FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

sábado, 15 de março de 2014

HISTÓRIA: A BATALHA DO RIO DA PRATA - II

Muita controvérsia foi gerada pela atitude do comandante Langsdorff, se retirando do combate.
Por que agora, que tinha tudo para concentrar seu fogo no Ajax ou no Achilles, que também fora danificado com menos seriedade, ele escolheu se retirar do combate ?
Todos os seus canhões principais estavam intactos e suas máquinas estavam funcionando, apesar de danos no separador de óleo do motor principal. Os danos maiores foram nas cozinhas, alojamentos e depósitos de mantimentos do navio, e em uma das torres secundárias de 5.9 polegadas, além de alguns furos de granadas acima da linha d’água e um rombo de 2 metros de diâmetro na proa, o que limitaria sua velocidade no mar do norte. 36 homens estavam mortos.
Consta que Langsdorff se preocupava com o consumo de munição, pois só restavam 40% de granadas de 11” e 50% da munição de 5.9”, e acreditava que não poderia enfrentar o mar do norte no inverno, devido aos danos na proa do navio.
Além disso, ele sem dúvida sabia que para chegar a Alemanha, teria que encarar uma longa jornada e enfrentar não mais apenas dois cruzadores, mas uma esquadra de navios britânicos que deviam estar rumando a todo vapor para o Estuário do Prata!
Durante o restante do percurso, o Spee algumas vezes voltou-se e disparou contra os cruzadores ingleses, quando estes se aproximaram demais, não logrando porém atingi-los novamente.
Assim, chegou ao porto de Montevidéo, enquanto os cruzadores se postaram na entrada do estuário.
O que se seguiu foi uma batalha de gestões diplomáticas. Os representantes ingleses, a princípio, tentaram fazer com que o governo uruguaio forçasse o Spee a sair do porto no prazo máximo previsto de 72 horas, mas depois foram informados por Harwood que os cruzadores ingleses também se encontravam avariados e tinham gasto mais de metade da munição, podendo ser batidos em um novo combate. O alemão também poderia tentar sair à noite e iludir os cruzadores, escapando para o alto mar.
Assim, os ingleses espalharam diversos boatos de que mais navios de guerra teriam chegado na saída do porto, entre eles o porta-aviões Ark Royal e o cruzador de batalha Renown (8 canhões de 15”). Na realidade, o único reforço que chegou, e somente no dia 16, foi o Cumberland, oriundo das Ilhas Falklands.
Em outro artifício para retardar a saída do Spee, os ingleses fizeram zarpar do porto o cargueiro Ashworth. Segundo as leis internacionais, o Spee não poderia ser liberado antes de 48 horas depois, para evitar que pudesse alcançar e afundar o navio mercante.
Finalmente, no dia 16, após consultar o comando alemão, Langsdorff levou o navio até a saída do porto, acompanhado pelo cargueiro alemão Tacoma. As máquinas pararam. Cargas de destruição foram colocadas em diversos pontos do navio.
Os poucos tripulantes a bordo foram evacuados nas lanchas do Spee para o Tacoma, que se afastou, enquanto o encouraçado era sacudido por violentas explosões.
Totalmente em chamas, o navio afundou em águas rasas, deixando visíveis fora d’água as partes superiores da sua superestrutura.
 Fim da ameaça! O Graf Spee queima diante de Montevidéo, depois de ser dinamitado pelos alemães.


Langsdorff e os outros tripulantes foram conduzidos até Buenos Aires, onde o governo argentino era simpatizante do governo alemão. Três dias depois, Langsdorff envolveu-se em uma bandeira da Marinha da Alemanha Imperial e suicidou-se com um tiro, no seu quarto de hotel.
Os outros tripulantes do Graf Spee foram mais tarde repatriados pelo governo argentino.
O Atlântico Sul estava livre da ameaça, e o mito do encouraçado-de-bolso estava desfeito. Se por um lado esta classe de navios fora bem sucedida como corsário enquanto furtivo, revelou-se incapaz de enfrentar um trio (que se reduziu a uma dupla) de navios mais rápidos, embora com poder de fogo e blindagem bastante inferiores.


Hans Langsdorff: elogiado pela nobreza no trato com os prisioneiros, assumiu toda a responsabilidade pela perda do navio e deu sua vida como prova de lealdade.
A bravura e a tenacidade dos ingleses, somados à algumas atitudes inexplicáveis do comandante alemão, fizeram a diferença.
Todos os marinheiros ingleses capturados dos navios afundados pelo Graf Spee destacam a nobreza do capitão Hans Langsdorff no trato com os prisioneiros. Não houve uma só baixa em nenhum dos navios mercantes afundados pelo Spee.
Entretanto, o suicídio do comandante alemão pareceu um ato desesperado causado pela culpa de haver perdido o navio e pela consciência de que, na Alemanha, possivelmente seria recebido por uma corte marcial.
Assim, terminou a primeira batalha naval da II Guerra Mundial.

8 comentários:

  1. Mais uma aula sobre a guerra, por quem sabe...
    Abraços.

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    1. Quando eu era criança, esta história era muito comentada nas conversas...
      Abraços, Barcellos!

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  2. Se tivesse resolvido se embrenhar pela área da educação, já pensou que professor de História da mais alta qualidade teria sido?

    E o avião, Leonel, cadê o avião? Foi abduzido por marcianos?

    Um beijo.

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    1. Em determinada época, este foi um dos meus sonhos...
      Milene, quanto ao avião desaparecido, como é provável que tenha saído da rota prevista, pode estar em qualquer lugar, numa área imensa, a maioria dentro do mar! Poderia inclusive ter pousado em terra!
      Resta saber se o piloto era fã da série LOST!
      Bj!

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  3. Batalha de gestões diplomáticas é o que há rsrs. Novamente aprendendo que o Prof.Leonel! Também ando curiosa por demais com esse desaparecimento...e tenho pena das famílias.
    Beijuuss

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    1. Realmente, não saber é pior do que receber a má notícia...
      Sempre resta uma esperança...
      De qualquer forma, é importante saber o que aconteceu e porque, para evitar que se repita!
      Bjs, Rê!

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  4. Que Professor de História fantástico temos aqui!
    Obrigada, amigo Leonel, pelo que nos ensina.

    Um beijo e feliz fim de semana,

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