FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

NADA ESTÁ TÃO RUIM...

Lá vou eu de novo falar de um assunto para o qual não estou qualificado, mas que me incomoda bastante! Posso estar errado, mas me sinto compelido a externar minhas ideias, ainda que seja com base nas opiniões de outras pessoas.

Quem merece usar este chapéu? 
Se o MEC está certo, talvez eu!

Segundo um Relatório de Monitoramento de Educação para Todos, da Unesco, divulgado em janeiro de 2010, apesar da melhora apresentada entre 1999 e 2007, o índice de repetência no ensino fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica expressivamente acima da média mundial (2,9%). O alto índice de abandono nos primeiros anos de educação também alimenta a fragilidade do sistema educacional do Brasil. Cerca de 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico.
Este mesmo relatório, com base em dados de 2007, colocou o Brasil em 88º lugar no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), entre 128 nações!
Na minha curta visão de ex-aluno, as provas feitas durante o ano letivo servem para avaliar se, para cada aluno em particular, o aprendizado está surtindo efeito.
Se um determinado aluno não consegue os graus de aproveitamento necessários para aprovação, é porque não aprendeu e para ele o aprendizado não produziu o efeito desejado.
Cabe aos professores e aos pais diagnosticarem as causas, introduzirem correções, e cabe ao aluno repetir o ano.
Se o percentual de alunos reprovados ficar acima de determinado índice, isto requer um diagnóstico mais aprofundado e em um nível mais elevado sobre as condições da escola, dos alunos e sobre a forma como está sendo ministrado o ensino, e dependendo da abrangência dos resultados considerados, até sobre a validade dos métodos de ensino adotados.
Há alguns anos, os responsáveis pela Secretaria de Educação do Estado de S. Paulo, verificando que os números da evasão escolar estavam acima do aceitável para os primeiros anos de aprendizado e que isto estava associado à taxa de reprovação dos alunos, adotaram uma sistemática que, segundo diz numa nota publicada no dia 18 último, no site G1/Globo, “praticamente acabou com a evasão escolar”.


Por isto, a medida foi considerada um sucesso por seus introdutores.
Segundo prosegue a mesma nota:
“Desde 1998, as escolas públicas do estado de São Paulo mantêm o sistema de ensino chamado progressão continuada. O aluno só pode ser reprovado depois de cinco anos de estudo. Esse sistema de ciclos praticamente zerou a evasão escolar, mas trouxe resultados duvidosos quanto ao aproveitamento do aluno”.
Ou seja, o aluno não é reprovado nos primeiros anos,  mesmo com aproveitamento insuficiente, e alguns deixam de aprender certos fundamentos, sobre as quais se baseiam progressivamente os conhecimentos posteriormente ministrados, e depois de cinco anos, a casa cai para estes, por falta de alicerces! Mas, aí já estão “alfabetizados”!
Há alguns anos atrás, por alguns dias eu banquei o “explicador” para dar um reforço nos estudos de matemática e ciências para um menino que estava cursando o que (no meu tempo) seria o início do ginasial. Mas, as dúvidas do jovem não eram propriamente em assuntos do nível ginasial, mas em números relativos, frações ordinárias e operações básicas com elas, conversão de frações, e outras coisas que ele deveria ter aprendido nos três primeiros anos de estudo. E ele não esteve sob este regime de “progressão continuada”! Fora aprovado sucessivamente sem saber coisas básicas!
A explicação eu já sabia: por anos a fio, no Rio de Janeiro, as aulas foram interrompidas por greves de professores e pessoal de apoio, reclamando (com razão) salários atrasados, acordos não cumpridos, más condições de trabalho e até falta de segurança pessoal! Sem falar de casos em que, ao regressar das férias escolares, alunos e professores encontraram as salas de aula ocupadas por vítimas de desabamentos nos morros cariocas, colocadas ali por órgãos governamentais e esquecidos, no que deveria ser uma solução emergencial! Ou salas de aulas com goteiras, cheias de mofo ou calor excessivo!
Mas, no final de cada um destes anos típicos, mesmo com a carga horária reduzida por estas interrupções, todos (ou a maioria) eram aprovados e passavam de ano!
E as lacunas ficavam nas partes básicas das disciplinas. Na hora do vestibular, esta falta de base pode ser compensada com as demagógicas cotas para alunos das escolas públicas, ocupando as vagas que seriam de alunos com notas melhores, mas que cometeram o crime de estudar em escolas particulares, onde seus estudos não foram interrrompidos!
Mas, voltando à nota do jornal, também está citado que nem pais nem professores estão satisfeitos com esta “solução”.
Algumas outras opiniões sobre o assunto, estas publicadas no site R7 NOTÍCIAS:
“Segundo Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), esses alunos aprovados automaticamente não terão condições de fazer um vestibular ou enfrentar a competição do mercado de trabalho.”
“Alguns pais afirmam que a aprovação automática não estimula o aluno a estudar e, com isso, muitas crianças saem do primeiro para o segundo ano das escolas sem estarem alfabetizadas.”
“A educadora Iracema de Jesus diz que a progressão continuada foi aplicada de maneira irresponsável e que a única preocupação do governo foi contábil”.
Então quem está satisfeito? Os responsáveis pelo ensino público naquele estado devem se regozijar por terem resolvido os problemas da evasão escolar e das reprovações! Seus índices sem dúvida melhoraram!
Resolveram o problema deles! O dos alunos ainda vai esperar até ao longínquo dia em que pessoas honestas, conscientes e realmente interessadas farão alguma coisa para melhorar a qualidade do ensino público básico!
Mas o MEC adorou a solução e parece que agora tem gente de lá sugerindo a adoção desta ideia em nível nacional! Parece que nada está tão ruim que não possa piorar!
Eu lembro que, enquanto isto está acontecendo, existem pessoas honestas e dedicadas à educação, algumas das quais eu conheço, em diversos rincões do Brasil, fazendo o melhor que podem para ministrar ensino de qualidade aos seus alunos!
Reconheço que não sou a pessoa indicada para dizer se este sistema, já utilizado em países onde a educação é levada a sério, funcionará em Pindorama. Mas, considero aqui as opiniões dessas pessoas habilitadas e que trabalham há bastante tempo na área de educação.
Esperemos que os objetivos desta política não sejam apenas mascarar a falta de ações mais efetivas para melhorar a qualidade do ensino público fundamental.

10 comentários:

  1. Sou testemunha ocular desse crime contra a educação brasileira. Acompanho alunos chegando ao sexto ano do ensino fundamental (antiga quinta série) sem ao menos saber assinar seu nome direito. É bisonho, cruel e puramente demagogo. Mostra-se estatísticas belíssimas para mascarar o caos e segue-se assim.

    Abordagem perfeita, Leonel.
    Beijos.

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  2. Leonel,

    O último parágrafo do teu texto resume tudo. A Educação no nível que está é apenas uma máscara para o péssimo ensino que aí está.Creio que os modelos do passado, quando tu e eu fomos alfabetizados, ainda funcionavam melhor. Eu sou do tempo que para passar de ano tinha que estudar, e muito. Ainda sou da época do admissão ao Ginásio, e lá se vão muitos anos!
    Essa máscara política que cobre a educação, a meu ver, é um modelo furado. Onde já se viu o aluno ir atravessando os anos sem ter realmente aprendido e assimilado o que estudou. Graças a Deus pude pagar desde o Ensino Fundamental até a Faculdade os estudos de minha filha. Fico com dó dos pais que olham impotentes o sistema e não podem pagar uma melhor educação aos filhos!

    Beijinhossssssss

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  3. Leonel meu véi amigo....

    Se tu não quiser o chapéu... USO EU!!
    Não irei prolongar meu comentário.. Apenas informar que com um filho recém ingressado na UFISCAR ... Sei muito bem do que esta falando(escrevendo)....!!

    O ensino é um "cisco" no zóio perto das montanhas de coisas erradas nesta odisséia chamada Brasil.

    DeussssssNosajude
    Tatto

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  4. Viva o Brasil Varonil!!! Um país que não cuida da educação está fadado a andar sempre na rabeira do desenvolvimento. Desde minha infância ouço dizer que o Brasil é o país do futuro. Que Futuro? Com essa mágica de progredir o aluno sem que esse tenha aprendido as matérias fundamentais dá para imaginar o futuro deste país. Leonel, você botou o dedo na ferida, e nem precisa dizer que não é da sua área tal assundo, é da área de todos os cidadãos honestos e preocupados com o futuro. Esse texto devia chegar até àqueles responsáveis pelas políticas educacionais. Parabéns e abraços, JAIR.

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  5. - O sucesso de um sistema público de ensino só pode ser quantificado pela sua capacidade de formar cidadãos - entre os quais os políticos que nele beberam sua cultura. Perguntem ao Tiririca...
    - Abraços, Leonel.

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  6. Leonel! Não fique pensando que em Portugal as coisas são diferentes, não! São precisamente iguais. Costumo dizer que gostaria de estar vivo daqui por 30 anos para ver como é que estes jovens irão governar este país. Imagina que, ainda á bem pouco tempo, um sobrinho/afilhado meu que terminou os estudos de jornalismo na Univesidade de Coimbra, me ligou para eu lhe ensinar como fazer os calcolos da capacidade de litros que uma vazilha "panela" leva. Tive lhe dizer que em primeiro teria de achar o diametro, depois o raio, depois mutiplicar o raio vezez o raio, de seguida mutiplicar aquele resultado vezes o "PI", (3,14) e de seguida mutiplicar esse resultado pela altura da panela. Passado 5 minutos me telefonou para me dar os parabéns, pois segundo ele disse, já não sabia como resolver esse caso. Mas, não é só nisto! Quando pergunto a qualquer aluno, com o 12º ano de escolaridade, qual o maior rio português, quem descobriu o caminho maritimo para a India, qual é a montanha mais alta do mundo, quem foi o causador da segunda guerra mundial, etc. ninguém responde direito.
    Eu considero mesmo, esta géração, "Geração rasca".
    Consulte este link:

    http://queriaserselvagem.blogspot.com/2010/01/brasil-e-venesoela-caminho-do.html

    Um abraço

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  7. Boa noite Leonel!!
    olha uma bela revisão você fez. Realmente o Brasil precisa levar mais a sério a educação.
    Chego até a ficar tristes com estes resultados cada vez piores e sem perspectivas de melhoras a curto prazo. O Ideal mesmo seria qyue todos lutassem pela educação de qualidade.
    Parabéns!!
    Carla Fernanda

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  8. Sua análise está perfeita. O que estão querendo fazer é CRIME E HEDIONDO com a vida alheia.A Educação não se limita a sala de aula; a bons Professores , dedicados e com saber. Ela envolve muitos outros aspectos igualmente importantes como a Escola e seus instrumentos materais e humanos. Para que as crianças aprendam é necessário entre outras coisas: alimentação adequada,não só almoço ou lanche reforçado; Pais em condição de acarinhar, dar colo e amar sem preocupações suas crianças; a cidadania de Pais e crianças ser respeitada com políticas públicas efetivas.Aprender é um processo complexo, pessoal e único na vida de cada um de nós.

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  9. Boa noite!
    Obrigada Leonel!!!
    Gosto do que faço mesmo. Você está de parabéns também. Demosntra ser um ser humano consciente e preocupado com a realidade que nos cerca.
    Cidadão de bem e boa vontade!
    Carla Fernanda

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  10. Amigo Lionél!
    Com respeito ao que falava, em enviar-me uns dados lá para o meu correio electrónico, alerto-o de que o meu E-mail é o seguinte:

    kwachta@hotmail.com

    Um abraço

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