FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FILME: CONTRA O TEMPO


Infelizmente, uma coisa começar bem não é uma garantia de que vai terminar bem.
No caso do filme CONTRA O TEMPO (Source Code – 2011 - EUA/FRA – 93 min. - Cor), o estreante roteirista Ben Ripley foi apenas mais um a cair na armadilha de tentar "consertar" as coisas com aquela mesmice tão peculiar aos seus colegas de profissão, e acabou perdendo o fio da meada. 
E assim, transformou o que poderia ser um novo cult em apenas mais um filme de ficção-científica, que vai muito bem por três quartos do tempo, se confundindo no final.
Acaba valendo pela proposta e pela boa direção de Duncan Jones, de Lunar (Moon - ING -2009). Trata-se do filho do roqueiro inglês David Bowie, e parece estar criando boa reputação no gênero. Eu ainda acho que vale a pena assistir, pelo seu conteúdo e proposta,  apesar da perda de rumo final. 


Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), piloto militar americano, servindo no Afeganistão, de repente se vê como que despertando em um trem, nos EUA, viajando em companhia da jovem Christina Warren (Michelle Monaghan) que ele não conhece, mas que parece conhece-lo muito bem. 
Só que ela o chama por outro nome e ele acaba descobrindo que, aparentemente, está no corpo de outra pessoa!

Colter (Jake Gyllenhaal) e Christina (Michelle Monaghan): como eu vim parar aqui?

Este início chocante e enigmático é apenas o aperitivo do que está por vir: dali a pouco, o trem inteiro explode e ele “desperta” novamente, agora para descobrir que é parte de um inusitado experimento militar americano.
Através dos contatos com a capitão Goodwin (Vera Farmiga), sua supervisora, ele é informado que estão sob a direção do Dr. Rutledge (Jeffrey Wright), tentando evitar uma sequência de atentados terroristas.
Um trem foi explodido em Chicago, e o mesmo autor do atentado parece disposto a continuar atacando, com intensidade cada vez maior.

Goodwin (Vera Farmiga) e o Dr. Rutledge (Jeffrey Wright) coordenam uma missão inusitada.

Mas, uma tecnologia inédita possibilita que sejam recuperados os últimos 8 minutos de memória do cérebro de uma das vítimas mortas na explosão. E além disto, permite que outra pessoa possa reviver aqueles oito minutos no lugar do morto, e o mais interessante, interagir com o código-fonte dos eventos, e criar alternativas para tentar descobrir o autor do atentado, a tempo de impedi-lo de continuar sua escalada terrorista.

Colter descobre cada vez mais motivos para se preocupar...

Desta, forma, Stevens pode reviver os últimos minutos de uma das vítimas, o professor Sean Fentress (Fréderik De Grandpré),   usar e abusar dos acontecimentos e dispor do cenário e das pessoas em torno, explorando todas as possibilidades e alternativas. Porém, as variantes ocorrem apenas naquele ambiente, pois os eventos já ocorridos não podem ser revertidos. E nisto está a coerência necessária para tornar sustentável a estrutura do filme.
No decorrer das tentativas, Colter começa também a ficar intrigado com sua própria sorte e destino. Suas últimas lembranças datam de dois meses antes e ele se divide entre descobrir o autor do atentado e o que aconteceu consigo mesmo neste lapso de tempo.
Logo, as coisas começam a se esclarecer e ele acaba tendo outros motivos para se preocupar...
Como eu falei no início, este poderia ser um dos raros casos de roteiro que não perde o fio da meada, porém, na sequência final, a tentação de fazer "final feliz" prejudicou a coerência, e a premissa principal foi perdida...
A mesmice obsessiva de querer modificar coisas que já ocorreram contaminou o que seria uma excelente história.
De qualquer forma, eu acho que a abordagem deve agradar aos fãs de SCI-FI, mas sem dúvida as incoerências serão notadas. Minha opinião é de que vale apena assistir, mas não espere o grande filme sugerido pelo início.
Quem sabe, daqui a pouco surja uma "versão do diretor", como aquela que foi feita para BLADE RUNNER...
Pelo menos assim poderiam realmente consertar os erros cometidos no passado! (Mas sem muda-lo!)
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O filme foi exibido nos cinemas em setembro de 2011, está disponível em DVD nas revendedoras e locadoras, e esteve recentemente sendo exibido pelo canal a cabo Telecine Premium. 

Obs: Não confundir com:
Contra o Tempo (Slipstream - EUA - 2006)
Contra o Tempo (Cradle 2: The Grave - EUA -2003)
Pelo visto, não há nenhum critério (ou se há, não é obedecido) na escolha de títulos para obras estrangeiras no Brasil.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SAIA JUSTA

Falar de política, para mim, é uma coisa desagradável, principalmente quando se trata da política brasileira.
Uma das coisas que mais disvirtua a política atual é o fisiologismo, o famoso “toma lá dá cá”, cada vez mais desavergonhado que faz os candidatos aceitarem apoio até do capeta, se isso significar alguns votos a mais.
Assim, vemos parcerias inusitadas de antigos desafetos, que agora se abraçam sorridentes diantes das cameras, e pedem votos para quem antes os acusou.
E os candidatos aceitam apoio de elementos anteriormente acusados por eles próprios de serem malfeitores.
Se eu aceito o apoio de quem eu declarei bandido, afinal o que sou eu?


Mas, as eleições municipais estão aí, e é inevitável que sejamos obrigados a comparecer a alguma seção eleitoral, para não sermos objeto de alguma sanção, já que, nesta “democracia”, deixar de votar não é uma opção!
E, casualmente, me interessei por ver uma série de entrevistas que estão sendo feitas ao vivo, pelo telejornal RJTV, da Rede Globo de Televisão, com os candidatos à prefeitura do Rio, cidade onde eu moro há mais de 30 anos.
E, nesse caso, o entrevistado foi justamente o atual prefeito, que lidera as pesquisas para a reeleição. Ele é apoiado pelo atual governador do RJ e também por um ex-presidente, que ele mesmo denunciou quando era deputado.
Colocando questões objetivas, os repórteres Ana Paula Araújo e Edmilson Ávila deixaram o candidato em uma verdadeira saia justa, um corredor polonês, durante doze minutos que devem ter custado bastante a passar para ele.
E vejam bem: eu não estou dizendo que este seja o pior candidato, mas pelo fato de ter tido um mandato para ser conferido e criticado, teve o ônus de ter que responder por suas promessas e declarações anteriores.
Dos outros candidatos, nem se imagina o que pode vir, pois alguns também tem parcerias e recebem apoio de “figurinhas carimbadas” da política regional e nacional...
Se quiserem, vale a pena conferir em:


(recomendo que assista ao vídeo)
E, a cada dia, um novo candidato está nessa "malha fina"! Hoje teve outro!
 
Quanto a mim, ainda não sei em quem votar para prefeito...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

FILME: O VOO DA FÊNIX - 2004

Refilmagem do filme de 1965, baseado na mesma história do livro de Elleston Trevor.

O VOO DA FÊNIX (Flight of the Phoenix – EUA – 2004 – 113 min. - Cor)
A direção coube ao irlandês John Moore (Atrás das Linhas Inimigas – 2001).
A história foi mantida praticamente a mesma, com algumas adaptações que não alteram o enredo.
Um velho avião militar operado por particulares tem a missão de resgatar operários e equipamentos de um poço de petróleo deficitário pertencente a uma multinacional, no deserto de Gobi, e traze-los até Pequim. Porém, são apanhados por uma tempestade de areia e acabam fazendo um pouso forçado, ficando isolados fisicamente e sem comunicações, no meio do deserto.
Com poucas chances de serem resgatados ou de alcançarem algum local civilizado por terra, discutem o que fazer.
O engenheiro aeronáutico Elliot (Giovani Ribisi) luta contra a oposição do comandante para liderar os sobreviventes numa insólita empreitada.
O comandante da aeronave Frank Towns (Dennis Quaid) e seu mecânico A.J. (Tyrese Gibson) acham que devem aguardar junto ao avião para serem localizados por aeronaves de busca, mas são contestados pelos sobreviventes, entre eles a operária Kelly Johanson (Miranda Otto) e o engenheiro aeronáutico Elliot (Giovani Ribisi).
Elliot sugere que podem aproveitar partes do avião para construir uma aeronave menor e decolar com todos os sobreviventes, enfrentando grande oposição do comandante.
Alguns querem se aventurar pelo deserto, e a presença de uma caravana de bandoleiros ameaça mais ainda sua situação.
Afinal, a ideia de Elliot prevalece, e eles começam a montar o “novo” avião, batizado Phoenix, nome de uma mitológica ave egípcia que se ergue das próprias cinzas para voar novamente.
Para complicar mais as coisas, os tripulantes acabam por descobrir que Elliot é na verdade designer de...aeromodelos!
Pouca coisa muda em relação à história original: a locação que era no deserto do Sahara, passa para o deserto de Gobi, e nesta versão, existe uma presença feminina, já que a original era um “clube do bolinha”, onde a única mulher aparecia nos devaneios de bêbado de um dos sobreviventes.
Tempestades de areia dificultam ainda mais o trabalho dos operários improvisados.
Para os aficcionados da aviação, a diferença é o avião, que, em lugar do Fairchild C-82 do filme original, agora é um Fairchild C-119, com bastante semelhanças no leiaute. Técnicamente, porém, seria bem mais difícil fazer a adaptação com este tipo, devido à configuração de suas asas.
Acredito que os cultores do filme original não se decepcionaram com esta refilmagem, que mantém os bons ingredientes e a suspense da trama original. Disponível em DVD nas locadoras.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ALAN FONTELES, O "BLADE" BRAZUCA

Eu já escrevi bastante sobre Oscar Pistorius, o "Blade Runner", fantástico corredor sul-africano amputado de ambas as pernas, o único nestas condições a disputar uma olimpíada com corredores sem deficiências.
Nas olimpíadas de Londres, ele fez parte da equipe de revezamento 4X400 do seu país, disputou a prova final, ficando em penúltimo, porém alcançando a melhor marca da África do Sul em todos os tempos, nesta modalidade.
Mas, agora nas Paralimpíadas, também em Londres, ele foi surpreendido pelo desempenho igualmente fantástico do brasileiro Alan Fonteles nos últimos cem metros da final dos 200 m, classe T44 (bi-amputados) sendo ultrapassado a poucos passos da chegada.
O brasileiro, com o tempo de 21,45 segs. (novo recorde mundial), conquistou a sétima medalha de ouro para o Brasil na competição, deixando a prata para o "Blade Runner", que completou em 21,52 segs.!

Alan Fonteles (e) comemora após a eletrizante chegada, quando ultrapassou Pistorius (d) nos últimos passos antes da linha.
(Foto: GloboEsporte)
O sul-africano sentiu o golpe e chegou a protestar contra a natureza das próteses usadas pelo brasileiro (do mesmo fabricante e modelo que as dele), alegando que as mesmas aumentavam a passada do concorrente (na realidade, Fonteles deu mais passadas do que ele, que tem passos mais largos).
Mas, depois, retirou o protesto e pediu desculpas pelo twitter, aceitando a vitória do corredor brasileiro numa prova onde ele era o favorito.
O "Blade" brazuca, com apenas 20 anos, abre as asas e a bandeira.
(Foto: Adrian Dennis - AFP)

Entretanto, segundo Fonteles, o desapontamento do sul-africano ficou muito visível no pódio onde foram recebidas as medalhas, e ele tem sido de poucas palavras nos contatos com o brasileiro, seu fã confesso.
Sobre o fenômeno Alan Fonteles, extrai este texto do site da revista INFO:
"Nascido no Pará, o jovem Alan sofreu uma biamputação abaixo dos joelhos quando tinha apenas 21 dias de vida, devido a uma infecção intestinal que se alastrou pela corrente sanguínea.  Mas a amputação nunca lhe foi um empecilho. Com próteses mecânicas aprendeu a andar e a correr.
Alan corre sobre pernas de fibra de carbono Cheetah que pesam 512 gramas cada e suportam até 147 quilos. “As próteses convencionais machucavam e não me permitiam melhorar o rendimento. Dei um salto no desempenho com a Cheetah”, diz Alan. “Quando estou na pista de atletismo, tenho um retorno de energia muito grande, o que me permite correr em alta performance.”  O modelo que o garoto pobre do Pará ganhou de presente e que mudou sua vida custa hoje cerca de 30 mil reais. Ele tem quatro pares. Fora das pistas, Alan usa próteses convencionais.
O atleta foi um dos personagens da reportagem da INFO “A geração Ciborgue”, escrita pelo jornalista Thiago Tanji.  A matéria mostra como a união entre engenharia e medicina na criação de próteses comandadas por chip, sensores e software podem devolver os movimentos a pernas, cotovelos, pés e mãos e substituir com perfeição até os ouvidos."
No link abaixo, você pode conferir a extensa reportagem de Thiago Tanji, publicada na revista INFO em 25/06/2012, falando sobre as próteses high-tech:
Ao site GloboEsporte.com, o brasileiro declarou que ainda não está nos seus planos seguir os passos de Pistorius e disputar uma olimpíada:
- Primeiro, quero fazer mais história ainda em Londres. Tenho as provas dos 100m, 400m e 4 x 100m. Quero fazer história também em 2016, na minha casa, com todos os brasileiros. Aí então vamos pensar.
Antes disso, o brasileiro volta a encontrar Pistorius em mais três oportunidades em Londres. Os dois também dividirão as raias do Estádio Olímpico nos 100m e 400m T44 e no revezamento 4x100m T42/T46.
Parabéns para Alan Fonteles, o nosso "Blade" brazuca!