FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

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sábado, 19 de outubro de 2013

O PRIMEIRO CONTATO

No conto de Arthur C. Clarke A SENTINELA (*), de 1948, uma expedição à Lua, em 1996, descobre meio enterrada na poeira lunar, uma estrutura piramidal cercada por um campo de força, presumivelmente colocada ali há talvez milhares de anos antes da existência de nossa civilização por visitantes extraterrestres.

Após muitos esforços, usando detonações nucleares, os homens conseguem romper a proteção, mas isto faz com que o objeto emita uma transmissão endereçada aos confins do espaço, supostamente para avisar aos construtores que os humanos finalmente haviam conseguido sair do seu planeta. O conto termina com a expectativa de que os visitantes voltarão para fazer contato com nossa civilização. Mas expressa um temor:

“Os que estavam na escuta certamente voltarão suas mentes para a Terra. Talvez desejem auxiliar nossa jovem civilização. Devem, no entanto, ser muito, muito velhos e, frequentemente, os velhos têm uma inveja insana dos jovens.”

O temor do primeiro contato é explicável: basta observar aqui mesmo na Terra, o que aconteceu quando civilizações tecnologicamente mais avançadas fizeram contato com nativos. Principalmente no continente americano, os europeus, mesmo sendo bem recebidos, se revelaram arrogantes e gananciosos, saqueando até as últimas riquezas dos nativos, banindo as “heresias” representadas por suas culturas, obrigando-os a se converterem às suas religiões, escravizando-os e finalmente exterminando-os por guerras ou pelas doenças que trouxeram, ou até mesmo dizimando suas fontes de alimentação, como fizeram os colonos com os búfalos da América do Norte.

Assim, se as culturas tecnologicamente mais avançadas se comportarem da mesma forma que nós, só teremos a temer deste primeiro contato.

Extraterrestres se preocupariam com nossos princípios morais e éticos? Talvez tenham princípios completamente diferentes...
 

Talvez por isto, os governos das principais potências se mostram tão reservados quando o assunto são OVNI (objetos voadores não-identificados) e supostos contatos com seres extraterrestres. Do ponto de vista militar, é uma clara situação de impotência se admitir que naves alienígenas possam cruzar o espaço aéreo de uma nação a seu bel-prazer, sem serem interceptados nem identificados.

Do ponto de vista político, parece evidente que alguém capaz de vencer distâncias intergalácticas pouco se importará com problemas desta natureza. Outro aspecto que tem que ser levado em conta é o pânico que a presença de alienígenas poderia causar na população e de que forma isto pode influenciar suas crenças e princípios morais. Será que seres tão diferentes seguem alguma regra de conduta que os impeça de nos ver apenas como um rebanho de animais a ser estudado ou dissecado? Quererão levar alguns espécimes para seu zoológico espacial? Ou nos utilizar para pesquisas, como fazemos com alguns animais do nosso próprio mundo?

A curiosidade sobre alienígenas é grande...Mas, será que vale mesmo a pena encontra-los, ou melhor, ser encontrado por eles?

Afinal, eles também poderiam ser também mais evoluídos na arte da convivência, como os humanos tentam ser há tanto tempo. Neste caso, seriam os “ETs bonzinhos” como aquele do filme de Steven Spielberg. Poderiam nos ensinar muita coisa...

Interessante que, para cada filme ou história de ET camarada existem uns dez (ou mais?) de alienígenas vampirescos, que exterminam de forma sistemática e buscam ocupar nosso planeta para criar sua colônia, ou estão atrás de recursos como água ou oxigênio, abundantes em nosso planeta.

Em algumas destas histórias, os visitantes devastam sem nenhuma explicação ou diálogo, e a princípio, os terráqueos parecem não ter a menor chance. Depois, de alguma forma ilógica e fantasiosa, conseguem derrotar os alienígenas e suas tecnologias mais avançadas, usando apenas nossas armas rudimentares e alguma criatividade.

Uma civilização tecnologicamente mais avançada poderia arrasar nosso planeta sem mesmo pisar nele. Mas, por que faria isto?
 
Mas, examinando a história de nosso planeta, podemos constatar que as civilizações mais adiantadas tecnologicamente sempre subjugaram as mais rudimentares.
Nossa maior esperança é a de que os ETs sejam bem diferentes de nós, e mais avançados também na filosofia e no conceito de preservação da criação.

Afinal, mesmo se um pequeno percentual dos incontáveis relatos de avistamentos de OVNI forem autênticos, isto mostraria outra alternativa: os visitantes querem apenas observar, sem interferir, da mesma forma que os humanos observadores da vida selvagem terrestre e aquática, que filmam, tiram fotos e colocam rastreadores em animais apenas para conhecer seus hábitos.

Oremos para que os alienígenas sejam bem menos gananciosos do que os humanos comuns e se comportem como os naturalistas e ecologistas...
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(*) Alguns anos depois da publicação nos EUA do conto A SENTINELA, Arthur C. Clarke recebeu um convite para desenvolver a história como argumento para um filme. Daí se originou o lendário 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (1968), um filme que virou cult para os fãs da ficção científica. O conto original foi publicado nos EUA em 1951 pela Avon Periodicals Inc., e no Brasil em 1978, na coletânea SOBRE O TEMPO E AS ESTRELAS, da Editora Nova Fronteira.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FILME: CONTRA O TEMPO


Infelizmente, uma coisa começar bem não é uma garantia de que vai terminar bem.
No caso do filme CONTRA O TEMPO (Source Code – 2011 - EUA/FRA – 93 min. - Cor), o estreante roteirista Ben Ripley foi apenas mais um a cair na armadilha de tentar "consertar" as coisas com aquela mesmice tão peculiar aos seus colegas de profissão, e acabou perdendo o fio da meada. 
E assim, transformou o que poderia ser um novo cult em apenas mais um filme de ficção-científica, que vai muito bem por três quartos do tempo, se confundindo no final.
Acaba valendo pela proposta e pela boa direção de Duncan Jones, de Lunar (Moon - ING -2009). Trata-se do filho do roqueiro inglês David Bowie, e parece estar criando boa reputação no gênero. Eu ainda acho que vale a pena assistir, pelo seu conteúdo e proposta,  apesar da perda de rumo final. 


Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), piloto militar americano, servindo no Afeganistão, de repente se vê como que despertando em um trem, nos EUA, viajando em companhia da jovem Christina Warren (Michelle Monaghan) que ele não conhece, mas que parece conhece-lo muito bem. 
Só que ela o chama por outro nome e ele acaba descobrindo que, aparentemente, está no corpo de outra pessoa!

Colter (Jake Gyllenhaal) e Christina (Michelle Monaghan): como eu vim parar aqui?

Este início chocante e enigmático é apenas o aperitivo do que está por vir: dali a pouco, o trem inteiro explode e ele “desperta” novamente, agora para descobrir que é parte de um inusitado experimento militar americano.
Através dos contatos com a capitão Goodwin (Vera Farmiga), sua supervisora, ele é informado que estão sob a direção do Dr. Rutledge (Jeffrey Wright), tentando evitar uma sequência de atentados terroristas.
Um trem foi explodido em Chicago, e o mesmo autor do atentado parece disposto a continuar atacando, com intensidade cada vez maior.

Goodwin (Vera Farmiga) e o Dr. Rutledge (Jeffrey Wright) coordenam uma missão inusitada.

Mas, uma tecnologia inédita possibilita que sejam recuperados os últimos 8 minutos de memória do cérebro de uma das vítimas mortas na explosão. E além disto, permite que outra pessoa possa reviver aqueles oito minutos no lugar do morto, e o mais interessante, interagir com o código-fonte dos eventos, e criar alternativas para tentar descobrir o autor do atentado, a tempo de impedi-lo de continuar sua escalada terrorista.

Colter descobre cada vez mais motivos para se preocupar...

Desta, forma, Stevens pode reviver os últimos minutos de uma das vítimas, o professor Sean Fentress (Fréderik De Grandpré),   usar e abusar dos acontecimentos e dispor do cenário e das pessoas em torno, explorando todas as possibilidades e alternativas. Porém, as variantes ocorrem apenas naquele ambiente, pois os eventos já ocorridos não podem ser revertidos. E nisto está a coerência necessária para tornar sustentável a estrutura do filme.
No decorrer das tentativas, Colter começa também a ficar intrigado com sua própria sorte e destino. Suas últimas lembranças datam de dois meses antes e ele se divide entre descobrir o autor do atentado e o que aconteceu consigo mesmo neste lapso de tempo.
Logo, as coisas começam a se esclarecer e ele acaba tendo outros motivos para se preocupar...
Como eu falei no início, este poderia ser um dos raros casos de roteiro que não perde o fio da meada, porém, na sequência final, a tentação de fazer "final feliz" prejudicou a coerência, e a premissa principal foi perdida...
A mesmice obsessiva de querer modificar coisas que já ocorreram contaminou o que seria uma excelente história.
De qualquer forma, eu acho que a abordagem deve agradar aos fãs de SCI-FI, mas sem dúvida as incoerências serão notadas. Minha opinião é de que vale apena assistir, mas não espere o grande filme sugerido pelo início.
Quem sabe, daqui a pouco surja uma "versão do diretor", como aquela que foi feita para BLADE RUNNER...
Pelo menos assim poderiam realmente consertar os erros cometidos no passado! (Mas sem muda-lo!)
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O filme foi exibido nos cinemas em setembro de 2011, está disponível em DVD nas revendedoras e locadoras, e esteve recentemente sendo exibido pelo canal a cabo Telecine Premium. 

Obs: Não confundir com:
Contra o Tempo (Slipstream - EUA - 2006)
Contra o Tempo (Cradle 2: The Grave - EUA -2003)
Pelo visto, não há nenhum critério (ou se há, não é obedecido) na escolha de títulos para obras estrangeiras no Brasil.

sábado, 7 de janeiro de 2012

FILME: A ORIGEM

Hollywood despeja anualmente uma torrente de filmes de ficção-científica, muitos sobre temas redundantes, alguns repetitivos, outros medíocres. Alguns até começam bem, mas depois parecem perder o fio da meada e caem nos velhos clichês, outros dão a impressão de que a produção brigou com o roteirista no meio do filme, e contrataram outro para dar um final na história!
Mas, de vez em quando, surge uma abordagem inusitada e bem feita, onde a coerência é mantida do princípio ao fim.

A ORIGEM (Inception – EUA – 2010 – 148 min. - Cor) tem, na minha opinião, os requisitos para tornar-se um verdadeiro cult.
A direção é do anglo-americano Christopher Nolan, de O Grande Truque (The Prestige), Amnésia (Memento), Batman Begins e Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), que também é co-produtor e o autor do script.
Dom Cobb (Leonardo Di Caprio) e seu parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt) trabalham para uma empresa especializada em espionagem industrial chamada COBOL Engenharia.

Arthur (Gordon-Levitt) e Cobb (Di Caprio): parceiros na invasão do subconsciente alheio.
Sua função é sequestrar pessoas e induzi-las ao sono com sedativos para, com o auxílio de uma estranha e sinistra engenhoca, força-las a compartilhar de seus sonhos.
Seu objetivo é, durante o desenrolar deses sonhos dirigidos por Cobb, induzi-las a revelar-lhe segredos de sua vida real.
Os alvos são dirigentes de megacorporações rivais, cada um querendo descobrir os segredos do outro.
Mas, a farsa tem que ser bem feita, pois suas vítimas podem já terem sido instruídas sobre suas técnicas e  perceberem que estão em um sonho. Neste caso, pode ser necessário inserir um sonho dentro de outro, para confundir ainda mais a vítima em potencial.
A técnica envolve toda uma equipe, incluindo o arquiteto Nash (Lukas Haas), que deve “construir” mentalmente os cenários dos sonhos, o encenador de personagens Eames (Tom Hardy) até o químico Yusuf (Dileep Rao), para preparar e dosar os sedativos.

Na equipe de viajantes do subconsciente, cada membro tem uma função definida.

E existem peculiaridades: na escala dos sonhos: o tempo anda mais acelerado e 5 minutos no tempo real podem equivaler a uma hora num sonho.
Quando se insere sonhos dentro de sonhos, em camadas, a coisa cresce de forma geométrica e num terceiro nível de sonho, algumas horas de sono no tempo real podem equivaler a até mais de 50 anos no sonho, ou quase toda uma vida!
Devido a uma falha do arquiteto Nash, Cobb é descoberto tentando arrancar os segredos do megaempresário japonês Saito (Ken Watanabe), diretor de uma grande corporação, e passa a ser perseguido pela sua própria empresa.
Numa reviravolta, Saito tenta contrata-lo para eliminar uma empresa concorrente, e acena com uma proposta para retribuir pelos serviços resolvendo um problema legal que impede Cobb de regressar aos EUA e rever seus filhos.
Cobb acaba aceitando e tem que formar uma nova equipe. Para isto consegue persuadir a jovem estudante de arquitetura Ariadne (Ellen Page), que fica fascinada pela capacidade criativa que pode desenvolver na construção dos cenários dos sonhos.
Mas, logo ela descobre o que os outros membros já sabiam: Cobb tem sérios problemas pessoais com a esposa Mal (Marion Cotillard), que interfere negativamente em todos os seus sonhos, e acaba pondo em risco a missão.

A esposa Mal (Marion Cotillard) é um problema adicional para Cobb.

Primeiro ele tem que resolver seus traumas pessoais, para depois levar a termo os propósitos do acordo com Saito, que resolve também participar pessoalmente do grupo.
Também integram o elenco Tom Berenguer e Michael Caine.
A trama é envolvente, e coisa rara, me faz esperar por uma sequência!

A Origem recebeu o Oscar nas categorias:

Melhor Fotografia
Melhor Edição de Som
Mixagem de Som
Efeitos Especiais

E ainda foi indicado para: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Trilha Sonora Original e Melhor Direção de Arte,

O andamento do filme nunca deixa o espectador entediado, mas é aconselhavel que escolha uma boa hora para assisti-lo, pois qualquer interrupção ou desatenção poderá faze-lo perder detalhes relevantes para a trama. Apesar da duração de 2:28 h, nada no filme é “enchimento de linguiça”, e sempre algo de importante está acontecendo.
O DVD está nas locadoras, mas também pode ser adquirido nas principais fornecedoras por custos entre R$16,90 a R$ 20,00.
Não vou falar dos P2P...


Nota(1):Esta postagem era para ser publicada amanhã, dia 08, mas acidentalmente, quando fui "visualizar", o vinho fez efeito e acabei clicando em "publicar postagem"...E não sei como desfazer sem receio de perder tudo...

Nota(2): Este filme serviu de inspiração para o episódio 16 da 23ª temporada de OS SIMPSONS, onde um cientista meio maluco conecta toda família a uma máquina para compartilhar os sonhos de Homer e descobrir por que ele está molhando a cama durante o sono...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FILME: REPO MEN - O RESGATE DE ÓRGÃOS

Atualmente, algumas situações me tem feito assistir à TV mais do que eu acharia razoável... Minhas alternativas na TV a cabo são os canais de cinema e os documentários sobre história ou sobre os animais.
Mas, no que se refere à filmes ditos de “ação”, acho que talvez seja necessária a criação de uma nova categoria: filmes de “dissecação”!
Eu me refiro à filmes onde haja a exposição excessiva de cenas de sangue, sem que isso seja de forma alguma relevante para a compreensão da trama, usando até "closes" para mostrar cortes e mutilações, com sangue espirrando em profusão.
Cenas que se prolongam bem além do que seria necessário, me fazendo supor que o diretor deve sofrer de alguma doença mental, ou então que sua obra é dirigida a pessoas com alguma perturbação psíquica! 

 Capa do DVD americano

REPO MEN – O RESGATE DE ÓRGÃOS (Repo Men – EUA/CAN, 2010, 111 min.) é um destes filmes onde a obsessão do diretor Miguel Sapochnik por cenas sanguinolentas, principalmente na sequência final, me fez esquecer a linha principal da trama, aliás cheia de falhas lógicas, com tentativas de fazer algo que não tem a menor possibilidade de dar certo!
Também me fez perder o interesse em olhar a tela, e acompanhar aquela série de coisas sem consistência, mesmo para um filme de ficção-científica!
Baseado num conto de 2009, Repossession Mambo, de Eric Garcia, a proposta até é interessante: Em uma época futura, sem que se saiba como isto pode ter sido legalizado, a empresa Union fabrica e comercializa órgãos artificiais para transplantes em seres humanos. Os órgãos são de alta qualidade e geralmente substituem com vantagem os naturais. São fornecidos numa espécie de sistema leasing, onde o usuário deve pagar mensalmente pela permanência e manutenção do componente implantado. Se porém, por algum motivo, não puder faze-lo, e as prestações atrasarem além de determinado prazo, o contrato determina que o órgão seja tomado de volta pela empresa (como se fosse um carro ou uma TV!), embora isso geralmente possa significar a morte do paciente!

 Jake (Forest Whitaker) e Remy (Jude Law): parceiros colocados em posições antagônicas.

E a retomada é feita de forma compulsória, por elementos chamados agentes resgatadores (repo men), que agem motivados por premiação de acordo com a sua produção, ou seja, quanto mais órgãos resgatados de maus pagadores, mais eles recebem!
As personagens centrais são dois parceiros resgatadores, que são amigos e fazem seu trabalho com muita eficiência, e um deles parece até adorar suas funções!
Remy (Jude Law) e Jake (Forest Whitaker) trabalham para o frio Frank (Liev Schreiber), diretor da empresa Union. Eles são os mais eficientes resgatadores de órgãos em atividade, para desespero de suas vítimas, que fazem tudo para escapar de suas pistolas de choques atordoantes e de seus bisturis, usados sem anestesia para abrir os corpos em busca de seus componentes!
Jake parece adorar sadicamente o que faz, mas Remy, cheio de problemas com sua esposa e filho, se vê pressionado a mudar de função, e pensa tornar-se vendedor de órgãos, ao invés de resgatador.
Porém, um estranho acidente acaba por coloca-lo em uma situação dfícil, e ele tem que retomar suas funções para manter sua própria vida! E acaba tendo que se confrontar com seu amigo e parceiro!
Minha recomendação é: não assista!
Apesar do excelente trio de atores, acompanhados ainda por Alice Braga, no papel de Beth, uma mulher viciada e cheia de transplantes, tem que ter muito estômago para suportar as cenas sangrentas, e o final pode não compensar!
Mas, se a curiosidade o fizer superar o nojo e as náuseas, depois me diga o que achou!
Eu acho que com o mesmo tema, e com os mesmos atores, poderia ter sido rodado um filme bem melhor.

terça-feira, 1 de março de 2011

O MONSTRO


O monstro está à espreita...
Tento impedir que o medo me domine, empunhando a arma com firmeza...
Ela deveria me dar segurança,
Mas não me sinto seguro...
Lá fora, não escuto nenhum ruído que me indique de onde ele virá...
Meu olhar prescruta as sombras, examinando as áreas de penumbra...
Mesmo apertando os olhos, não consigo distinguir o menor traço da sua presença...
Mas, um pressentimento me faz estremecer...
Mesmo sem vê-lo ou ouvi-lo, eu sinto a iminência de seu ataque!
Tardiamente, começo a perceber então algo que eu tinha medo até de pensar...
Não adianta empunhar armas nem se postar em guarda diante da entrada...
Porque o monstro não virá por aí...
Ele já está dentro!
Nada pode me salvar!
A escuridão onde ele se esconde não está lá fora, mas aqui dentro...
Não apenas dentro de meu abrigo, mas nos recantos sombrios da minha própria mente!
Mas, como ele entrou aí, se estive sempre em guarda para impedir sua entrada?
Na realidade, ele nunca entrou, mas sempre esteve aí...
Ele já nasceu comigo, e conviveu comigo em todos os meus momentos mais íntimos...
Sentiu comigo os prazeres e as dores da existência...
Aprendeu junto comigo sobre as sensações do mundo...
Sabe tudo sobre mim, conhece bem a minha natureza e as minhas fraquezas...
Pode prever minhas ações, reações e pensamentos...
Sua natureza é selvagem e irracional...
Ele não tem ódios, amores nem sentimentos como piedade ou medo!
Toda a sua energia está canalizada para atingir seu objetivo a qualquer preço,
Até mesmo à custa da aniquilação de outros ou de si mesmo...
Se tivesse olhos, seriam frios e inexpressivos como os de um tubarão...
Se me encarasse, eu não veria na sua face qualquer emoção...
Ele faz apenas o que seus instintos desenfreados lhe dizem...
Sua natureza é inconsequente...
Para ele, matar pode ser apenas mais uma etapa na sua busca...
Como pude conviver tanto tempo com ele sem me aperceber da sua presença?
Como pode ele ter convivido tanto tempo comigo sem criar nenhum laço de afinidade?
Quando me dominar, serei exatamente como ele...
Não sentirei qualquer piedade diante da dor e do desespero...
Tampouco me importarei com a agonia das vítimas...
Só o meu próprio fim poderá me libertar dele...
Agora, eu já posso senti-lo chegando...
Terei forças para usar a arma...?

Esta divagação foi inspirada no filme O Planeta Proibido, onde uma expedição científica interplanetária chega a um planeta deserto. Lá, encontram instalações que foram construídas por uma civilização extinta. Entre os artefatos encontrados, existe uma máquina que tem a capacidade de captar, amplificar e projetar a energia do cérebro, ocasionando efeitos físicos em qualquer lugar do planeta. Porém, ao usa-la, o cientista não percebe que a máquina processa também os componentes da psiquê humana, inclusive o ID, componente instintivo, amoral e selvagem que existe no subconsciente de todos nós, e que uma vez libertado, se torna um monstro que fará tudo para satisfazer seus instintos básicos, destruindo quem se colocar no seu caminho.
Eu assisti ao filme quando tinha 12 anos, e a a história me impressionou bastante, se tornando uma referência para mim, no gênero.

Eu já fiz referência a este filme em duas postagens:
e

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

LESLIE NIELSEN - TRISTE IRONIA

Leslie Nielsen (11-fev-1926 - 28-nov-2010)

O ator canadense Leslie Nielsen deixou nosso planeta neste 28 de novembro, aos 84 anos. 
E, nesta mesma semana, um amigo que reside nos EUA, em visita ao Rio, me trouxe um presente que ele me já me antecipara ao ler minha matéria Um Vovô da Boa Ficção-Científica. Naquela postagem, eu cito a ausência do filme O Planeta Proibido (Forbidden Planet - 1956) nos catálogos de vendas do nosso país. E  agora, este amigo acabou de me entregar nada menos do que uma Edição Especial do filme, com dois DVDs, editada nos EUA! Isto o torna meu verdadeiro Papai Noel antecipado!

 Capa da Edição Especial. Vejam a pose do galã na sua primeira viagem espacial! (Clique para ampliar.) 

A edição vem com trailers deste e de outros filmes similares, cenas deletadas da edição final, curtas da campanha promocional do filme, apresentada por Walter Pidgeon e ainda o filme Invisible Boy, e o episódio The Thin Man, da série da TV americana Robot Client, ambos com Robby, o mesmo robô do filme.
Mas, a irônica coincidência é que este foi o exatamente primeiro filme estrelado por Leslie Nielsen. Enquanto a maioria das pessoas lembrará dele como o velhote maluquete da série de filmes Corra Que a Polícia Vem Aí, Apertem os Cintos Que o Piloto Sumiu e outras comédias (e dezenas de filmes, em 5 décadas), eu o recordo também como o primeiro comandante de nave espacial que pude ver na telona. Muito da série de TV Jornada Nas Estrelas (Star Trek, outra das minhas preferidas) veio de O Planeta Proibido, inclusive a figura do capitão James T. Kirk (William Shatner), inspirada no comandante John J. Adams, do cruzador espacial C-57D, vivido por Nielsen.
Feliz viagem por outras galáxias, Comandante!

Nota: Segundo o site All Movie Guide, o escritor e produtor da TV americana Joseph Michael Straczynski  está preparando o script de um remake de O Planeta Proibido,  a ser lançado em 2011 pela Warner Bros. and Silver Pictures. Espero que não façam um show de efeitos especiais e enquanto estragam a história original, como já fizeram antes com outros filmes clássicos de sci-fi.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ENTRE O CÉU E A TERRA

Disse um pensador, acho que foi o gênio da literatura inglesa e mundial William Shakespeare, que “entre o céu e a terra há mais coisas do que pode alcançar a nossa vã filosofia”.
Sem querer remendar o que o mestre disse, digo eu:
E tem mais: nos casos em que algumas dessas “coisas” foram descobertas, elas não surgiram do nada no momento de sua revelação, mas pode-se afirmar que já estavam lá há muito tempo!

Foi anunciada oficialmente em 21 de julho de 2010, a constatação de que a estrela R136a1, do conglomerado r136, possui uma massa provável 265 vezes maior do que o Sol. É o objeto celeste de maior tamanho e massa já observado. Isto tudo apesar de já haver encolhido no decorrer de sua existência. Pelas  fórmulas, equações e deduções da nossa ciência até há um mês atrás, a massa máxima possível para um corpo celeste seria 150 vezes maior que a do Sol. Um errinho considerável, né? As equações estariam erradas, ou este limite foi "chutado", com base apenas no que já era conhecido?
(Fotos: European Southern Observatory - The Huffington Post)

Eu acho interessante a forma como, século após século, surgem sempre novas descobertas, cada vez mais surpreendentes e inusitadas, às vezes pondo por terra teorias consagradas como verdades. E consta que, se não me engano, no século XIX, alguns cidadãos que se diziam cientistas chegaram à conclusão de que nada mais havia para descobrir em determinados campos da ciência.
No conto de Arthur C. Clarke OS NOVE TRILHÕES DE NOMES DE DEUS, monges de um mosteiro tibetano compram um computador para descobrir e escrever todos os nomes de Deus, que, segundo eles, seriam nove trilhões. Sendo este (também segundo eles) o único propósito da existência do ser humano, após a sua consumação não haveria mais motivos para a existência da humanidade, que poderia então ser extinta, pois já cumprira seu desígnio divino.
Parece ser um paralelo para alguns homens da ciência, que por vezes se lançam em verdadeiras cruzadas, tentando afirmar teses sobre coisas que parecem estar bem além da sua capacidade atual de pesquisa.
Qualquer cientista com uma boa base matemática e que seja politicamente aceito pela chamada comunidade científica pode formular uma teoria sobre coisas que não podem ser confirmadas por experimentos sem ser contestado adequadamente, pois há inúmeras coisas que não podem ser negadas nem comprovadas fisicamente.
Erik Von Daniken propôs a hipótese de que a vida humana na Terra poderia ter sido originada por interferência de seres vindos de outro planeta.  Seu erro foi que ele partiu desta ideia inicial e depois começou a procurar indícios que se encaixassem nela. Por este motivo, foi combatido e ridicularizado. Mas, por que isso não seria possível? Porque não existem ETs para confirmar a história?
Poderiamos perguntar se alguém trouxe o tal "elo perdido" para confirmar que realmente os seres humanos atuais (homo sapiens) descendem deste ou daquele hominídeo pré-histórico. Mas, esta tese é aceita passivamente pela maioria das pessoas...
Quando se alcançou à dimensão do átomo, alguns julgaram haver chegado à unidade da matéria, mas depois, vieram os prótons, elétrons e neutrons, os quarks e suas variantes.
Em todos os campos da ciência, tanto no contexto do micro como no do macro, podemos constatar que continuam a surgir novas descobertas, que levam a novas teorias, que pressupoem a existência de mais coisas a serem equacionadas e descobertas.
Neste ponto, eu gostaria de lembrar o detalhe que eu citei no início: todas estas coisas que surgem como novidades nas revistas científicas na realidade já estavam todas aí, bem antes da existência da humanidade ou mesmo do nosso planeta!
Se essas coisas são novidades para nós, é porque só agora conseguimos percebe-las!
Os buracos negros, os quasares, as estrelas de neutrons, as partículas subatômicas, as cadeias de carbono, a ordenação na hélice do DNA, que nosso amigo Barcellos tão objetivamente nos descreveu tempos atrás, são todas coisas bem anteriores à época em que tomamos consciência de nós mesmos!

O Instituto Ludwig, fundação da Suíça, mantém com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) uma parceria no Projeto Genoma Humano do Câncer, o que pode levar a resultados importantes na luta contra este mal. (Foto: Fabiano Accorsi -VEJA) 

A exploração espacial, apesar de à primeira vista parecer supérflua, nos trouxe inúmeros benefícios, na forma de inovações tecnológicas desenvolvidas para atender aos requisitos dos programas espaciais. O transistor, e posteriormente os circuitos integrados, os computadores  portáteis e softwares especializados, as comunicações via satélite, os GPS,  materiais especiais como o kevlar e a fibra de carbono, as ligas de titânio, são todos avanços científicos derivados da tecnologia espacial.
Para não falar que, talvez num futuro não muito remoto, nossa aptidão para lançar mísseis pode ser a única esperança de evitarmos a precipitação de algum corpo celeste sobre o nosso planeta.
Infelizmente, a exploração espacial nos deixou também uma herança indesejável: o lixo espacial. Segundo dados publicados em 2008 pela NASA, foram contabilizados no espaço aproximadamente 17.000 destroços acima de 10 centímetros, 200.000 objetos com tamanho entre 1 e 10 centímetros e dezenas de milhões de partículas menores que 1 centímetro.
Assim, tem coisas na ciência que nos trazem muitos benefícios e alguns inconvenientes. Outras trazem alguns benefícios e quase nenhum inconveniente. Infelizmente, tem também aquelas que consomem muitos recursos, não dão nenhuma resposta às nossas dúvidas e mesmo que dessem, não nos trariam nenhum benefício, a não ser o de satisfazer  a nossa curiosidade. 


Sobre a elaboração de um plano de defesa contra impactos de asteróides, William Ailor, da empresa The Aerospace Corp., declarou em uma conferência promovida em conjunto com o American Institute of Aeronautics and Astronautics, em Garden Grove, na Califórnia, em março de 2004: "É uma coisa (a colisão com um asteróide) que sabemos que acontecerá no futuro, e temos a responsabilidade de fazer algo a respeito" (Foto: Chris Carlson/AP)

Eu fico imaginando se colocarmos em um gráfico de barras todo o conhecimento acumulado pela humanidade até agora, ao lado do que potencialmente podemos descobrir, em, digamos, mais uns cinquenta mil anos (será que nossa civilização vai durar tanto?).
Acho que a  barra que representa o nosso conhecimento atual seria quase imperceptível, diante do arranha-céu representando as coisas que ainda poderemos descobrir no período considerado!
E, se temos tantas coisas a descobrir, eu acho que deveriamos priorizar a busca por aquelas que podem influenciar de forma benéfica a nossa vida e a de nossos descendentes, ou preservar a própria existência da nossa civilização.
Tudo o mais pode ser uma desnecessária dissipação de recursos e esforços.
Aquelas outras coisas cuja explicação, mesmo que nos fosse presenteada por um ET, em nada mudariam nossas vidas atuais, deveriam ser deixadas para sua devida hora. Ou seja, para quando tivermos realmente a capacidade de percebe-las e entender o seu significado.
Essa é apenas uma opinião pessoal!
Eu acredito que há um propósito para a ciência, e a vejo como um bom caminho para acharmos formas melhores de viver e de sobreviver como civilização.

Instalações do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, EUA, onde desde julho de 2009, cientistas procuram obter uma reação auto-sustentável de fusão nuclear, utilizando uma concentração de 192 feixes de laser. Uma reação de fusão nuclear controlada poderia gerar quantidades astronômicas de energia, como estabelece a equação E=mc². (Foto: Lawrence Livermore National Laboratory - Public Affairs)

Assim, já me dou por satisfeito se nossos cientistas descobrirem uma cura verdadeira e sem efeitos colaterais para o câncer, uma forma viável de geração de energia por  meio da fusão nuclear, um meio efetivo de controlar o aumento da densidade demográfica e a consequente degradação ecológica do planeta, ou uma forma segura de nos defendermos dos asteróides desgarrados!
Talvez eu esteja sendo pretensioso demais, mas, na minha modesta opinião,  coisinhas assim parecem mais importantes,  prementes e próximas do alcance da nossa ciência do que a natureza dos fenômenos envolvidos num suposto "Big Bang" que teria criado o universo!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

UM VOVÔ DA BOA FICÇÃO-CIENTÍFICA

Em meados dos anos 50, não se falava de um gênero de filme chamado “ficção-científica”! Mas, O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1956) foi o primeiro filme do gênero que eu assisti. E o impacto foi o bastante para que eu me ligasse para sempre neste tipo de filme!

A odisséia de uma nave terrestre que se aventura até ao distante planeta Altair-4, em busca de uma expedição desaparecida, se baseia, segundo diz a sinopse, em uma obra de Shakespeare ! Claro que num contexto diferente.
 O cruzador espacial C-57D, dos Planetas Unidos

Alguns detalhes são marcantes, como o fato da nave não ser um foguete, mas um disco voador que viaja com velocidade superior à da luz, contrariando Einstein, mas já sugerindo um atalho pelo hiperespaço! E dos sobreviventes, Dr. Morbius e sua filha, contarem com a ajuda do super-robô Robby, que inspiraria outros robôs, como aquele de Perdidos no Espaço!
 O Dr. Morbius (Walter Pidgeon) demonstra as habilidades de Robby.

Outra curiosidade é que o posudo comandante da nave é ninguém menos que Leslie Nielsen, o velho palhaço de Corra Que a Polícia Vem Aí e outras comédias. O filme conta também com a presença marcante de Walter Pidgeon e da graciosa Anne Francis, como a família Morbius.
 Altaira (Anne Francis) interage com o robô.

Os efeitos especiais são limitados pelas técnicas disponíveis na época de sua produção, mas os cenários fornecem a atmosfera adequada para a trama, que continua envolvente e fascinante até hoje!

Ao localizar os sobreviventes, a equipe de resgate fica sabendo que expedição encontrou no planeta instalações que foram construídas por uma avançada civilização extinta. Entre os artefatos encontrados, existe uma máquina que tem a capacidade de captar, amplificar e projetar a energia do cérebro, ocasionando efeitos físicos em qualquer lugar do planeta. Porém, a tal máquina também capta influências causadas pelo subconsciente, e isto acaba desencadeando coisas inesperadas, e ameaçando a todos.

Segundo consta nos créditos, este teria sido o primeiro filme a utilizar sons de sintetizador eletrônico na sua trilha sonora. Neste caso, na abertura dos títulos.

Infelizmente, até esta data, o título permanece inédito entre os DVDs lançados no Brasil !

Aguardo que MGM acorde e lembre de mim e de outros fãs de ficção científica!