FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FILME: REPO MEN - O RESGATE DE ÓRGÃOS

Atualmente, algumas situações me tem feito assistir à TV mais do que eu acharia razoável... Minhas alternativas na TV a cabo são os canais de cinema e os documentários sobre história ou sobre os animais.
Mas, no que se refere à filmes ditos de “ação”, acho que talvez seja necessária a criação de uma nova categoria: filmes de “dissecação”!
Eu me refiro à filmes onde haja a exposição excessiva de cenas de sangue, sem que isso seja de forma alguma relevante para a compreensão da trama, usando até "closes" para mostrar cortes e mutilações, com sangue espirrando em profusão.
Cenas que se prolongam bem além do que seria necessário, me fazendo supor que o diretor deve sofrer de alguma doença mental, ou então que sua obra é dirigida a pessoas com alguma perturbação psíquica! 

 Capa do DVD americano

REPO MEN – O RESGATE DE ÓRGÃOS (Repo Men – EUA/CAN, 2010, 111 min.) é um destes filmes onde a obsessão do diretor Miguel Sapochnik por cenas sanguinolentas, principalmente na sequência final, me fez esquecer a linha principal da trama, aliás cheia de falhas lógicas, com tentativas de fazer algo que não tem a menor possibilidade de dar certo!
Também me fez perder o interesse em olhar a tela, e acompanhar aquela série de coisas sem consistência, mesmo para um filme de ficção-científica!
Baseado num conto de 2009, Repossession Mambo, de Eric Garcia, a proposta até é interessante: Em uma época futura, sem que se saiba como isto pode ter sido legalizado, a empresa Union fabrica e comercializa órgãos artificiais para transplantes em seres humanos. Os órgãos são de alta qualidade e geralmente substituem com vantagem os naturais. São fornecidos numa espécie de sistema leasing, onde o usuário deve pagar mensalmente pela permanência e manutenção do componente implantado. Se porém, por algum motivo, não puder faze-lo, e as prestações atrasarem além de determinado prazo, o contrato determina que o órgão seja tomado de volta pela empresa (como se fosse um carro ou uma TV!), embora isso geralmente possa significar a morte do paciente!

 Jake (Forest Whitaker) e Remy (Jude Law): parceiros colocados em posições antagônicas.

E a retomada é feita de forma compulsória, por elementos chamados agentes resgatadores (repo men), que agem motivados por premiação de acordo com a sua produção, ou seja, quanto mais órgãos resgatados de maus pagadores, mais eles recebem!
As personagens centrais são dois parceiros resgatadores, que são amigos e fazem seu trabalho com muita eficiência, e um deles parece até adorar suas funções!
Remy (Jude Law) e Jake (Forest Whitaker) trabalham para o frio Frank (Liev Schreiber), diretor da empresa Union. Eles são os mais eficientes resgatadores de órgãos em atividade, para desespero de suas vítimas, que fazem tudo para escapar de suas pistolas de choques atordoantes e de seus bisturis, usados sem anestesia para abrir os corpos em busca de seus componentes!
Jake parece adorar sadicamente o que faz, mas Remy, cheio de problemas com sua esposa e filho, se vê pressionado a mudar de função, e pensa tornar-se vendedor de órgãos, ao invés de resgatador.
Porém, um estranho acidente acaba por coloca-lo em uma situação dfícil, e ele tem que retomar suas funções para manter sua própria vida! E acaba tendo que se confrontar com seu amigo e parceiro!
Minha recomendação é: não assista!
Apesar do excelente trio de atores, acompanhados ainda por Alice Braga, no papel de Beth, uma mulher viciada e cheia de transplantes, tem que ter muito estômago para suportar as cenas sangrentas, e o final pode não compensar!
Mas, se a curiosidade o fizer superar o nojo e as náuseas, depois me diga o que achou!
Eu acho que com o mesmo tema, e com os mesmos atores, poderia ter sido rodado um filme bem melhor.

sábado, 26 de novembro de 2011

CIÊNCIA: LANÇADO O CURIOSITY, UM JIPÃO MARCIANO

A NASA acabou de se lançar em mais um arrojado projeto: a proposta é colocar em Marte o maior aparato a pousar na superfície marciana: um "jipão" de seis rodas oficialmente denominado MSL (Mars Science Laboratory), mas batizado CURIOSITY, pesando uma tonelada, nada menos que cinco vezes mais pesado que seus antecessores SPIRIT E OPPORTUNITY, e medindo três metros e meio!

 Lá vai o jipão! O Atlas parte levando o Curiosity rumo a Marte, para novas aventuras!
(Foto: NASA/TV)
Há cerca de menos de meia hora atrás, às 13:02 hs (horário de Brasília), um foguete Atlas, partiu de Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, transportando o veículo-robô destinado a registrar um novo marco na exploração espacial. Sua chegada à Marte está prevista para agosto de 2012.

 O MSL Curiosity sendo preparado pelos cientistas. Dotado de seis rodas de tração independente, será o maior, mais complexo e sofisticado veículo de sondagem a rodar na superfície marciana (Foto: JPL/Caltech/NASA)

O cérebro do veículo-robô é o MSL (Mars Science Laboratory), ou Laboratório Científico Marciano, capaz de realizar observações e sondagens inéditas, com seus diversos componentes.

Entre os equipamentos integrados ao CURIOSITY, podemos destacar:

MAHLI (Mars Hand Lens Imager) - Uma espécie de lupa, com a qual os cientistas poderão observar e fotografar as rochas e detalhes da superfície marciana, podendo obter imagens com um grau de detalhamento de até 12,5 microns, ou seja, uma espessura menor do que um fio de cabelo humano! 

SAM (Sample Analysis at Mars) - É o coração do veículo. Consiste em um laboratório com três componentes: um espectrógrafo de massa, um cromatógrafo de gases e um espectrógrafo laser. Estes instrumentos buscarão por traços de carbono, elemento associada aos seres vivos semelhantes aos existentes na Terra, assim como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio.
O braço mecânico do veículo colocará na sua camara de análises as amostras extraídas do solo marciano, utilizando de forma inédita uma broca colocada na sua extremidade. Os cientistas tem muitas expectativas quanto a essa nova forma de obter amostras.

ChemCam (Chemistry and Camera) - Esta é a verdadeira "menina dos olhos" da equipe, pois poderá disparar um facho de laser contra rochas marcianas a uma distância de 9 metros, para que a camera associada possa analisar o espectro do vapor através de um feixe de raios-X, identificando a estrutura cristalina das particulas nele contidas. Acredita-se que esta técnica, introduzida recentemente na Terra, possa fornecer informações sobre as condições ambientais do planeta vermelho no passado. 

A ChemCam poderá fornecer informações sobre as condições do planeta vermelho em eras passadas, analisando as partículas vaporizadas pelo raio laser. (Foto: JPL/Caltech/NASA)

DAN (Dynamic Albedo of Neutrons) - Situado na traseira do veículo, este aparato irá disparar feixes de neutrons em direção ao solo, e pelo comportamento destas partículas, poderá descobrir a presença de água ou gelo no subsolo.

REMS (Rover Environmental Monitoring Station) - É uma estação meteorológica que medirá os diversos parâmetros ambientais do clima marciano, como temperatura do ar e da superfície, umidade, direção e intensidade dos ventos, pressão atmosférica, e intensidade das radiações ultravioleta.
Outros instrumentos medirão inclusive as radiações com que terão que lidar os futuros exploradores humanos, como prótons e raios gama.

Para a lista completa das habilidades do Curiosity (texto em inglês), veja em:

http://www.space.com/13689-nasa-amazing-mars-rover-curiosity-science.html

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HISTÓRIA: LIONEL CRABB, UM MISTÉRIO DA GUERRA FRIA

Nos anos 50, eu li com interesse uma reportagem na revista “O CRUZEIRO” sobre os misteriosos acontecimentos envolvendo o desaparecimento de um herói britânico da II Guerra, o homem-rã Lionel "Buster" Crabb, quando ele, supostamente em missão do serviço de espionagem britânica MI5, mergulhava sob o casco do cruzador soviético Ordzhonikidze, ancorado no porto inglês de Portsmouth.

O cruzador Ordzhonikidze conduzira o primeiro-ministro e o presidente russo para uma conferência com o premier Anthony Eden e foi alvo de espionagem pelos britânicos em Portsmouth. Mas, ao que parece, os soviéticos eliminaram o espião. (foto: Daily Mail).

O navio viera em missão diplomática da União Soviética, conduzindo o então presidente Nikita Khrushchev e o primeiro-ministro Nicolai Bulganin para uma conferência com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.

Khrushchev e  Bulganin: convidados pelos britânicos, tiveram seu navio espionado pelo serviço secreto naval e protestaram.

O incidente, em abril de 1956, causou um embaraço diplomático, com os russos acusando os britânicos de tentativa de espionagem no navio soviético.
Mas, esta questão ficou no ar, e eu ocasionalmente, ouvia falar do assunto, mas sempre envolto em mistério e sem nenhuma conclusão.
Crabb foi um herói condecorado na II Guerra, e tinha ligações com os serviços militares de inteligência. Ele já havia sido condecorado por seu trabalho na remoção de minas de navios britânicos em Malta e por outras missões e recebeu a Ordem do Império Britânico por sua atuação junto à esquadra italiana, em Livorno, na Itália.
Após a guerra, em 1947, ele deu baixa da Marinha Britânica e passou a mergulhar por conta própria, mas sabe-se que ocasionalmente era chamado a executar missões em caráter sigiloso para a inteligência naval britânica.
Essas atividades teriam inspirado Ian Fleming, que também era membro do órgão, na criação do personagem James Bond, o agente 007, particularmente na aventura Thunderball.
 As aventuras de Crabb na II Guerra e na Guerra Fria inspiraram Ian Fleming na criação do personagem James Bond, o famoso agente 007 vivido nas telas por Sean Connery e outros atores.

Em 17 de abril de 1956, Crabb se registrou em um hotel em Portsmouth, junto com um certo Sr. Smith (que se acredita ter sido um oficial da inteligência naval do MI5).
Eles sairam do hotel em 19 de abril e Crabb jamais foi visto de novo. Smith voltou, apanhou as coisas de ambos, pagou a conta e sumiu.
Pouco menos de 14 meses depois do desaparecimento de Crabb, em 9 de junho de 1957, o corpo de um homem em traje de homem-rã foi encontrado boiando ao largo da illha Pilsey. Estava sem a cabeça e as mãos, o que na época tornava impossível sua identificação. Nem a ex-esposa Margaret nem a namorada de Crabb, Pat Rose, foram capazes de identificar positivamente o corpo. Um ex-parceiro de mergulho, Sydney Knowles, registrou que o corpo tinha uma cicatriz no joelho esquerdo semelhante à Crabb. A comissão formada para investigar o caso deu como conclusão que o corpo era mesmo de Lionel Crabb.

 Para Sydney Knowles, quem matou Crabb foi o MI5.

Mas, em março de 2006, Tim Binding publicou um artigo no jornal Daily Mail, com o título: BUSTER CRABB FOI ASSASSINADO – PELO MI5. Binding também publicou um livro de ficção baseado na vida de Crabb, intitulado MAN OVERDOARD, publicado em 2005. Ele afirmou que, logo após a publicação do livro, foi contatado por Sydney Knowles, então morando em Malaga, na Espanha, e que ele declarara que o MI5 soubera que Crabb tinha intenções de passar para o lado dos russos. Ele disse acreditar que, sendo Crabb um herói de guerra, a publicação de tais fatos seria desmoralizante. Então, a atividade junto ao Ordzhonikidze seria apenas um pretexto, e um novo parceiro fora enviado junto com Crabb, com a missão de elimina-lo.

 Diversos livros foram inspirados nos feitos e nas
misteriosas circunstâncias do desaparecimento de Crabb.

Knowles também afirmou que fora pressionado a reconhecer o corpo como o do seu colega, mesmo convencido do contrário.
Mais tarde, Knowles relatou ter sido ameaçado de morte em após manter este contato com Binding.
(E aqui ficam minhas dúvidas: então por que não fizeram o serviço direito e sumiram com o corpo, para alimentar as hipóteses de que ele fora mesmo capturado e deixa-lo eternamente desaparecido? E, se como diz Knowles, o corpo não era de Crabb, de quem seria?)
Oficiais ligados ao almirantado britânico deixaram transpirar que Crabb desapareceu quando testava um equipamento de mergulho ainda secreto, a três milhas do local onde o navio soviético estava ancorado.
Muitas hipóteses e teorias surgiram nos anos posteriores, como:
Crabb estaria vivendo na Rússia, como oficial na marinha soviética, após ter se passado para o lado dos russos;
teria sido capturado, passado por lavagem cerebral e se tornado treinador de mergulhadores soviéticos;
que ele faria parte de um grupo especial de comandos da marinha soviética, atuando no Mar Negro;
e que teria sido morto por homens-rãs russos, em torno do cruzador soviético.
Em 1990, Joseph Zwerkin, ex-membro da inteligência naval soviética, que fora para Israel após o fim da União Soviética, declarou que Crabb teria sido avistado rondando o navio russo e atingido por um atirador de elite a bordo (provavelmente, este Zwerkin estava querendo chamar a atenção, pois esta hipótese seria a mais improvável: atirar em alguém em um país estrangeiro, sem nem ao menos identifica-lo nem saber sua intenção?)
Documentos sigilosos liberados recentemente mostram que houve de fato uma campanha para encobrir o que realmente aconteceu. Sua ex-esposa Margaret Crabb teve negado um pedido de pensão, baseado na sua morte em serviço, o que implicava em certos benefícios (Crabb havia saído oficialmente da marinha britânica em 1947).
Não havia como provar, e o almirantado se negou a reconhecer, que Crabb executava missões para a inteligência naval britânica.
Alguns membros do parlamento britânico se interessaram pelo caso, e em 1961, o Comandante J.S. Kerans solicitou reabertura do caso. Em 1964, Marcus Lipton, parlamentar inglês, também tentou a mesma coisa. Ambas as propostas foram recusadas.
Porém, em 2007, numa história que mais parece saida das páginas de uma aventura de 007, o jornal britânico Daily Mail publicou uma reportagem do jornalista David Williams onde ele noticiou que um ex homem-rã da marinha soviética, Eduard Koltsov, então aos 74 anos, declarara em um documentário da TV russa que havia cortado a garganta do mergulhador britânico, quando ele aparentemente estava colocando uma mina sob o casco do cruzador russo no porto de Portsmouth.
Koltsov, na época com 23 anos, contou que recebeu ordens para investigar atividades submarinas suspeitas ao redor do cruzador russo Ordzhonikidze, que havia trazido a comitiva russa para conferências com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.
Na entrevista, Kolstov afirmou ter mergulhado nas águas de Portsmouth, onde estava ancorado o Ordzhonikidze, e vislumbrado as formas de um inimigo submerso.
“Vi a silhueta de um mergulhador, usando um traje leve de homem-rã, próximo a área onde ficavam os paióis de munição a estibordo do navio. Me aproximando mais, vi que ele estava fixando uma mina.”
Aos seus entrevistadores, ele mostrou o punhal que afirma ter usado para matar o mergulhador inglês, e a Estrela Vermelha com a qual foi agraciado em uma cerimônia secreta pelo seu feito.
Aos 74 anos, Koltsov explica que resolveu contar toda a história, passados 51 anos, para que antes de sua morte o mistério de Crabb ficasse esclarecido.

O ex-homem-rã russo Koltsov mostra a faca de mergulhador com a qual teria degolado Lionel Crabb, sob o casco do cruzador Ordzhonikidze, em Porthsmouth, em 19 de abril de 1956.

No ano anterior, Koltsov escrevera uma carta para um jornal, contando que fizera parte de um grupo de combate submarino chamado Barracuda, enviado para apurar atividades submarinas em torno do cruzador russo.
Nesta carta, ele não especificava quem teria matado Crabb, mas mostrou um gráfico com a descrição detalhada de como o matador mergulhou atrás de Crabb, fisgou-o pelo pé, empurrou-o para baixo e cortou sua mangueira de ar, antes de degola-lo. Segundo ele, o corpo ficou flutuando, sendo levado pela maré.
Na realidade, acredita-se que o que Crabb estaria fixando no casco seria um dispositivo de escuta e não exatamente uma mina.
A srta. Lomond Handley, na época com 61 anos, parente de Crabb, declarou: “ Acho difícil acreditar que mergulhadores soviéticos tenham cometido um assassinato em nossas águas. Simplesmente não acredito!”
“E para um membro da marinha de Sua Majestade ameaçar um navio visitante seria algo impensável. Uma explosão causaria embaraços ao nosso governo e destruiria o relacionamento entre a Inglaterra e a União Soviética, que o nosso governo tentava restabelecer.
“É possível que Crabb possa ter ido verificar se havia minas e sua tarefa fosse afastar o perigo para eles.”
Sua mãe, Eileen, era prima distante de Crabb, e muito ligada a ele.
“Ela passou a vida tentando descobrir o que aconteceu a ele, mas se viu diante de paredes intransponíveis!”
O governo só falou mentiras, e foram governos sucessivos, não apenas o daquela época. Nenhum governo jamais revelou a verdade. Isto mostra que não se pode confiar em governantes.”
Entretanto, a hipótese de que crabb teria ido ao navio russo para "afastar o perigo de minas", sem avisa-los me parece bem estranha. E quem estaria tentando explodir um cruzador russo?

Conclusões:
Na minha modesta opinião, a declaração do ex-homem-rã russo me pareceu a mais digna de crédito. Se ele viu um homem-rã hostil fixando algo no casco do navio, é bem possível que achasse difícil capturar o intruso sem luta e optasse pelo ataque letal, como fora treinado para fazer.
E, afinal, ninguém contestou o fato de ele ter recebido uma condecoração oficial por seu feito.
Porém, também não me parece lógico que os britânicos tentassem dinamitar com uma mina um navio trazendo as maiores autoridades soviéticas para uma conferência, justamente quando o objetivo do governo britânico era de aliviar tensões entre os países.
Provavelmente, ele devia mesmo era estar colocado algum dispositivo de escuta eletrônica para monitorar as comunicações do navio russo. Só que um fato destes, uma vez descoberto, também não seria menos desastroso para as relações diplomáticas.
O incidente provocou protestos russos após a história vir a público, e a reação de primeiro ministro Eden diante disto foi de muita irritação, e ele procurou deixar claro que fora uma ação não-autorizada pelo governo, numa iniciativa isolada do MI5, sem o seu conhecimento.

Mas, como falou a prima de Crabb, não se pode confiar em governantes!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RECORDANDO: ALI X FOREMAN

Nos anos 70, eu era fã de lutas de boxe. Quando mais jovem, cheguei a pensar em praticar este esporte. Hoje, os grandes boxeadores viraram apenas páginas na história esportiva. Também se tornaram polêmicas modalidades de lutas esportivas cujo objetivo seja incapacitar fisicamente o oponente.  No caso do boxe profissional, ficou cada vez mais difícil deixar de admitir as sequelas provocadas pela soma de golpes sofridas pelos lutadores ao longo de suas carreiras. Para não falar das mortes ocorridas no próprio ringue. Mas, nos anos 70, não havia ainda o conceito de "politicamente correto", e o boxe atraía multidões para as arenas e para a frente das telinhas...

30 de 0utubro de 1974!
Era madrugada no Recife, mas eu estava acordado, assistindo à TV, coisa que eu raramente fazia. O motivo era a a grande luta pelo título mundial de boxe, entre Mohammad Ali e George Foreman. Acho que seria a segunda ou terceira a ser chamada "luta do século" pela imprensa americana!
No ringue, montado em Kinshasa, na república africana do Zaire (hoje Congo), Ali (nascido Cassius Marcellus Clay, com novo nome adotado ao converter-se ao islamismo), boxeador americano descendente de africanos e irlandeses, enfrentava seu compatriota George Foreman, um gigante negro, forte como um touro e campeão mundial. 
Mohammad Ali deixara o título vago em 1967, ao ser banido do boxe por se recusar a ir para a guerra do Vietnã. Na ocasião, ele deixara subentendido que, se fosse para lutar pela “liberdade”, o melhor lugar para fazê-lo seria ali mesmo nos EUA, combatendo o racismo e os racistas, e não do outro lado do mundo, matando lavradores de outra etnia em algum arrozal ou aldeia asiática!
Mas, seu título fora cassado, e, ao voltar a lutar, em 1971, mal preparado, fora derrotado por Joe Frazier, o novo campeão (na chamada "luta do século"). Preparava-se para uma revanche quando Frazier perdeu o título para George Foreman.
Agora, se quisesse recuperar o título, Ali teria que bater aquele demolidor que havia levantado Frazier do chão, com a potência de um golpe, antes de nocautea-lo definitivamente!
Frazier aprende a voar, erguido no ar pelo golpe de Foreman, na luta onde "The Big George" conquistou o título mundial, por nocaute, em 22 de janeiro de 1973, em Kingston, na Jamaica.

O combate faria parte de uma cadeia de eventos e shows com diversos artistas, como James Brown, B.B. King, Miriam Makeba e outros.
Antes da luta, a imprensa esportiva americana e os promotores, entre eles Don King, uma raposa em início de carreira que mais tarde se tornaria um milionário e talvez o mais polêmico dos empresários do boxe, haviam criado um clima de antagonismo político-racial numa luta entre dois negros!
Mohammad Ali, que teve o título usurpado por se posicionar politicamente, seria o negro autêntico, o revolucionário libertador, enquanto Foreman, que apenas lutava boxe, seria o lutador a favor do sistema, um “uncle Tom” expressão baseada na personagem central do livro A CABANA DO PAI TOMÁS (Uncle Tom's Cabin -1852), de Harriet B. Stowe, e usada na época para descrever o negro conivente com o sistema, que aceitava a escravidão passivamente, sempre submisso à vontade de seus senhores. Aliás, esse mesmo rótulo também tinha sido usado para estigmatizar Joe Frazier, o adversário anterior de Ali.
Foreman jamais aceitaria esse papel, e anos mais tarde ainda demonstraria seu ressentimento por isso!
A luta começou, e quando o demolidor Foreman partiu para o ataque, eu acreditei que seria uma contenda curta, pois Ali/Clay não parecia mais aquele bailarino que “dançava como uma borboleta e picava como uma abelha”. Parecia tímido e se esquivava a duras penas dos golpes violentíssimos do campeão! Ensaiou alguns passos, mas, acabava tendo que entrar em clinche, abraçando o adversário, ou sendo encurralado nas cordas por Foreman.
A partir de determinado momento, Ali passou a apoiar as costas nas cordas, ficando com o corpo meio pendente para fora do ringue, enquanto Foreman se debruçava sobre ele, desferindo golpes como uma britadeira, sem contudo atingir nada além das luvas e braços dobrados de seu oponente. Seus golpes acabavam sendo na maioria todos absorvidos, e o adversário ocasionalmente atingia seu rosto com contragolpes fracos, que serviam apenas para irrita-lo. Ali se recusava a lutar francamente, impacientando seu oponente, a platéia e quem como eu, assistia pela TV.
A coisa estava se tornando ridícula, e se fosse em algum país ocidental, sem dúvida haveria vaias, pois parecia mais uma comédia pastelão!
Até que, no quarto assalto, alguma coisa mudou! Ali não ficava mais o tempo todo nas cordas, às vezes saia e se esquivava, e havia momentos em que Foreman parecia desanimado e exausto!
Foreman, como anos depois aconteceria com Mike Tyson, era um lutador acostumado a liquidar as lutas nos primeiros assaltos, nocauteando os adversários com seus potentes golpes. Mais tarde, se soube que o planejamento da equipe técnica de Foreman era de chegar ao nocaute por volta do terceiro assalto.
Quando a luta começou a se prolongar além do que ele estava habituado, dentro da sua cabeça devem ter começado a aparecer dúvidas onde antes haviam certezas! 
Seu físico estava acostumado a dar tudo e encerrar as atividades ao fim de curtos períodos de tempo e a coisa estava se prolongando. Ele não contava com isto, e não dosara suas energias para uma luta prolongada! Em determinadas investidas, Ali entrava em clinche, ficando encaixado em Foreman. E o campeão não conseguia se distanciar para golpear com eficácia. 
E, nestes momentos, Ali pousava sua enorme luva sobre a cabeça do adversário, empurrando-o para baixo, e via-se que ele sussurrava alguma coisa no ouvido de Foreman. Isto acontecia diversas vezes.
Já no sétimo assalto, Ali, que até então parecia tão pregado quanto o oponente, recomeçou a rodar pelo ringue, enquanto um trôpego Foreman tentava acerta-lo sem resultado. De repente, Ali revidou e começou a desferir alguns contragolpes, diversos deles no alvo!
No assalto seguinte, Foreman parecia mesmo desesperado e sem noção de distancia. Então, Ali atacou! Com insuspeitada velocidade e precisão desferiu uma sequência que arrasou Foreman! O último golpe atingiu o queixo de Foreman em cheio! O campeão executou um giro quase completo, como um avião em parafuso, enquanto despencava para o chão!
O gigante despenca: no oitavo assalto, após uma sequência arrasadora, Foreman, como um avião em parafuso, girou enquanto caia pesadamente. Ali recuperava o título que lhe fora retirado sem luta!

Seu corpo caiu pesadamente, como um touro abatido, enquanto Ali dava um passo atrás e assistia. O juiz iniciou a contagem, mas logo percebeu que a luta acabara! Ali então se voltou, levantando os braços e berrando suas costumeiras fanfarronadas para a platéia delirante! 
A bolsa de cada boxeador foi de US$ 5 milhões, na época uma quantia apreciável.
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Anos mais tarde...Já no século XXI, Foreman esteve no Brasil atendendo a interesses da campanha publicitária duma empresa que fabricava grills elétricos com o seu nome, e na ocasião, foi levado para uma entrevista no canal esportivo de TV ESPN. 
Simpático e sem estrelismos, o velho gigante respondeu a várias perguntas e, quase no final, um dos jornalistas relembrou aquela que fora uma das “lutas do século”, mostrou alguns trechos e fez a pergunta: “Mas, afinal, o quê Ali falava no seu ouvido, naqueles momentos em que ficavam encaixados?”
Foreman ficou sério, olhou para o infinito com um olhar meio sofrido e, por uns instantes, pareceu voltar no tempo; depois falou lentamente: “Eu já estava exausto, cansado de tanto bater, e ele não parecia ter sentido nada, eu já não sabia mais o que fazer...Então ele falava assim no meu ouvido: 
- Isso é tudo, George? É só isso?
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Sem dúvida, Foreman foi derrotado primeiro psicologicamente pela língua ferina de Ali, antes que seu corpo fosse derrubado pelos punhos do mais técnico (e também o mais fanfarrão) de todos os peso-pesados!
Ali abandonou o boxe em 1979, ainda campeão pela WBA, mas depois ainda disputou duas lutas (perdidas) em 1980 e 1981. Disputou 61 lutas oficiais e venceu 56, 37 delas por nocaute. Foi considerado o segundo melhor peso-pesado da história, atrás apenas do lendário Joe Louis.
Hoje, seu maior adversário é o mal de Parkinson, possível consequência de muitos golpes recebidos na cabeça durante sua carreira. Um dos tratamentos empregados faz uso de células-tronco, utilizadas por médicos israelenses que o tratam.
Participa de diversas campanhas humanitárias.
Foi representado na tela do cinema por Will Smith, no filme biográfico ALI, de 2001.
George Foreman, "The Big George", atualmente é pastor evangélico e recebe os direitos pelo uso de seu nome e imagem por uma indústria de grills elétricos.
Joe Frazier, que também foi um boxeador excepcional, era solista do grupo musical “Knockouts”, até falecer em no dia 7 deste mês, devido a um câncer no fígado.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

FICHA LIMPA - COMO É DIFÍCIL!

Hoje deveria ser votada no STF a constitucionalidade da chamada Lei da Ficha Limpa, que se aprovada sem muitas deformações ou emendas, dificultaria a candidatura a cargos públicos de pessoas indiciadas em atividades ilegais.
Digo deveria, porque os senhores ministros ainda estão a decidir se votam ou não, podendo adiar mais uma vez essa questão que se arrasta desde as eleições passadas, quando se postergou mais uma vez a aprovação e efetivação dessa lei.

Ministros do STF: A eles cabe decidir se a lei é constitucional.
(Foto: Gervásio Batista – SCO/STF)

O que me parece surpreendente é que as posições dos ministros parecem estar divididas, com apenas uma pequena vantagem para a aprovação!
Eu pensava que pessoas de bem deveriam estar ansiosos para que esta lei entrasse em exercício, pensando mais nos seus benefícios na triagem de elementos daninhos infiltrados no legislativo do que nas formalidades burocráticas. Mas, eu não entendo nada de leis nem de legalidade!
Também não posso deixar de pensar que, se os eleitores fossem bem informados, soubessem o que estão fazendo e quisessem realmente viver em um país desenvolvido, nem seriam necessárias leis que excluissem candidatos com ficha suja!
Seria muito simples: bastaria não votar em candidatos sobre cuja idoneidade pairasse alguma dúvida!
Vimos recentemente casos de candidatos serem libertados de celas de prisão para assumirem seus cargos, pois além de terem tido suas candidaturas permitidas, ainda por cima foram eleitos!
Sabe-se que, no nosso país, quando alguém com recursos financeiros para contratar bons advogados chega a ficar preso, tem que haver no mínimo indícios muito graves de culpa!
Se um cidadão que não é preto nem pobre, muito menos analfabeto, e se sabe possuir vastos recursos financeiros e relacionamentos com pessoas influentes, chega a ter prisão preventiva ou temporária decretada, e o mandado de prisão é cumprido, levanta no mínimo dúvidas sobre a validade de receber o meu voto! E na dúvida, eu não votaria!
Mas, isso sou eu, porque os resultados obtidos nas urnas mostram que uma grande parcela do eleitorado brasileiro ou está muito mal informado, ou não está nem aí para a ética...
Eu não gosto de falar de política, muito menos de citar nomes, mas entre os eleitos no último pleito para o legislativo tem alguns que eu não deixaria nem ficarem sozinhos por alguns minutos com algum animal de estimação meu!
Aliás, meus animais merecem bem mais consideração do que alguns políticos, pois no caso deles (os animais), eu tenho certeza da inocência!
Quem quiser saber mais sobre os porquês e senões que ainda envolvem esta até agora baldada tentativa de diminuir a impunidade, pode ver uma nota publicada discretamente na página do jornal O Globo:


Ou, se preferir, na página do Portal de Notícias da Agência Senado:


A esperança é a última que morre!
É também só o que nos resta!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

MAIS UM VISITANTE ILUSTRE

Minha ligada “correspondente de ciências” Sandra me alertou, e resolvi não deixar passar essa nota sobre astronomia!
Dia 8 de novembro, terça-feira, a Terra estará recebendo a visita de um forasteiro, vindo das profundezas do espaço.
O visitante é o asteróide 2005 YU55 e a “visita” significa que ele nesta data chegará a 324.600 km da Terra, cerca de 85% da distância média Terra-Lua. Em termos espaciais, isto é muito perto, porém, podem relaxar, pois não há a mínima possibilidade de uma colisão com a Terra ou com a Lua.
Como a cientista da NASA Marina Brozovic explica no site da agência, “Temos uma previsão muito clara da sua órbita nos próximos 100 anos e não há chances de um impacto.” 

O asteróide 2005 YU55 foi descoberto em dezembro de 2005 pelo astrônomo Robert McMillan. (Foto: NASA/Cornell/Arecibo)

Segundo a NASA, nosso visitante tem um comprimento de aproximadamente 400 m, dimensões semelhantes a um porta-aviões, e completa uma órbita em torno do Sol a cada período de 15 meses.
Devido ao seu tamanho, relativamente reduzido, também não ocasionará nenhuma perturbação gravitacional significativa na Terra ou na Lua.
Astrônomos amadores poderão vê-lo, desde que se posicionem em uma área afastada do clarão das cidades, munidos de telescópios com objetivas de pelo menos 15 cm.
Entretanto, para localiza-lo, será melhor consultar os dados sobre sua trajetória, que estão disponíveis no site do Solar System Dynamics, do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA :


Os astrônomos esperam aproveitar essa passagem para obter mais dados sobre sua trajetória e imagens do asteroide em melhores condições do que as obtidas anteriormente com sondas espaciais.
Esta é a mais próxima passagem de um objeto dessas proporções que se antecipou até hoje.
Só será superada pela visita do asteróide 2001 WN5, que em 2028, deverá se aproximar a 60% da distância média Terra-Lua.