FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ANO NOVO, NOVAS METAS...E AGRADECIMENTOS

Quando criança, meu personagem predileto das histórias em quadrinhos era o Pato Donald. E eu gostava particularmente daquelas histórias sobre resoluções de ano-novo, este costume tão americano que também acabou por chegar aqui.
Só que lá a coisa era séria e as propostas de cada um eram escritas em papéis e colocadas em envelopes para posterior conferência. E havia punições para os que descumpriam primeiro as próprias propostas. Se me lembro, a pior delas era lavar os pratos da casa durante seis meses!

 Margarida pressiona Donald: parece que assumir resoluções de ano-novo era uma obrigação social...

O velho e maldoso Donald sempre tentava trapacear e enganar seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Só que geralmente o tiro saía pela culatra...
Mas, na vida real, já tentei estabelecer metas e houve um ano em que a coisa quase funcionou...
Eu estava construindo minha casa e estabeleci prazos para a conclusão de algumas fases da obra e para outras atividades.
Mas, via de regra, eu não costumo propor para mim mesmo coisas muito difíceis de realizar. Acho melhor alcançar metas pequenas do que deixar grandes planos pelo caminho... 

 Como sempre, depois que o tiro saia pela culatra, Donald queria descontar nos sobrinhos...

Assim, não vou prometer mudar meu caráter ou minhas atitudes em relação aos outros seres humanos, embora estas mudanças sejam desejáveis e sempre devam ser buscadas. Coisas assim fazem parte do processo de evolução como pessoa e ocorrem gradativamente.
Porém, minhas metas serão coisas simples e fáceis de realizar, como: impermeabilizar o muro, eliminar as coisas inúteis que tenho guardadas, pintar a casa ou organizar minhas gavetas.
É claro que não serão exatamente as acima citadas, mas outras dentro deste padrão.

Depois dessa embromação toda, quero mesmo é agradecer a todas essas pessoas maravilhosas que povoam essa blogsfera pelo carinho, amizade e compreensão que me dedicaram durante todo este ano, difícil para mim!
Que tenham todos uma boa festa de passagem de ano e que mais que isso, tenham um ano de 2012 com mais alegrias, amores, saúde e realizações do que este que se encerra!

Muito obrigado, pessoas queridas!
Espero passar mais alguns anos com vocês! 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

VISITANTE NATALINO

25 de dezembro de 2011.
Ontem, no dia do Natal, meu compadre apareceu aqui em casa para ajudar a eliminar os restos da ceia natalina: pernil, bacalhau, rabanadas, etc.
E de passagem, conseguiu a mágica de “ressuscitar” o meu computador desktop, que estava em coma há uns seis meses. Em determinado momento, em meados deste ano, após ser desligado normalmente no dia anterior, ele simplesmente ignorara o meu toque no botão.
Eu comentei com ele este caso, e ele se prontificou a levar a fonte de força para testar no seu trabalho, e se constatase a pane, eu compraria uma nova e estaria tudo resolvido, pois eu teria acesso aos meus arquivos inertes.
Porém, antes de retirar a fonte, ele sugeriu que tentássemos liga-lo na tomada uma última vez. Fui buscar o cabo de força, e com o micro aberto, liguei na tomada e apertei o botão: aleluia!
A magia do Natal apareceu e o micro voltou à vida!
Não sei no que ele mexeu enquanto eu fui buscar o cabo, nem quero saber...
Completamos colocando o monitor e os periféricos usuais e pude constatar que tudo estava normal.
Mas dali a pouco, ouvi minha cadelinha Dolly, no quintal, começar a latir com fúria inusitada, o que não era comum! Estava numa passagem estreita do lado sul da casa e eu abri a janela para ver o que seria...
Qual não foi minha surpresa ao ver que o motivo de sua bronca era uma jibóia (Boa constrictor amarali, natural da região) de mais de dois metros, tentando forçar passagem, rumo a porta da área de serviço, que aliás estava fechada!

Apesar de ainda não ser das maiores, esta jibóia pode assustar os menos avisados, e já poderia muito bem dominar e devorar pequenos animais domésticos! Como referência, as peças do piso medem 23 cm de lado. (Clique para ampliar)

Corri e abri a porta, para resgatar Dolly, que se recusava a abandonar o posto. Na verdade, tive que carrega-la para poder tranca-la na área de serviço. Mesmo sendo a jibóia uma cobra não venenosa, uma eventual mordida com dentes infectados não seria nada salutar pra o pobre animalzinho.
Este exemplar já não era apenas um filhote, como o que apareceu em abril deste ano, e que foi objeto do meu post SINAIS DOS TEMPOS, de 20 de junho de 2011, e já parecia bem capaz de encarar animais pequenos como a minha cadelinha... Provavelmente, viveu algum tempo nos fundos do meu quintal.
Apanhei um balde tamanho grande e, com um ancinho e um cabo de vassoura, conseguimos erguer a cobra e coloca-la no balde.
Passamos o cabo de vassoura na alça do balde e juntos conseguimos erguer para transportar. A bichinha era bem pesada...
Ela foi levada ao viradouro do final da rua, onde começa uma área de reserva ambiental, e logo que virei o balde de lado, farejou o cheiro da mata, se desenroscou e se embrenhou no meio do capim alto com velocidade surpreendente! 

Pela segunda vez, minha pequena e valente Dolly encarou uma jibóia, e esta já de um tamanho bem apreciável...(Clique para ampliar)

Pelo seu ato de bravura e dedicação no cumprimento do dever, concedi à Dolly a Medalha de Honra da Coragem Canina...e uma dose extra de ração!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE NATAL



Natal...
O evento que polariza as atenções, nesses dias que antecedem o final do ano.
Os significados do Natal variam de acordo com as crenças religiosas, com as tradições regionais e nacionais, e com as experiências e convicções pessoais de cada um.
Eu vou me abster de contar histórias e aproveitar o que pode ser aproveitado de positivo, seja por que motivo for.
E o que eu vejo de positivo é que, na proximidade desta data, nos chega no ar, principalmente por divulgação da mídia com interesses comerciais, um certo clima que afeta de forma diferente cada indivíduo, sugerindo euforia, ternura de sentimentos, solidariedade, consumismo, generosidade, culpa, necessidade de aproximação com as outras pessoas e até romance.
E também os benefícios materiais, com a movimentação da economia, o aumento da produção nos setores relacionados e o surgimento de inúmeros postos temporários de trabalho.
Mas, como outras pessoas que conheço, estou ficando meio imunizado contra a tal magia do Natal.
Li comentários e posts bem colocados, lembrando que os sentimentos positivos que parecem nos acometer nesta época deveriam ser uma constante pelos outros dias do ano.
E eu concordo, pois o que ajudaria bastante a humanidade seria uma mudança de postura, onde as pessoas se importassem realmente mais umas com as outras, sempre, e não apenas no Natal.
Assim, estar imune à magia do Natal não é uma atitude sisuda, desiludida ou antipática, mas pelo contrário, é o desejo (frustrado) de que houvesse durante o tempo todo um clima de solidariedade, compreensão e amor entre as pessoas. Soa tão utópico quanto o espírito de Natal, não?
Mas, de qualquer forma, até mesmo para mim, o Natal será no mínimo um pretexto para passar bons momentos na companhia agradável das pessoas que nos são caras, ou para trocar telefonemas ou e-mails carinhosos.
Então, meu desejo sincero é que tenham todos um FELIZ NATAL!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ROMÁRIO: BOLA NA REDE?

De Romário, o ex-jogador da seleção brasileira e de diversos grandes clubes cariocas e europeus, só admirei o futebol, nunca as atitudes nem as declarações.
Não votei nele para um cargo no legislativo, pois não esperava nada dele nesta área, mas ele afinal foi eleito.
Assim, achei surpreendente a entrevista concedida pelo agora deputado federal (PSB-RJ) Romário ao jornalista Cosme Rimoli, da Rede Record de TV, reproduzida no blog TRIBUNA DA INTERNET, do jornal Tribuna da Imprensa, no início deste mês.
 No início deste mês, Romário, no plenário da Câmara Federal,
sugeriu intervenção federal na CBF, se forem comprovadas as
acusações contra Ricardo Teixeira. (Foto: Beto Oliveira)
 
Pelas coisas que falou, tenho que admitir que teve coerência e percebe muito bem o que está acontecendo, além de ter tido a coragem de dize-lo.
Quanto aos atos que ele poderá protagonizar no exercício do seu mandato, eu prefiro aguardar... 
Como publiquei recentemente um post a respeito da Copa de Futebol de 2014, com algumas opiniões, achei interessante um trecho onde o baixinho fala também deste assunto...E algumas coisas coincidem!
A entrevista de Romário é anterior ao meu post, mas, eu não tinha conhecimento dela quando o publiquei.
O site autoriza a reprodução da matéria, desde que citada a fonte, e assim, aqui vai:

sábado, 03 de dezembro de 2011 | 04:10
Romário dá show de bola e mostra que já se tornou um político de verdade. Leia esta entrevista e veja se você não concorda com ele.
O comentarista Mário Assis nos manda esta preciosidade. Uma entrevista sensacional do deputado Romário (PSB-RJ) ao repórter Cosme Rimoli, da TV Record. Mostra que os eleitores que preferiram Romário não desperdiçaram seus votos.
Você foi recebido com preconceito em Brasília?
Olha, vou ser claro, para quem ler entender como as coisas são. Há o burro, aquele que não entende o que acontece ao redor. E há o ignorante, que não teve tempo de aprender. Não houve preconceito comigo, porque não sou nem uma coisa nem outra. Mesmo tendo a rotina de um grande jogador que fui, nunca deixei de me informar, estudar. Vim de uma família muito humilde. Nasci na favela. Meu pai, que está no céu, e minha mãe ralaram para me dar além de comida, educação. Consciência das coisas… Não só joguei futebol. Frequentei dois anos de faculdade de Educação Física. E dois anos de moda. Sim, moda. Sempre gostei de roupa, de me vestir bem. Queria entender como as roupas eram feitas. Mas isso é o de menos. O que importa é que esta sede de conhecimento me deu preparo para ser uma pessoa consciente… Preparada para a vida. E insisto em uma tese em Brasília, com os outros deputados. O Brasil só vai deixar de ser um país tão atrasado quando a educação for valorizada. O professor é uma das classes que menos ganha e é a mais importante. O Brasil cria gerações de pessoas ignorantes porque não valoriza a Educação. E seus professores. Não há interesse de que a população brasileira deixe de ser ignorante. Há quem se beneficie disso. As pessoas que comandam o país precisam passar a enxergar isso. A Saúde é importante? Lógico que é. Mas a Educação de um povo é muito mais.
Essa ignorância ajuda a corrupção? Por exemplo, que legado deixou o Pan do Rio?
Você não tenha dúvidas que a ignorância é parceira da corrupção. Os gastos previstos para o Pan do Rio eram de, no máximo, R$ 400 milhões. Foram gastos R$ 3,5 bilhões. Vou dar um testemunho que nunca dei. Comprei alguns apartamentos na Vila Panamericana do Rio como investimento. A melhor coisa que fiz foi vender esses apartamentos rapidamente. Sabe por quê? A Vila do Pan foi construída em cima de um pântano. Está afundando. O Velódromo caríssimo está abandonado. Assim como o Complexo Aquático Maria Lenk… É um escândalo! Uma vergonha! Todos fingem não enxergar. Alguém ganhou muito dinheiro com o Panamericano do Rio. A ignorância da população é que deixa essa gente safada sossegada. Sabe que ninguém vai cobrar nada das autoridades. A população não sabe da força que tem. Por isso que defendo os professores. Não temos base cultural nem para entender o que acontece ao nosso lado. E muito menos para perceber a força que temos. Para que gente poderosa vai querer a população consciente? O Pan do Rio custou quatro vezes mais do que este do México. Não deixou legado algum e ninguém abre a boca para reclamar.
Se o Pan foi assim, a Copa do Mundo no Brasil será uma festa para os corruptos…
Vou te dar um dado assustador. A presidente Dilma havia afirmado quando assumiu que a Copa custaria R$ 42 bilhões. Já está em R$ 72 bilhões. E ninguém sabe onde os gastos vão parar. Ningúem. Com exceção de São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e olhe lá…Pernambuco… Todas as outras sete arenas não terão o uso constante. E não havia nem a necessidade de serem construídas. Eu vi onze das doze… Estive em onze sedes da Copa e posso afirmar sem medo. Tem muita coisa errada. E de propósito para beneficiar poucas pessoas. Por que o Brasil teve de fazer 12 sedes e não oito como sempre acontecia nos outros países? Basta pensar. Quem se beneficia com tantas arenas construídas que servirão apenas para três jogos da Copa? É revoltante. Não há a mínima coerência na organização da Copa no Brasil.
São Paulo acaba de ser confirmado como a sede da abertura da Copa. Você concorda?
Como posso concordar? Colocaram lá três tijolinhos em Itaquera e pronto… E a sede da abertura é lá. Quem pode garantir que o estádio ficará pronto a tempo? Não é por ser São Paulo, mas eu não concordaria com essa situação em lugar nenhum do País. Quando as pessoas poderosas querem é assim que funcionam as coisas no Brasil. No Maracanã também vão gastar uma fortuna, mais de um bilhão. E ninguém tem certeza dos gastos. Nem terá. Prometem, falam, garantem, mas não há transparência. Minha luta é para que as obras não fiquem atrasadas de propósito. E depois aceleradas com gastos que ninguém controla.
O que você acha de um estádio de mais de R$ 1 bilhão construído com recursos públicos? E entregue para um clube particular?
Você está falando do estádio do Corinthians, não é? Não vou concordar nunca. Os incentivos públicos para um estádio particular são imorais. Seja de que clube for. De que cidade for. Não há meio de uma população consciente aceitar. Não deveria haver conversa de político que convencesse a todos a aceitar. Por isso repito que falta compreensão à população do que está acontecendo no Brasil para a Copa.
A Fifa vai fazer o que quiser com o Brasil?
Infelizmente, tudo indica que sim. Vai lucrar de R$3 aR$ 4 bilhões e não vai colocar um tostão no Brasil. É revoltante. Deveria dar apenas 10% para ajudar na Educação. Iria fazer um bem absurdo ao Brasil. Mas cadê coragem de cobrar alguma coisa da Fifa. Ela vai colocar o preço mais baixo dos ingressos da Copa a R$ 240,00. Só porque estamos brigando pela manutenção da meia entrada. É uma palhaçada! As classes C, D e E não vão ver a Copa no estádio. O Mundial é para a elite. Não é para o brasileiro comum assistir.
Ricardo Teixeira tem condições de comandar o processo do Mundial de 2014?
Não tem de saúde. Eu falei há mais de quatro meses que ele não suportaria a pressão. Ser presidente da CBF e do Comitê Organizador Local é demais para qualquer um. Ainda mais com a idade que ele tem. Não deu outra. Caiu no hospital. E ainda diz que vai levar esse processo até o final. Eu acho um absurdo.
Muito além da saúde de Ricardo Teixeira. Você acha que pelas várias denúncias, investigações da Polícia Federal, ele tem condições morais de comandar a organização Copa no Brasil?
Não. O Ricardo Teixeira não tem condições morais de organizar a Copa. Não até provar que é inocente. Que não tem cabimento nenhuma das denúncias. Até lá, não tem condições morais de estar no comando de todo o processo. Muito menos do futebol brasileiro…

(Transcrição de matéria publicada no blog TRIBUNA DA INTERNET, do jornal Tribuna da Imprensa -> http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=27037)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

DIVAGAÇÕES SOBRE A DATA NATALINA

Novamente o planetinha azul está perto de completar mais uma volta em torno desta estrela de 5ª grandeza que chamamos Sol.
Como estas voltas ocasionam mudanças climáticas periódicas na Terra, passamos a associar muitos eventos a esse ciclo.
Mas, para mim, criado em um meio onde prevalecia a fé cristã, a festa de fim de ano mais notória era o Natal. 
Apesar de ser a celebração do nascimento de Jesus Cristo, o mestre da paz e do amor, cuja verdadeira mensagem até hoje ainda parece não ter sido compreendida, diversas distorções foram introduzidas nesta celebração, trensformando-a num festival de consumismo.
Assim, meteram na minha cabeça essa história de Papai Noel, uma utopia com a qual eu logo cismei: esmola demais, o mendigo desconfia!

 Cadê meu trenzinho elétrico, seu velho §*%#%§&§ enganador?

Piorou mais ainda quando descobri que, apesar de ter que escrever a tal cartinha pedindo presentes, eu não podia realmente liberar meus sonhos e pedir tudo o que queria.  Logo percebi que o meu desejado trenzinho elétrico nunca seria colocado sob a nossa árvore pelo velhinho da Coca-Cola, não importa o quanto eu fosse bonzinho e educado.
Então, fiquei sabendo que os meus sonhos natalinos estavam limitados às ainda mais limitadas posses do meu pai, que já fazia acrobacias para que tivessemos um Natal farto, pelo menos na parte alimentar. Ainda mais que o dia de Natal lá em casa tinha duplo significado pois era também o aniversário do meu pai.
Até que, em uns três dias antes do Natal, no ano em que eu completei 16 anos, meu pai  nos deixou...sucumbiu aos teores da nicotina dos seus inseparáveis cigarros...
E, por alguns anos, o Natal passou a ser para mim uma lembrança triste...

Hoje, a véspera de Natal significa apenas uma breve reunião para jantar com pessoas amigas, algumas comidas típicas, vinho, conversas em tons saudosistas, trocas de presentes e dormir um pouco mais tarde do que de costume.
Mas, antes, já houve uma troca de mensagens pela internet, onde procuramos rebuscar os verdadeiros significados filosófico-religiosos e humanísticos da data, e até mesmo falar sobre Jesus Cristo e sua mensagem universal de paz e amor ...

Nota: Não se assustem, pois esta ainda não é a minha mensagem de Natal!
 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

EU E A COPA

Eu adoro futebol. Joguei minhas peladas, na minha adolescência cheguei a bater uma bolinha em times amadores de futebol e futsal (naquele tempo, chamava-se futebol-de-salão) e frequento estádios desde que meu irmão me levou pela primeira vez a um deles, acho que com cinco anos.
Hoje, acompanho o futebol mais pela TV do que pelas ocasionais idas aos estádios.
Entretanto, não consigo ver com entusiasmo a realização da copa do mundo de 2014 no Brasil. Para mim, parece mais o pai duma família cujos filhos passam fome, se vestem mal, estão doentes e sofrem com diversas necessidades, se propondo a patrocinar uma festa para a vizinhança!
Com os preparativos em relação à copa, acontece um fenômeno parecido com o carnaval: nas semanas que antecedem o carnaval, a gente vê pessoas de poucas posses e natureza simples, declarando que passa noites trabalhando voluntariamente, até sem remuneração, para preparar as fantasias! Não posso deixar de pensar que, se fizessem o mesmo durante o ano, em alguma atividade lucrativa que dependesse de um empenho assim, provavelmente estariam bem melhor de vida!
Pois com a copa, a coisa é parecida, mas, em uma escala astronomicamente maior! Vemos bilhões e mais bilhões surgirem, inclusive em verbas públicas, para a construção e reformas de estádios, e uma mobilização nunca vista de governadores e prefeitos, visando a aprovação de projetos relacionados com a Copa 2014. Que tal se tivessem essa mesma disposição em cuidar da educação e da saúde públicas?
Ah, mas certamente não virão aviões cheios de turistas para aplaudir crianças bem preparadas, escolas de qualidade, nem emergências de hospitais bem equipadas, sem pessoas jogadas pelo chão ou sentadas nas calçadas! Isto não dá ibope!
Alguns dos estádios que estão sendo construídos ou reformados provavelmente terão suas maiores platéias durante a copa, e depois nunca mais serão vistos com sua lotação completa, a julgar pela média de público durante jogos do campeonato brasileiro, nas cidades onde estão localizados.
Em abril deste ano, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) assinalou que os estádios de Brasília, Cuiabá, Natal e Manaus correm o risco de não gerar lucros sequer para cobrir sua própria manutenção, após a realização da Copa.
O relatório também fez referência ao estado dos aeroportos, ao destacar que as obras haviam começado apenas no de Guarulhos, em São Paulo, e no do Rio de Janeiro.
O BNDES abriu uma linha de crédito para os estados onde há cidades-sede da Copa 2014, num montante total de 4,8 bilhões de reais. O teto máximo para cada cidade é de 400 milhões. Entretanto, até agora apenas três estados foram aprovados para sacar alguma coisa. Outros solicitantes tem problemas com a documentação exigida. E os totais liberados pelo BNDES são bem reduzidos, em função destas indefinições.
O perpétuo presidente da CBF declarou no início da campanha para sediar a copa que “não seria investido dinheiro público nas obras de estádios”. Mas, nos contratos firmados pela PPP (Parceria Público-Privada), ficou estabelecido que 60% dos custos com construção e reformas de estádios seriam de responsabilidade dos estados onde ficariam as sedes da competição.
Segundo alguns órgãos de imprensa, na realidade há mais dinheiro público envolvido indiretamente, por conta de verbas gastas pelas prefeituras e de partes de empréstimos empregados nestas obras.
As exigências da FIFA para a copa não se resumem aos estádios, mas também às áreas adjacentes aos mesmos, à infraestrutura de transportes e aos aeroportos. E o custeio destas obras cabe exclusivamente aos estados onde se localizam as cidades-sede.
Os argumentos a favor dos gastos públicos com a Copa do Mundo no Brasil dizem que o certame trará empregos, aumentará o fluxo turístico, promoverá a revitalização de áreas urbanas e garantirá “investimentos de peso” no país.

Segundo a Delta Construção, uma parte da estrutura auxiliar 
de sustentação dos dutos de ar condicionado cedeu, na obra
do novo terminal de Guarulhos.
(Foto:Sidnei Barros/Folha Metropolitana)

Em 12 de setembro de 2011, as obras à iniciadas no aeroporto de Guarulhos foram interditadas por solicitação do Ministério Público, por não terem sido licitadas.
Para a juíza Louise Vilela Filgueiras Borer, que acolheu a solicitação do MP em caráter liminar, a dispensa de licitação não é justificável porque a necessidade da ampliação do aeroporto é antiga, e a possível situação de caos aéreo tem origem na "inércia da própria Administração Pública".
Mas, dois dias depois, a Advogacia Geral da União e a Infraero conseguiram autorização para continuar as obras.
Aliás, este é uma dos estratagemas que se costuma ver com frequência no buraco negro das obras públicas deste país: as “autoridades” vão deixando as providências que lhes cabem sem definição, até os prazos se esgotarem e as situações virarem emergências. Quando a situação é de caráter emergencial, então as obras podem ser contratadas sem licitação, e eles podem fazer o que bem entenderem, favorecendo a quem quiserem!
Neste caso, mais uma vez deu certo!
As obras do Maracanã também sofreram paralisações devido à greves dos operários por mais segurança, e os custos previstos subiram de 705 para 936 milhões de reais, devido à necessidade de demolição da cobertura, que inicialmente se julgou que poderia ser aproveitada.
Há cinco dias atrás, houve o desabamento de uma ala inteira de telhado nestas obras da expansão do aeroporto de Guarulhos, atingindo alguns operários da obra! Apesar disto, foi menos mal do que se acontecesse com o terminal já em funcionamento, entupido de gente!
O Congresso apresentou ontem um projeto de lei que prevê o uso de bases aéreas militares para o desembarque de turistas. O Comandante da Aeronáutica já teria dado luz verde para a proposta.

“É um sinal realmente de que os aeroportos não vão ficar todos eles prontos e todos eles modificados para os jogos da Copa”, prevê o deputado José Rocha (PR-BA).

O projeto deve ser votado na semana que vem na comissão especial da Câmara e só depois será votado no plenário. Parlamentares acreditam que a votação só será concluída no ano que vem.
Para mim, isto é um indício claro de que algo não está indo bem na preparação dos aeroportos envolvidos! Já estão procurando alternativas!
Por estas e por outras, não sinto nenhum entusiasmo com esse evento!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FILME: REPO MEN - O RESGATE DE ÓRGÃOS

Atualmente, algumas situações me tem feito assistir à TV mais do que eu acharia razoável... Minhas alternativas na TV a cabo são os canais de cinema e os documentários sobre história ou sobre os animais.
Mas, no que se refere à filmes ditos de “ação”, acho que talvez seja necessária a criação de uma nova categoria: filmes de “dissecação”!
Eu me refiro à filmes onde haja a exposição excessiva de cenas de sangue, sem que isso seja de forma alguma relevante para a compreensão da trama, usando até "closes" para mostrar cortes e mutilações, com sangue espirrando em profusão.
Cenas que se prolongam bem além do que seria necessário, me fazendo supor que o diretor deve sofrer de alguma doença mental, ou então que sua obra é dirigida a pessoas com alguma perturbação psíquica! 

 Capa do DVD americano

REPO MEN – O RESGATE DE ÓRGÃOS (Repo Men – EUA/CAN, 2010, 111 min.) é um destes filmes onde a obsessão do diretor Miguel Sapochnik por cenas sanguinolentas, principalmente na sequência final, me fez esquecer a linha principal da trama, aliás cheia de falhas lógicas, com tentativas de fazer algo que não tem a menor possibilidade de dar certo!
Também me fez perder o interesse em olhar a tela, e acompanhar aquela série de coisas sem consistência, mesmo para um filme de ficção-científica!
Baseado num conto de 2009, Repossession Mambo, de Eric Garcia, a proposta até é interessante: Em uma época futura, sem que se saiba como isto pode ter sido legalizado, a empresa Union fabrica e comercializa órgãos artificiais para transplantes em seres humanos. Os órgãos são de alta qualidade e geralmente substituem com vantagem os naturais. São fornecidos numa espécie de sistema leasing, onde o usuário deve pagar mensalmente pela permanência e manutenção do componente implantado. Se porém, por algum motivo, não puder faze-lo, e as prestações atrasarem além de determinado prazo, o contrato determina que o órgão seja tomado de volta pela empresa (como se fosse um carro ou uma TV!), embora isso geralmente possa significar a morte do paciente!

 Jake (Forest Whitaker) e Remy (Jude Law): parceiros colocados em posições antagônicas.

E a retomada é feita de forma compulsória, por elementos chamados agentes resgatadores (repo men), que agem motivados por premiação de acordo com a sua produção, ou seja, quanto mais órgãos resgatados de maus pagadores, mais eles recebem!
As personagens centrais são dois parceiros resgatadores, que são amigos e fazem seu trabalho com muita eficiência, e um deles parece até adorar suas funções!
Remy (Jude Law) e Jake (Forest Whitaker) trabalham para o frio Frank (Liev Schreiber), diretor da empresa Union. Eles são os mais eficientes resgatadores de órgãos em atividade, para desespero de suas vítimas, que fazem tudo para escapar de suas pistolas de choques atordoantes e de seus bisturis, usados sem anestesia para abrir os corpos em busca de seus componentes!
Jake parece adorar sadicamente o que faz, mas Remy, cheio de problemas com sua esposa e filho, se vê pressionado a mudar de função, e pensa tornar-se vendedor de órgãos, ao invés de resgatador.
Porém, um estranho acidente acaba por coloca-lo em uma situação dfícil, e ele tem que retomar suas funções para manter sua própria vida! E acaba tendo que se confrontar com seu amigo e parceiro!
Minha recomendação é: não assista!
Apesar do excelente trio de atores, acompanhados ainda por Alice Braga, no papel de Beth, uma mulher viciada e cheia de transplantes, tem que ter muito estômago para suportar as cenas sangrentas, e o final pode não compensar!
Mas, se a curiosidade o fizer superar o nojo e as náuseas, depois me diga o que achou!
Eu acho que com o mesmo tema, e com os mesmos atores, poderia ter sido rodado um filme bem melhor.

sábado, 26 de novembro de 2011

CIÊNCIA: LANÇADO O CURIOSITY, UM JIPÃO MARCIANO

A NASA acabou de se lançar em mais um arrojado projeto: a proposta é colocar em Marte o maior aparato a pousar na superfície marciana: um "jipão" de seis rodas oficialmente denominado MSL (Mars Science Laboratory), mas batizado CURIOSITY, pesando uma tonelada, nada menos que cinco vezes mais pesado que seus antecessores SPIRIT E OPPORTUNITY, e medindo três metros e meio!

 Lá vai o jipão! O Atlas parte levando o Curiosity rumo a Marte, para novas aventuras!
(Foto: NASA/TV)
Há cerca de menos de meia hora atrás, às 13:02 hs (horário de Brasília), um foguete Atlas, partiu de Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, transportando o veículo-robô destinado a registrar um novo marco na exploração espacial. Sua chegada à Marte está prevista para agosto de 2012.

 O MSL Curiosity sendo preparado pelos cientistas. Dotado de seis rodas de tração independente, será o maior, mais complexo e sofisticado veículo de sondagem a rodar na superfície marciana (Foto: JPL/Caltech/NASA)

O cérebro do veículo-robô é o MSL (Mars Science Laboratory), ou Laboratório Científico Marciano, capaz de realizar observações e sondagens inéditas, com seus diversos componentes.

Entre os equipamentos integrados ao CURIOSITY, podemos destacar:

MAHLI (Mars Hand Lens Imager) - Uma espécie de lupa, com a qual os cientistas poderão observar e fotografar as rochas e detalhes da superfície marciana, podendo obter imagens com um grau de detalhamento de até 12,5 microns, ou seja, uma espessura menor do que um fio de cabelo humano! 

SAM (Sample Analysis at Mars) - É o coração do veículo. Consiste em um laboratório com três componentes: um espectrógrafo de massa, um cromatógrafo de gases e um espectrógrafo laser. Estes instrumentos buscarão por traços de carbono, elemento associada aos seres vivos semelhantes aos existentes na Terra, assim como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio.
O braço mecânico do veículo colocará na sua camara de análises as amostras extraídas do solo marciano, utilizando de forma inédita uma broca colocada na sua extremidade. Os cientistas tem muitas expectativas quanto a essa nova forma de obter amostras.

ChemCam (Chemistry and Camera) - Esta é a verdadeira "menina dos olhos" da equipe, pois poderá disparar um facho de laser contra rochas marcianas a uma distância de 9 metros, para que a camera associada possa analisar o espectro do vapor através de um feixe de raios-X, identificando a estrutura cristalina das particulas nele contidas. Acredita-se que esta técnica, introduzida recentemente na Terra, possa fornecer informações sobre as condições ambientais do planeta vermelho no passado. 

A ChemCam poderá fornecer informações sobre as condições do planeta vermelho em eras passadas, analisando as partículas vaporizadas pelo raio laser. (Foto: JPL/Caltech/NASA)

DAN (Dynamic Albedo of Neutrons) - Situado na traseira do veículo, este aparato irá disparar feixes de neutrons em direção ao solo, e pelo comportamento destas partículas, poderá descobrir a presença de água ou gelo no subsolo.

REMS (Rover Environmental Monitoring Station) - É uma estação meteorológica que medirá os diversos parâmetros ambientais do clima marciano, como temperatura do ar e da superfície, umidade, direção e intensidade dos ventos, pressão atmosférica, e intensidade das radiações ultravioleta.
Outros instrumentos medirão inclusive as radiações com que terão que lidar os futuros exploradores humanos, como prótons e raios gama.

Para a lista completa das habilidades do Curiosity (texto em inglês), veja em:

http://www.space.com/13689-nasa-amazing-mars-rover-curiosity-science.html

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HISTÓRIA: LIONEL CRABB, UM MISTÉRIO DA GUERRA FRIA

Nos anos 50, eu li com interesse uma reportagem na revista “O CRUZEIRO” sobre os misteriosos acontecimentos envolvendo o desaparecimento de um herói britânico da II Guerra, o homem-rã Lionel "Buster" Crabb, quando ele, supostamente em missão do serviço de espionagem britânica MI5, mergulhava sob o casco do cruzador soviético Ordzhonikidze, ancorado no porto inglês de Portsmouth.

O cruzador Ordzhonikidze conduzira o primeiro-ministro e o presidente russo para uma conferência com o premier Anthony Eden e foi alvo de espionagem pelos britânicos em Portsmouth. Mas, ao que parece, os soviéticos eliminaram o espião. (foto: Daily Mail).

O navio viera em missão diplomática da União Soviética, conduzindo o então presidente Nikita Khrushchev e o primeiro-ministro Nicolai Bulganin para uma conferência com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.

Khrushchev e  Bulganin: convidados pelos britânicos, tiveram seu navio espionado pelo serviço secreto naval e protestaram.

O incidente, em abril de 1956, causou um embaraço diplomático, com os russos acusando os britânicos de tentativa de espionagem no navio soviético.
Mas, esta questão ficou no ar, e eu ocasionalmente, ouvia falar do assunto, mas sempre envolto em mistério e sem nenhuma conclusão.
Crabb foi um herói condecorado na II Guerra, e tinha ligações com os serviços militares de inteligência. Ele já havia sido condecorado por seu trabalho na remoção de minas de navios britânicos em Malta e por outras missões e recebeu a Ordem do Império Britânico por sua atuação junto à esquadra italiana, em Livorno, na Itália.
Após a guerra, em 1947, ele deu baixa da Marinha Britânica e passou a mergulhar por conta própria, mas sabe-se que ocasionalmente era chamado a executar missões em caráter sigiloso para a inteligência naval britânica.
Essas atividades teriam inspirado Ian Fleming, que também era membro do órgão, na criação do personagem James Bond, o agente 007, particularmente na aventura Thunderball.
 As aventuras de Crabb na II Guerra e na Guerra Fria inspiraram Ian Fleming na criação do personagem James Bond, o famoso agente 007 vivido nas telas por Sean Connery e outros atores.

Em 17 de abril de 1956, Crabb se registrou em um hotel em Portsmouth, junto com um certo Sr. Smith (que se acredita ter sido um oficial da inteligência naval do MI5).
Eles sairam do hotel em 19 de abril e Crabb jamais foi visto de novo. Smith voltou, apanhou as coisas de ambos, pagou a conta e sumiu.
Pouco menos de 14 meses depois do desaparecimento de Crabb, em 9 de junho de 1957, o corpo de um homem em traje de homem-rã foi encontrado boiando ao largo da illha Pilsey. Estava sem a cabeça e as mãos, o que na época tornava impossível sua identificação. Nem a ex-esposa Margaret nem a namorada de Crabb, Pat Rose, foram capazes de identificar positivamente o corpo. Um ex-parceiro de mergulho, Sydney Knowles, registrou que o corpo tinha uma cicatriz no joelho esquerdo semelhante à Crabb. A comissão formada para investigar o caso deu como conclusão que o corpo era mesmo de Lionel Crabb.

 Para Sydney Knowles, quem matou Crabb foi o MI5.

Mas, em março de 2006, Tim Binding publicou um artigo no jornal Daily Mail, com o título: BUSTER CRABB FOI ASSASSINADO – PELO MI5. Binding também publicou um livro de ficção baseado na vida de Crabb, intitulado MAN OVERDOARD, publicado em 2005. Ele afirmou que, logo após a publicação do livro, foi contatado por Sydney Knowles, então morando em Malaga, na Espanha, e que ele declarara que o MI5 soubera que Crabb tinha intenções de passar para o lado dos russos. Ele disse acreditar que, sendo Crabb um herói de guerra, a publicação de tais fatos seria desmoralizante. Então, a atividade junto ao Ordzhonikidze seria apenas um pretexto, e um novo parceiro fora enviado junto com Crabb, com a missão de elimina-lo.

 Diversos livros foram inspirados nos feitos e nas
misteriosas circunstâncias do desaparecimento de Crabb.

Knowles também afirmou que fora pressionado a reconhecer o corpo como o do seu colega, mesmo convencido do contrário.
Mais tarde, Knowles relatou ter sido ameaçado de morte em após manter este contato com Binding.
(E aqui ficam minhas dúvidas: então por que não fizeram o serviço direito e sumiram com o corpo, para alimentar as hipóteses de que ele fora mesmo capturado e deixa-lo eternamente desaparecido? E, se como diz Knowles, o corpo não era de Crabb, de quem seria?)
Oficiais ligados ao almirantado britânico deixaram transpirar que Crabb desapareceu quando testava um equipamento de mergulho ainda secreto, a três milhas do local onde o navio soviético estava ancorado.
Muitas hipóteses e teorias surgiram nos anos posteriores, como:
Crabb estaria vivendo na Rússia, como oficial na marinha soviética, após ter se passado para o lado dos russos;
teria sido capturado, passado por lavagem cerebral e se tornado treinador de mergulhadores soviéticos;
que ele faria parte de um grupo especial de comandos da marinha soviética, atuando no Mar Negro;
e que teria sido morto por homens-rãs russos, em torno do cruzador soviético.
Em 1990, Joseph Zwerkin, ex-membro da inteligência naval soviética, que fora para Israel após o fim da União Soviética, declarou que Crabb teria sido avistado rondando o navio russo e atingido por um atirador de elite a bordo (provavelmente, este Zwerkin estava querendo chamar a atenção, pois esta hipótese seria a mais improvável: atirar em alguém em um país estrangeiro, sem nem ao menos identifica-lo nem saber sua intenção?)
Documentos sigilosos liberados recentemente mostram que houve de fato uma campanha para encobrir o que realmente aconteceu. Sua ex-esposa Margaret Crabb teve negado um pedido de pensão, baseado na sua morte em serviço, o que implicava em certos benefícios (Crabb havia saído oficialmente da marinha britânica em 1947).
Não havia como provar, e o almirantado se negou a reconhecer, que Crabb executava missões para a inteligência naval britânica.
Alguns membros do parlamento britânico se interessaram pelo caso, e em 1961, o Comandante J.S. Kerans solicitou reabertura do caso. Em 1964, Marcus Lipton, parlamentar inglês, também tentou a mesma coisa. Ambas as propostas foram recusadas.
Porém, em 2007, numa história que mais parece saida das páginas de uma aventura de 007, o jornal britânico Daily Mail publicou uma reportagem do jornalista David Williams onde ele noticiou que um ex homem-rã da marinha soviética, Eduard Koltsov, então aos 74 anos, declarara em um documentário da TV russa que havia cortado a garganta do mergulhador britânico, quando ele aparentemente estava colocando uma mina sob o casco do cruzador russo no porto de Portsmouth.
Koltsov, na época com 23 anos, contou que recebeu ordens para investigar atividades submarinas suspeitas ao redor do cruzador russo Ordzhonikidze, que havia trazido a comitiva russa para conferências com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.
Na entrevista, Kolstov afirmou ter mergulhado nas águas de Portsmouth, onde estava ancorado o Ordzhonikidze, e vislumbrado as formas de um inimigo submerso.
“Vi a silhueta de um mergulhador, usando um traje leve de homem-rã, próximo a área onde ficavam os paióis de munição a estibordo do navio. Me aproximando mais, vi que ele estava fixando uma mina.”
Aos seus entrevistadores, ele mostrou o punhal que afirma ter usado para matar o mergulhador inglês, e a Estrela Vermelha com a qual foi agraciado em uma cerimônia secreta pelo seu feito.
Aos 74 anos, Koltsov explica que resolveu contar toda a história, passados 51 anos, para que antes de sua morte o mistério de Crabb ficasse esclarecido.

O ex-homem-rã russo Koltsov mostra a faca de mergulhador com a qual teria degolado Lionel Crabb, sob o casco do cruzador Ordzhonikidze, em Porthsmouth, em 19 de abril de 1956.

No ano anterior, Koltsov escrevera uma carta para um jornal, contando que fizera parte de um grupo de combate submarino chamado Barracuda, enviado para apurar atividades submarinas em torno do cruzador russo.
Nesta carta, ele não especificava quem teria matado Crabb, mas mostrou um gráfico com a descrição detalhada de como o matador mergulhou atrás de Crabb, fisgou-o pelo pé, empurrou-o para baixo e cortou sua mangueira de ar, antes de degola-lo. Segundo ele, o corpo ficou flutuando, sendo levado pela maré.
Na realidade, acredita-se que o que Crabb estaria fixando no casco seria um dispositivo de escuta e não exatamente uma mina.
A srta. Lomond Handley, na época com 61 anos, parente de Crabb, declarou: “ Acho difícil acreditar que mergulhadores soviéticos tenham cometido um assassinato em nossas águas. Simplesmente não acredito!”
“E para um membro da marinha de Sua Majestade ameaçar um navio visitante seria algo impensável. Uma explosão causaria embaraços ao nosso governo e destruiria o relacionamento entre a Inglaterra e a União Soviética, que o nosso governo tentava restabelecer.
“É possível que Crabb possa ter ido verificar se havia minas e sua tarefa fosse afastar o perigo para eles.”
Sua mãe, Eileen, era prima distante de Crabb, e muito ligada a ele.
“Ela passou a vida tentando descobrir o que aconteceu a ele, mas se viu diante de paredes intransponíveis!”
O governo só falou mentiras, e foram governos sucessivos, não apenas o daquela época. Nenhum governo jamais revelou a verdade. Isto mostra que não se pode confiar em governantes.”
Entretanto, a hipótese de que crabb teria ido ao navio russo para "afastar o perigo de minas", sem avisa-los me parece bem estranha. E quem estaria tentando explodir um cruzador russo?

Conclusões:
Na minha modesta opinião, a declaração do ex-homem-rã russo me pareceu a mais digna de crédito. Se ele viu um homem-rã hostil fixando algo no casco do navio, é bem possível que achasse difícil capturar o intruso sem luta e optasse pelo ataque letal, como fora treinado para fazer.
E, afinal, ninguém contestou o fato de ele ter recebido uma condecoração oficial por seu feito.
Porém, também não me parece lógico que os britânicos tentassem dinamitar com uma mina um navio trazendo as maiores autoridades soviéticas para uma conferência, justamente quando o objetivo do governo britânico era de aliviar tensões entre os países.
Provavelmente, ele devia mesmo era estar colocado algum dispositivo de escuta eletrônica para monitorar as comunicações do navio russo. Só que um fato destes, uma vez descoberto, também não seria menos desastroso para as relações diplomáticas.
O incidente provocou protestos russos após a história vir a público, e a reação de primeiro ministro Eden diante disto foi de muita irritação, e ele procurou deixar claro que fora uma ação não-autorizada pelo governo, numa iniciativa isolada do MI5, sem o seu conhecimento.

Mas, como falou a prima de Crabb, não se pode confiar em governantes!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RECORDANDO: ALI X FOREMAN

Nos anos 70, eu era fã de lutas de boxe. Quando mais jovem, cheguei a pensar em praticar este esporte. Hoje, os grandes boxeadores viraram apenas páginas na história esportiva. Também se tornaram polêmicas modalidades de lutas esportivas cujo objetivo seja incapacitar fisicamente o oponente.  No caso do boxe profissional, ficou cada vez mais difícil deixar de admitir as sequelas provocadas pela soma de golpes sofridas pelos lutadores ao longo de suas carreiras. Para não falar das mortes ocorridas no próprio ringue. Mas, nos anos 70, não havia ainda o conceito de "politicamente correto", e o boxe atraía multidões para as arenas e para a frente das telinhas...

30 de 0utubro de 1974!
Era madrugada no Recife, mas eu estava acordado, assistindo à TV, coisa que eu raramente fazia. O motivo era a a grande luta pelo título mundial de boxe, entre Mohammad Ali e George Foreman. Acho que seria a segunda ou terceira a ser chamada "luta do século" pela imprensa americana!
No ringue, montado em Kinshasa, na república africana do Zaire (hoje Congo), Ali (nascido Cassius Marcellus Clay, com novo nome adotado ao converter-se ao islamismo), boxeador americano descendente de africanos e irlandeses, enfrentava seu compatriota George Foreman, um gigante negro, forte como um touro e campeão mundial. 
Mohammad Ali deixara o título vago em 1967, ao ser banido do boxe por se recusar a ir para a guerra do Vietnã. Na ocasião, ele deixara subentendido que, se fosse para lutar pela “liberdade”, o melhor lugar para fazê-lo seria ali mesmo nos EUA, combatendo o racismo e os racistas, e não do outro lado do mundo, matando lavradores de outra etnia em algum arrozal ou aldeia asiática!
Mas, seu título fora cassado, e, ao voltar a lutar, em 1971, mal preparado, fora derrotado por Joe Frazier, o novo campeão (na chamada "luta do século"). Preparava-se para uma revanche quando Frazier perdeu o título para George Foreman.
Agora, se quisesse recuperar o título, Ali teria que bater aquele demolidor que havia levantado Frazier do chão, com a potência de um golpe, antes de nocautea-lo definitivamente!
Frazier aprende a voar, erguido no ar pelo golpe de Foreman, na luta onde "The Big George" conquistou o título mundial, por nocaute, em 22 de janeiro de 1973, em Kingston, na Jamaica.

O combate faria parte de uma cadeia de eventos e shows com diversos artistas, como James Brown, B.B. King, Miriam Makeba e outros.
Antes da luta, a imprensa esportiva americana e os promotores, entre eles Don King, uma raposa em início de carreira que mais tarde se tornaria um milionário e talvez o mais polêmico dos empresários do boxe, haviam criado um clima de antagonismo político-racial numa luta entre dois negros!
Mohammad Ali, que teve o título usurpado por se posicionar politicamente, seria o negro autêntico, o revolucionário libertador, enquanto Foreman, que apenas lutava boxe, seria o lutador a favor do sistema, um “uncle Tom” expressão baseada na personagem central do livro A CABANA DO PAI TOMÁS (Uncle Tom's Cabin -1852), de Harriet B. Stowe, e usada na época para descrever o negro conivente com o sistema, que aceitava a escravidão passivamente, sempre submisso à vontade de seus senhores. Aliás, esse mesmo rótulo também tinha sido usado para estigmatizar Joe Frazier, o adversário anterior de Ali.
Foreman jamais aceitaria esse papel, e anos mais tarde ainda demonstraria seu ressentimento por isso!
A luta começou, e quando o demolidor Foreman partiu para o ataque, eu acreditei que seria uma contenda curta, pois Ali/Clay não parecia mais aquele bailarino que “dançava como uma borboleta e picava como uma abelha”. Parecia tímido e se esquivava a duras penas dos golpes violentíssimos do campeão! Ensaiou alguns passos, mas, acabava tendo que entrar em clinche, abraçando o adversário, ou sendo encurralado nas cordas por Foreman.
A partir de determinado momento, Ali passou a apoiar as costas nas cordas, ficando com o corpo meio pendente para fora do ringue, enquanto Foreman se debruçava sobre ele, desferindo golpes como uma britadeira, sem contudo atingir nada além das luvas e braços dobrados de seu oponente. Seus golpes acabavam sendo na maioria todos absorvidos, e o adversário ocasionalmente atingia seu rosto com contragolpes fracos, que serviam apenas para irrita-lo. Ali se recusava a lutar francamente, impacientando seu oponente, a platéia e quem como eu, assistia pela TV.
A coisa estava se tornando ridícula, e se fosse em algum país ocidental, sem dúvida haveria vaias, pois parecia mais uma comédia pastelão!
Até que, no quarto assalto, alguma coisa mudou! Ali não ficava mais o tempo todo nas cordas, às vezes saia e se esquivava, e havia momentos em que Foreman parecia desanimado e exausto!
Foreman, como anos depois aconteceria com Mike Tyson, era um lutador acostumado a liquidar as lutas nos primeiros assaltos, nocauteando os adversários com seus potentes golpes. Mais tarde, se soube que o planejamento da equipe técnica de Foreman era de chegar ao nocaute por volta do terceiro assalto.
Quando a luta começou a se prolongar além do que ele estava habituado, dentro da sua cabeça devem ter começado a aparecer dúvidas onde antes haviam certezas! 
Seu físico estava acostumado a dar tudo e encerrar as atividades ao fim de curtos períodos de tempo e a coisa estava se prolongando. Ele não contava com isto, e não dosara suas energias para uma luta prolongada! Em determinadas investidas, Ali entrava em clinche, ficando encaixado em Foreman. E o campeão não conseguia se distanciar para golpear com eficácia. 
E, nestes momentos, Ali pousava sua enorme luva sobre a cabeça do adversário, empurrando-o para baixo, e via-se que ele sussurrava alguma coisa no ouvido de Foreman. Isto acontecia diversas vezes.
Já no sétimo assalto, Ali, que até então parecia tão pregado quanto o oponente, recomeçou a rodar pelo ringue, enquanto um trôpego Foreman tentava acerta-lo sem resultado. De repente, Ali revidou e começou a desferir alguns contragolpes, diversos deles no alvo!
No assalto seguinte, Foreman parecia mesmo desesperado e sem noção de distancia. Então, Ali atacou! Com insuspeitada velocidade e precisão desferiu uma sequência que arrasou Foreman! O último golpe atingiu o queixo de Foreman em cheio! O campeão executou um giro quase completo, como um avião em parafuso, enquanto despencava para o chão!
O gigante despenca: no oitavo assalto, após uma sequência arrasadora, Foreman, como um avião em parafuso, girou enquanto caia pesadamente. Ali recuperava o título que lhe fora retirado sem luta!

Seu corpo caiu pesadamente, como um touro abatido, enquanto Ali dava um passo atrás e assistia. O juiz iniciou a contagem, mas logo percebeu que a luta acabara! Ali então se voltou, levantando os braços e berrando suas costumeiras fanfarronadas para a platéia delirante! 
A bolsa de cada boxeador foi de US$ 5 milhões, na época uma quantia apreciável.
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Anos mais tarde...Já no século XXI, Foreman esteve no Brasil atendendo a interesses da campanha publicitária duma empresa que fabricava grills elétricos com o seu nome, e na ocasião, foi levado para uma entrevista no canal esportivo de TV ESPN. 
Simpático e sem estrelismos, o velho gigante respondeu a várias perguntas e, quase no final, um dos jornalistas relembrou aquela que fora uma das “lutas do século”, mostrou alguns trechos e fez a pergunta: “Mas, afinal, o quê Ali falava no seu ouvido, naqueles momentos em que ficavam encaixados?”
Foreman ficou sério, olhou para o infinito com um olhar meio sofrido e, por uns instantes, pareceu voltar no tempo; depois falou lentamente: “Eu já estava exausto, cansado de tanto bater, e ele não parecia ter sentido nada, eu já não sabia mais o que fazer...Então ele falava assim no meu ouvido: 
- Isso é tudo, George? É só isso?
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Sem dúvida, Foreman foi derrotado primeiro psicologicamente pela língua ferina de Ali, antes que seu corpo fosse derrubado pelos punhos do mais técnico (e também o mais fanfarrão) de todos os peso-pesados!
Ali abandonou o boxe em 1979, ainda campeão pela WBA, mas depois ainda disputou duas lutas (perdidas) em 1980 e 1981. Disputou 61 lutas oficiais e venceu 56, 37 delas por nocaute. Foi considerado o segundo melhor peso-pesado da história, atrás apenas do lendário Joe Louis.
Hoje, seu maior adversário é o mal de Parkinson, possível consequência de muitos golpes recebidos na cabeça durante sua carreira. Um dos tratamentos empregados faz uso de células-tronco, utilizadas por médicos israelenses que o tratam.
Participa de diversas campanhas humanitárias.
Foi representado na tela do cinema por Will Smith, no filme biográfico ALI, de 2001.
George Foreman, "The Big George", atualmente é pastor evangélico e recebe os direitos pelo uso de seu nome e imagem por uma indústria de grills elétricos.
Joe Frazier, que também foi um boxeador excepcional, era solista do grupo musical “Knockouts”, até falecer em no dia 7 deste mês, devido a um câncer no fígado.