FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

sábado, 26 de outubro de 2013

TURISMO ESTRATOSFÉRICO “BARATINHO”

Um voo só é considerado espacial se ultrapassar a altitude de 100 km acima do nível do mar. Já existem empresas empenhadas na preparação de pacotes de turismo espacial, incluindo passeios orbitais.
(Veja o post: UM PORTAL PARA O TURISMO ESPACIAL).
Mas o custo previsto é bem alto, restringindo o número de prováveis turistas à uns poucos privilegiados.

Numa cápsula pressurizada, a visão da Terra a 30 km é fascinante!
(Imagem: World View Enterprises Inc.)

Entretanto, o grupo World View Enterprises, de Tucson, no Arizona (EUA), oferece uma alternativa: um passeio pela alta atmosfera, a 30 km de altitude, de onde já se pode apreciar um panorama incrível do nosso planeta e do espaço.
O pacote custa a bagatela de 75.000 dólares, preço médio de um utilitário esportivo (SUV) de luxo, nos EUA.
Mas, a novidade é que os turistas não terão que suportar as enormes acelerações da decolagem de um foguete: a viagem é toda feita numa cápsula pressurizada suspensa sob um balão!
A cápsula terá capacidade para transportar seis passageiros e dois tripulantes e a duração do voo será em torno de duas horas. 

Após o voo, a cápsula descerá em um paraquedas até ao solo.
(Imagem: World View Enterprises Inc.)

A diretora executiva da empresa, Jane Poynter, acredita que:
“A visão da Terra pairando na escuridão vazia do espaço ajudará as pessoas a perceberem sua conexão com nosso planeta e com o universo que nos cerca, proporcionando uma experiência que mudará as vidas dos nossos passageiros”.
Esperemos que para melhor...

sábado, 19 de outubro de 2013

O PRIMEIRO CONTATO

No conto de Arthur C. Clarke A SENTINELA (*), de 1948, uma expedição à Lua, em 1996, descobre meio enterrada na poeira lunar, uma estrutura piramidal cercada por um campo de força, presumivelmente colocada ali há talvez milhares de anos antes da existência de nossa civilização por visitantes extraterrestres.

Após muitos esforços, usando detonações nucleares, os homens conseguem romper a proteção, mas isto faz com que o objeto emita uma transmissão endereçada aos confins do espaço, supostamente para avisar aos construtores que os humanos finalmente haviam conseguido sair do seu planeta. O conto termina com a expectativa de que os visitantes voltarão para fazer contato com nossa civilização. Mas expressa um temor:

“Os que estavam na escuta certamente voltarão suas mentes para a Terra. Talvez desejem auxiliar nossa jovem civilização. Devem, no entanto, ser muito, muito velhos e, frequentemente, os velhos têm uma inveja insana dos jovens.”

O temor do primeiro contato é explicável: basta observar aqui mesmo na Terra, o que aconteceu quando civilizações tecnologicamente mais avançadas fizeram contato com nativos. Principalmente no continente americano, os europeus, mesmo sendo bem recebidos, se revelaram arrogantes e gananciosos, saqueando até as últimas riquezas dos nativos, banindo as “heresias” representadas por suas culturas, obrigando-os a se converterem às suas religiões, escravizando-os e finalmente exterminando-os por guerras ou pelas doenças que trouxeram, ou até mesmo dizimando suas fontes de alimentação, como fizeram os colonos com os búfalos da América do Norte.

Assim, se as culturas tecnologicamente mais avançadas se comportarem da mesma forma que nós, só teremos a temer deste primeiro contato.

Extraterrestres se preocupariam com nossos princípios morais e éticos? Talvez tenham princípios completamente diferentes...
 

Talvez por isto, os governos das principais potências se mostram tão reservados quando o assunto são OVNI (objetos voadores não-identificados) e supostos contatos com seres extraterrestres. Do ponto de vista militar, é uma clara situação de impotência se admitir que naves alienígenas possam cruzar o espaço aéreo de uma nação a seu bel-prazer, sem serem interceptados nem identificados.

Do ponto de vista político, parece evidente que alguém capaz de vencer distâncias intergalácticas pouco se importará com problemas desta natureza. Outro aspecto que tem que ser levado em conta é o pânico que a presença de alienígenas poderia causar na população e de que forma isto pode influenciar suas crenças e princípios morais. Será que seres tão diferentes seguem alguma regra de conduta que os impeça de nos ver apenas como um rebanho de animais a ser estudado ou dissecado? Quererão levar alguns espécimes para seu zoológico espacial? Ou nos utilizar para pesquisas, como fazemos com alguns animais do nosso próprio mundo?

A curiosidade sobre alienígenas é grande...Mas, será que vale mesmo a pena encontra-los, ou melhor, ser encontrado por eles?

Afinal, eles também poderiam ser também mais evoluídos na arte da convivência, como os humanos tentam ser há tanto tempo. Neste caso, seriam os “ETs bonzinhos” como aquele do filme de Steven Spielberg. Poderiam nos ensinar muita coisa...

Interessante que, para cada filme ou história de ET camarada existem uns dez (ou mais?) de alienígenas vampirescos, que exterminam de forma sistemática e buscam ocupar nosso planeta para criar sua colônia, ou estão atrás de recursos como água ou oxigênio, abundantes em nosso planeta.

Em algumas destas histórias, os visitantes devastam sem nenhuma explicação ou diálogo, e a princípio, os terráqueos parecem não ter a menor chance. Depois, de alguma forma ilógica e fantasiosa, conseguem derrotar os alienígenas e suas tecnologias mais avançadas, usando apenas nossas armas rudimentares e alguma criatividade.

Uma civilização tecnologicamente mais avançada poderia arrasar nosso planeta sem mesmo pisar nele. Mas, por que faria isto?
 
Mas, examinando a história de nosso planeta, podemos constatar que as civilizações mais adiantadas tecnologicamente sempre subjugaram as mais rudimentares.
Nossa maior esperança é a de que os ETs sejam bem diferentes de nós, e mais avançados também na filosofia e no conceito de preservação da criação.

Afinal, mesmo se um pequeno percentual dos incontáveis relatos de avistamentos de OVNI forem autênticos, isto mostraria outra alternativa: os visitantes querem apenas observar, sem interferir, da mesma forma que os humanos observadores da vida selvagem terrestre e aquática, que filmam, tiram fotos e colocam rastreadores em animais apenas para conhecer seus hábitos.

Oremos para que os alienígenas sejam bem menos gananciosos do que os humanos comuns e se comportem como os naturalistas e ecologistas...
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(*) Alguns anos depois da publicação nos EUA do conto A SENTINELA, Arthur C. Clarke recebeu um convite para desenvolver a história como argumento para um filme. Daí se originou o lendário 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (1968), um filme que virou cult para os fãs da ficção científica. O conto original foi publicado nos EUA em 1951 pela Avon Periodicals Inc., e no Brasil em 1978, na coletânea SOBRE O TEMPO E AS ESTRELAS, da Editora Nova Fronteira.

domingo, 13 de outubro de 2013

A INVASÃO DOS TRANSGÊNICOS


Por definição, transgênico é um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal. O gene inserido pode vir de outra planta ou animal, mesmo de espécies diferentes.  
A princípio, a mutação transgênica em vegetais tem por finalidade melhorar suas qualidades nutritivas ou produtivas, ou até torna-lo mais resistente às pragas naturais, ou às mudanças climáticas.
Em tese, os vegetais modificados dependeriam menos de agrotóxicos e fertilizantes. 
Tudo seria ótimo, se o ser humano realmente pudesse antever e inferir todas as consequências de tais mutações. Mas, quando o bicho homem se mete a interferir no curso natural das coisas, nem sempre o resultado é garantido, apesar das melhores intenções de quem o faz.
Por isto, existe uma corrente de pessoas ligadas à conservação do meio ambiente que vê com ceticismo os supostos benefícios dos alimentos transgênicos.
A organização internacional ambientalista Greenpeace, por exemplo declara que:

"A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia, e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores. O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, por entender que só assim teremos agricultura para sempre."

No Brasil, desde 1998 foi liberado o plantio e a comercialização da soja transgênica, apesar da oposição dos grupos ambientalistas nacionais.
Mais recentemente, o mesmo ocorreu com o milho, e aí eu comecei realmente a perceber as mudanças. Pois se eu faço pouco uso da soja na minha dieta, o mesmo não ocorre com o milho!
Sabe-se que o milho tem sido modificado pelo homem desde os primórdios de sua cultura, através de cruzamentos, melhorando a sua qualidade para alcançar a produtividade que temos hoje.


Evolução genética resultante da manipulação do milho, desde a variedade primitiva chamada teosinto (E) até ao milho atual (D).

Porém, com as mutações  genéticas feitas em laboratórios por empresas privadas, os tipos de vegetais gerados passaram a ser patenteados por grandes laboratórios como Monsanto, BASF, Bayer, Dupont e Syngenta. No Brasil, em 1999 a Novartis foi autorizada a realizar testes com uma variante de milho transgênico chamada BT.
Entretanto, segundo a Wikipédia:

"Em relatório recentemente divulgado, notou-se que submeter camundongos a dietas contendo quantidades significativas de determinado tipo de milho transgênico (o MON 863) é prejudicial à saúde destes animais e pode causar lesões consideráveis em órgãos importantes (rins, fígado, etc), interferir com a função do sistema imunológico (contagem de linfócitos, leucócitos, granulócito), e alterar seus metabolismos (glicose)."

Há alguns meses, recebi pela internet um arquivo PPS, que eu a princípio classifiquei como uma daquelas correntes alarmistas que tanto infestam a rede. O tal arquivo denunciava que alguns produtos comercializados no Brasil já estavam fazendo uso do milho transgênico, sendo que eram marcados discretamente por um símbolo: um triângulo amarelo com a letra "T" em preto. Para minha surpresa, eu localizei na minha despensa um pacote com o tal símbolo, que eu nem havia percebido ao comprar o produto!

Este símbolo aparece quase sempre em locais meio escondidos e em pequenas dimensões, nas embalagens de transgênicos.

Pois bem! Agora, passados alguns meses, fui verificar nas prateleiras do supermercado, e para minha nova surpresa, não consegui localizar um só produto derivado de milho que não ostentasse o fatídico triângulo amarelo!
Desde flocos de milho, farinhas, salgadinhos de diversos sabores até ao popular amido de milho de diversas marcas!
Para não falar da pipoca que você saboreia no cinema ou diante da TV!
Assim, me vi sem opção, e fiquei sabendo que em, alguns países produtores, a maioria da produção já é de transgênicos!
No Brasil, a exemplo do que aconteceu com a soja, a implantação foi feita "na marra", antes mesmo de que fosse liberado o cultivo e comercialização.
A produção atual de milho transgênico no Brasil já é de 85% do total!
Segundo a BBC:

"Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs (organismos geneticamente modificados)."

Atualmente, vegetais transgênicos ocupam mais de metade da área cultivada no Brasil.
A partir do ano que vem, será comercializado no país um tipo de feijão geneticamente modificado pela EMBRAPA, resistente ao vírus do mosaico dourado, uma praga que ataca nosso alimento mais popular.
Nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration, órgão que regulamenta e fiscaliza a alimentação naquele país) aprovou em caráter prévio a comercialização e consumo de um tipo de salmão geneticamente modificado.
E os testes com ratos?
Os testes feitos até agora só detectaram efeitos negativos em um tipo de milho, não comercializado em nosso país. Mas, grupos ambientalistas continuam exigindo que se retarde a liberação do consumo até que sejam feitos mais testes, inclusive sobre a influência a longo e médio prazo dos transgênicos no meio ambiente onde são cultivados.
Porém, a polêmica está sendo atropelada pela produção, pois os agricultores querem aproveitar de imediato as vantagens econômicas do plantio e produção de transgênicos e antes mesmo da regulamentação já faziam uso dos mesmos.
Parece que os transgênicos vieram mesmo para ficar, e os vegetais originais sobreviverão apenas em bancos genéticos, como peças de museu.
Esperemos que os nossos aprendizes de feiticeiro não ocasionem danos reais e irreversíveis ao meio ambiente e que realmente possamos aproveitar os benefícios da genética para alimentar a sempre crescente população do planetinha azul...