No período de
recuperação da economia alemã, após a I Guerra Mundial, quando
começaram a reconstruir sua esquadra, os projetistas navais alemães
conceberam uma nova classe de belonave que não se enquadrava em
nenhum dos conceitos até então existentes. Eles a denominaram
panzerschiff (navio-blindado).
Os
navios desta classe foram mais tarde classificados como cruzadores
pesados, com tonelagem máxima de 14.000 a 16.000 toneladas e
armamento principal de 6 canhões de 11 polegadas (280
mm)
em duas torres triplas, uma dianteira e outra à ré, e um armamento
secundário de 8 canhões de 5.9 polegadas (150
mm) em
torres individuais, 4 em cada costado. Sua blindagem lateral era de
80 mm e alcançava uma velocidade máxima de 28 nós (52
km/h)
em condições de combate.
Assim,
era mais veloz do que qualquer navio com artilharia superior e
possuia artilharia mais pesada do que qualquer navio mais rápido.
Teoricamente,
poderia fugir ao confronto com encouraçados e cruzadores-de-batalha e
arrasar qualquer cruzador isolado que ousasse enfrenta-lo.
Além
disso, possuia uma autonomia de 17.460 milhas náuticas (32.336 km) a
14 nós (26 km/h).
Três
navios dessa classe foram construídos: o Deutschland
(mais tarde rebatizado Lützow),
o Admiral
Scheer
e o Admiral
Graf Spee.
A
imprensa os chamava “tigres dos mares”. Os ingleses preferiram
apelida-los “encouraçados-de-bolso”.
Antes
do início da guerra, a marinha alemã enviou para o mar dois destes navios,
o Deutschland e o Admiral Graf Spee. O Deutschland se posicionou no
Atlântico Norte, enquanto o Graf Spee se dirigiu para o Atlântico
Sul.
Em outra rota, seguiu para o sul também o petroleiro Altmark, que daria apoio ao Graf Spee, fornecendo combustível e provisões, em encontros no meio do Atlântico Sul.
Em outra rota, seguiu para o sul também o petroleiro Altmark, que daria apoio ao Graf Spee, fornecendo combustível e provisões, em encontros no meio do Atlântico Sul.
Após
o início da guerra, em 1º de setembro de 1939, ambos os navios
receberam ordens para iniciarem hostilidades contra a marinha
mercante inimiga, como corsários, evitando entrar em combate com
navios de guerra.
Em
28 de setembro, o Graf Spee fez sua primeira vítima, o mercante
inglês Clement,
ao largo da costa de Pernambuco.A partir daí, a belonave alemã vagou entre a costa africana e o continente sulamericano, afundando mais 4 navios e chegando a contornar a África e aventurar-se até ao Oceano Indico, onde fez uma única vítima, o petroleiro Africa Shell, ao largo de Madagascar.
Mapa mostrando o raid do Graf Spee e os locais onde mercantes foram afundados.(Clique para ampliar)
Retornando ao Atlântico,
já em dezembro, ainda fez mais três vítimas, totalizando um total
de 50.000 toneladas em navios afundados. Para se ter uma idéia do
transtorno causado, isto forçou a mobilização de uma força de
nada menos que 4 porta-aviões, 3 couraçados, 12 cruzadores pesados
e 2 cruzadores ligeiros, divididos em oito grupos espalhados pelo
Atlântico na caça ao corsário.
Porém,
um dos navios atacados, o Tairoa,
tivera tempo de transmitir sua posição, informando que fora
atacado. Esta mensagem chegou ao almirantado britânico.
O
Comodoro Henry Harwood comandava um grupo chamado força G, composto pelos cruzadores
pesados HMS Exeter
(6 canhões de 8”) e HMS Cumberland
(8 canhões de 8”) e pelos dois cruzadores ligeiros HMS Ajax
e HMNZS Achilles
(ambos c/ 8 canhões de 6”). Entretanto, o Cumberland teve que
dirigir-se às Ilhas Falklands (Malvinas) para uma revisão. No seu
capitânea Ajax, Harwood reuniu os capitães dos navios restantes e
traçou uma estratégia de busca.
O cruzador ligeiro HMS Ajax era o navio-capitânea do destacamento comandado pelo comodoro Harwood. O HMNZS Achiles, da Nova Zelândia, era idêntico a ele.
Aqui cabe um parêntese
para esclarecer que os ingleses julgavam estar caçando o Admiral
Scheer, navio idêntico ao Graf Spee.
Acertadamente,
reconstruindo os movimentos anteriores do corsário, Harwood teria deduzido
que ele não resistiria à tentação de se dirigir para a embocadura
do Estuário do Prata, onde havia um grande fluxo de navios partindo
abarrotados de suprimentos para a Inglaterra. E para lá rumou com
seus 3 cruzadores. Existam versões de que o comandante britânico dispunha de informações privilegiadas, pois o almirantado teria interceptado e decifrado mensagens em código do Graf Spee para o Altmark e para Berlim.
Se tivesse marcado um
encontro, não teria tido maior precisão, pois ao amanhecer de 13 de
dezembro, o Spee e os três cruzadores ingleses avistaram-se, quase
que simultaneamente, aproximadamente às 6:20 h.
Até hoje não ficou
claro porque o Graf Spee, que já estava prestes a regressar para a
Alemanha vitorioso, não procurou escapar dos inglêses. Existem
informes de que, a princípio, o capitão Hans Langsdorff julgou que
se tratasse de apenas um cruzador e dois destróieres, possivelmente
escoltando um comboio ainda encoberto pelo horizonte.
Harwood ordenou que o
Exeter se aproximasse para uma identificação mais positiva do navio
avistado. Convém esclarecer que o Spee utilizava uma série de
camuflagens durante a sua caçada, falsificando chaminés, torres e
as vezes se fazendo passar por navios de países neutros.
Enquanto o Exeter se
aproximava, o Ajax e o Achilles rapidamente contornavam a rota do
Spee, flanqueando o alemão pelo outro lado.
Assim que teve o Exeter
ao seu alcance, o Spee abriu fogo sobre o cruzador inglês. Dois
minutos depois, o Exeter respondeu ao fogo, acertando o Spee e
danificando seu sistema diretor de tiro.
Outra salva do Exeter
danificou uma torre secundária e estilhaços atingiram a ponte,
ferindo o comandante alemão no rosto e no braço.
Langsdorff, a princípio,
tentara dividir sua artilharia principal de 11”, atirando com
apenas uma torre contra o Exeter e usando a outra contra o Ajax e o
Achilles. Mas, logo percebeu a precisão e o peso das granadas do seu maior inimigo e desviou
toda sua artilharia principal contra o Exeter, mantendo apenas as peças
secundárias do outro costado atirando contra os cruzadores ligeiros.
Com isto, o Exeter passou
a receber todo o peso da artilharia principal do Spee, e foi alvejado
diversas vezes. Sua ponte de comando foi atingida por uma granada de
11” que matou todos os oficiais presentes, exceto o comandante.
Suas torres foram sendo silenciadas uma após outra e diversos
incêndios irromperam por todo o navio.
A destruição nos conveses do Exeter, após receber vários impactos de granadas de 11". A ponte de comando foi destroçada por estilhaços.
Finalmente, com seu sistema de interfone destruído, apenas um dos canhões atirando manualmente, e, com 61 mortos e 23 feridos a bordo, o bravo Exeter, coberto de fumaça, começou a afastar-se, não sem antes disparar uma salva de torpedos contra o couraçado alemão.
O Spee tentou encurtar a
distância para destrui-lo, mas os velozes Ajax e Achilles
aproximaram-se corajosamente, atirando sem cessar com seus 16 canhões
de 6”, causando diversos danos no Spee, que foi obrigado a voltar
contra eles sua artilharia principal.
Em
homenagem ao HMS Exeter e sua corajosa tripulação, o autor desta
matéria montou esta maquete(inacabada) do navio, na escala 1/400, usando
balsa, plástico, clips e diversos materiais catados na sucata.
(Clique para ampliar)
Os cruzadores, tirando
proveito de sua velocidade superior, se afastaram novamente, sempre
castigando o Spee com seus canhões, enquanto manobravam para
tentar evitar os tiros do alemão.
Isto não impediu que o
Spee acertasse o Ajax, pondo fora de ação suas duas torres de ré e
decepando seu mastro traseiro.
Então, estranhamente, o
couraçado alemão soltou uma cortina de fumaça para ocultar seus
movimentos e virou em direção ao Estuário do Prata, rumando para
Montevidéo, sempre acompanhado pelos dois cruzadores ingleses.
(Na sequência: A BATALHA DO RIO DA PRATA - II)
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Siglas:
HMS = His Majesty Ship (usada por todos os navios de guerra britânicos)
HMNZS = His Majesty New Zealand Ship (por se tratar de um navio neozelandês)
(Na sequência: A BATALHA DO RIO DA PRATA - II)
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Siglas:
HMS = His Majesty Ship (usada por todos os navios de guerra britânicos)
HMNZS = His Majesty New Zealand Ship (por se tratar de um navio neozelandês)
Mininuducéu como estava com saudade dessas postagens históricas! Aprendendo com o senhor Leonel. Asteróide é história e cultura.
ResponderExcluirBeijuuss amaaado
E eu com saudades dos meus leitores que sumiram!
ExcluirBom te ver de volta!
Bjs, Rê!
YESSSSSSSSS! Será que tô sonhando? Sem verificação de palavras??? YESSSSSSS
ResponderExcluirEspero que os "spamzeiros " me permitam manter essa abertura...
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