Eu selecionei para dar início a este blog um assunto que me chamou bastante a atenção quando criança. Na época, eu percebia a admiração expressa pelo meu pai e por outras pessoas, em relação aos protagonistas do fato. Mas, só alguns anos mais tarde eu pude entender melhor a extensão da façanha daquelas pessoas simples, pobres e corajosas.
No longínquo ano de 1951, um dos fatos que mais me impressionou foi a chegada em Porto Alegre da jangada comandada por Mestre Jerônimo. Ele e mais quatro tripulantes, simples pescadores, saíram do Ceará e viajaram pela costa brasileira até a capital gaúcha ! Tudo isto sobre meia dúzia de troncos equipados com uma vela !
Pelo que sei, eles realizaram esta jornada para chamar a atenção sobre as duras condições de vida dos jangadeiros, entregues à sua própria sorte, enfrentando riscos e dificuldades, sem nenhum auxílio externo. Primeiro passaram pelo Rio, onde ganharam o apoio de alguns órgãos de imprensa, como o jornal O Globo e a revista O Cruzeiro, e depois, rumaram para o sul, entraram pelas águas mansas da Lagoa dos Patos, depois nas águas barrentas do Guaíba e chegaram à Porto Alegre, onde foram recebidos como heróis e com muita festa pelo povo gaúcho.
Hoje em dia, parece que pouca gente sabe deste fato e é difícil até achar referências ao feito ou aos seus protagonistas. Agradeço a quem puder acrescentar maiores informações sobre esses jangadeiros, dos quais eu não sei nem os nomes completos. Só me lembro de Mestre Jerônimo e de um outro de apelido Tatá. Soube vagamente apenas que um deles, de apelido Jacaré, teria falecido durante a viagem. A viagem marítima deles terminou ali, pois se eu me lembro, eles ganharam roupas novas e passagens para voltar ao Ceará e deixaram em Porto Alegre suas roupas usadas na viagem e a jangada.
A jangada, cercada de barcos locais, se prepara para atracar, o que fez a menos de duas quadras do atual estádio Beira-Rio, na Praia de Belas. A jangada, assim como as roupas e chapéus dos heróicos jangadeiros foram vistas por mim há mais de 30 anos, no subsolo do Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre.(foto: popa.com.br)
Leonel,
ResponderExcluirPrimeiro, parabéns pela inauguração do espaço onde vai colocar seus pensamentos e opiniões que sabemos serem muito interessantes.
Agora vamos ao texto. Em 1942 Olson Welles estava no Brasil para filmar parte do documentário "It's All True", encomendado pelo governo Roosevelt. Ele filmou a façanha de quatro jangadeiros, um deles Mestre Jerônimo, que foram de Fortaleza ao Rio. Parece que essa viagem motivou outros a fazerem aventuras semelhantes. Você foi testemunha de uma dessas odisséias, mais uma vez empreendida por Mestre Jerônimo. Os quatro jangadeiros precursores eram: Manoel Olímpio Meira (Jacaré), Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (Mestre Jerônimo).
Jair, gracias pela força e pelo esclarecimento.
ResponderExcluirParece que eles repetiram alguns tripulantes nesta odisséia até Porto Alegre. Quando for à capital gaúcha, gostaria de verificar se ainda existe a jangada no museu Julio de Castilhos.
Mas, pelo que me consta, este filme do Orson Welles parece que nunca foi concluído, por alguns desentendimentos entre Welles e alguns brasileiros.
A jangada já não existe! Deteriorou-se. Mas o fato ficou registrado nos jornais da " Mui valerosa cidade de Porto Alegre. camilaodoceara@gmail.com
Excluir- Bem-vindo ao clube, amigão. Já era tempo.
ResponderExcluir- Lembro vagamente da passagem dessa "Kon-Tiki" tupiniquim pelo Rio de Janeiro... Esses jangadeiros fizeram sua própria odisséia, num feito épico que merecia ser cantado em prosa e verso, mas cuja memória está se empoeirando nos escaninhos mais recônditos da história nacional. Por sorte, existem os "ratos de biblioteca", como nós, que gostamos de fuçar nesses desvãos, onde volta e meia encontramos jóias como essa. Parabéns!
- Complementando: visite o blog
ResponderExcluirhttp://mardasgarrafas.blogspot.com/2010/02/o-mar-dos-quatro-jangadeiros-de.html
- Lá tem muita coisa sobre o assunto.
- Achei mais um link interessante:
ResponderExcluirhttp://jangadanantes.free.fr/4homjang_br.htm
- Abraços.
Barcellos, obrigado pelos comentários e pelas dicas!
ResponderExcluirEstarei checando!
Abraços!
Finalmente, descobri o ano do evento: 1951!
ResponderExcluirAchei no site:
http://fotolog.terra.com.br/navprog:4157
Lá, ele faz um sumário de todas os "raids" de jangadas.
Teve uma que foi até Buenos Aires!
Amigo Leonel. procuro difundir fatos e atos históricos do nordeste como como a saga do Dragão Mar, O heroismo do estudante João Nogueira Jucá; A jornada á pé até S. Paulo dos escoteiros cearenses liderados por Narcélio Limaverde.
ExcluirSegui as pistas de Rodolfo e cá estou. Contente por ter lido essa aventura dos irmãos nordestinos, sempre bravos, a qual eu de fato não conhecia.
ResponderExcluirBoa noite, moço.
Estarei sempre aqui...
Obrigado pela sua visita, Milene!
ResponderExcluirSerá sempre benvinda!
Ei Leonel!
ResponderExcluirFoi realmente um prazer baixar aqui e me encontrar com um gaúcho tchê de nascimento (que adoro), carioca (que onde adotei o mar que me falta)e apaixonado por arte! Tentei me colocar como sua seguidora e não consegui...Vou tentar da próxima vez....coisas de bios ou dessa coisa que tem vida própria de nome PC!rsrsrs
Beijuuusss n.c.
Rê
www.toforatodentro.blogspot.com
Caro amigo Leonel! A jangada e os pertences não existem mais. o tempo a maresia e intempéries destruiram tudo! Só restou fotos e reportagens de jornais da época como Correio do Povo e atuais como Zero Hora . Podes contar comigo como um colaborador cearucho; isto é cearense gaúcho. ass. camilaodoceara@gmail.com
ResponderExcluirLamentável que isto tenha ocorrido!
ExcluirEu ainda pensava encontrar parte destas coisas ainda preservadas...
Hoje em dia, acho que poucos sabem desta odisséia de coragem daqueles heróis esquecidos!
Grato pelas informações, Antonio!
Abraços!
ExcluirCabe à nós brasileiros, preservar a memoria destes heróis anônimos. Sou novato na rede. Gostaria de compartilhar tambem o "raid " fortaleza - S. Paulo à pé por três escoteiros cearenses liderados por Narcélio Limaverde e narrada em livro de Artur Batista Nepomuceno, outro escoteiro, Época : 1923. volto oportunamente com mais subsídios. abraços camilaodoceara@gmail.com
Abraços!
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