FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

domingo, 18 de julho de 2010

FILMES DE SUSPENSE A BORDO DE AVIÕES

Após a II Guerra Mundial, a aviação nos EUA havia atingido progressos notáveis, em consequência das tecnologias aplicadas ao desenvolvimento do avião como arma de guerra.
Motores mais potentes, cabines pressurizadas, aviões capazes de alcançar distâncias maiores, transportando cargas mais pesadas e voando mais alto sobre nuvens carregadas eram alguns dos melhoramentos que foram logo incorporados à aviação civil.
Além disso, o governo havia treinado um enorme contingente de pilotos, tripulantes e técnicos de manutenção, para serem utilizados por suas forças armadas. Ao final do conflito, muitos desses homens foram desmobilizados, e  procuravam seu espaço na vida civil.
Somando todas essas condições ao senso de oportunidade e ao culto americano pelo lucro, o que resultou foi um incremento das atividades de empresas de transporte aéreo de passageiros e carga.
Para Hollywood, isto criou um novo cenário para ambientar seus filmes: as cabines de aviões de passageiros.
E surgiu uma nova variante dos filmes de suspense: os filmes de suspense a bordo de aviões.
A fórmula básica de um destes filmes era: um revelação dos dramas e situações pessoais dos pilotos e de alguns passageiros;  uma pane ou condição insegura; a tensão a bordo e seus efeitos, gerando reações variadas nos protagonistas; e finalmente o clímax, geralmente com um pouso forçado ou crítico.
Um desses filmes, talvez o mais emblemático e pioneiro do gênero foi Um Fio de Esperança, de 1954 (The High and The Mighty), da Paramount Pictures.
Nele, John Wayne é Dan, “o assobiador”, e já começa o filme assobiando o lindo tema musical da película (A trilha sonora, de Dimitri Tiomkin, recebeu o Oscar, enquanto a canção-tema, apesar de indicada, não foi premiada).
Dan é um piloto que se envolveu em um grave acidente, onde perdeu sua família e escapou por pouco. O avião, um quadrimotor Douglas DC-4, inicia uma travessia sobre o Pacífico, partindo do Havaí até S. Francisco, na Califórnia. A bordo, diversas situações se revelam, até que uma falha num dos motores, somada a um erro do navegador, os deixa na condição em que os pilotos tem que escolher entre pousar no mar ou se arriscar a colidir com uma colina na rota para o seu aeroporto de destino.

Na sequência, eu me lembro de Céu de Agonia, de 1960 (The Crowded Sky). Desta vez, o piloto é Dana Andrews, já não tão jovem. Na verdade, um dos pilotos, pois neste filme há dois aviões envolvidos. Além do quadrimotor DC-4 de passageiros, tem também um jato de treinamento T-33 da marinha americana, onde um veterano piloto já acidentado anteriormente leva como passageiro um jovem cadete naval saindo de férias. Os aviões acabam em uma rota de colisão, justificando o título original do filme, que seria algo como “céu congestionado”.
E por aí veio Aeroporto, de 1970 (Airport), baseado no romance homônimo de Arthur Hailey, com uma trilha sonora lindíssima, que fez muito sucesso com diversos intérpretes. Um elenco magnífico, encabeçado pelo carismático Burt Lancaster, com Dean Martin, a clássica Jean Seberg e a linda Jacqueline Bisset, além do durão George Kennedy e Van Heflin, já não tão duro...Mas, Helen Heyes foi quem levou o Oscar como coadjuvante.
E, depois, veio uma sequência interminável de “Aeroportos”, cada qual mais incrível que a anterior:
Aeroporto 75 (1974) – Uma aeromoça pilota um Boeing 747, onde os pilotos morreram, até ser socorrida por outro piloto que passa de um helicóptero para o seu avião!
Aeroporto 77 (1977) – Um Boeing 747 vira submarino!!
Aeroporto 80 -O Concorde (1979)- Um Concorde se esquiva até de um míssil que busca calor!!!
Depois, as situações se diversificaram, e os filmes passaram cada vez mais do drama para ação a bordo, sem perder contudo a suspense.
Passageiro 57 (Passenger 57-1992) – Terroristas fazem sua festa a bordo de um Lockheed L-1011. Por azar deles, um dos passageiros é um ex-policial (Wesley Snipes) especializado em lidar com sequestros aéreos.
Fenda No Tempo (The Langoliers – 1995) – Numa história de Stephen King, passageiros de um voo doméstico nos EUA se vem presos numa fenda temporal, onde todo o resto das pessoas do mundo sumiram. Poderia ser um bom filme, meio ficção-científica, se em determinado momento não surgissem ridículos monstrinhos que devoram até o concreto!
Con Air - A Rota da Fuga (Con Air-1997) – Uma seleção de criminosos perigosos tomam o comando do avião C-123 Provider que os transporta, mas felizmente Nicholas Cage é um criminoso “do bem”.
Força Aérea Um (Air Force One – 1997) – Terroristas sequestram o avião presidencial americano com o próprio presidente (Harrison Ford) a bordo. Já viu que não tem pra ninguém!
Plano de Voo (Flightplan – 2005) - Filme angustiante e cheio de suspense, onde a personagem Kyle Pratt, interpretada pela excelente Jodie Foster, alega ter sua filha desaparecida, durante um voo de Berlim à Nova Iorque.
Voo United 93 (United 93 – 2006) – Triste história real sobre o sequestro de uma das aeronaves dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, no qual os passageiros reagiram, enfrentando os sequestradores e impedindo mais um atentado. Existem duas versões deste tema, uma feita para a TV (Flight 93) e outra para o cinema.
Mas esta não é uma lista de todos os filmes de suspense a bordo de aviões. Houve outros, com aviões no meio de furacões provocados pelo homem, pessoas sem experiência pilotando, cobras soltas na cabine, e outras situações incríveis.
Aguardemos os próximos, pois o espetáculo ainda não acabou.

3 comentários:

  1. Gosto de suspense e ação e gosto de aviões, o que não gosto é quando se mistura os três ingredientes sem muito critério. No geral esses filmes envolvendo situações-limite a bordo de aviões, têm sido assistíveis, mas, as vezes, cobras a bordo ou gente disparando armas automáticas em aeronaves pressurizadas é um pouco demais. Mas o texto está excelente, parabéns.

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  2. - O Jair e você, Leonel, assim como eu e muitos outros que já labutamos na aviação tendemos a julgar esses filmes pela sua verossimilhança, mas também sabemos dar o desconto para a imaginação e a criatividade. Vi a a maioria dos filmes citados, e só não gostei do ridículo Fenda no Tempo. Até mesmo o Apertem os cintos - o piloto sumiu é divertido, pois assume claramente o papel de comédia escrachada.

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  3. Nos primeiros filmes sobre o tema, como Um Fio de Esperança e Céu de Agonia, assim como em Aeroporto, os incidentes eram perfeitamente possíveis e aceitáveis.
    Foi a partir das sequências de Aeroporto que os diretores partiram para a farra, com enredos cada vez mais inverossímeis.

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