Eu tenho um fascínio pelos anúncios comerciais publicados em revistas, principalmente os do século passado. Com a internet, tive a oportunidade de acrescentar aos já escaneados de minhas revistas antigas alguns outros, na maioria americanos, baixados de sites especializados. Não tenho nenhum objetivo comercial ou lucrativo com esta coleção, mas apenas o prazer da contemplação.
E, examinando os anúncios, assim como em uma coleção de selos, podemos vislumbrar coisas da história. Hoje, vivemos na época do "politicamente correto" em que existem eufemismos para designar coisas que antes eram ditas de forma mais explícita. Por outro lado, coisas que eram expressas por insinuações hoje são ditas de forma escancarada!
De qualquer forma, o que se nota é que mudaram as formas de se encarar certas coisas. O cigarro, por exemplo, presença obrigatória nos filmes antigos de Hollywood, dava o "toque de elegância" aos heróis e heroínas. Humphrey Bogart sempre acentuava suas cenas com o seu inseparável cigarro, quase uma marca registrada. Hoje, os anúncios de cigarros foram banidos de praticamente todas as formas de divulgação.
Mas, numa dessas espiadas, me deparei com o insólito anúncio que usei para ilustrar esta postagem. Na época, no longíquo ano de 1946, devia parecer muito natural, já que o texto é de uma desinibição total.
Coisas de outros tempos...(clique para ampliar).
Aqui vai uma "traição" livre do conteúdo:
TODO MUNDO O CONHECE...
Mais cedo ou mais tarde, ele vira uma figura familiar para todos os policiais da rua: ele é um médico – atendendo a uma chamada de emergência!
A vida de um médico não lhe permite viver como gostaria. Férias, fins-de-semana, e noites de sono podem ser interrompidos. As emergências exigem sua presença por longas e exaustivas horas...com alguma pausa ocasional e, às vezes, o prazer de um cigarro. Depois, de volta ao trabalho de preservar vidas.
De acordo com uma recente pesquisa em caráter nacional:
A MAIORIA DOS MÉDICOS PREFERE OS CIGARROS CAMEL
Os fabricantes de CAMEL estão naturalmente orgulhosos pelo fato de que, dos 113.597 médicos a quem foi perguntado que cigarro preferiam, a maioria respondeu CAMEL. Esta pesquisa foi de caráter nacional, cobrindo médicos de todas as especializações, inclusive em nariz e garganta. Os resultados foram apurados por três agências independentes conhecidas nacionalmente. Experimente CAMEL. Faça o teste da “Zona-G”.
A “Zona-G”: “G” de gosto e de garganta.
A “Zona-G” é o nosso campo de provas para qualquer cigarro. Porque somente o seu gosto e a sua garganta podem decidir qual o cigarro que lhe agrada...E como ele afeta a sua garganta.
[Originalmente, Zona "T", taste (gosto) e throat (garganta)]
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Este anúncio fez parte de uma campanha publicitária dos cigarros Camel, e existem diversas variantes, usando o mesmo refrão. Anteriormente, em 1945, houve outra série protagonizada por mulheres de destaque na sociedade americana.
Hoje, tenho mais idade do que o meu pai tinha ao falecer prematuramente, vitimado por problemas relacionados com o cigarro. Talvez por isto, coisas assim me chamam a atenção.
Time goes by...
- Como ex-fumante, só posso aplaudir o banimento desse veneno da esfera pública. Mas há outros na fila do abatedouro - que, na minha opinião, está indo devagar, quase parando. Bebidas alcoólicas e alguns tipos de medicamentos merecem ser exilados para o limbo da publicidade. E olha que eu gosto de uma cervejinha... mas sou contra a propaganda aliciante que dela se faz. Sirva de alerta seu
ResponderExcluir"post", Rodrigues. Valeu!
Poderia copiar e colar o comentário de Rodolfo. Perfeito! Também acho maravilhoso que o comercial de cigarro tenha sido banido... Quem quiser fumar que o faça, mas não é preciso estímulo.
ResponderExcluirMas concordo contigo sobre o charme que o famigerado cigarro proporciona às cenas clássicas.
Beijos, Leonel.
Boa noite.
Leonel,
ResponderExcluirComo também tenho idade para ser um "clássico" como você, lembro muito bem dos "reclames" dos anos dourados. Mas já que o assunto é cigarro, quero lembrar de texto recorrente das Seleções do Readers Digest, a qual sei que você também lia. Trata-se do artigo "Por que os médicos fumam", o qual era um implícito anúncio de cigarros. Pois é, bem colocado, "O tempo passa... as coisas mudam". Abraços, JAIR.
Barcellos e Milene, eu concordo com a restrição da propaganda de bebidas, apesar de costumar beber a cervejinha diária recomendada pela OMS. Estranho,alguns comerciais associarem as bebidas ao esporte!
ResponderExcluirJair, enquanto eu escrevia, lembrava exatamente este artigo da Seleções, a primeira informação que eu tive a respeito dos malefícios do cigarro. Naquela época, nos anos 50, pouca gente sabia disto, pela falta de divulgação.