FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

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terça-feira, 20 de maio de 2014

A QUEM INTERESSA?

Fico em dúvida sobre o motivo de ficar tanto tempo sem postar nada...
Falta de assunto não deveria ser. Talvez assuntos demais! Já comecei a desenvolver diversos temas, principalmente os atuais, mas em determinado ponto, o resultado não me agrada, as conclusões me parecem óbvias demais e eu acabo deletando tudo. Ainda bem que, nesta era das maravilhas tecnológicas, lidamos com coisas virtuais, inclusive os textos. Se fosse em meados do século passado, seriam muitas folhas de papel arrancadas do rolo da máquina de escrever e jogadas na cesta do lixo! Mas, hoje, bastam duas clicadas e tudo se vai para o infinito!
Talvez a minha insatisfação seja por me sentir na obrigação de falar sobre as coisas que tem ocorrido nesta terrinha, no país que eu costumava chamar de meu. Agora, vejo como o país "deles"!
Impressiona ver como a desordem tomou conta de tudo!
Os baderneiros parecem se multiplicar, e tudo que for evento público, como um jogo de futebol, uma apresentação de bandas, um protesto sindical ou uma passeata popular serve de palco para agressões ao patrimônio público e privado, saques, arrastões e provocações contra quem tenta manter a ordem.
Meios de transporte e vias públicas são interrompidas sob qualquer pretexto, ferindo o sagrado direito de ir e vir dos cidadãos de bem e impedindo trabalhadores de irem para seus destinos!

Na hora de voltar para casa, vias públicas interrompidas! Quem tem o direito de cercear os meus direitos? 
 
Com um eficiente sistema de convocação usando redes sociais, os facínoras mascarados comparecem com pontualidade britânica e aguardam o melhor momento para começar a bagunça.
A polícia, acuada por todos os lados e rotulada de "truculenta", hesita em reprimir desde o início as agressões, que já resultaram na morte de um profissional da imprensa, além de policiais e manifestantes feridos.
Quem se beneficia disto? Certamente não são as entidades que esperam lucrar bilhões com eventos como a Copa e as Olimpíadas!
A imagem do Brasil tem sido pintada no exterior com cores cada vez mais sombrias! Qualquer fato que envolver o público que vier ao país ganhará grande destaque, não tenham dúvida!
Ninguém é capaz de avaliar de forma confiável o quanto o sucesso ou o insucesso da equipe brasileira na competição vai influenciar no resultado das eleições. Talvez nem tanto o quanto alguns pensam.
Mas, os insucessos na organização do evento em si com certeza vão afetar a imagem do país como um todo, aos olhos da mídia internacional.
Qualquer facção política ou ideológica que esteja ligada à promoção da desordem como forma de se beneficiar disto não merece o apoio de ninguém!

domingo, 12 de agosto de 2012

DOMINGO DE OLIMPÍADAS

Manhã de domingo...
Na TV, a maratona olímpica das Olimpíadas de Londres: +42 km de corrida!
Eu acho que deveria haver uma categoria separada para os africanos e outra para o restante dos terráqueos.
Quando comecei assistir, o que eu vi foi o espetáculo de três seres muito altos, de cranios alongados e pele escura, completamente sós, tendo atrás de si um imenso vazio.
Não pude deixar de pensar se eles não haveriam descido de um disco voador, estacionado em algum parque de Londres.
Dois quenianos e um ugandense correram quase emparelhados, seguindo seu planejamento, até ao momento em que realmente começou a disputa exclusiva entre eles, quando o ugandense Stephen Kiprotich tirou o ás da manga e deixou os quenianos para trás, vencendo a corrida, todo o trio anos-luz à frente dos restantes.

Sereno, Marilson dos Santos chegou em quinto na maratona.
(Foto: AFP, no site Globoesporte.)

Mas, atrás, na competição entre os terráqueos, um sul-africano botava os bofes para fora, e o brasileirinho Marilson Gomes dos Santos assumia a "liderança"!
Vinha sereno, com uma expressão tranquila no rosto, mostrando boa forma. Manteve seu ritmo, mas, no finalzinho foi surpreendido pelo sprint do concorrente americano, que lhe tomou a frente.
Falando sério, foi o quinto colocado entre tantos craques mundiais, mas para mim, foi prata! Outro brasileiro, Paulo Roberto de Almeida, homem simples e emotivo, chorou ao chegar em oitavo no geral. E ainda teve Franck Caldeira em décimo-terceiro.
Três brasileiros entre os quinze melhores do mundo!
Parabéns para os maratonistas! Para quem conhece as dificuldades que enfrentam atletas dessa modalidade, resultados muito gratificantes e significativos.

Meninas de ouro: um desempenho fantástico, 3X1 contra os EUA, conquistando o bicampeonato olímpico! (Foto: Reuters, no site Globoesporte.)

O ministro dos esportes anunciou recentemente uma reformulação nos métodos de seleção de investimentos no esporte amador, direcionando melhor os recursos segundo critérios de meritocracia: investir mais nos talentos promissores emergentes e nos que realmente apresentam progressos e diminuir as apostas nos que apesar de conhecidos, e até famosos, apresentam desempenhos burocráticos...
Tomara que faça mesmo isto!
De passagem: fantástico o desempenho das superpoderosas meninas do vôlei contra os EUA, na final de ontem!
Quando perderam o primeiro set por 25 a 11, pareciam estar naqueles dias de amarelão, mas, quando voltaram para o segundo set, era outra equipe!
Acho que comeram uma lata de espinafre cada uma, como o marinheiro Popeye!
Arrasaram as aturdidas americanas e protagonizaram talvez a melhor partida de suas vidas! Parabéns, leoas de ouro!
E cumprimentos também aos nossos outros surpreendentes medalhistas!

Em tempo: o americano que ultrapassou Marilson no final é, na verdade nascido na Eritréia e naturalizado! Portanto, mais um africano! Assim, promovo Marilson à medalha de ouro!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

MÉXICO 1968: IDEAIS OLÍMPICOS X DIREITOS CIVIS

No ano passado, guardei esta nota para comentar, mas acabei não o fazendo.

A agência AFP publicou em 13/10/2010:

Tommie Smith quer vender medalha dos Jogos do México-1968

PARIS - O americano Tommie Smith, cuja imagem com o punho levantado com uma luva negra após a vitória nos 200 metros nos Jogos Olímpicos do México-1968 se tornou emblemática, decidiu colocar a medalha de ouro à venda, informa o jornal San Jose Mercury News. Smith, 66 anos, colocou em leilão a medalha e os tênis utilizados na prova a um preço inicial de 250.000 dólares, segundo o jornal.
"A medalha é importante para ele, mas a recordação é muito mais importante. Com certeza faz isto pelo dinheiro, mas está desesperado", afirmou a pessoa responsável pelo leilão, que deve acontecer em 4 de novembro.
(Não houve interessados em pagar o alto preço pretendido pelos leiloeiros. Entretanto, a notícia me levou a recordar o impacto causado naquela época pelos eventos que envolveram a conquista da medalha, e o quanto os EUA mudaram desde então.)

O polêmico gesto em 1968: o medalista de prata Peter Norman(e), da Austrália, apesar da atitude respeitosa, declarou seu apoio ao protesto, o que lhe custou a carreira.

Na Olimpíada do México, em 1968, num gesto que chocou o mundo esportivo, os velocistas americanos Tommie Smith e John Carlos, respectivamente ouro e bronze nos 200 m. rasos, ao invés da atitude respeitosa durante a execução do hino nacional americano, vestiram luvas pretas, ocultando simbolicamente as palmas das mãos, e ergueram os punhos cerrados, numa saudação usada na época por grupos de militantes radicais negros dos EUA.
Tais grupos, se contrapondo às ideias de resistência pacífica e integração do Reverendo Martin Luther King, acreditavam numa escalada de violência e separatismo em resposta ao tratamento racista dispensado aos americanos negros em seu próprio país. Em tese, visavam o estabelecimento de instituições e bases para  a criação de uma nação negra com poderes próprios e independente, em contraposição à "América branca".
Esta ideologia separatista e racista era conhecida como black power. Porém, na sua autobiografia, Smith nega ter pertencido a tais grupos, e alega que seu protesto era apenas pelos direitos civis. Outros atletas negros americanos repetiram o gesto durante as competições, mesmo sendo advertidos pelo comitê olímpico.
Os dirigentes olímpicos acharam inadmissível gestos de fundo político durante as competições...entretanto, não podemos esquecer que nos jogos de 1936, em Munique, os atletas alemães faziam ostensivamente a saudação nazista quando venciam, sem que ninguém os reprimisse...
Os dois velocistas foram expulsos da vila olímpica por esta indisciplina. Mais tarde, Smith, Carlos e outros atletas sofreram até ameaças de morte ao voltarem ao seu país. Os movimentos radicais foram sufocados nos anos 70 pela ação do FBI e a situação foi gradativamente mudando para os negros americanos, mas não por ações diretas da luta armada. As novas gerações já eram capazes de enxergar além das trevas do racismo e o antagonismo decaiu de parte a parte. 
Hoje, o presidente dos EUA é um homem originado por um casal “alvinegro”, e foi eleito em um país onde os negros representam menos de 13% da população(*)! Donde se conclui que os eleitores não olharam sua raça, mas suas propostas.
Mas, independente do acerto ou não das ideias que motivaram  o polêmico gesto de 1968, ficou registrada a coragem de expressar publicamente a revolta, naqueles tempos difíceis...E a fantástica marca de 19,83 segs, que perdurou por 44 anos, até ser finalmente quebrada em maio de 2010 por Tyson Gay, que marcou 19,41 segs, em Manchester, EUA , durante os Great City Games !
Porém, o pior estava reservado para Peter Norman, o australiano que foi o segundo colocado em 1968, e se declarou solidário com os americanos. 
Ele também sofreu retaliações em seu país e foi cortado de competições onde seria o favorito. Após um rompimento no tendão de Aquiles em uma das pernas, em 1985, teve complicações e acabou sofrendo uma amputação,  mergulhando depois na depressão e no alcoolismo. Faleceu em 3 de outubro de 2006, em consequência de um ataque cardíaco. Smith e Carlos estiveram no seu enterro e o conduziram até sua última morada. 
Com o passar do tempo, e com a mudança de postura em relação aos fatos daquela época, os dois atletas americanos começaram a ser resgatados e reconhecidos como legítimos em seus protestos, em função das condições que enfrentavam no seu país naqueles tempos.
Hoje, o gesto virou uma estátua na Universidade Estadual de San Jose, onde os protagonistas foram alunos. Em 2008, numa premiação da TV ESPN, ambos receberam o Arthur Ashe Courage Award, como prêmio de reconhecimento à sua coragem.
Os tempos mudaram, e os vilões de ontem viraram heróis... 

(*) O termo "black" (negro) nos EUA não classifica apenas pessoas de cor negra, mas inclui pessoas de aparência branca, porém com ascendencia negra em qualquer grau. Em tese, "com uma gota de sangue negro". E a soma de todos estes graus de mestiçagem é que resulta no citado percentual da população.

Vejamos o que diz a Wikipédia, em um dos parágrafos, abordando a expressão "black people": 
One drop rule
Historically, the United States used a colloquial term, the 0ne-drop-rule, to designate a black person as any person with any known African ancestry. Legally the definition varied from state to state. Thomas Jefferson had slaves who were legally white (less than 25% Black) and legally slaves (mother was a slave). Outside of the US, some other countries have adopted the practice, but the definition of who is black and the extent to which the one drop "rule" applies varies from country to country.
The one drop rule may have originated as a means of increasing the number of black slaves and been maintained as an attempt to keep the white race pure. One of the results of the one drop rule was uniting the African American community and preserving an African identity. Some of the most prominent civil rights activists were multiracial, and advocated equality for all.
Embora não sendo uma lei aplicável a todos os estados americanos, o método ainda pode ser usado livremente para determinar a raça de um indivíduo nos EUA, com fins estatísticos.