, individualismo e pouca inteligência.
Mas, claro que agora, ao invés de ir fundo na ferida, será mais fácil culpar Felipão, Fred ou David Luiz...

terça-feira, 20 de maio de 2014

A QUEM INTERESSA?

Fico em dúvida sobre o motivo de ficar tanto tempo sem postar nada...
Falta de assunto não deveria ser. Talvez assuntos demais! Já comecei a desenvolver diversos temas, principalmente os atuais, mas em determinado ponto, o resultado não me agrada, as conclusões me parecem óbvias demais e eu acabo deletando tudo. Ainda bem que, nesta era das maravilhas tecnológicas, lidamos com coisas virtuais, inclusive os textos. Se fosse em meados do século passado, seriam muitas folhas de papel arrancadas do rolo da máquina de escrever e jogadas na cesta do lixo! Mas, hoje, bastam duas clicadas e tudo se vai para o infinito!
Talvez a minha insatisfação seja por me sentir na obrigação de falar sobre as coisas que tem ocorrido nesta terrinha, no país que eu costumava chamar de meu. Agora, vejo como o país "deles"!
Impressiona ver como a desordem tomou conta de tudo!
Os baderneiros parecem se multiplicar, e tudo que for evento público, como um jogo de futebol, uma apresentação de bandas, um protesto sindical ou uma passeata popular serve de palco para agressões ao patrimônio público e privado, saques, arrastões e provocações contra quem tenta manter a ordem.
Meios de transporte e vias públicas são interrompidas sob qualquer pretexto, ferindo o sagrado direito de ir e vir dos cidadãos de bem e impedindo trabalhadores de irem para seus destinos!

Na hora de voltar para casa, vias públicas interrompidas! Quem tem o direito de cercear os meus direitos? 
 
Com um eficiente sistema de convocação usando redes sociais, os facínoras mascarados comparecem com pontualidade britânica e aguardam o melhor momento para começar a bagunça.
A polícia, acuada por todos os lados e rotulada de "truculenta", hesita em reprimir desde o início as agressões, que já resultaram na morte de um profissional da imprensa, além de policiais e manifestantes feridos.
Quem se beneficia disto? Certamente não são as entidades que esperam lucrar bilhões com eventos como a Copa e as Olimpíadas!
A imagem do Brasil tem sido pintada no exterior com cores cada vez mais sombrias! Qualquer fato que envolver o público que vier ao país ganhará grande destaque, não tenham dúvida!
Ninguém é capaz de avaliar de forma confiável o quanto o sucesso ou o insucesso da equipe brasileira na competição vai influenciar no resultado das eleições. Talvez nem tanto o quanto alguns pensam.
Mas, os insucessos na organização do evento em si com certeza vão afetar a imagem do país como um todo, aos olhos da mídia internacional.
Qualquer facção política ou ideológica que esteja ligada à promoção da desordem como forma de se beneficiar disto não merece o apoio de ninguém!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

VUVUZELAS, CAXIROLAS, MAZELAS E BORRADELAS

A FIFA, em meio às suas mazelas e maracutaias de causar inveja até em brasileiro, finalmente deu um sinal de lucidez, fazendo valer uma regra já existente e proibindo o uso da tal caxirola nos estádios durante a Copa de 2014.


A caxirola, apresentada pelos seus idealizadores.
(Foto:Veja/Abril)
O fato se deveu ao emprego do artefato pela torcida como projétil para visar ao árbitro e aos jogadores adversários, durante a decisão do campeonato baiano, entre Vitória X Bahia, no recém reinaugurado Estádio da Fonte Nova.


No jogo Vitória X Bahia, jogadores e gandulas recolhem do gramado as caxirolas que viraram projéteis...
(Foto:Veja/Abril)

Para quem não sabe, a caxirola é uma espécie de chocalho barulhento, inventado ao que parece pelo músico Carlinhos Brown e logo abençoado pela Presidenta Dilma e pela sua Ministra da Cultura Marta Suplicy, sendo que ambas se entusiasmaram com a ideia de distribuir essa novidade aos torcedores da Copa 2014.
Seria uma tentativa de copiar as chatíssimas vuvuzelas sul-africanas, que atormentaram o público dos estádios (e até aos telespectadores) da copa realizada na África do Sul.
Para que copiar erros alheios?
Acho que já temos mazelas genuinamente brasileiras em número suficiente para aborrecer os torcedores que inadvertidamente vierem o nosso país para ver a Copa do Mundo.

Na Venezuela, quem está sob ameaça é a Eucaristia, segundo informa a BBC:
“A Igreja Católica é a nova vítima da crise de abastecimento na Venezuela. Depois da falta de papel higiênico, começa a faltar vinho para a celebração de missas.


Na Venezuela, até o pão e o vinho da Eucaristia podem ser afetados pela crise bolivariana.
 
A escassez de produtos necessários para a produção de vinho obrigou o único produtor do país a parar de vender para a Igreja.
Críticos acreditam que o problema da escassez no país está ligado ao forte controle estatal da economia e da produção interna insuficiente.
Mas o governo acusa uma conspiração liderada pela oposição e a especulação dos preços pelo problema.”
Um porta-voz da igreja declarou que:
"Os fabricantes de hóstia nos disseram que vão ter que aumentar os preços porque não conseguem encontrar farinha suficiente. O trigo não é cultivado aqui - tudo isso vem do exterior. Um pacote de hóstia custava 50 bolívares (16 reais), e agora custa 100."
O fornecimento de leite, açúcar, óleo de cozinha, farinha de milho - que é usado para fazer a arepa, prato típico da Venezuela - e de itens sanitários, também está sendo afetado.
Na semana passada, os parlamentares venezuelanos aprovaram planos para importar milhões de rolos de papel higiênico, em um esforço para aliviar a escassez crônica.


Haja papel para limpar as borradas políticas...
Ainda bem que por aqui produzimos bastante!
Será que houve um consumo excessivo de papel higiênico para limpar as cagadas deixadas por “el comandante”?

quinta-feira, 14 de março de 2013

HABEMUS GRAMA!

A grande notícia internacional da semana deve ser a eleição do novo papa. O cardeal argentino Mario Jorge Bergoglio tornou-se o Papa Francisco, primeiro de sua linhagem, primeiro da ordem jesuíta e primeiro não-europeu.

Mario Jorge Bergoglio, o Papa Francisco: este jogo os hermanos venceram com olé...

Meio embaraçoso para alguns gaúchos da fronteira, para quem o único argentino na bíblia teria sido Judas Iscariotes, como consta na anedota sobre um padre que tinha implicância com nossos irmãos portenhos.
Que aliás, apesar de grandes rivais no futebol, adoram nossas praias e caipirinhas e são donos de metade de Búzios.
Mas, aqui, no Rio, o acontecimento local que mais gerou comentários foi a volta da grama ao estádio do Maracanã. Depois de virar um piscinão em decorrência dos dilúvios que caíram sobre a capital fluminense no início do mês, o estádio teve de volta seu tapete verde.
A grama trazida dos EUA, cultivada e preparada com muito carinho, foi plantada no seu local definitivo, formando o gramado do estádio mais importante do país.

 Grama importada dos EUA: o tapete do templo.
(Foto: Érica Ramalho)
E, como o estádio Mário Filho, popularmente conhecido como Maracanã, já foi apelidado "o templo do futebol", os cariocas amantes do esporte bretão bem que poderiam proclamar:
- Habemus grama!
Verdade que teria sido mais barato implodir o estádio  antigo antes de construir um novo, ao invés de tentar preservar a estrutura antiga para depois perceber que ela não suportaria a nova cobertura e construir uma nova, demolindo a antiga aos poucos, como foi feito, a um custo bem maior do que o previsto inicialmente... 
Não vou me prolongar comentando que na semana passada, crianças de uma escola da baixada fluminense fizeram uma manifestação pedindo apenas que consertem o prédio de sua escola, com o telhado danificado, para que possam voltar às aulas.
Ou que as condições de atendimento nos postos de saúde poderiam ser melhores do que o caos que vemos diariamente...
Questões de educação e saúde pública não recebem a mesma prioridade que eventos esportivos como olimpíadas e copa do mundo, mas ninguém parece se importar com isto!
Apesar de gostar de futebol como qualquer brasileiro comum, ainda acho difícil entender a vibração com a grama e a indiferença pelo telhado da escola... 
As questões de fé não foram feitas para serem entendidas, mas apenas aceitas... 
 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ROMÁRIO: BOLA NA REDE?

De Romário, o ex-jogador da seleção brasileira e de diversos grandes clubes cariocas e europeus, só admirei o futebol, nunca as atitudes nem as declarações.
Não votei nele para um cargo no legislativo, pois não esperava nada dele nesta área, mas ele afinal foi eleito.
Assim, achei surpreendente a entrevista concedida pelo agora deputado federal (PSB-RJ) Romário ao jornalista Cosme Rimoli, da Rede Record de TV, reproduzida no blog TRIBUNA DA INTERNET, do jornal Tribuna da Imprensa, no início deste mês.
 No início deste mês, Romário, no plenário da Câmara Federal,
sugeriu intervenção federal na CBF, se forem comprovadas as
acusações contra Ricardo Teixeira. (Foto: Beto Oliveira)
 
Pelas coisas que falou, tenho que admitir que teve coerência e percebe muito bem o que está acontecendo, além de ter tido a coragem de dize-lo.
Quanto aos atos que ele poderá protagonizar no exercício do seu mandato, eu prefiro aguardar... 
Como publiquei recentemente um post a respeito da Copa de Futebol de 2014, com algumas opiniões, achei interessante um trecho onde o baixinho fala também deste assunto...E algumas coisas coincidem!
A entrevista de Romário é anterior ao meu post, mas, eu não tinha conhecimento dela quando o publiquei.
O site autoriza a reprodução da matéria, desde que citada a fonte, e assim, aqui vai:

sábado, 03 de dezembro de 2011 | 04:10
Romário dá show de bola e mostra que já se tornou um político de verdade. Leia esta entrevista e veja se você não concorda com ele.
O comentarista Mário Assis nos manda esta preciosidade. Uma entrevista sensacional do deputado Romário (PSB-RJ) ao repórter Cosme Rimoli, da TV Record. Mostra que os eleitores que preferiram Romário não desperdiçaram seus votos.
Você foi recebido com preconceito em Brasília?
Olha, vou ser claro, para quem ler entender como as coisas são. Há o burro, aquele que não entende o que acontece ao redor. E há o ignorante, que não teve tempo de aprender. Não houve preconceito comigo, porque não sou nem uma coisa nem outra. Mesmo tendo a rotina de um grande jogador que fui, nunca deixei de me informar, estudar. Vim de uma família muito humilde. Nasci na favela. Meu pai, que está no céu, e minha mãe ralaram para me dar além de comida, educação. Consciência das coisas… Não só joguei futebol. Frequentei dois anos de faculdade de Educação Física. E dois anos de moda. Sim, moda. Sempre gostei de roupa, de me vestir bem. Queria entender como as roupas eram feitas. Mas isso é o de menos. O que importa é que esta sede de conhecimento me deu preparo para ser uma pessoa consciente… Preparada para a vida. E insisto em uma tese em Brasília, com os outros deputados. O Brasil só vai deixar de ser um país tão atrasado quando a educação for valorizada. O professor é uma das classes que menos ganha e é a mais importante. O Brasil cria gerações de pessoas ignorantes porque não valoriza a Educação. E seus professores. Não há interesse de que a população brasileira deixe de ser ignorante. Há quem se beneficie disso. As pessoas que comandam o país precisam passar a enxergar isso. A Saúde é importante? Lógico que é. Mas a Educação de um povo é muito mais.
Essa ignorância ajuda a corrupção? Por exemplo, que legado deixou o Pan do Rio?
Você não tenha dúvidas que a ignorância é parceira da corrupção. Os gastos previstos para o Pan do Rio eram de, no máximo, R$ 400 milhões. Foram gastos R$ 3,5 bilhões. Vou dar um testemunho que nunca dei. Comprei alguns apartamentos na Vila Panamericana do Rio como investimento. A melhor coisa que fiz foi vender esses apartamentos rapidamente. Sabe por quê? A Vila do Pan foi construída em cima de um pântano. Está afundando. O Velódromo caríssimo está abandonado. Assim como o Complexo Aquático Maria Lenk… É um escândalo! Uma vergonha! Todos fingem não enxergar. Alguém ganhou muito dinheiro com o Panamericano do Rio. A ignorância da população é que deixa essa gente safada sossegada. Sabe que ninguém vai cobrar nada das autoridades. A população não sabe da força que tem. Por isso que defendo os professores. Não temos base cultural nem para entender o que acontece ao nosso lado. E muito menos para perceber a força que temos. Para que gente poderosa vai querer a população consciente? O Pan do Rio custou quatro vezes mais do que este do México. Não deixou legado algum e ninguém abre a boca para reclamar.
Se o Pan foi assim, a Copa do Mundo no Brasil será uma festa para os corruptos…
Vou te dar um dado assustador. A presidente Dilma havia afirmado quando assumiu que a Copa custaria R$ 42 bilhões. Já está em R$ 72 bilhões. E ninguém sabe onde os gastos vão parar. Ningúem. Com exceção de São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e olhe lá…Pernambuco… Todas as outras sete arenas não terão o uso constante. E não havia nem a necessidade de serem construídas. Eu vi onze das doze… Estive em onze sedes da Copa e posso afirmar sem medo. Tem muita coisa errada. E de propósito para beneficiar poucas pessoas. Por que o Brasil teve de fazer 12 sedes e não oito como sempre acontecia nos outros países? Basta pensar. Quem se beneficia com tantas arenas construídas que servirão apenas para três jogos da Copa? É revoltante. Não há a mínima coerência na organização da Copa no Brasil.
São Paulo acaba de ser confirmado como a sede da abertura da Copa. Você concorda?
Como posso concordar? Colocaram lá três tijolinhos em Itaquera e pronto… E a sede da abertura é lá. Quem pode garantir que o estádio ficará pronto a tempo? Não é por ser São Paulo, mas eu não concordaria com essa situação em lugar nenhum do País. Quando as pessoas poderosas querem é assim que funcionam as coisas no Brasil. No Maracanã também vão gastar uma fortuna, mais de um bilhão. E ninguém tem certeza dos gastos. Nem terá. Prometem, falam, garantem, mas não há transparência. Minha luta é para que as obras não fiquem atrasadas de propósito. E depois aceleradas com gastos que ninguém controla.
O que você acha de um estádio de mais de R$ 1 bilhão construído com recursos públicos? E entregue para um clube particular?
Você está falando do estádio do Corinthians, não é? Não vou concordar nunca. Os incentivos públicos para um estádio particular são imorais. Seja de que clube for. De que cidade for. Não há meio de uma população consciente aceitar. Não deveria haver conversa de político que convencesse a todos a aceitar. Por isso repito que falta compreensão à população do que está acontecendo no Brasil para a Copa.
A Fifa vai fazer o que quiser com o Brasil?
Infelizmente, tudo indica que sim. Vai lucrar de R$3 aR$ 4 bilhões e não vai colocar um tostão no Brasil. É revoltante. Deveria dar apenas 10% para ajudar na Educação. Iria fazer um bem absurdo ao Brasil. Mas cadê coragem de cobrar alguma coisa da Fifa. Ela vai colocar o preço mais baixo dos ingressos da Copa a R$ 240,00. Só porque estamos brigando pela manutenção da meia entrada. É uma palhaçada! As classes C, D e E não vão ver a Copa no estádio. O Mundial é para a elite. Não é para o brasileiro comum assistir.
Ricardo Teixeira tem condições de comandar o processo do Mundial de 2014?
Não tem de saúde. Eu falei há mais de quatro meses que ele não suportaria a pressão. Ser presidente da CBF e do Comitê Organizador Local é demais para qualquer um. Ainda mais com a idade que ele tem. Não deu outra. Caiu no hospital. E ainda diz que vai levar esse processo até o final. Eu acho um absurdo.
Muito além da saúde de Ricardo Teixeira. Você acha que pelas várias denúncias, investigações da Polícia Federal, ele tem condições morais de comandar a organização Copa no Brasil?
Não. O Ricardo Teixeira não tem condições morais de organizar a Copa. Não até provar que é inocente. Que não tem cabimento nenhuma das denúncias. Até lá, não tem condições morais de estar no comando de todo o processo. Muito menos do futebol brasileiro…

(Transcrição de matéria publicada no blog TRIBUNA DA INTERNET, do jornal Tribuna da Imprensa -> http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=27037)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

EU E A COPA

Eu adoro futebol. Joguei minhas peladas, na minha adolescência cheguei a bater uma bolinha em times amadores de futebol e futsal (naquele tempo, chamava-se futebol-de-salão) e frequento estádios desde que meu irmão me levou pela primeira vez a um deles, acho que com cinco anos.
Hoje, acompanho o futebol mais pela TV do que pelas ocasionais idas aos estádios.
Entretanto, não consigo ver com entusiasmo a realização da copa do mundo de 2014 no Brasil. Para mim, parece mais o pai duma família cujos filhos passam fome, se vestem mal, estão doentes e sofrem com diversas necessidades, se propondo a patrocinar uma festa para a vizinhança!
Com os preparativos em relação à copa, acontece um fenômeno parecido com o carnaval: nas semanas que antecedem o carnaval, a gente vê pessoas de poucas posses e natureza simples, declarando que passa noites trabalhando voluntariamente, até sem remuneração, para preparar as fantasias! Não posso deixar de pensar que, se fizessem o mesmo durante o ano, em alguma atividade lucrativa que dependesse de um empenho assim, provavelmente estariam bem melhor de vida!
Pois com a copa, a coisa é parecida, mas, em uma escala astronomicamente maior! Vemos bilhões e mais bilhões surgirem, inclusive em verbas públicas, para a construção e reformas de estádios, e uma mobilização nunca vista de governadores e prefeitos, visando a aprovação de projetos relacionados com a Copa 2014. Que tal se tivessem essa mesma disposição em cuidar da educação e da saúde públicas?
Ah, mas certamente não virão aviões cheios de turistas para aplaudir crianças bem preparadas, escolas de qualidade, nem emergências de hospitais bem equipadas, sem pessoas jogadas pelo chão ou sentadas nas calçadas! Isto não dá ibope!
Alguns dos estádios que estão sendo construídos ou reformados provavelmente terão suas maiores platéias durante a copa, e depois nunca mais serão vistos com sua lotação completa, a julgar pela média de público durante jogos do campeonato brasileiro, nas cidades onde estão localizados.
Em abril deste ano, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) assinalou que os estádios de Brasília, Cuiabá, Natal e Manaus correm o risco de não gerar lucros sequer para cobrir sua própria manutenção, após a realização da Copa.
O relatório também fez referência ao estado dos aeroportos, ao destacar que as obras haviam começado apenas no de Guarulhos, em São Paulo, e no do Rio de Janeiro.
O BNDES abriu uma linha de crédito para os estados onde há cidades-sede da Copa 2014, num montante total de 4,8 bilhões de reais. O teto máximo para cada cidade é de 400 milhões. Entretanto, até agora apenas três estados foram aprovados para sacar alguma coisa. Outros solicitantes tem problemas com a documentação exigida. E os totais liberados pelo BNDES são bem reduzidos, em função destas indefinições.
O perpétuo presidente da CBF declarou no início da campanha para sediar a copa que “não seria investido dinheiro público nas obras de estádios”. Mas, nos contratos firmados pela PPP (Parceria Público-Privada), ficou estabelecido que 60% dos custos com construção e reformas de estádios seriam de responsabilidade dos estados onde ficariam as sedes da competição.
Segundo alguns órgãos de imprensa, na realidade há mais dinheiro público envolvido indiretamente, por conta de verbas gastas pelas prefeituras e de partes de empréstimos empregados nestas obras.
As exigências da FIFA para a copa não se resumem aos estádios, mas também às áreas adjacentes aos mesmos, à infraestrutura de transportes e aos aeroportos. E o custeio destas obras cabe exclusivamente aos estados onde se localizam as cidades-sede.
Os argumentos a favor dos gastos públicos com a Copa do Mundo no Brasil dizem que o certame trará empregos, aumentará o fluxo turístico, promoverá a revitalização de áreas urbanas e garantirá “investimentos de peso” no país.

Segundo a Delta Construção, uma parte da estrutura auxiliar 
de sustentação dos dutos de ar condicionado cedeu, na obra
do novo terminal de Guarulhos.
(Foto:Sidnei Barros/Folha Metropolitana)

Em 12 de setembro de 2011, as obras à iniciadas no aeroporto de Guarulhos foram interditadas por solicitação do Ministério Público, por não terem sido licitadas.
Para a juíza Louise Vilela Filgueiras Borer, que acolheu a solicitação do MP em caráter liminar, a dispensa de licitação não é justificável porque a necessidade da ampliação do aeroporto é antiga, e a possível situação de caos aéreo tem origem na "inércia da própria Administração Pública".
Mas, dois dias depois, a Advogacia Geral da União e a Infraero conseguiram autorização para continuar as obras.
Aliás, este é uma dos estratagemas que se costuma ver com frequência no buraco negro das obras públicas deste país: as “autoridades” vão deixando as providências que lhes cabem sem definição, até os prazos se esgotarem e as situações virarem emergências. Quando a situação é de caráter emergencial, então as obras podem ser contratadas sem licitação, e eles podem fazer o que bem entenderem, favorecendo a quem quiserem!
Neste caso, mais uma vez deu certo!
As obras do Maracanã também sofreram paralisações devido à greves dos operários por mais segurança, e os custos previstos subiram de 705 para 936 milhões de reais, devido à necessidade de demolição da cobertura, que inicialmente se julgou que poderia ser aproveitada.
Há cinco dias atrás, houve o desabamento de uma ala inteira de telhado nestas obras da expansão do aeroporto de Guarulhos, atingindo alguns operários da obra! Apesar disto, foi menos mal do que se acontecesse com o terminal já em funcionamento, entupido de gente!
O Congresso apresentou ontem um projeto de lei que prevê o uso de bases aéreas militares para o desembarque de turistas. O Comandante da Aeronáutica já teria dado luz verde para a proposta.

“É um sinal realmente de que os aeroportos não vão ficar todos eles prontos e todos eles modificados para os jogos da Copa”, prevê o deputado José Rocha (PR-BA).

O projeto deve ser votado na semana que vem na comissão especial da Câmara e só depois será votado no plenário. Parlamentares acreditam que a votação só será concluída no ano que vem.
Para mim, isto é um indício claro de que algo não está indo bem na preparação dos aeroportos envolvidos! Já estão procurando alternativas!
Por estas e por outras, não sinto nenhum entusiasmo com esse evento!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Grande Circo Partiu

Acabou a Copa do Mundo!
Parafraseando o final do livro “O Grande Circo”, de Pierre Clostermann:

O Grande Circo partiu.
O público ficou satisfeito. O programa foi extenso, os atores não totalmente maus e os leões devoraram o domador.
Em família, os comentários durarão ainda alguns dias. E, mesmo quando tudo for esquecido, - a fanfarra, os fogos de artifício e os belos uniformes – restarão ainda, na praça da vila, o círculo de serragem da pista e os buracos das estacas.
A chuva e o olvido em breve lhes apagarão os traços...


O autor se referia ao final de uma guerra, onde combatera como piloto de caça, dormindo as vezes em barracas e mudando frequentemente de base, na medida que os aliados avançavam.
Mas, voltando ao nível do solo, ou melhor, do gramado, tenho a impressão de nunca ter visto antes uma final tão medíocre como esta, jogada entre Holanda e Espanha.
Dois times incompetentes e medrosos. Aqueles mesmos “entendidos” que tanto criticaram e até agrediram Dunga se desmancharam em elogios para o vencedor, cujo único mérito foi ter tido a sorte de ter um raro momento de acerto, num jogo de precauções e passes laterais, todos esperando o erro do adversário.
Cade a tal “ousadia” que tanto cobraram da seleção brasileira? E o “futebol alegre” que tanto elogiaram na Argentina?
Venceu aquele que, mesmo cautelosamente, se atreveu a tentar atacar. Poderia ter perdido o jogo por isto, se fosse apanhado na armadilha de um contra-ataque holandês, como aconteceu com outros.
Até foi, mas quis o acaso que os atacantes falhassem e que no gol espanhol tivesse um goleiro de respeito.
Não me venham comparar com a final de 1994, decidida nos penaltis!
Naquele jogo, o Brasil foi só pressão o tempo todo sobre a Itália e os gols brasileiros só não aconteceram por causa do tal “imponderável de Oliveira”.
Teve um momento em que o goleiro italiano Pagliuca chegou a beijar a trave, em agradecimento!
Mas, o circo partiu!
Os pontapés criminosos em Elano, Luiz Fabiano e outros serão esquecidos, assim como o gol da Inglaterra, vergonhosamente ignorado pelo árbitro e a perplexidade de Kaká ao ser expulso injustamente. A pisada de Felipe Mello no holandês vai custar um pouco mais...
Finalmente, ficarão as lembranças do futebol magnífico de Forlan, que fez tudo o que se esperava de Messi+Cristiano Ronaldo, e das defesas milagrosas do frio goleiraço espanhol Casillas.
Esqueci alguém? Provavelmente sim. Mas, a maioria das seleções desta copa também esqueceu do futebol...