Desta vez, o velho não veio aqui para falar do passado, dos velhos tempos, do cheiro da comida da vovó ou dos causos da II Guerra Mundial, mas do futuro, aquele que "a Deus pertence", sobre o qual só podemos tecer conjecturas! Minha velha máquina do tempo anda meio emperrada, e ultimamente, só me permitiu alguns saltinhos de poucos minutos à frente, assim, me vi quase na iminência de ter que recorrer aos búzios ou às cartas de tarô, artefatos com os quais eu ainda não estou bem familarizado!
Mas, no meu escritório alternativo, que é essa mesa de boteco, minha salvação é um chopinho, pois nas nuances da sua espuma consigo antever muita coisa, bem mais do que alcança nossa vã filosofia!
Mas, no meu escritório alternativo, que é essa mesa de boteco, minha salvação é um chopinho, pois nas nuances da sua espuma consigo antever muita coisa, bem mais do que alcança nossa vã filosofia!
Tem coisas que me fazem pensar se estou, como se diz, "viajando na maionese", ou se tem alguém interessado em esconder a verdade, para evitar o pânico!
Eu leio em revistas e vejo documentários na TV sobre desenvolvimentos de projetos para automóveis ditos "futuristas", cheios de inovações tecnológicas, computadores em profusão, sensores de chuva, alarmes de colisão na ré, cameras para retrovisão, e até de visão noturna, pilotos automáticos e sistemas integrados com GPS que, segundo afirmam, um dia permitirão que você passe a ser quase um passageiro de seu próprio carro. Isto porque ele será capaz de traçar seu próprio roteiro ideal para chegar ao destino desejado, desde que tenha um bom sistema integrado de monitoramento que possa atualizar dados sobre engarrafamentos, acidentes ou vias interrompidas ou com mudanças de sentido de tráfego.
De que adiantará toda a tecnologia embarcada nesses designs avançados, se não houver espaço para rodar nas ruas entupidas?
Além disso, tais veículos serão movidos ou por motores de hidrogênio, totalmente sem poluiçao, ou a baterias elétricas altamente eficientes e facilmente recarregáveis. Embora tenhamos que lembrar que produzir hidrogênio ou energia elétrica envolve processos que também podem gerar poluição, em alguns casos.
Entretanto, eu vejo todos esses projetos sem nenhum entusiasmo! Na realidade, vejo tudo isto com decrença total, não na capacidade da tecnologia para desenvolver todos esses sistemas, mas na viabilidade de sua aplicação num contexto futuro!
Se você mora em uma das megalópoles caóticas como Rio de Janeiro ou S. Paulo, experimente tirar o seu carro da garagem e se aventurar pelas ruas num trajeto considerável, nas chamadas horas do pique (alguns chamam de rush)!
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que a situação está ficando fora de controle! A produção de automóveis alcança índices cada vez mais altos, cada vez surgem mais marcas de montadoras, e os carros antigos descartados nem por sombra contrabalançam a produção que é despejada para as ruas!
A população aumenta de um modo geral, e ao que me parece, com exceção da China e da Índia, ninguém parece disposto a fazer algo sério para tentar conter a níveis razoáveis estas taxas de crescimento demográfico! Eu falei em conter as taxas de crescimento, não o crescimento! Apenas reduzir a razão de um crescimento que parece irreversível!
Então, qual é o futuro do transporte individual neste contexto?
Eu não vejo longe a hora em que o tráfego urbano das grandes metrópoles entrará em colapso! Aliás, este colapso já está ocorrendo só que não de uma forma total, mas em doses homeopáticas, se pode se dizer assim! Diariamente, vemos nos jornais da TV os engarrafamentos localizados, cuja extensão se mede em dezenas e até centenas de quilômetros. Por mais que se use rodízios com base nos números de placas, ou que se incentive o transporte solidário, o número de carros circulando está sempre aumentando!
Eu, da minha mesa de boteco, sem nenhuma formação acadêmica em urbanismo ou sociologia, vejo um beco sem saída logo adiante! O que será que veem os que são do ofício?
Em algum ponto na nossa linha de tempo, a espuma do meu chope me diz que a nossa civilização vai cruzar com um dilema bastante difícil de encarar!
Apesar dos gigantescos interesses envolvidos nessa questão, alguma coisa vai ter que ser feita! As indústrias automotivas terão que encarar um processo de mudança e diversificação de atividade, se quiserem sobreviver e continuar existindo como empresas lucrativas e com a função social de se manter como fonte de emprego para milhões de seres humanos!
É lógico que estas corporações não farão isto por motivos humanitários nem idealistas, mas simplesmente porque do contrário, irão bater numa parede, quando as cidades não puderem mais absorver o número de veículos produzidos, mesmo que passem a ser descartáveis a curto prazo!
Terão que se engajar, para garantir a própria sobrevivência, em projetos urbanísticos de alto impacto e custo que modificarão a aparencia das grandes metrópoles, principalmente em suas áreas centrais!
E a sua atividade passará a ser produção de componentes e acessórios relacionados a transportes coletivos baseados em conceitos novos, sua otimização e manutenção!
As alternativas para transportar grandes quantidades de pessoas dos centros de distribuição aos centros urbanos poderiam ser metrôs elevados ou subterrâneos.
Também me parece óbvio que apesar da gigantesca extensão deste novo campo de atividade, não haverá lugar para todos, e os menos eficientes serão engolidos pelos que largarem na frente, com propostas mais viáveis e rentáveis!
Imagino os comerciais:
Transportes Urbanos SAAB: usados nas principais capitais da Europa!
Sistemas de Metrô HONDA: Agora em S. Paulo, conduzindo você com conforto e rapidez!
As Vias Elevadas da FIAT transportam mais pessoas na América do que a soma de toda a concorrência!
O futuro que eu antevejo é o dos centros urbanos sem os ruídos e a poluição dos motores à explosão, com calçadões, escadas e calçadas rolantes e trens urbanos de grande velocidade levitando sobre trilhos magnéticos, conduzindo centenas de milhares de passageiros diariamente entre as áeas centrais e os centros de distribuição para os bairros periféricos, onde outras unidades levarão os cidadãos até as proximidades de suas casas. E, nesses pontos de distribuição, outros tipos de coletivos, semelhantes aos ônibus, mas acionados por meios não-poluentes, farão a distribuição final!
A coleta inicial e distribuição final de passageiros poderia ser em ônibus de tração elétrica como este.
O transporte principal nos centros urbanos poderia ser feito tanto por vias subterrâneas como elevadas, deixando o nível do solo para as pessoas, enfim priorizadas! Tráfego de veículos não-coletivos nestas áreas centrais, só caminhões de entregas e viaturas de serviço, como ambulâncias, bombeiros, polícia e um número limitado de táxis.
Em tempo: o título adequado para este post deveria ser: Carros Sem Futuro!
Em tempo: o título adequado para este post deveria ser: Carros Sem Futuro!
Quem viver verá!
Mais um chopinho, garçon!
O transporte coletivo é a salvação com certeza, abração Leonel. :-)
ResponderExcluirLeonel,
ResponderExcluirPelo jeito o Homo sapiens vai esperar que coisas deteriorem além do ponto de retorno para, só então, acordar. Sou péssimo futurologista mas antevejo um mundo travado onde ninguém vai a lugar algum ainda durante nossa existência, tive o desprazer de trabalhar quase quinze anos numa empresa com base em Guarulhos e sei bem como (não) funciona o trânsito naquela metrópole. Belíssimo post, parabéns!!!!!!!!
- Excelente exercício de futurologia, ainda que movida a álcool. Não tenho dúvidas de que isso ocorrerá a médio prazo, causando a proliferação dos cemitérios de automóveis. A longo prazo, minha novíssima bola de cristal (roubada da Ma Ferreira) mostra-me o recrudescimento do transporte individual, já então voador, baseado em antígravos... até que as rotas celestiais estejam também entupidas...
ResponderExcluir- Abraços, amigo.
Leonel boa noite!
ResponderExcluirHj meu dia foi puxaaaaaaaaaaaaado!
Amanhã volta para ler-te amigo!
Boa noite de sono pra nóis!
Beijos!