FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

GARIMPANDO OU PIRATEANDO?


Este texto foi escrito antes que eu possuísse um blog, mas a questão ainda permanece, por isto, achei válido publica-lo, adaptando algumas coisas à situação atual. Meu amigo Barcellos provavelmente vai reconhecer alguns trechos, que eu enviei a ele por e-mail, acho que no início de 2010.

Agora, que me foi concedida a graça de viver no futuro, tendo à disposição recursos que na minha juventude pertenciam aos domínios da ficção científica, além do antes escasso tempo, resolvi sair à cata de lembranças do meu passado, coisas que povoavam a minha mente quando eu não tinha tempo nem recursos.
Assim, sai atrás de saber como realmente aconteceram coisas das quais ouvi falar, ver filmes que eu não pude assistir por serem “proibidos até 18 anos”, e gravações que eu não podia mais ouvir por estarem em desgastados discos de vinil, ou que simplesmente nunca mais foram reeditadas no nosso país.
Já tenho um bom acervo de anúncios nacionais e americanos publicados em revistas (tem um muito interessante, dos cigarros Camel, onde se diz que é o cigarro preferido por 9 entre 10 médicos, que já foi assunto no meu blog - veja aqui).
Muito se discute a respeito da legalidade de se baixar arquivos de filmes ou de músicas através dos sites p2p e ferramentas como bit torrent.
Ano passado, os jovens suecos mentores de um site (ainda no ar) sugestivamente chamado “PIRATE'S BAY”, foram condenados por uma corte sueca, instaurada por iniciativa de gravadoras supostamente prejudicadas. Claro, tem direito à apelações e a coisa ainda vai rolar.
Mas, por enquanto, ninguém pode ser acusado de baixar um arquivo cedido por outra pessoa.
Desde que passei a receber salários, um ritual que eu costumava cumprir na primeira folga após o pagamento era,  após pagar minhas contas, passar em algumas casas de venda de discos e adquirir de 2 a 3 LPs (hoje chamados bolachões). Quando morava no Nordeste e viajava para o Rio, eu fazia a festa, pois aqui sempre tinham mais gravações, e eu nunca voltava de mãos vazias, sempre trazia mais alguns LPs.
Pois bem! Nesta batida, depois de algum tempo, eu tinha uma pilha de LPs da minha altura! Tinha tudo, pois meu gosto era bem abrangente: Beatles, Creedence, Santana, Ray Conniff, Lawrence Welk, Billy Vaughn, Dionne Warwick, Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Frank Sinatra, Simonal, Jorge Ben, Eydie Gorme, etc...etc...
Bem, aí, comprei um carro, e comecei a passar as músicas para fita cassete, para poder ouvir no toca-fitas (lembram?). Mas, os discos já estavam arranhados e a gravação não ficava tão legal. Assim, eu passei a comprar menos vinil e mais cassetes. Finalmente, surgiram os tais Cds a laser.
Só para encurtar o papo: eu ainda tenho um LP, o Cassete e o CD da Eydie Gorme e Trio Los Panchos com exatamente as mesmas músicas! Será que eu já não paguei 3 vezes pelo mesmo direito de ouvir estas músicas da forma e na mídia que eu quiser? E os LPs, que ficaram arranhados e obsoletos (dei caixas e caixas deles para um tio da minha mulher), seria considerado pirataria baixar as mesmas músicas em mp3 para meu uso pessoal? Sinto muito, mas eu já fiz isto, e baixei praticamente toda a minha discoteca original!

É muito amor (ou breguice)! O LP, o Cassete e o CD de Eydie Gorme e Trio Los Panchos: Todos tem as mesmas 12 faixas e são rigorosamente iguais. Mudou apenas a mídia! Será que a CBS já não lucrou bastante à minha custa?
(foto do arquivo pessoal do autor)
Muitos destes álbuns nunca mais foram relançados no Brasil. Se dá prejuízo para estas gravadoras o intercâmbio destas gravações pela internet, por que então não acharam válido relança-los? Quando eu tinha os Lps em vinil e gravava em fita cassete para meus amigos que gostavam de algumas músicas, estava fazendo pirataria? Nunca ganhei um tostão com isto!
Aliás, eu acho que já era pirata desde criança, pois na minha infância, o “Napster dos Gibis” era uma esquina, onde nós garotos sentávamos sob uma árvore para trocar os gibis que já haviamos lido pelos gibis dos outros. Imagine só, ao invés de comprar todos os gibis, nós, fraudalentamente, trocavamos entre nós gibis que deviam ser lidos apenas por quem os comprou! Éramos delinquentes infantis!
O mesmo vale para os filmes. As vezes, vejo à venda filmes antigos que eu queria ter. Mas, quando leio as características, esta lá em “formato”: fullscreen! Ou seja, a tela foi recortada, como numa TV 3X4! Porque comprar o filme mutilado, com as laterais da tela cortadas, se o mesmo existe na internet em widescreen?
E, quando alguns filmes antigos são relançandos, minha alegria dura só até ver que não estão em nenhum formato de cinema, mas em 3X4 !
Eu tenho um DVD do filme “Os Brutos Também Amam” (título brasileiro para SHANE). Eu duvido que aquelas paisagens bonitas na amplidão de Montana tenham sido filmadas em 3X4! Mas é o que está lá, na caixa! Desapontador ver o justo e destemido pistoleiro do bem Shane (Alan Ladd) matar o malvado e traiçoeiro pistoleiro do mal Wilson (Jack Palance), ambos apertados em uma tela de 3X4 !
Para mim, pirataria é o que se vê nas ruas das grandes cidades, onde existem em oferta pilhas e pilhas de gravações de filmes que ainda estão entrando em cartaz, e álbuns de músicas que ainda nem foram lançados oficialmente!
Essas gravações geralmente, são pirateadas nas matrizes, por pessoas que trabalham nos próprios estúdios, as vezes antes mesmo da edição final! Isto sim é pirataria!
Tem filmes como Blade Runner, só há uns três anos chegou às revendedoras nacionais. Alguns tem problemas de direitos autoriais que impedem sua distribuição em outros países.
Graças a um parente que mora nos EUA, ganhei uma exemplar especial de O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1954, um ícone da ficção científica), que continua inédito em DVD no Brasil - postagem aqui.
Acabo de adquirir os filmes em DVD: 1984 (1984, baseado no livro de George Orwell) e  Adeus às Ilusões (The Sandpiper, com a divina Elizabeth Taylor e seu inseparável Richard Burton), que finalmente chegaram ao Brasil, por obra e graça de uma nova distribuidora. Mas ainda continua fora dos catálogos o DVD: Enigma de Uma Vida (The Swimmer, drama com Burt Lancaster em atuação magistral - postagem aqui)  além de  outros.
E fica a pergunta: se dá prejuízo para as gravadoras e estúdios baixar  músicas e filmes antigos, por que eles levaram tanto tempo para coloca-los à venda no nosso país?

14 comentários:

  1. as gravadoras já lucraram demais. fora o descaso com o material de arquivo, quase tudo fora de catálogo.

    as autoridades tem mais é que se preocupar com ladrão, pirateiros profissionais, etc. e não quem busca raridades, que nunca estão disponíveis para compra (e qdo estão, custam ate mais caro do que qdo foram lançadas)

    (eu tb tenho esse disco, em vinil mesmo rs. está tocável ainda, rs)

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  2. Bahhh Guri........

    Tu mencionastes cada "abacataço" que sai da frente! Vi a grande maioria dos que ali falas...
    Quanto as músicias, nós que atravessamos toda a evolução,pagamos certamente mais de uma vez pelo mesmo produto para as gravadoras.
    Eu tenho várias músicas que já comprei em todas as mídias...
    Muito bom teu post.....

    Beijinhosssssssss

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  3. Dei também minhas coleções de vinis... Serei uma herege?

    Alguns artistas já se renderam à impossibilidade de evitar a circulação de suas músicas pela internet e até incentivam esse feito, como o RPM que está lançando seu novo trabalho na rede, em doses homeopáticas (4 músicas a cada quatro meses, me parece)e não consideram os dowloads pirataria.

    Ah, é uma situação inevitável, e como disse o Alexandre, as gravadoras já fizeram a festa por muito tempo.

    Beijos, querido Leonel.

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  4. O meu grande amigo Leonel!
    Adorei ler este teu post, a forma de tua narração! Mas vou te dizer o seguinte: Quando abriram o direito a se poder dár liberdade á criação de Rádios locais, cria-mos uma aqui no meu concelho. Não tinha-mos dinheiro para tal, mas um Senhor, dono de uma Farmácia bastante rico e sem filhos, ofereceu quase todo o equipamento, só tivemos de alugar o espaço. Aí não tinhamos como fazer para poder acesso a musica da Rádio, mas como eu já animámva festas desde os anos 70 tinha um grande coleção de singales e LP's. Fui trabalhar para essa Rádio, num programa meu, fazendo locução e passando a minha próprio música. Continuei comprando os vinis. Os tempos mudaram e de vinis passei para cassetes e logo para CD's. Hoje tenho um estudio de gravação em minha casa, onde tenho um pequeno aparelho (Converter) para converter os vinis em musica Digital e olha que ele filtra muito bém, não fica com os barulhos de riscado ou de areia pó. Mas actualmente todos os meus Vinis que são dezenas de milhares, estão ali para eu olhar e para os meus amigos poderem apreciar aquele espólio. Trabalho com muita música mas é em mp3 e sendo assim eu saco na NET. "os meus vinis são uma fortuna não só monetária mas como uma coisa que faz parte da minha vida e que um dia os erdeiros terão para recordar". Ainda tenho dois gira-discos "Panasónic" e dois toca fitas da "Thecnics" Amplificador e caixas falantes da "MAC" com equalização, mesa de mistura, etc. Um dia tiro umas fotos e coloco em meu blog.
    Gostei de seu tema, pois me despertou este assunto.

    Um abraço e um bom fim de semana.

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  5. - Após ter trocado idéias com você, meu amigo, firmei minha opinião a respeito: PIRATA É QUEM BUSCA LUCRO FINANCEIRO USANDO A OBRA DE OUTREM SEM PERMISSÃO.
    - A maioria dos artistas segue essa linha. Por isso uso e abuso das belíssimas imagens da Catherine Wall, sempre dando-lhe os créditos e inserindo um link para sua página. Acho que é por aí.
    - Abraços.

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  6. - Corrigindo: o nome é Josephine Wall. Mais abraços.

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  7. Como um herege copiativo, terei minh´alma queimando eternamente no inferto PIRATÓVISKI... rss

    Vejam como pagamos por tudo:-
    "Na linha telefonica, no contrato do provedor, no que se é pago para navegar, no instrumento ( PC )pra usar como ferramenta, no software pra baixar, na invasão que temos em nosso PC por pop-up e propagandas, na energia elétrica, no ISSO e no AQUILO do dia a dia ... JÁ PAGAMOS E MUITO POR ESSE POUCO QUE TEMOS EM TROCA" ( QUE CHAMAM DE PIRATARIA DOMÉSTICA )

    É a nos que eles querem como ouvintes, leitores e tudo mais... não é ? Não me recordo de ter sido mais burro ou analfabeto por conta da falta desses recursos ou das facilidades de hoje ( tecnológica )...
    Vemos aí valores inversos, SEMPRE!

    Saboroso e edificante ler este teu post amigo Leonel, como sempre tu arrebenta meu véi!! rss

    Abraços e "sorry" pelo longo coment.
    Tatto

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  8. Amigo vc fez uma retrospectiva interessante ao mundo tecnológico histórico.
    Não sabia que vender gibis era condiderado infração....imagina...kkkk
    Meu marido compra toda semana mais de nem sei quantos filmes piratas. Alguns deles ainda nem estão em cartaz nos cinemas ainda. Sem falar em programas de música do computador que chegam a custar 550 nas lojas e ele adquire pirata por 30. Temos que ter direito à cultura e acabou, democratizar o conhecimento e pronto. Será que já não pagamos por isso de alguma forma e até mais? Vc cita o caso dos bolacho~es e concordo que já tem direito à música seja em que ferramenta vier. Dê no que der.
    Portanto continemos garimpando e pesquisando.
    Beijos carinhosos e obrigada pelos votos de felicidades!!
    Carla

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  9. Boa noite, querido amigo Leonel.

    Adorei o texto, o seu gosto musical, tudo.
    Eu copiava músicas do rádio, nas fitas K7. Ainda tenho um montão delas. Do monte de vinil, eu também me desfiz.

    Acho que a maior pirataria vem mesmo dos Estúdios. É o caixa 2 deles.

    Quem é bobo de acreditar que eles iam cruzar os braços, para assistir a derrocada do seu império?

    Um grande abraço.
    Tenha um lindo sábado de paz.

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  10. Aqui um domingo de chuva e frio.
    Bom domingo!
    Carla

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  11. Leonel, amado!
    Tenho ainda alguns vinis, mas minha vontade é de doá-los, como fizemos com os de 78rpm de minha mãe. Fitas K7 e outras coisinhas mais que só servem para ocupar espaço e pó...tb. Quanto à pirataria nunca lucrei com nadica, a não ser o deleite de ver ou ouvir algo que meu parco dim-dim não me permite de outra maneira.
    Beijuuss n.a.

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  12. Agradeço a todos pelos comentários!
    Através das opiniões expressas por pessoas deste nível eu posso avaliar a minha propria postura em relação ao assunto!
    E creio que não tenho motivos para me culpar por baixar músicas antigas ou filmes difíceis de achar!
    Abraços a todos!

    Obs.: Isto não é um encerramento! Quem quiser pode continuar comentando! Eu lerei a todos!

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  13. Aqui agora chuva todo dia e nós professores em greve Leonel.
    Boa semana!
    Carla

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  14. Lembrei que compramos muito nas feiras de Guará e na dos importados em Brasília também.... e lá .... todo mundo vai. De deputado a senador e meu marido quando fomos da última vez, comprou muitas camisas lacoste, boss ... e por aí vai. Cada uma? 30 reais ...
    Que feiras ótimas!
    Carla

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