FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

MÉXICO 1968: IDEAIS OLÍMPICOS X DIREITOS CIVIS

No ano passado, guardei esta nota para comentar, mas acabei não o fazendo.

A agência AFP publicou em 13/10/2010:

Tommie Smith quer vender medalha dos Jogos do México-1968

PARIS - O americano Tommie Smith, cuja imagem com o punho levantado com uma luva negra após a vitória nos 200 metros nos Jogos Olímpicos do México-1968 se tornou emblemática, decidiu colocar a medalha de ouro à venda, informa o jornal San Jose Mercury News. Smith, 66 anos, colocou em leilão a medalha e os tênis utilizados na prova a um preço inicial de 250.000 dólares, segundo o jornal.
"A medalha é importante para ele, mas a recordação é muito mais importante. Com certeza faz isto pelo dinheiro, mas está desesperado", afirmou a pessoa responsável pelo leilão, que deve acontecer em 4 de novembro.
(Não houve interessados em pagar o alto preço pretendido pelos leiloeiros. Entretanto, a notícia me levou a recordar o impacto causado naquela época pelos eventos que envolveram a conquista da medalha, e o quanto os EUA mudaram desde então.)

O polêmico gesto em 1968: o medalista de prata Peter Norman(e), da Austrália, apesar da atitude respeitosa, declarou seu apoio ao protesto, o que lhe custou a carreira.

Na Olimpíada do México, em 1968, num gesto que chocou o mundo esportivo, os velocistas americanos Tommie Smith e John Carlos, respectivamente ouro e bronze nos 200 m. rasos, ao invés da atitude respeitosa durante a execução do hino nacional americano, vestiram luvas pretas, ocultando simbolicamente as palmas das mãos, e ergueram os punhos cerrados, numa saudação usada na época por grupos de militantes radicais negros dos EUA.
Tais grupos, se contrapondo às ideias de resistência pacífica e integração do Reverendo Martin Luther King, acreditavam numa escalada de violência e separatismo em resposta ao tratamento racista dispensado aos americanos negros em seu próprio país. Em tese, visavam o estabelecimento de instituições e bases para  a criação de uma nação negra com poderes próprios e independente, em contraposição à "América branca".
Esta ideologia separatista e racista era conhecida como black power. Porém, na sua autobiografia, Smith nega ter pertencido a tais grupos, e alega que seu protesto era apenas pelos direitos civis. Outros atletas negros americanos repetiram o gesto durante as competições, mesmo sendo advertidos pelo comitê olímpico.
Os dirigentes olímpicos acharam inadmissível gestos de fundo político durante as competições...entretanto, não podemos esquecer que nos jogos de 1936, em Munique, os atletas alemães faziam ostensivamente a saudação nazista quando venciam, sem que ninguém os reprimisse...
Os dois velocistas foram expulsos da vila olímpica por esta indisciplina. Mais tarde, Smith, Carlos e outros atletas sofreram até ameaças de morte ao voltarem ao seu país. Os movimentos radicais foram sufocados nos anos 70 pela ação do FBI e a situação foi gradativamente mudando para os negros americanos, mas não por ações diretas da luta armada. As novas gerações já eram capazes de enxergar além das trevas do racismo e o antagonismo decaiu de parte a parte. 
Hoje, o presidente dos EUA é um homem originado por um casal “alvinegro”, e foi eleito em um país onde os negros representam menos de 13% da população(*)! Donde se conclui que os eleitores não olharam sua raça, mas suas propostas.
Mas, independente do acerto ou não das ideias que motivaram  o polêmico gesto de 1968, ficou registrada a coragem de expressar publicamente a revolta, naqueles tempos difíceis...E a fantástica marca de 19,83 segs, que perdurou por 44 anos, até ser finalmente quebrada em maio de 2010 por Tyson Gay, que marcou 19,41 segs, em Manchester, EUA , durante os Great City Games !
Porém, o pior estava reservado para Peter Norman, o australiano que foi o segundo colocado em 1968, e se declarou solidário com os americanos. 
Ele também sofreu retaliações em seu país e foi cortado de competições onde seria o favorito. Após um rompimento no tendão de Aquiles em uma das pernas, em 1985, teve complicações e acabou sofrendo uma amputação,  mergulhando depois na depressão e no alcoolismo. Faleceu em 3 de outubro de 2006, em consequência de um ataque cardíaco. Smith e Carlos estiveram no seu enterro e o conduziram até sua última morada. 
Com o passar do tempo, e com a mudança de postura em relação aos fatos daquela época, os dois atletas americanos começaram a ser resgatados e reconhecidos como legítimos em seus protestos, em função das condições que enfrentavam no seu país naqueles tempos.
Hoje, o gesto virou uma estátua na Universidade Estadual de San Jose, onde os protagonistas foram alunos. Em 2008, numa premiação da TV ESPN, ambos receberam o Arthur Ashe Courage Award, como prêmio de reconhecimento à sua coragem.
Os tempos mudaram, e os vilões de ontem viraram heróis... 

(*) O termo "black" (negro) nos EUA não classifica apenas pessoas de cor negra, mas inclui pessoas de aparência branca, porém com ascendencia negra em qualquer grau. Em tese, "com uma gota de sangue negro". E a soma de todos estes graus de mestiçagem é que resulta no citado percentual da população.

Vejamos o que diz a Wikipédia, em um dos parágrafos, abordando a expressão "black people": 
One drop rule
Historically, the United States used a colloquial term, the 0ne-drop-rule, to designate a black person as any person with any known African ancestry. Legally the definition varied from state to state. Thomas Jefferson had slaves who were legally white (less than 25% Black) and legally slaves (mother was a slave). Outside of the US, some other countries have adopted the practice, but the definition of who is black and the extent to which the one drop "rule" applies varies from country to country.
The one drop rule may have originated as a means of increasing the number of black slaves and been maintained as an attempt to keep the white race pure. One of the results of the one drop rule was uniting the African American community and preserving an African identity. Some of the most prominent civil rights activists were multiracial, and advocated equality for all.
Embora não sendo uma lei aplicável a todos os estados americanos, o método ainda pode ser usado livremente para determinar a raça de um indivíduo nos EUA, com fins estatísticos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

THE SAME OLD SHIT...

Teve uma época em que eu recebi no meu trabalho um técnico americano de uma fábrica de aviões, que ficou alguns dias conosco, debatendo sobre assuntos técnicos...O cara era um ex-piloto de transporte da II Guerra e, quando a gente o cumprimentava pela manhã e perguntava como ele estava passando, ele invariavelmente respondia: "The same old shit!..."
Embora parecesse grosseiro para nós, a intenção dele não era essa, mas apenas mostrar  o quanto estava entediado pela falta de novidades no dia-a-dia.
Hoje, quando liguei a TV para ver as notícias antes de sair, me lembrei da frase do velho Mr. Brooks!
No Rio, quando chove um pouco mais do que o normal,  como aconteceu ontem à tarde e a noite, é sempre a mesma velha m...de sempre!
Alagamentos, barracos caindo das encostas, gente soterrada, carros boiando na Praça da Bandeira, pessoas levando descargas elétricas ao andarem com os pés mergulhados na água, gente sendo arrastada com a água pelo pescoço! Tudo como eu vi há mais de 30 anos no mesmo local, quando cheguei ao Rio!
Enquanto as cenas gravadas ontem à noite mostram um pobre homem se equilibrando no teto de um carro que é arrastado pela enxurrada, o narrador conta que a verba do governo federal para as obras neste local se encontram bloqueadas na Caixa Econômica Federal até que a prefeitura apresente a documentação necessária para sua liberação. Só então haverá uma licitação e a firma vencedora poderá  iniciar as obras, cuja duração otimista seria de no mínimo dois anos! Como nada neste país é feito no prazo menor, com certeza, mesmo que tudo saia de acordo (outra coisa dificílima neste país), as obras de forma alguma estarão concluídas antes da tão falada copa de futebol de 2014! 
Detalhe: a Praça da Bandeira fica bem próxima e é um dos principais acessos ao estádio Mario FIlho, conhecido como Maracanã, palco projetado para jogos da tão festejada copa!

Arredores do Estádio do Maracanã (em azul, ao fundo), futuro palco de jogos da Copa do Mundo de 2014! (Foto: Rafael Costa Pimentel/VC, no G1- Globo)

Aliás, o mesmo estádio que deveria ter seguido o exemplo de Wembley, legendária e tradicional arena da Inglaterra, e ser implodido para a construção de uma nova praça de esportes, moderna e dentro das novas normas da FIFA para sediar uma copa do mundo!  Mas, os tradicionalistas acharam que se poderia preservar a estrutura antiga, acrescentando em volta os complementos de modernização. 
Grande engano! Tardiamente, perceberam que a estrutura antiga estava comprometida o suficiente para não suportar a nova projetada cobertura do estádio!
Assim, a solução foi a mais trabalhosa, burra e cara possível: construir um reforço, praticamente uma nova estrutura por entre as já existentes! 
Como seria mais prático, barato e rápido fazer isto partindo do zero, em um terreno aberto! 
Como está sendo difícil, trabalhoso, demorado e caro faze-lo dentro de uma  velha carcaça pré-existente!
E o quanto custará a mais, ultrapassando de longe o orçamento inicial da obra!
Desta vez, nem vou entrar em números, para não brincar com a paciência dos leitores!  Voltemos às chuvas e seus efeitos! 
O meu amigo Barcellos, de tanta irritação, quando essas coisas se repetem (e se repetem sempre!), tem por hábito reeditar textos antigos sobre ocorrências idênticas anteriores e mostra-los, para que se veja que a descrição, excluindo os nomes das vítimas e as datas, se aplica exatamente aos fatos atuais!
Mas, desta vez, temos novidades! O site do jornal O Globo noticia hoje:

O prefeito Eduardo Paes, que passou toda a madrugada no Centro de Operações do município, afirmou, em entrevista ao telejornal "Bom Dia Rio", que até o fim do ano todas as comunidades mapeadas pela GeoRio com possíveis riscos de deslizamentos terão sirenes para alertar os moradores. O sistema foi usado, pela primeira vez, entre a noite de segunda-feira e a madrugada desta terça em 11 comunidades. Paes reconheceu que a estrutura, que começou a ser desenvolvida no ano passado, ainda não é a ideal. O prefeito pediu que os moradores acreditem nas sirenes e obedeçam aos agentes. (Veja a notícia integral aqui 

Perceberam? Estamos chegando no mesmo nível que os japoneses, que tem sirenes e alarmes para avisar sobre terremotos e tsunâmis!
Só falta agora ministrar treinamento, como tem os japoneses, para que os habitantes locais superem sua consagrada desobediência às normas e leis e saiam das áreas de risco, onde residem há anos, quando soarem as sirenes!
Áreas de risco significam áreas que nunca deveriam ter  sido ocupadas e o poder público deveria impedir isto. Se constatamos que existem famílias ocupando tais áreas, elas deveriam ser evacuadas imediatamente, independente da ocorrência de qualquer catástrofe, pois então já seria a consumação!
Só que a população de moradores em áreas de risco na área urbana do Rio de Janeiro se conta em centenas de milhares!
Assim, como fazer as coisas da forma correta é impossível em Bananópolis, então colocamos sirenes para avisar que a m... está completa! 

"Atenção: o deslizamento que vocês estão esperando vai acontecer daqui  a pouco!  Quem quiser, espere mais um pouco para ver!"

É mole, ou querem mais?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FILME: ALMAS EM CHAMAS

ALMAS EM CHAMAS (Twelve O'Clock High – 1949) é, para quem gosta do tema, o filme-referência sobre a aviação da II Guerra Mundial. O filme conta uma dramática situação vivida por aviadores americanos que tinham a função de bombardear alvos na Alemanha e países ocupados pelos nazistas. A história se baseia em situações reais, ocorridas durante a Batalha Aérea da Europa.

 Capas do DVD nas edições brasileira e americana (1).

HISTÓRIA
Eu não saberia falar sobre este filme sem abordar alguns pontos cuja compreensão se faz necessária para que o tema principal seja apreciado no seu todo. Então, aqui vai um pouquinho de história...
Antes mesmo da entrada dos EUA na II Guerra Mundial, já estava estabelecida a doutrina do poder aéreo como base de qualquer campanha militar. A blitzkrieg (2) dos alemães na Europa, apoiada pela cobertura da Luftwaffe(3) e o ataque a Pearl Harbor sepultaram respectivamente os conceitos bélicos das fortificações fixas  como linhas de defesa e dos encouraçados como fortalezas flutuantes. Ficou claro que quem tivesse superioridade aérea acabaria por tomar a iniciativa das ações, em terra ou no mar.
A indústria americana, totalmente imune a ataques aéreos por parte de seus distantes inimigos alemães e japoneses, produzia armas como nunca, gerando empregos em profusão, salvando o povo americano da crise econômica e criando a imagem de Rosie The Riveter (Rosie, a rebitadora), a dona-de-casa típica americana, que vestiu o macacão para trabalhar na indústria, enquanto seu marido e filhos combatiam. Os aviões representavam grande parte desta produção. Muitas fábricas de automóveis e eletrodomésticos adaptaram suas linhas de montagem e passaram a produzir aviões, motores e componentes aeronáuticos.

 Rosie The Riveter: um símbolo da mobilização das mulheres americanas no esforço de guerra. Cartaz de propaganda produzido pela Westinghouse para o governo dos EUA. Saiba mais!

 Na Inglaterra, bases aéreas eram literalmente tomadas pelos grandes bombardeiros americanos Boeing B-17 e Consolidated B-24 da Oitava Força Aérea da USAAF (4).
Quase diariamente, dependendo das condições do tempo, centenas destes aviões decolavam de diversos aeródromos, se reuniam sobre o Canal da Mancha e rumavam para atacar alvos estratégicos, como complexos industriais, entroncamentos ferroviários, depósitos de combustível e centrais energéticas, no continente europeu ocupado pelo Reich alemão.

Aviões Boeing B-17G estacionados no pátio de uma das fábricas, em Seattle, em 1944.

Mas, apesar da produção de aeronaves parecer infinita, havia um fator crítico, que limitava o emprego do avião como arma: os pilotos!
Nos EUA, escolas militares tinham um programa acelerado de formação de pilotos, e eram capazes de brevetar aviadores em apenas dez meses.
À princípio, apenas jovens com um mínimo de dois anos de universidade, depois, qualquer um com ensino médio, ingressando primeiro em um curso básico preparatório.
Apesar de formarem grandes números de pilotos e tripulantes, a expectativa de vida destes jovens em combate era surpreendentemente curta. Até hoje se discute quais os números reais sobre este assunto. Seja como for, a expectativa de vida aumentava na razão direta da experiência em combate. Em geral, os que sobreviviam às duas ou três primeiras semanas tinham mais chances do que os recém-chegados. E, a medida que se tornavam mais e mais experientes, pareciam se tornar mais “blindados”. 

 Formação de B-17 da USAAF lançando bombas sobre um alvo na Alemanha. Os pontos de fumaça negra são explosões de granadas antiaéreas. Durante a Batalha da Europa, as baixas de aviadores americanos foram de mais de 47.000, sendo 26.000 mortos.

Pois em meados de 1943, a Oitava Força Aérea Americana, estacionada na Inglaterra tinha este encargo: estabelecer os limites!
E como faze-lo? Para os frios comandantes do escalão superior só havia uma maneira: a estatística! Acompanhar o desempenho dos pilotos e avaliar o seu estado no decorrer das missões poderia indicar o ponto em que um percentual significativo da amostragem demonstraria os sinais de fadiga.
Os problemas eram: o comportamento humano varia de indivíduo para indivíduo: quem pode mais chora menos! Alguns se queixavam e começavam a fazer de tudo para ficar de fora, após poucas missões. Outros aparentavam suportar tudo numa boa e de repente, sem aviso, caiam em total esgotamento! E isto podia acontecer durante uma missão, em meio a um combate sobre território inimigo, acarretando riscos para todos os tripulantes. Os grandes bombardeiros levavam de 12 a 13 tripulantes. Cada vez que os alemães abatiam uma dessas aeronaves, morriam ou se tornavam prisioneiros pelo menos dois pilotos e um navegador treinados e mais 9 tripulantes, entre os quais pelo menos um mecânico de voo e um rádio-operador, além dos artilheiros.
Outro problema era que poucos alcançavam os números máximos propostos, sendo abatidos pelos alemães antes disto! Ninguém ficava sabendo o quanto mais eles teriam aguentado, se continuassem voando!
Quem seria tomado como base? Os que aguentavam menos ou os “ossos duros de roer”?
Para os "politicamente corretos" dos dias atuais, a resposta parece óbvia: nivelar pelos mais fracos e evitar o colapso em combate!
Mas, para os militares do estado-maior americano, a política era exatamente o contrário! Achar o limite máximo, e estabelecer o padrão um pouco abaixo disto!
A proposta inicial havia estabelecido 25 missões, considerando-se que cada uma dessas missões duravam mais de oito horas de voo, grande parte delas sobre território inimigo, sob fogo da artilharia antiaérea e ataques de caças!
Na prática, a dificuldade de alcançar esta meta levou a propaganda americana a alardear como grande destaque quando a tripulação de um B-17 batizado Memphis Belle conseguiu completar a meta das 25 missões, provando que isto era possível !
Chegaram a produzir um filme-documentário sobre o feito, dirigido pelo cineasta William Wyler (em 1990, foi lançado um filme baseado no mesmo tema, porém recheado de ficção).

O FILME
Bem, agora vamos ao filme:
O filme é baseado no livro de mesmo nome, da autoria de Sy Bartlett e Beirne Lay Jr., ambos veteranos da USAAF. A direção foi de Henry King, que também participou na adaptação do script, juntamente com os autores do livro.
Alguns anos após o fim da II Guerra, Harvey Stovall (Dean Jagger, que recebeu o oscar), ex-oficial-administrativo de um esquadrão de bombardeiros, volta à Inglaterra e vai visitar sua antiga base, em Archbury, agora um campo abandonado. 
Davenport (Gary Merrill), Savage (Gregory Peck) e Stovall (Dean Jagger).
 Jagger recebeu o Oscar como ator coadjuvante.

Enquanto passeia pelo local, sua memória volta no tempo e ele revive acontecimentos dos quais participou durante a guerrra.
Sua unidade, o fictício 918º Grupo de Bombardeiros, sofre com as perdas materiais e humanas quase diárias e com a moral baixa dos seus componentes, que acham  a unidade azarada. Além, disto, o índice de eficácia das sortidas é insuficiente.
Novas ordens determinam que os ataques sejam feitos em altitudes menores, para aumentar sua precisão, mas isto também expõe ainda mais os aviões ao fogo antiaéreo.
O comandante da unidade, coronel Keith Davenport (Gary Merrill), é querido por seus comandados, se identifica com eles e demonstra até certa rebeldia contra a política do alto comando, que exige mais e mais sacrifícios. O médico da unidade alega não saber o significado de "esforço máximo".
Para verificar a situação in loco e por a casa em ordem, o dinâmico general-de-brigada Frank Savage (Gregory Peck), amigo pessoal de Davenport, é enviado para comandar a unidade, substituindo-o.
Imbuído em preconizar a política do estado-maior, Savage procura impor disciplina rígida e minimizar os temores de seus homens, mas a princípio, tudo o que consegue é rejeição e antipatia. Todos os pilotos apresentam pedidos de transferência, como forma de protesto contra o novo comandante.
Savage procura ganhar tempo, convencer os pilotos com palestras e dar exemplo para seus comandados, participando das missões com determinação e destemor. Os alvos passam a ser atingidos e as baixas diminuem. Os homens acabam por retirar os pedidos de transferência e passam a cooperar. 
Savage acaba sendo aceito pelos homens mais influentes do grupo e faz valer sua liderança, melhorando o desempenho da unidade.
Então, o grupo é escalado contra um objetivo estratégico e muito bem defendido, cuja destruição o alto comando acredita ser fundamental para os destinos da guerra (como sempre!).
E este é também o ponto decisivo para Savage e seus homens!
Diversas cenas aéreas do filme foram montadas com registros oficiais americanos e alemães de voos de formação e combates reais, já que o filme é em preto-e-branco.
O nome do personagem Stovall se baseou em William Howard Stovall, piloto americano da I Guerra, amigo pessoal de um dos autores do livro e do script. 
Outros caracteres do filme foram baseados em personagens reais, como Savage, inspirado no general Frank A. Armstrong, que comandou o 306º Grupo de Bombardeio durante a II Guerra.
As instalações do esquadrão foram locadas na antiga base aérea americana de Eglin, na Flórida.
Para a filmagem de uma das cenas, o piloto-doublê cinematográfico Paul Mantz, coordenador da missão de Amelia Earhart, fez um pouso de barriga sobre a grama, num B-17.
Mais real que isso, só estando lá!
Dean Jagger ganhou o Oscar como ator coadjuvante e o filme ganhou outro pela trilha sonora.
Mas, a maior consagração do filme veio das opiniões expressas por veteranos de guerra, que realmente viveram aquelas situações retratadas e elogiaram o filme pela autenticidade da história e das cenas.
O filme está disponível em DVD (PeB) nas lojas e locadoras, infelizmente em formato fullscreen (3X4). As legendas em português são sofríveis, e muitas vezes não tem nada a ver com o que foi dito!
O filme originou uma série da TV com o mesmo nome, lançada nos EUA entre 1964 e 1967, com 78 episódios, alguns apresentados no Brasil com o título equivocado “INFERNO NOS CÉUS” pela extinta TV Tupi, com Robert Lansing no papel do gen. Savage. Acontece que este título já existia, atribuido no Brasil ao filme de origem inglesa Squadron 633 (1964), com Cliff Robertson e George Chakiris!

Notas:
(1) A expressão em inglês: twelve o'clock high! (doze horas, no alto!), no jargão da aviação militar, significa uma posição relativa.
Colocando a aeronave onde estamos sobre o mostrador de um relógio analógico, com o nariz apontando para as doze horas, as posições citadas significam a direção de onde está vindo o atacante, acrescentando “acima” ou “abaixo”, se não estiver no mesmo nível.
Assim, “twelve o'clock high” significa que o inimigo está vindo pela frente e pelo alto, mergulhando sobre o avião atacado.
Esta tática de atacar pela frente foi desenvolvida pelos pilotos alemães, após constatarem que os grandes bombardeiros americanos eram muito resistentes ao fogo dos seus caças, conseguindo regressar à suas bases mesmo após atingidos várias vezes pelos projéteis dos canhões de 20 mm. Atacando pela frente, eles procuravam atingir a cabine de pilotagem, matando os pilotos e depois mergulhando sob nariz do bombardeiro, evitando colidir com a alta estrutura da deriva, no caso dos B-17. Esta tática terrível, quando bem empregada, eliminava o avião de forma inapelável.
O grito “twelve o'clock high!” geralmente causava uma aceleração no batimento cardíaco dos tripulantes, pois eles sabiam o que viria a seguir!

(2) O termo blitzkrieg significa, em alemão, "guerra-relâmpago". Essa expressão surgiu como referência ao rápido avanço dos exércitos alemães no início da II Guerra, quando marcharam sobre a Polônia, França, Bélgica e Holanda.

(3) Luftwaffe é a denominação oficial da força aérea alemã.

(4) USAAF é a sigla de United States Army Air Force (Força Aérea do Exército dos Estados Unidos). Durante a II Guerra, a força aérea americana era ainda parte integrante do exército dos EUA, e somente após o final do conflito obteve autonomia e passou a chamar-se USAF , sigla de United States Air Force (Força Aérea dos Estados Unidos).

sábado, 16 de abril de 2011

ARQUIVO X: O VACILO DE MULDER

No seriado Arquivo X, Gillian Anderson interpretava Scully, a sexy agente do FBI, parceira de Fox Mulder (David Duchovny).

 A agente Scully (Gillian Anderson): acorda, Mulder!
 
Apesar das claras insinuações da linda parceira, Mulder só parecia se interessar mesmo por discos voadores, abduções, médiuns e mutantes gosmentos e nojentos!
Nos bastidores das filmagens, houve uma queda de braço entre ela e David pelo tempo de aparição diante das cameras. 
Teve episódios em que ela esteve ausente, aparentemente abduzida por extraterrestres, depois aconteceu o mesmo com ele, e finalmente, a série acabou !
Depois, fora da telinha, Gillian soltou a franga e mostrou o que Mulder perdeu, em fotos ousadas para uma revista masculina, e todos viveram felizes para sempre. 
Menos Mulder, que continua lutando contra a descrença dos chefes do FBI nos UFOs, nos fenômenos paranormais e na libido do seu agente...
Pô, diretor, podia dar uma colher, né?
Agente também é gente!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

BUGIGANGAS, IDEIAS E PLANOS

Esta semana, fiquei mostrando as paisagens da cidade para um familiar que veio passear na Cidade Maravilhosa, e estive um pouco ausente, mas foi por uma boa causa.
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Estou tentando superar o mau hábito de guardar bugigangas.
Ás vezes exagero um pouco ao avaliar futuras utilidades para as mais variadas porcarias.
Esta semana usei um carrinho de mão para levar até a lixeira um bom volume de materiais recicláveis. Essa coisa de guardar tralha, pensando que tudo tem possibilidade de ser aproveitado no futuro deve ser alguma espécie de compulsão, possivelmente catalogada em compêndios de psiquiatria ou psicologia.


Com bastante pesar, tive que me desfazer de muitas coisas úteis, como aproximadamente umas quarenta caixas de papelão de diversos tamanhos onde vieram embaladas fontes de força de computador, no-breaks, câmeras, espremedores de suco, aparelhos telefônicos, impressoras, e toda a sorte de aparelhos que eu adquiri nos últimos anos.
Fora outras coisas variadas, como: umas 48 rolhas de vinho, que eu guardei para o caso de, ao abrir uma garrafa, o saca-rolhas triturar a rolha original.  Tem também todas as luminárias e lustres que foram trocados nos últimos dez anos, duas placas-mãe capazes de receber os primeiros processadores Pentium (há quanto tempo foi isto?), duas máquinas de cortar grama de fio de nylon (já estou na terceira, não vale a pena mandar consertar, pois o conserto é quase o mesmo preço de uma nova), e uns 30 quilos de revistas (sou assinante, e os números atrasados agora ficam todos digitalizados no site da editora).  
Alguns pares de tênis velhos, e sapatos que eu não uso há mais 2 anos, além de diversos paletós, inúteis para quem está dispensado de formalidades neste clima tropical, irão todos para doações, que são recolhidas por um vizinho engajado em obras assistenciais.
Preciso fazer o mesmo com ideias velhas e já superadas, e planos que já deveria saber que não se realizarão. Preciso cataloga-las, descreve-las minuciosamente, e limpa-las da minha mente. Assim como acontece com as coisas velhas, elas deixarão espaço para novas ideias, mais atuais e adequadas ao presente.
De nada servem planos para o passado...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

DEFENDA-ME DOS FRACOS...


Acordo em meio à noite,não sei se pelo calor ou por meus pensamentos...O dia de ontem foi marcado por fatos trágicos que ocorreram numa escola da cidade do Rio de  Janeiro e repercutiram em todo o mundo.
Fico a refletir sobre a nossa vulnerabilidade diante de coisas ilógicas e inesperadas.
A tragédia se abateu sobre diversos lares, trazida por um apocalíptico e confuso ser, que parece ter escapado do reino das trevas.
Deixou como testamento um estranho texto, onde ficam mais dúvidas do que esclarecimentos.
Apoiado num fanatismo falsamente religioso, talvez recheado pelos recalques dos traumas de rejeição sofridos na infância, esta confusa criatura se imbuiu da nefanda função de anjo exterminador, abatendo de forma fria e determinada as mais indefesas vítimas que encontrou.
Ainda não encontraram uma forma de identificarmos o desequilíbrio oculto em uma mente, a não ser quando dela são liberados os monstros que habitam seus níveis mais profundos.
Mas, aí já é tarde demais!
Defenda-me dos fracos, que se esgueiram pelos cantos e se encolhem de cabeça baixa, numa falsa humildade ante a minha passagem, enquanto aguardam o momento de apunhalar-me pelas costas!
Porque dos fortes, que me encaram de frente, eu me defendo sozinho!
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Depois da minha última postagem, andei ouvindo, em um lugar onde andei, os acordes da música "BABY, YOU'RE A RICH MAN", dos Beatles. Uma coincidência, ou uma mensagem subliminar?

sábado, 2 de abril de 2011

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?

Ontem, enquanto fazia o meu passeio matinal pelos blogs, vi as brincadeiras de primeiro de abril postadas por alguns blogueiros. Cabe ressaltar que, além do Xipan Zéca, “encerrando” o seu blog, o Rui, do Mundo Botafogo, também me deu um baita susto, publicando a “despedida” de Loco Abreu do Botafogo! Haja água com açúcar e Pressat!
Na TV, a lindoca Renata Vasconcelos discutia com Alexandre Garcia a questão de ser milionário: um milhão de reais ou mesmo de dólares já não tem o mesmo poder aquisitivo que em outros tempos. Consequentemente, hoje em dia, ser um "milionário" não tem o mesmo significado que há alguns anos atrás! Querer ser apenas milionário pode ser frustrante!
Não dá para comprar alguns apartamentos ou casas à venda no mercado imobiliário e tem carros custando um bom percentual deste milhão, ou até mais!

Lamborghini Murcielago Supervelo: dois lugares, motor V12 6.5, 670 cv, 342 km/h, 0-100 km/h em 3,2 segundos, tudo isso por apenas R$ 1.360.000,00! 

Iate, também não dá, quando muito uma lancha não muito equipada! Jatinho? É melhor nem pensar! Não paga nem a manutenção!
Mas, afinal se alguém só tem mesmo um milhão, vai gastar quase tudo num carro ou lancha e não ter como manter um padrão de vida condizente com tais bens? Claro, tem gente que faz isso mesmo!

Cessna Citation CJ4: pode ser comprado por apenas 9 milhões de dólares, ou sejam 14,5 milhões de reais!

Até mesmo um apartamento ou casa deste valor certamente ficará situado em um prédio ou condomínio onde os custos operacionais são igualmente altos, para não falar que o morador ficará meio deslocado se não tiver o mesmo padrão de vida de seus vizinhos, e certamente acabará se tornando indesejável.
Na realidade, como já dissemos acima, os atuais empreendimentos imobiliários, sempre inflados pela ganância das construtoras, estão com valores já bem acima deste marco psicológico!

Iate Mangusta 165:  29,5 milhões de euros, apenas 67,5 milhões de reais!

Afinal, a conclusão é de que ser “milionário” tanto em dólares quanto em reais, hoje em dia significa, quando muito, ser apenas “classe média alta”!
Segundo um consultor financeiro, os verdadeiros ricaços de hoje são na verdade bilionários!
Esses cidadãos e cidadãs que tem jatinhos, iates, mansões em diversas partes do país e do mundo, vão a leilões de arte, tem picassos e van goghs nas paredes da sala, chefs internacionais fazendo o seu jantar e passeiam em lamborghinis, ferraris, porsches e BMWs, são bi e trilionários e, se algum dia mortais como eu forem trilionários, eles serão quaquilionários, como o Tio Patinhas!
Não importa quantos zeros surjam por força da inflação, os ricos são como bolas de pingue-pongue, boiando no mar: sobem com as marés e estarão sempre por cima, na crista das ondas!
No final da matéria, a belezoca global recomendou que quem tiver um milhão, invista no mercado financeiro, para ter mais, visando ser realmente rico!
Eu pergunto: e para que, se não posso usufruir deste milhão? Se eu tenho alguma capacidade potencial de desenvolver um negócio, acho válido aplicar este dinheiro de forma dinâmica, pois até a própria atividade de desenvolver um negócio pode ser gratificante, se estamos fazendo o que gostamos.
Mas, apenas aplicações estáticas para ver os rendimentos mensais, enquanto nos privamos de coisas que realmente nos dariam prazer?
Às vezes as coisas materiais que queremos nem são tão caras, e estariam ao alcance de quem tem essa quantia. Mas, é necessário é que saibamos realmente o que queremos, para depois não ficarmos frustrados, ao ver que a piscina cinematográfica que construímos só pode ser usada por dois meses do ano, embora precise ser mantida durante o ano inteiro, ou que a casa tão bonita que montamos está num bairro desvalorizado e sem perspectivas!
Na realidade, agora estourando essa bolha de sabão e deixando o materialismo de lado, tem coisas valiosíssimas que se consegue sem precisar de um tostão!

As melhores coisas podem vir de graça!

Dentro da imensidão das mentes e almas humanas existem tesouros muito mais valiosos do que mansões, iates,  jatinhos e carrões, e podem ser conquistados com sinceridade, carinho, bondade e amor!
Quem quer ser um milionário?