Acabou a Copa do Mundo!
Parafraseando o final do livro “O Grande Circo”, de Pierre Clostermann:
O Grande Circo partiu.
O público ficou satisfeito. O programa foi extenso, os atores não totalmente maus e os leões devoraram o domador.
Em família, os comentários durarão ainda alguns dias. E, mesmo quando tudo for esquecido, - a fanfarra, os fogos de artifício e os belos uniformes – restarão ainda, na praça da vila, o círculo de serragem da pista e os buracos das estacas.
A chuva e o olvido em breve lhes apagarão os traços...
O autor se referia ao final de uma guerra, onde combatera como piloto de caça, dormindo as vezes em barracas e mudando frequentemente de base, na medida que os aliados avançavam.
Mas, voltando ao nível do solo, ou melhor, do gramado, tenho a impressão de nunca ter visto antes uma final tão medíocre como esta, jogada entre Holanda e Espanha.
Dois times incompetentes e medrosos. Aqueles mesmos “entendidos” que tanto criticaram e até agrediram Dunga se desmancharam em elogios para o vencedor, cujo único mérito foi ter tido a sorte de ter um raro momento de acerto, num jogo de precauções e passes laterais, todos esperando o erro do adversário.
Cade a tal “ousadia” que tanto cobraram da seleção brasileira? E o “futebol alegre” que tanto elogiaram na Argentina?
Venceu aquele que, mesmo cautelosamente, se atreveu a tentar atacar. Poderia ter perdido o jogo por isto, se fosse apanhado na armadilha de um contra-ataque holandês, como aconteceu com outros.
Até foi, mas quis o acaso que os atacantes falhassem e que no gol espanhol tivesse um goleiro de respeito.
Não me venham comparar com a final de 1994, decidida nos penaltis!
Naquele jogo, o Brasil foi só pressão o tempo todo sobre a Itália e os gols brasileiros só não aconteceram por causa do tal “imponderável de Oliveira”.
Teve um momento em que o goleiro italiano Pagliuca chegou a beijar a trave, em agradecimento!
Mas, o circo partiu!
Os pontapés criminosos em Elano, Luiz Fabiano e outros serão esquecidos, assim como o gol da Inglaterra, vergonhosamente ignorado pelo árbitro e a perplexidade de Kaká ao ser expulso injustamente. A pisada de Felipe Mello no holandês vai custar um pouco mais...
Finalmente, ficarão as lembranças do futebol magnífico de Forlan, que fez tudo o que se esperava de Messi+Cristiano Ronaldo, e das defesas milagrosas do frio goleiraço espanhol Casillas.
Esqueci alguém? Provavelmente sim. Mas, a maioria das seleções desta copa também esqueceu do futebol...
Mais uma vez a fórmula romana: "panis et circenses" imperou e nos alienou do vasto mundo hostil que nós mesmos criamos. Como os demais habitantes do Planeta fiquei feliz com a distração e estou ansioso que venham logo, as próximas Copas e as Olimpíadas. Como estou naquela faixa etária que neste Patropi pode ser considerada quase sobre vida, justifica-se o "ansioso", não sei quantas Copas ainda vou assistir.
ResponderExcluir- Que venham as próximas funções... e que o circo não pegue fogo! Você, meu amigo, traçou um paralelo perfeito entre dois eventos tão diferentes. Parabéns.
ResponderExcluirÔpa! Gostei do novo visual! Digno do conteúdo. Parabéns!
ResponderExcluirJair, eu estou aprendendo agora a usar os recursos para mudar a aparência.
ResponderExcluirJá tirei também a "peneira" dos comentários.