FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SOBRE OS MAIAS E O FIM DO MUNDO

Os maias são provavelmente, a mais enigmática e menos conhecida das civilizações pré-colombianas.
Os traços mais antigos da civilização maia nos remetem ao 2.000 A.C., quando surgem os primeiros sinais do estabelecimento de um povo pré-maia na atual Guatemala.
Esse povo ocupou as atuais nações da Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador, além de parte do México. Fundaram e desenvolveram diversas cidades-estado, seguindo todas uma espécie de “plano-piloto” padrão, que determinava a distribuição das construções centrais com base na localização dos astros e que foi estabelecido desde os primórdios desta civilização. 

Esta acrópole piramidal fica na antiga cidade maia de Chichén Itzá, no México.
Suas cidades eram dotadas de templos e acrópoles piramidais em degraus. As mais conhecidas são: Tikal, Palenque, Copán, Pedras Negras, Quiriguá, Naranjo, Cobá e Chichén Itzá. 
Com exceção das edificações centrais, as cidades se desenvolviam sem nenhuma regra, de forma aleatória.
Os maias praticavam esportes, sacrifícios humanos, e artes como escultura, entalhadura e pintura.
Sua economia era baseada na produção de tomate, milho, cacau, batata, algodão e frutas. Também criavam abelhas, caçavam e pescavam.

Este mapa mostra as principais cidades da civilização maia. (Clique p/ ampliar)

Como não cunhavam moedas, seu sistema monetário era na base de trocas. Conchas, pepitas de ouro, prata, jade, sementes de cacau e plumas coloridas eram usadas nas transações comerciais.
Havia disputas, conflitos e lutas entre as cidades. Os prisioneiros resultantes destas lutas eram escravizados, torturados e às vezes sacrificados.
A civilização maia entrou em declínio a partir do séc. IX D.C., quando suas povoações começaram a ser absorvidos pela expansão dos toltecas e astecas.
Entretanto, algumas de suas cidades-estado permaneceram povoadas até o século XV D.C., como Mayapan, que se tornou a capital dos maias em 1328.
Os remanescentes da civilização maia e se misturaram com os de outros povos e traços de sua cultura e idioma permanecem até hoje.
No século XV, os espanhóis conquistaram e saquearam as últimas cidades remanescentes dos maias e astecas.
Até o momento, ainda não foram determinadas as causas do declínio dos maias, que pode ter sido ocasionado pelo confronto com outros povos, esgotamento de recursos agrícolas, inundações, secas ou qualquer outro motivo.
Só em 1840 começaram a ser descobertos e estudados os restos desta civilização, que, segundo os historiadores, foi a única população alfabetizada das américas. Entretanto, sua linguagem escrita, composta de hieroglifos, somente começou a ser decifrada recentemente, com o auxílio da informática. 
Os religiosos que acompanhavam as expedições espanholas deram sua "contribuição", queimando e destruindo a maioria dos chamados códices maias, livros-chave que eram como almanaques e falavam sobre seus ritos, astrologia, astronomia e outros assuntos (traços de cultura pagã). Porém, alguns destes códices lograram sobreviver, como os existentes na Espanha e o que se encontra em Dresden, na Alemanha.

Detalhe do chamado "Dresden Codex"
(Clique p/ ampliar)

A precisão dos maias em registrar datas permite saber com exatidão quando foram fundadas algumas cidades e outros eventos marcantes de sua história.
Os maias possuíam dois calendários, um religioso (tzolkim) e o outro agrícola (haab).
O tzolkim tinha um ano de 260 dias, divididos em 13 meses de 20 dias e era baseado nas fases da Lua.
O haab tinha 365 dias (com base no Sol) divididos em 18 meses de 20 dias, mais cinco dias de festas.
A cada 52 anos, havia uma sincronização, baseada nos movimentos do planeta Venus.
A cada 3.172 anos, eram reiniciados os dois calendários, o que significava o início de uma nova era.

E a tal profecia sobre o fim do mundo?

Diz a Wikipédia:
A interpretação incorreta do calendário mesoamericano de contagem longa forma a base de uma crença do movimento Nova Era, de que um cataclisma aconteceria no dia 21 de dezembro de 2012.
Sandra Noble, diretora executiva da organização de pesquisa mesoamericana FAMSI, aponta que "para os antigos maias, era motivo de grande celebração chegar ao fim de um ciclo completo". Considera ainda, que a apresentação de dezembro de 2012 como um evento de fim de mundo ou mudança cósmica como "uma total invenção e uma chance para muita gente ganhar dinheiro".

Bem,  na minha opinião, parece que eles não foram capazes de prever sequer o seu próprio fim, o que me faz duvidar que fossem capazes de estabelecer que o mundo terminará no mês que vem...
A tal “data fatídica” corresponde apenas ao fim de uma era, quando se inicia um novo ciclo e se volta ao início dos calendários lunar e solar...
Mas, se estão mesmo interessados no fim do nosso planeta, fiquem de olho no céu...

O asteroide tarda, mas não falha!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

CADA VEZ PIOR...

No meu post mais lido, “Um trem nada bão, uai!”, eu cito a única linha ferroviária de passageiros existente no Brasil, o percurso Belo Horizonte-Vitória.
O jornal televisivo BOM DIA BRASIL, da TV Globo, está publicando uma série de reportagens sobre as mazelas do transporte ferroviário no Brasil.

Além de EUA, China e Rússia, o Canadá também supera largamente o Brasil em extensão de ferrovias.

Uma dessas reportagens fala sobre o incrível desperdício de investimentos, que acabaram virando sucata:


A reportagem de hoje (veja o vídeo aqui) fala das tristes condições em que se encontra a única linha ferroviária de passageiros, onde o descaso e a falta de modernização deixaram a decadência se abater sobre a outrora charmosa ferrovia Belo Horizonte-Vitória. Apesar dos vagões confortáveis e da boa comida servida nos vagões-restaurantes, o percurso de 664 km é percorrido em aproximadamente 13 horas, numa velocidade média de pouco mais de 50 km/h. A viagem neste trem é apenas uma curiosidade nostálgica.
Como eu citei no post, o Brasil é o único país de dimensões territoriais consideráveis que não tem uma malha ferroviária à altura.
China, EUA e Rússia, além do Canadá (não citado naquele post, extensão territorial: 9.984.670 km2- 48.068 km de ferrovias - dados de 2006), todos superam o Brasil por larga margem.
Será que somos os únicos certos?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

LIVRO: O RIO DA DÚVIDA

Depois de muitas interrupções, acabei finalmente a leitura de um excelente livro: O RIO DA DÚVIDA, da escritora Candice Millard, na edição brasileira (Cia. Das Letras) traduzida por José Geraldo Couto.
O livro trata de um assunto que eu conhecia vagamente, mas sobre o qual tinha certa dificuldade em conseguir mais informações: uma expedição empreendida no início do século passado, envolvendo o nosso lendário Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e o ex-presidente americano Theodore (Teddy) Roosevelt. 

Candice Millard é escritora e jornalista, e já foi editora da revista National Geographic. O Rio da Dúvida foi seu primeiro best-seller. Destiny of the Republic, sobre o presidente americano Garfield, foi outra obra de sucesso.
 
De janeiro a abril de 1914, um grupo heterogêneo de brasileiros e americanos que partira de Tapirapuã, uma aldeia no Mato Grosso, desceu em canoas por um rio desconhecido, buscando sua foz.
O objetivo era mapear o curso do misterioso rio, chamado até então Rio da Dúvida, e depois rebatizado Rio Roosevelt, em homenagem ao ilustre convidado. 
Rondon e outros exploradores presumiam que este seria mais um longo afluente do Amazonas (na realidade, ele se une ao Rio Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, sendo considerado seu afluente) . Naquele longínquo 1914, há quase cem anos, a única forma de mapear um rio era descer por ele, documentando o seu curso a medida que se progredia, nas suas águas ou nas suas margens. É claro que era preferível descer o rio de carona na sua correnteza, placidamente sentado em uma canoa...
Mas, o inexplorado Rio da Dúvida reservava surpresas nada agradáveis ao longo de seu leito, tanto nas suas águas como nas suas margens.
Suas águas não se mantinham plácidas por muito tempo e logo se precipitavam em incontáveis corredeiras, algumas impraticáveis para as pesadas pirogas usadas pela expedição, que neste caso, tinham que ser arrastadas por terra.
O território em torno das margens do rio, além de ser escasso em animais que servissem de caça, ainda contava com a presença dissimulada mas ameaçadora dos hostis índios cinta-larga, com suas flechas envenenadas e bordunas.
(A escassez de animais relatada talvez se devesse aos ruídos da numerosa massa de homens em deslocamento com seus equipamentos e provisões, agindo como um verdadeiro espantalho para a fauna nativa.)
Roosevelt, apaixonado por aventuras gloriosas, na ocasião já estava com mais de 54 anos, levava junto consigo seu filho Kermit e uma pequena comitiva de convidados americanos, alguns dos quais foram gradativamente se retirando, a medida que a jornada endurecia...
A jovem escritora fez um bom trabalho, e relata de forma isenta o relacionamento às vezes tenso, mas sempre respeitoso entre o então coronel Rondon e o ex-presidente americano.
As formas de ver de ambos os líderes eram bem diferentes: para Roosevelt, naquelas condições, assassinatos deviam ser punidos imediatamente com a morte e ataques de índios rechaçados a tiros, enquanto que Rondon mantinha-se fiel às leis brasileiras e à sua célebre divisa no trato com as populações indígenas: “Morrer, se preciso...Matar, nunca!” 

O fim da dúvida: Roosevelt e o nosso herói Rondon posam ao lado da placa que oficializou o novo nome Rio Roosevelt, em homenagem ao ex-presidente americano, que quase pereceu durante a jornada.

O oficial brasileiro, ele próprio descendente de índios, não hesitava em por em risco a vida de seus comandados e até mesmo a sua, para evitar qualquer violência contra os silvícolas, por mais ferozes que fossem.
Além disso, Rondom estendia ao longo do seu caminho cabos telegráficos e colocava marcos de referência, atividade que, para Roosevelt, atrasava a marcha da expedição. O que para o americano era um safári recreativo, para o brasileiro era mais uma missão na sua perigosa rotina de explorador.
Mas, a selva brasileira era mais traiçoeira do que poderia imaginar o ferrenho Roosevelt. Cobrou seu preço em vidas de soldados, e o ex-presidente, que já tinha problemas físicos em uma das pernas, viu-se incapaz de prosseguir por seus próprios meios. Não querendo se tornar um fardo, chegou a planejar a própria morte, só não cometendo o suicídio por intervenções de Rondon e de seu filho Kermit.
Alguns anos mais tarde, Theodore Roosevelt faleceria, em parte por consequências das sequelas sofridas nesta épica jornada pelas selvas brasileiras.
Ironicamente, os cabos telegráficos colocados durante a expedição logo se tornariam obsoletos, com a introdução do telégrafo sem fio.
Obviamente, a autora se concentra mais no drama sofrido por Roosevelt, mas não deixa de destacar a personalidade marcante do nosso super-herói Rondon.
Um excelente livro, onde se tem as sensações e aflições de estar realmente no interior da floresta e balançando nas rasas canoas, descendo aquele que um dia foi chamado o Rio da Dúvida, tal era o mistério que o cercava.
Se puderem, leiam! Melhor que muito filme!
Aliás, como Hollywood ainda não descobriu essa excelente história real?