FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

terça-feira, 7 de junho de 2011

FILME: 1984

O filme 1984 (Nineteen Eighty-Four -1984 - ING - 113 minutos), produzido pela Virgin Films, foi baseado na assustadora obra do escritor britânico George Orwell (Eric Arthur Blair, 1903-1950), publicada em 1949. Existiu uma outra versão, de 1954, produzida apenas para a TV pela BBC de Londres.
Este filme pode ser colocado no mesmo patamar do clássico Farenheit 451, baseado no livro homônimo de Ray Bradbury.
A direção é de Michael Redford, que também fez o roteiro.
Num mundo futuro (em relação a 1948, quando o livro foi escrito) o poder  mundial  é disputado por três blocos de nações: Eurásia, Lestásia e Oceania.

Culto ao Big Brother: com o poder nas mãos, é possivel enganar a muitos por muito mais tempo!

Em Oceania, com a capital em Londres, impera um regime totalitário,  patrocinado pelo partido INGSOC, populista e paternalista, chefiado por um ditador conhecido como Big Brother (Grande Irmão), e todos os cidadãos são espionados em tempo integral por telas de TV de mão dupla. O estado também introduziu a Novilíngua, um idioma onde algumas palavras antes conhecidas mudam de sentido e novas palavras surgem para expressar as vontades do governo.

Winston (John Hurt): por saber como as coisas eram feitas, não acreditava.

Winston Smith (John Hurt) é um burocrata a serviço do governo, e trabalha no Ministério da Verdade. Sua função é na realidade criar verdades alternativas de acordo com os interesses do partido. Notícias já publicadas e arquivadas são alteradas mudando a história passada, transformando antigos heróis em traidores e atribuindo feitos heróicos aos favorecidos pelo sistema.
Tirar conclusões próprias ou relembrar fatos de memória é considerado "crime de pensamento". Todos devem aceitar os conceitos e as versões dos fatos adotadas pelo partido!
Para dispersar a atenção do povo guerras são travadas praticamente o tempo todo, mas os supostos oponentes mudam a qualquer momento. Aliados passam a ser inimigos sem maiores explicações.
Winston vive atormentado pelo trauma de ter perdido a mãe ainda menino, e, na verdade, não acredita no regime, pois ele próprio participa das adulterações da história. Ele passa a escrever em um diário secreto suas opiniões e discordâncias políticas. 

Julia (Suzanna Hamilton): um oásis no deserto para Winston.
 
No meio disto tudo, acaba conhecendo Julia (Suzanna Hamilton), uma operária com quem ele acaba se envolvendo secretamente, o que é considerado crime pelo regime. E, volta e meia surge a figura enigmática de O'Brien (Richard Burton, em sua última atuação no cinema), um funcionário do partido, que à princípio, parece disposto a ajuda-lo a entender melhor as mudanças impostas pelo regime nos termos da linguagem falada e escrita.
Porém, Julia e Winston acabam descobrindo que O'Brien não é tão inofensivo e que o Big Brother sabe e pode mais do que eles são capazes de imaginar.
Cyril Cusack, o chefe-bombeiro de Farenheit 451 faz o traiçoeiro Charrington, que aluga um cômodo para os encontros amorosos de Winston e Julia.
O filme recebeu  o prêmio Golden Tulip no festival de Instambul, foi classificado como o Melhor Filme de Ficção-Científica no festival Fantasporto, em Porto, Portugal, onde John Hurt recebeu também o título de Melhor Ator Estrangeiro, e adicionalmente o título de Melhor Ator no festival de Valladolid, na Espanha.
Pouco para um filme tão marcante, né?

O'Brien (Richard Burton):"Quantos dedos você vê?" Em Oceania, nem sempre dois mais dois são quatro! O Partido pode querer outra resposta! 
 
A explicação para isto pode ser pelo fato de que, sendo uma clara citação do regime  comunista da U.R.S.S., não deve ter sido visto com bons olhos pelos simpatizantes que vicejavam nos meios artísticos de então, tanto na Europa como nos EUA!
Orwell, que lutou na Guerra Civil da Espanha, integrando uma brigada independente marxista, depois da guerra revelou o que viu e ouviu nas fileiras de suas próprias tropas, e isto parece não ter agradado aos comunistas, que passaram a repudia-lo. Mais tarde, já afastado do partido, chegou a elaborar  para o governo inglês uma lista de simpatizantes comunistas para exclui-los de contratações por órgãos estatais.
As primeiras cenas começaram a rodar no dia 4 de abril de 1984, exatamente a mesma data onde começa o diário de Winston, no livro de Orwell. 
Sonia Brownell, viúva de Orwell, possuia os direitos de filmagem da obra. Pouco antes de sua morte, em 1980, ele liberou a produção do filme, com a condição de que não fosse usado nenhum efeito especial futurístico.
O rosto do Big Brother foi o de Bob Flag, um ator não profissional contratado como extra.
Para o papel de O' Brien, foram cogitados, além de Burton, Paul Scofield e Sean Connery.
A ideia original de Michael Radford era filmar em preto-e-branco, mas a produtora e financiadora Virgin Films se opôs. Assim, a filmagem foi feita usando uma técnica especial para abrandar os tons de cores.
O filme foi dedicado a Richard Burton, que morreu duas semanas antes da estréia.
A trilha sonora foi composta por Dominic Muldowney por solicitação de Radford, mas a produtora Virgin Films que tinha o direito de opinar nos cortes finais, substituiu trechos inteiros da trilha por outros, interpretados pela banda Eurythmics. Contudo o tema principal de Muldowney, o lindíssimo Hino Nacional de Oceania (ouça), permaneceu.
Graças à iniciativa da uma nova distribuidora nacional, finalmente esta e outras películas que estavam no limbo agora estão ao nosso alcance em DVD.

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Divagações finais:
Se eu fosse um bilionário, alugaria diversas salas de cinema, pelo menos uma em cada cidade do país e promoveria uma exibição gratuita do filme 1984 por uma semana, com entrada franca para todos, e um brinde para os espectadores: um exemplar do livro de George Orwell que deu origem ao filme. Sem nenhum comentário, para que cada um tirasse sua própria conclusão.
Na minha proposta, isto poderia ser encarado como uma aula gratuita. Na planilha escolar, nos “objetivos da aula” constaria:

Ao final da aula, o aluno deverá estar apto a:
  1. Entender o significado e os objetivos de uma lavagem cerebral coletiva.
  2. Avaliar de que forma uma entidade que detém o poder de forma totalitária pode reescrever a história de forma favorável aos seus desígnios, tornando heróis ou vilões a quem lhe interessar, favorecendo assim sua continuidade no poder.
  3. Entender como se direciona a atenção e a revolta do povo para vilões externos ou internos escolhidos, deixando de identificar os verdadeiros inimigos.
  4. Saber que a origem do termo “big brother” não foi num reality-show de TV.

21 comentários:

  1. Amigo,

    Confesso, por incrível que pareça, que esse filme eu não vi. E olhe que é difícil fazeres algum post que eu já não tenha visto o filme ali citado!
    Irei atrás! Pelo visto é o que meu Ex chamaria de "ABACATAÇO"!!!!!!!!

    Beijinhossssssssss

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  2. Olá tudo bem !!

    Ainda não tive o prazer de assistir esse filme, mas já li o livro e realmente ele é maravilhoso, não só como uma critica ao regime socialista, pois o livro é muito mais do que isso, o livro é uma critica a sociedade, um tapa na cara de quem ainda não viu como funciona as engrenagens de qualquer governo, mentiras se tornam verdades absolutas e qualquer pessoa que seja contra é vilão do estado, sendo caçado e desacreditado até não ter mais forças ou credibilidade para mostrar a realidade.

    O livro é uma lição de como o sistema funciona e para quem adorou Tropa de elite é um livro essencial, pois muito antes do Capitão Nascimento nascer o Orwell já dizia que o Sistema é foda.

    Abraços

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  3. Leonel,
    Excelente comentário. Li o livro há muito tempo e fiz uma releitura recentemente. O filme é fiel ao livro. Como gosto de tudo que George Orwell escreveu e costumo lê-lo gostaria de recomendar um dos clássicos dele: "A Revolução dos bichos", que o Chico Buarque tentou pastichar com "Fazenda Modelo" o qual, na minha opinião, não passou de um tiro n'água. Parabéns!!!!

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  4. LayHon´eill... meu bródis!!

    Confesso!! não assisti... ou pode ser que sim e não recorde, mas seria impossível! Por que sou um Macaco com memória de Elefante... rsss

    Porém.. achei as divagações finais um "the best".. rss
    Algo assim.. "Muito antigo e contemporâneo"

    Deussssssssskiajude
    Abraços
    Tatto

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  5. Que tu então se torne um bilionário e por favor dê prioridade à Arapiraca, pois os cinemas aqui de tradicionais passaram a cine pornÔ e agora são igrejas evangélicas... Meu pai ainda frequentou muito, tendo sido em um deles que teve o insight pra escolher o meu nome, vendo os caracteres de um filme francês.

    Já que você vive dizendo que eu devo ser descoberta para cronista de alguma revista, adoraria ser sua colega. Já pensou, eu a cronista e você o crítico de cinema? Bacaninha...

    Valeu por mais uma bela dica, Leonel.
    Beijo!

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  6. Cara esse filme é fantástico, o livro então nem se fala, pra mim cena marcante e passagem marcante do livro é justamente a tortura ao Winston, que dá uma agonia tremenda, muito bem escrito e agoniante com certeza, e a pergunta sendo feita quantos dedos você vê, realmente fantástico e muito bem escrito, uma boa pedida com certeza, abração Leonel :-)

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  7. - Para não ficar cheio de dedos... SEM COMENTÁRIOS. Você disse tudo.
    - Abraços.

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  8. Leonel,
    eu não gosto tanto assim do filme, mas gosto muito do livro! Se quiser ler, está no marcador George Orwell e muito e alegraria. Achei excelente suas considerações finais.
    abs
    Jussara

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  9. Leonel, me distrai, na verdade fiz um post sobre o livro, no marcador George Orwell.
    abs

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  10. Fui a primeira - e não serei a última - a dizer que o tempo de Rubens Ewald Filho está contado. Acredita que não vi o filme?! Vou fazê-lo e agora com o dever de casa que nos deixou.
    Beijuuss n.a.

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  11. Leonel Engraado é que mês passado recebi um convite para participar de um BBB (Big Brother dos Blogs). Em http://dado.pag.zip.net/. Vc pode advinhar minha resposta então, já que concordo com tudo que competentemente foi postado aqui. Existe sempre a ideologia da exploração, alienação e domínio das massas em muitos aspectos da nossa vida em sociedade, e, no caso do BBB, podemos falar de um laboratório armado, pensado e repensado em todos os detalhes, planejado em provas e até em frases e perguntas de Bial, em cima das fraquezas e perfil psicológico de cada participante. Tudo isso om toque de humor, sexo e muito álcool. Aparentemente um circo, um drama, um filme de terror, dependendo da análise quw for feita. Tudo que pode chamar a atenção do metabólico humano (não precisa nem pensar) e servindo de exemplo para uma massa que não tem coisa melhor para fazer e até tem outras opiniões a respeito. Isso é na minha opinião de uma violência com o ser humano de proporção assustadora.Os valores humanos são altamente desrespeitado.

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  12. O BBB nada mais é que uma metáfora da alienação do cidadão submetido a estruturas de controle e massificação. E gostei da sua idéia de bilionário e sobre passar o filme para todos...kkk
    Belo post amigo!

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  13. Ola Leonel,
    Que maravilha de post.
    Eu confesso que nunca vi este filme, mas fiquei de com muita vontade de ver.

    Eu nao consigo comentar como se deve, por nao ter visto ou lido o livro. Precisaria entender tudo melhor e vendo o filme me ajudaria.
    So sei que este termo Big Brother que agora esta sendo usado para outros meios, nao deixa de ser também um modo de fazer lavagem nas pessoas.
    Fizeram um filme a pouco tempo aqui contradizendo este meio televisivo que esta fazendo os jovens daqui e concerteza de todo lugar que passa o programa, acharem que se trancar em uma casa e fazer sexo, e criar desarmonia brigando, é o certo para ganhar dinheiro, envez de estudar e trabalhar como um cidadao que luta pelos interesses de si proprio.
    Os jovens estao preferindo enfrentar fila para ser classificado para o proximo programa. Assim além de conseguir um dinheiro facil, conseguem também uma fama que para mim é desgostosa. rsrsrs
    Um grande abraço para voce!
    PS: Vou tentar ver este filme.

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  14. E o mundo da confusão é vendido como divesão.
    Beijos e boa noite!
    Carla

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  15. Não vi o filme e nem li o livro, mas depois de te ler acho desnecessário, pois como já disse aqui você é super didático no que fala e o seus objetivos - indicadores que a aprendizagem se deu - estão perfeitos.

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  16. Você despertou em mim a vontade de assisti-lo. Maravilha de comentário. Quanto ao exercício, no final, é pedir demais aos alienados brasileiros.

    Um abraço forte,
    Débora.

    P.S.: Você me fez lembrar do talentosíssimo Morgan Freeman. Não a aparência física, algo nos olhos, nos traços. Não sei.

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  17. Leonel boa sexta-feira!!
    Beijosssssssssss

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  18. Agradecimentos aos comentários colocados até este momento!
    Os métodos brutais empregados na Oceania de Orwell, apesar de servirem para mostrar o básico, na realidade já estão superados: evoluiram para outras formas mais sutis e aperfeiçoadas de invasão da privacidade e controle sobre o cidadão. E estas formas são hoje empregadas por países ditos “democráticos” com bastante sucesso. A tecnologia é avançada e, aliada à alguns ganchos burocráticos, permite que hoje os gestores das nações tenham mais informações do que o Big Brother original!
    Abraços a todos!

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  19. Boa tarde!
    "Mas os que esperam no senhor, renovarão as suas forças, subirão com asas como águias, correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão." (isaías 40:31)

    Desejo que seu fim de semana seja de paz!


    http://www.youtube.com/watch?v=Ir6rGNmjRiU

    Deus seja contigo.


    Blog Yehi Or!

    http://www.hajalluz.blogspot.com

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  20. Download do Filme 1984 - http://fwd4.me/08P4

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