Uma vez deflagrada, uma guerra só nos dá uma alternativa: vence-la, a qualquer custo! Isto porque as consequências da derrota são as piores que podemos imaginar. E vencer uma guerra a qualquer custo significa esquecer todos os princípios de humanidade, caridade, compaixão e compreensão que idealizamos para viver em harmonia com os outros habitantes deste planeta. Só a ilusão e os efeitos da propaganda podem levar alguém a pensar que podemos estabelecer regras numa guerra. É por isto que a guerra deve ser evitada a qualquer custo! (Leonel, o pensador)
Em junho de 1944, durante a II Guerra Mundial, numa seção de ajudância do exército americano, ao lado do gabinete do Chefe do Estado-Maior, General George Marshall, diversas datilógrafas tinham muito trabalho: sua tarefa era datilografar as cartas que seriam enviadas às familias dos militares americanos que morriam diariamente nas frentes de combate. Mas, uma delas percebeu que já havia datilografado mais de uma carta para a mesma Sra. Ryan, naquele dia: foi conferir e verificou que uma pobre mãe americana iria em breve receber três cartas, comunicando a morte de três de seus quatro filhos combatentes! O próprio general foi informado que o único filho sobrevivente da família Ryan era um paraquedista que acabara de saltar atrás das linhas alemãs, numa ação precursora dos desembarques aliados do Dia-D, na europa continental, dominada pelos nazistas.
E uma decisão foi tomada: deviam a todo o custo impedir que esta família americana fosse irremediavelmente extinta! E a única forma de fazer isto seria desmobilizar imediatamente o filho sobrevivente, resgatando-o do combate e despachando-o para casa.
Esta situação fictícia dá o tema para um dos filmes mais incisivos e realistas sobre a II Guerra Mundial, talvez o melhor de todos.
Pouco antes do inferno: o Sgto. Horvath (Tom Sizemore) e o Cap. Miller (Tom Hanks) numa lancha de desembrque, rumo à Normandia, no dia-D, 6 de junho de 1944.
O filme O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, EUA, 1998, 170 min.) foi produzido por um grupo liderado por Ian Bryce, teve a direção de Steven Spielberg e a consultoria de Stephen Ambrose, falecido em 2002, autor de diversos livros sobre a história dos EUA e sobre a II Guerra: Band of Brothers, Azul Sem Fim, O Dia D, e outros.
Durante as filmagens, os atores foram levados a passar por algumas experiências para sentirem melhor como viviam os soldados americanos na II Guerra: durante 10 dias, tiveram que dormir em barracas e se alimentar com as rações enlatadas servidas como alimento-padrão aos soldados do front. E tudo isto sob a orientação de um autêntico capitão da reserva dos fuzileiros dos EUA, que ministrou ao elenco um treinamento básico de combate.
Dezenas de veteranos sobreviventes das ações mostradas no filme foram entrevistados e tiveram suas experiências reais registradas como subsídio para o filme.
A película recebeu seis indicações para o Oscar de 1999 e foi escolhida em cinco: melhor diretor para Steven Spielberg, fotografia, edição, edição de som e som. Além disto, recebeu também o Globo de Ouro como melhor filme e melhor diretor, o Bafta britânico como melhor filme, efeitos especiais e som, e o troféu Grammy pela trilha sonora de John Williams (Star Wars). No Japão e na França, foi premiado como o melhor filme estrangeiro. Acho que não tiveram coragem de premiar mais uma vez o já agraciado Tom Hanks.
O filme retrata alguns dos momentos mais cruciais da guerra, sem a “pasteurização” que torna os vencedores bonzinhos, deixando os atos impiedosos para os “bad guys”.
Durante as filmagens, os atores foram levados a passar por algumas experiências para sentirem melhor como viviam os soldados americanos na II Guerra: durante 10 dias, tiveram que dormir em barracas e se alimentar com as rações enlatadas servidas como alimento-padrão aos soldados do front. E tudo isto sob a orientação de um autêntico capitão da reserva dos fuzileiros dos EUA, que ministrou ao elenco um treinamento básico de combate.
Dezenas de veteranos sobreviventes das ações mostradas no filme foram entrevistados e tiveram suas experiências reais registradas como subsídio para o filme.
A película recebeu seis indicações para o Oscar de 1999 e foi escolhida em cinco: melhor diretor para Steven Spielberg, fotografia, edição, edição de som e som. Além disto, recebeu também o Globo de Ouro como melhor filme e melhor diretor, o Bafta britânico como melhor filme, efeitos especiais e som, e o troféu Grammy pela trilha sonora de John Williams (Star Wars). No Japão e na França, foi premiado como o melhor filme estrangeiro. Acho que não tiveram coragem de premiar mais uma vez o já agraciado Tom Hanks.
O filme retrata alguns dos momentos mais cruciais da guerra, sem a “pasteurização” que torna os vencedores bonzinhos, deixando os atos impiedosos para os “bad guys”.
As cenas que mostram a fúria dos soldados americanos contra os alemães que massacraram seus companheiros minutos antes, no desembarque na praia francesa de codinome Omaha, são um exemplo desta crueza.
A sequência do desembarque é de extrema violência, mas acreditem, todas as tomadas são reproduções de fatos reais. O diretor montou um mosaico com as lembranças dos veteranos que estiveram presentes ao desembarque real na costa da Normandia, em 6 de junho de 1944. Assim, ao assistir ao filme, cada um dos verdadeiros protagonistas acabou vendo em determinado momento uma ou mais cenas que ele mesmo viu acontecerem naquele dia. Quem leu as obras de Richard Collier, Cornelius Ryan e Stephen Ambrose sobre o assunto poderá ver coisas familiares.
Mas, passada o angustiante desembarque, vemos o jovem capitão da infantaria americana John Miller (Tom Hanks), incumbido de formar um grupo de combate para cumprir a missão de localizar e resgatar o jovem James Ryan (Matt Damon), no interior de uma França que virou terra-de-ninguém, sem fronteiras definidas, onde se pode topar com um inimigo a qualquer momento e em qualquer lugar.
Como prêmio por esta missão, eles também serão mandados de volta para suas casas, o que aumenta de forma substancial a sua motivação.
Os diálogos soam muito autênticos, como se esperaria ouvir de soldados reais, sem as patriotadas e romantismos de alguns filmes deste gênero.
Grupo em marcha: o caubói grandalhão Reiben (Edward Burns) vai à frente, empunhando o pesado B.A.R.
As aventuras em que o grupo de resgate se envolve fazem o deleite dos apreciadores de filmes de guerra. Pode-se ver uma amostra de diversos tipos de ações que podem ocorrer numa guerra, e os soldados se mostram um grupo bastante heterogêneo, cada um com características bem definidas.
O sargentão Horvath (Tom Sizemore), veterano de diversas campanhas, que guarda na sua mochila latinhas com terra dos lugares onde esteve combatendo, é como um irmão mais velho que cuida de todos, inclusive do seu capitão.
O atirador de elite e devoto Jackson (Barry Pepper ) usa um rifle com luneta e, ao disparar, reza para que o Senhor guie seus tiros.
O soldado Mellish (Adam Goldberg) faz questão de dizer na cara de cada prisioneiro alemão que é “juden” (judeu, em alemão).
O soldado Caparzo (Vin Diesel) é guiado pelas suas emoções, como um bom ítalo-americano.
Para alguma eventualidade, ainda levam o dedicado oficial-médico Irwin Wade (Giovanni Ribisi).
Para alguma eventualidade, ainda levam o dedicado oficial-médico Irwin Wade (Giovanni Ribisi).
E não podia faltar o cabo burocrata e meio moita Upham (Jeremy Davies), excelente com uma máquina de escrever, mas pouco afeito às escaramuças do combate. Faz tudo para ficar de fora desta boca pobre, mas como fala francês e alemão, tem escalação garantida.
Uma coisa que chama a atenção é a preocupação com a autenticidade dos detalhes: as armas inclusive. Nota-se que, como de costume nos grupos de combate do exército americano, o soldado grandalhão Reiben (Edward Burns) carrega o B.A.R. (Browning Automatic Rifle), uma arma automática, grande e pesada, que não era para qualquer um.
E de aventura em aventura, vão aprendendo duras lições sobre a guerra: neste mundo caótico, atos piedosos podem ter resultados desastrosos, a bravura pode ser castigada com uma morte estúpida, e a covardia pode ser a chave para o heroísmo.
Mas, talvez a mais cruel e presente dessas lições seja: o inimigo que você poupar pode ser aquele que o matará!
Leonel,
ResponderExcluirPensei muito em comentar esse filme, mesmo tendo assistido cinco vezes, ainda estava pensando, nunca me decidi. Fico feliz de ler teu comentário, garanto que ficou melhor do que qualquer coisa que eu viesse a escrever. Como já citei em meu comentário de "Cartas de Iwo Jima", esse, se não é o melhor, está junto com melhor filme de guerra já produzido. Concordo com cada palavra que você escreveu. Quero acrescentar: Quando estive em San Diego, visitei um Porta-aviões museu chamado "Midway" que lá está. Como os americanos são cultores de heróis, no hangar da belonave havia um ex-fuzileiro que desembracou exatamente na praia de Omaha no dia "D". Tirei uma foto ao lado dele que, inclusive foi um dos consultores do Spielberg para as cenas de desembarque no filme. Vou mandar a foto por email para você.
- Resenha nota dez para um filme idem. Quanto à selvajeria na conduta dos combatentes, há raras exceções que só confirmam a regra. O melhor general de Hitler - Erwin Rommel, a "Raposa do Deserto" - tinha um código de conduta exemplar (ele não era filiado ao partido Nazista). Tendo certa vez capturado uma companhia britânica, respondeu ao comandante da mesma, que apresentara uma queixa formal quanto à exiguidade das rações: "A porção que me cabe é igual à sua e à de seus soldados. Se não receber suprimentos até amanhã, serei obrigado a liberá-los". E mostrou-lhe a sua própria refeição, que acabara de lhe ser entregue por um taifeiro.
ResponderExcluir- Pena que haja tão poucos como ele...
Jair, ótimas fotos! Gostei de ver o veterano, o T-6 e o Douglas A3D Skywarrior, acho que o maior avião a operar regularmente de um porta-aviões! Obrigado!
ResponderExcluirBarcellos, realmente, Rommel, apesar de ser um grande general, tinha contra ele a "mancha" de não ser nazista e externar suas idéias, agradassem ou não ao Führer. Talvez por isto, apesar de ele ser responsável pela defesa ocidental do Reich, Hitler colocou entre ambos outro marechal-de-campo, Von Rundsted, a quem Rommel era subordinado. Mais tarde Rommel se envolveu na conspiração Valquíria, uma tentativa de eliminar o Führer, e acabou se suicidando amtes de ser preso.
O último pedido de um homem...
ResponderExcluirMuito bom!
Leonel, amado!
ResponderExcluirUAU!!!! Estou, ou melhor, caí de paraquedas no meio de Titãs: de um lado você e sua resenha, escrita impecável sobre o filme... do outro Rodolfo e Jair (que ainda não conheço)abrilhantando, ainda mais, todas as informações que você nos doa. Sabe o que vou fazer? Recolher-me a minha insignificância!!! Fuiiii....
Beijuuss n.c.
Rê
www.toforatodentro.blogspot.com
P.S: vou "pesquisar" a respeito de Cornelia Otis Skinner a quem, mesmo sem conhecer, me compara com tamanho elogio! De atriz não tenho nada, mas de humor...é uma das minhas "marquinhas" para viver essa VIDA que vale a pena de ser VIVIDA!!!
Si Fernandes, eu não sei se o seu comentário foi com respeito ao final do filme ou ao general alemão Rommel, de quem o Rodolfo falou.
ResponderExcluirAmbos tem a ver com "último pedido de um homem".
De qualquer forma, agradeço seu comentário!
Regina, sem essa de "insignificância"! Você escreve como gente grande e tem um refinado senso de humor!
A Cornelia Otis Skinner fez uma breve aparição no filme "Enigma de Uma Vida", que eu já comentei aqui. Mas nem falei nela.
"Gracias" pela visita.
É um grande filme, hoje aproveitei para ler alguns post mais antigos aqui seu blogs sempre merece uma revirada pois você aborda sempre muito bem todos os asuntos ! Um abraço grande meu amigo!
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