Alguns fatos sobre a II Guerra Mundial estão mais esclarecidos agora do que na década de 60, ou nos anos mais próximos do fim da guerra.
Principalmente após o fim da União Soviética, muita coisa foi esclarecida, graças à abertura de arquivos referentes à guerra, que até então eram mantidos em sigilo pelos regimes subordinados à Moscou.
Grande parte dos arquivos militares alemães estavam situados na Alemanha Oriental e só vieram à tona após a reunificação da Alemanha.
De parte dos aliados, também muita coisa só apareceu depois do fim da Guerra Fria.
Um dos melhores livros sobre a atividade de combate aéreo na fase final da II Guerra foi a obra do ás-mor da aviação de caça francesa Pierre Clostermann. Nascido em Curitiba, mas de nacionalidade francesa, Clostermann voluntariou-se para pilotar aviões pela Royal Air Force (RAF), a Real Força Aérea Inglesa, após a queda da França.
Principalmente após o fim da União Soviética, muita coisa foi esclarecida, graças à abertura de arquivos referentes à guerra, que até então eram mantidos em sigilo pelos regimes subordinados à Moscou.
Grande parte dos arquivos militares alemães estavam situados na Alemanha Oriental e só vieram à tona após a reunificação da Alemanha.
De parte dos aliados, também muita coisa só apareceu depois do fim da Guerra Fria.
Um dos melhores livros sobre a atividade de combate aéreo na fase final da II Guerra foi a obra do ás-mor da aviação de caça francesa Pierre Clostermann. Nascido em Curitiba, mas de nacionalidade francesa, Clostermann voluntariou-se para pilotar aviões pela Royal Air Force (RAF), a Real Força Aérea Inglesa, após a queda da França.
Pierre Clostermann (*28/02/1921 - +22/03/2006), em foto de 1945, publicada no seu livro O Grande Circo, da Ed. Flamboyant.
Com base em registros e apontamentos do próprio Clostermann, Le Grand Cirque (editado no Brasil pela editora Flamboyant com o título O GRANDE CIRCO) conta em um ritmo vibrante as experiências do autor em combate.Um dos capítulos do seu livro é dedicado inteiramente à Walter Nowotny, jovem piloto austríaco da Luftwaffe (força aérea alemã), um condecorado ás com 258 vitórias, 255 delas na frente russa, segundo os arquivos alemães. Em 1944, Nowotny comandava o chamado Kommando Nowotny, primeira unidade da Luftwaffe a operar experimentalmente com os novos caças a jato Messerschmitt Me-262. Neste capítulo, o autor expressa grande admiração pelo piloto inimigo, e lamenta sua morte, apurada, segundo ele, por “verificações, interrogatórios de prisioneiros e documentos apreendidos”.
Segundo Clostermann, o jovem ás austríaco, citado como tenente-coronel (na realidade era major, segundo os próprios arquivos alemães) teria sido abatido por um piloto de seu esquadrão, ao tentar pousar com um caça a jato Messerschmitt Me-262 em sua base.
O Messerschmitt Me-262: só era vulnerável na hora do pouso. Este exemplar está no National Museum da USAF, em Dayton, Ohio. (Foto: USAF)
Clostermann explica que uma das táticas empregadas pelos pilotos aliados contra os poderosos jatos alemães era, durante as grandes incursões aéreas aliadas de bombardeio, rondar as suas bases com caças e ataca-los na volta dos combates, durante a aproximação final de pouso, aproveitando a sua vulnerabilidade nesta fase, pois estariam com seus motores Jumo 004 em regime reduzido e não conseguiam acelerar rapidamente.Walter Nowotny (*07/12/1920 - +08/11/1944) – Com apenas 23 anos, comandava uma unidade destinada a desenvolver táticas de combate para emprego do revolucionário Me-262.
Numa dessas sortidas, em 15 de março de 1945, segundo Clostermann, o piloto Bob Clark, em um dos caças Tempest V de sua esquadrilha, atacou e abateu a tiros de canhão um jato Me-262 que tentava pousar no aeródromo de Rheine-Hopsten. Quinze dias mais tarde, teriam a informação de que o jato em questão era pilotado por Walter Nowotny.Entretanto, a revista AVIATION HISTORY, na sua edição de Sep. 2002, publicou uma entrevista com Edward R. Haydon, ex-piloto da USAF durante a II Guerra, onde ele mesmo conta como, em 8 de novembro de 1944, com seu caça P-51D do 364º Esquadrão, integrante da 357ª Ala de Caças da USAF, perseguiu um caça Me-262A nas proximidades do aeródromo de Achmer, na Alemanha. Segundo ele, o jato aparentava estar com um dos motores em pane. Outros dois caças P-51 apareceram e um deles atirou, porém não atingiu o caça alemão, por estar este fora do alcance de tiro. O piloto alemão, que seria Nowotny, viu o avião de Haydon muito próximo e prestes a disparar contra ele e tratou de manobrar para escapar. Ao tentar fazer uma curva muito apertada, teria apagado o motor restante. O jato, que já estaria a menos de 100 pés de altitude (!), entrou em estol e precipitou-se no solo, tendo se incendiado em seguida. Nowotny teria sido resgatado dos destroços ainda com vida, morrendo no dia seguinte, em consequência das queimaduras sofridas.
Os registros oficiais da Luftwaffe colocam a derrubada do avião de Nowotny nesta mesma data e local. Nowotny teria comunicado que voltava à base com um dos motores em pane, após uma missão onde interceptara uma formação de bombardeiros B-24 americanos, tendo abatido um deles. O centro de controle da base ainda ouviu sua última e truncada mensagem, onde ele dizia estar em chamas.
Como Clostermann chegou à conclusão de que a aeronave abatida por seu colega de esquadrão fora a do ás austríaco, já morto havia quatro meses ?
Talvez graças à desinformação reinante na guerra, junto com a morosidade com que eram liberadas as notícias.
Como vemos, não param de sair “novidades” sobre a história da II Guerra Mundial, que terminou há 65 anos!
Interessante Leonel, eu tinha, até o ano passado, um livro ilustrado que mostrava os maiores ases das duas guerras e o Nowotny estava lá, só não me lembro qual a data de sua morte, tenho certeza que era 1944. Belo texto, parabéns.
ResponderExcluirExistem coisas ainda controversas sobre o fim de Nowotny. Sua morte consta como tendo ocorrido em 08 de novembro, mas existem versões de que ele foi retirado do avião ainda vivo e teria morrido no dia seguinte. Adolf Galland, general da caça alemã e também um ás “centenário”, estava visitando a unidade naquela ocasião e existem relatos de que ele afirmou ter visto apenas pedaços carbonizados do corpo de Nowotny, inclusive sua mão, além dos diamantes de sua Ritterkreuz (Cruz de cavaleiro com folhas de carvalho, espadas e diamantes, a mais alta condecoração alemã) no meio dos destroços do avião. Eu acho que ele merece crédito, apesar de ter citado no texto uma hipótese diferente, que eu li diversas vezes.
ResponderExcluirAo descrever a forma como o Me-262 caiu, aparentemente estolando após uma manobra desesperada, Edward R. Haydon contradisse seus dois colegas, que estavam nos outros dois Mustangs P-51 e reclamaram a vitória sobre o Me-262 para si, embora o líder, que realmente disparou, alegasse ter se desviado após disparar uma rajada no alcance máximo, para evitar a flak (artilharia antiaérea), que começou a atirar de forma frenética sobre os dois caças americanos.
Note que Haydon não reclamou para si próprio a glória de ter abatido o ás austríaco, inclusive porque afirmou nem ter atirado, apesar de estar bem mais próximo do Me-262 do que os outros dois P-51. Contudo, é possível que alguns disparos tenham realmente atingindo o caça alemão, ou mesmo tenha passado perto, aumentando a preocupação de Nowotny.
- Só mesmo o Leonel para nos brindar com a análise acurada de um fato histórico envolto nas incertezas das circunstâncias da época. Fica-me a dúvida: era costume dos caçadores irem à caça portando suas medalhas e comendas?
ResponderExcluir- Abraços.
Respondendo ao Barcellos: no caso dos alemães, isto as vezes ocorria, por incrível que pareça! Alguns aviadores alemães foram capturados na Batalha da Inglaterra com suas Ritterkreuzen penduradas no pescoço. Às vezes, vestiam suas vistosas fardas por baixo dos macacões de voo. E, afinal, para os caçadores, após 1942,as missões eram sobre território ocupado por eles, e os voos, principalmente nos jatos, às vezes não duravam mais de uma hora. Minha dúvida é se realmente Nowotny tinha recebido esta comenda, com diamantes, feita especialmente para agraciar outro aviador, Hans-Ulrich Rüdel, mimado piloto de Stuka que pulverizou o couraçado russo Marat, enfiando uma bomba pela chaminé do navio, além de ter destruído mais de 500 tanques russos! Era para ser única, por designação do próprio Hitler, mais depois, parece que se tornou extensiva a outros pilotos acima da média.
ResponderExcluirGalland morreu em 1996, e no final, talvez já estivesse meio confuso, com mais de 80 anos (nasceu em 1912).
Realmente, como fica difícil (e mesmo impossível) esclarecer circunstâncias relativas a vitórias, mortes etc. A confusão dos combates resultava em informações contraditórias, e olhe que estamos falando de eventos ainda relativamente recentes! A morte de Nowotny é um exemplo de como detalhes podem variar de uma fonte para outra...
ResponderExcluirAinda existem muitos enigmas e contradições sobre fatos da II Guerra, mas, às vezes surgem novas informações, vindas do fundo do baú de alguns veteranos...
ExcluirJá foi dito que a primeira vítima da guerra é a verdade...
Obrigado pela visita, Paulo!
Abraços!
Gostei muito do relato.
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