Antigamente, ainda não
dispunhamos das fantásticas técnicas atuais da computação gráfica e nem dos sofisticados efeitos especiais dos anos 80.
Assim, às
vezes o que assistíamos em filmes era algo que fora executado na
verdade, com alguns pequenos retoques.
O VOO DA FÊNIX (The
Flight Of The Phoenix – EUA - 1965 – 142 min.- cor) me emocionou
mais quando eu soube o que aconteceu na sua produção.
A história começa de
forma banal: pouco tempo após a II Guerra Mundial, um velho avião
cargueiro excedente das forças armadas, operado por ex-pilotos
militares, voa a serviço de uma empresa de exploração de
petróleo, e sua função é trazer para Benghazi uma equipe de
funcionários de um dos poços desativado pela companhia, no deserto
da Líbia, além de dois militares britânicos.
Towns (James Stewart) e Moran (Richard Attenborough) encaram uma tempestade de areia sobre o deserto da Líbia.
Mas, naqueles tempos,
antes dos satélites meteorológicos e dos GPS, eles acabam se
deparando com uma tempestade de areia e se acidentam, fazendo um
pouso forçado no meio do deserto, com o rádio inoperante e sem
saberem sequer sua localização exata.
Não parece haver
perspectivas de um resgate antes que suas provisões e reservas de
água se acabem, e a situação se mostra desesperadora.
E, como não poderia
deixar de ser, começam os choques pessoais entre os sobreviventes,
cada qual querendo achar sua própria solução.
O dominador comandante
do avião, Frank Towns(James Stewart) desprovido do seu aparelho, vê
balançar também a sua liderança, apoiado apenas pelo seu navegador
Lew Moran (Richard Attenborough).
O oficial britânico
Cap. Harris (Peter Finch) pensa utilizar suas habilidades de
infantaria para se aventurar a pé, tentando buscar socorro, apesar
do pouco entusiasmo do seu subordinado, o descrente sargento Watson
(Robert Frasier).
Mas, uma proposta
inusitada acaba partindo do jovem engenheiro aeronáutico alemão
Heinrich Dorfmann (Hardy Krüger): utilizando partes da avião
acidentado, montar uma aeronave menor, com um dos motores apenas, mas
capaz de decolar do deserto levando todos os sobreviventes.
O jovem engenheiro alemão Dorfmann (Hardy Krüger) apresenta uma proposta no mínimo arriscada: haveria chance?
À princípio, os
pilotos acham absurda sua ideia, mas alguns dos outros vêm isto como
uma nova esperança, talvez sua única chance de salvação.
Rapidamente,
estabelecem um cronograma de trabalho e começam a tarefa de criar um
novo avião, e o batizam PHOENIX (Fênix), em homenagem ao mitológico
pássaro egípcio, que renascia das cinzas do seu próprio ninho.
Mas, levar a cabo uma
tarefa assim inédita nas condições climáticas de um deserto e com
o escasso equipamento de apoio trazido do poço não seria nada
fácil.
E logo, eles também
descobrem que ficar sozinhos no deserto não é o pior, se a
alternativa for encarar as tribos nômades de bandoleiros que vagam
pela região em caravanas...
Mas, a produção do
filme teve uma história a parte: o PHOENIX foi realmente montado
e...voou de verdade!
Nada menos de três
aeronaves Fairchild C-82 Packet foram utilizadas nas cenas em voo e
em terra, em diversas tomadas.
O C-82 era um grande
avião bimotor, onde longas naceles (extensões posteriores das
coberturas dos motores) se prolongavam dos motores até a superfície
do estabilizador horizontal, na cauda, dotada de leme duplo.
O aspecto de um C-82 semelhante ao do filme.
O truque foi construir
uma fuselagem semelhante a uma destas naceles do C-82, montar nelas
as asas de um pequeno bimotor Beechcraft C-45 e um motor
Pratt-Whitney R-1340, retirado de um monomotor North American T-6
Texan, com uma cabine aberta sobre a nacele, e uma cauda
semelhante à parte do avião original.
E funcionou! O aparelho
foi batizado Phoenix P-1 e homologado para o voo experimental.
O piloto (e construtor) foi o lendário
Paul Mantz, famoso dublador de cenas aéreas e consultor de voos da aviadora americana pioneira Amelia Earhart (veja link aqui).
Bobby Rose, dublê de
Hollywood, o acompanhou na mesma cabine aberta.
Infelizmente, no seu
primeiro e último voo, após uma série de pousos com
toques-e-arremetidas para assimilação das características do
aparelho, o Phoenix sofreu uma falha estrutural, com consequente
ruptura, e Mantz veio a falecer em consequência do acidente,
ficando Rose seriamente ferido.
O Phoenix P-1 em seu único voo. Como seria inviável decolar apenas com os esquis, como no filme, foram colocadas rodas sob eles.
As cenas subsequentes
de voo utilizaram uma outra aeronave, um North American O-47,
modificado para representar o Phoenix.
Mas, no finalzinho do
filme, foi aproveitada uma cena onde aparece o Phoenix original, em
seu único voo.
No final dos créditos,
aparece uma frase de homenagem a Paul Mantz: “Lembramos que Paul
Mantz, bom homem e brilhante piloto, deu sua vida na feitura deste
filme”.
A direção e produção
foi de Robert Aldrich, e a história foi baseada no livro homônimo
de Elleston Trevor.
Recebeu indicações
para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Edição.
A linda canção
italiana Senza Fine, sucesso na época na Itália e no Brasil,
aparece em uma dramática cena, cantanda por Connie Francis, no
radinho transistor de um sobrevivente, vivido pelo ator italiano
Gabrielle Tinti.
Curiosamente, o protagonista James Stewart foi realmente instrutor de voo durante a II Guerra Mundial.
Disponível nas boas
locadoras, em novas cópias.
Para saudosistas e
entusiastas da aviação e de filmes de superação.
Atenção, amigos: esta postagem corresponde a outra da minha querida amiga Suzane Weck, que interpreta a canção do filme, como costuma fazer no seu interessante e nostálgico blog. E, além de me homenagear com esta linda música, ela abre também uma corrente de pensamento positivo para me fortalecer nos momentos difíceis que tenho passado...
Convido-os a visitarem o blog desta amiga, no link abaixo:
http://suzeweck.blogspot.com.br/2012/08/senza-fine.html
Obrigado!