O período entre o fim da II Guerra Mundial e a queda do regime comunista da União Soviética foi marcado por um clima de tensão e confronto entre as duas maiores potências bélicas do planeta.
Os que viveram esta época sabem muito bem porque este período era chamado Guerra Fria.
Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) viviam à beira de uma guerra que, se deflagrada, afetaria o mundo inteiro, e empregaria as mais terríveis armas jamais inventadas.
O Comando Aero Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos mantinha permanentemente no ar grandes bombardeiros B-47 e B-52 , carregando bombas nucleares e com alvos já designados na URSS, para desencadear uma terrível retaliação, no caso dos EUA serem atacados pelos soviéticos. Hoje se sabe que esta possibilidade não estava nos planos dos soviéticos, que também temiam o aparato ofensivo que os EUA mantinham em prontidão.
Os que viveram esta época sabem muito bem porque este período era chamado Guerra Fria.
Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) viviam à beira de uma guerra que, se deflagrada, afetaria o mundo inteiro, e empregaria as mais terríveis armas jamais inventadas.
O Comando Aero Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos mantinha permanentemente no ar grandes bombardeiros B-47 e B-52 , carregando bombas nucleares e com alvos já designados na URSS, para desencadear uma terrível retaliação, no caso dos EUA serem atacados pelos soviéticos. Hoje se sabe que esta possibilidade não estava nos planos dos soviéticos, que também temiam o aparato ofensivo que os EUA mantinham em prontidão.
A um passo da III Guerra! Nesta foto da década de 60, um B-52 se aproxima para receber combustível de um KC-135. O reabastecimento em voo permitia que os bombardeiros permanecessem mais tempo na sua ronda na estratosfera, à beira das fronteiras da URSS.
Pouco se fala do impressionante número de incidentes aéreos envolvendo aviões militares das duas grandes potências, durante a Guerra Fria.
Entre 1950 e 1969, nada menos de 14 aeronaves militares americanas foram abatidas por caças soviéticos, com a perda de 165 tripulantes! E isto não inclui ocorrências em zonas de guerra, como Coréia e Vietnã. Nem outros incidentes em que as aeronaves regressaram à suas bases apesar dos danos ou trocaram tiros com caças soviéticos.
Entre os tripulantes dados como "perdidos" acredita-se que alguns tenham sido capturados vivos e mantidos prisioneiros pelos russos, embora os russos tenham negado.
A maioria dos aparelhos abatidos eram aeronaves de grande porte, em versões de reconhecimento ou monitoramento/interferência eletrônica, e as acusações soviéticas eram de espionagem e/ou violação do seu espaço aéreo, enquanto que as alegações americanas eram de que estariam em espaço aéreo internacional.
A lista inclui aeronaves dos modelos P2V Neptune, RB-29, RB-50, RB-47, EC-121, RB-57 e C-130.
O RB-50: apenas uma evolução do B-29, muito empregado como incursor.
Uma das exceções foi o caso do capitão John E. Roche, co-piloto de um RB-50 abatido por caças MiG-17 sobre o Mar do Japão em 29 de julho de 1953, que sobreviveu por 22 horas no mar até ser resgatado por um destróier americano. Segundo ele declarou mais tarde, estariam em espaço aéreo internacional quando ocorreu a intercepção. Os componentes das equipes de resgate relataram ter visto lanchas e aviões de salvamento russos fazendo buscas na área.
Houve um incidente em que um MiG-15 soviético foi abatido por um dos caças F-86 Sabre que escoltavam um RB-45 americano, atacado sobre o Mar Amarelo em 1954.
Mas, fora isto, não há notícias de outros aviões russos abatidos pelos americanos. E não que os russos não gostassem de rondar os exercícios aeronavais da OTAN (Organização do Tratado do Atlãntico Norte). Nessas incursões, os aparelhos mais empregados eram as versões de reconhecimento e patrulha do gigantesco bombardeiro Tupolev TU-95, cujo codinome para a OTAN era “Bear”. Mas também eram usadas aeronaves Tupolev TU-16 “Badger”, Iliushyn IL-38 “May”, Myasishchev M-4 “Bison” e até o temível Tupolev Tu-22M “Backfire”.
Os objetivos de americanos e russos nestas incursões sempre foram os mesmos: vigiar e escutar as frequências de comunicações dos adversários, gravar as transmissões para tentar decifrar seus códigos de comunicações, identificar as frequências de operação dos radares, e medir o tempo de reação à sua presença em áreas restritas.
Mas, porque tantos aviões americanos abatidos? Seriam os americanos mais atrevidos e provocativos em suas missões de espionagem, ou os pilotos dos caças soviéticos seriam do tipo “ligeiro no gatilho”?
Talvez a resposta seja uma mistura de ambos os fatores. Apesar de apenas no caso do U-2 abatido ter havido uma comprovada e irrefutável invasão do espaço aéreo soviético, aquele tipo de voo já era feito rotineiramente há pelo menos dois anos, para desespero dos russos, que não conseguiam atingir os invasores. Os aviões Lockheed U-2, cuja existência fora mantida em sigilo até 1960, eram capazes de voar na fantástica altitude de mais de 70.000 pés (+ de 21.000 metros), bem além do teto operacional dos melhores caças russos daquela época e fora do alcance até mesmo dos mísseis soviéticos terra-ar. A impunidade com que realizavam esses voos, que eram acompanhados o tempo todo pelos radares russos, provocava a fúria no comando da força aérea soviética. Contudo, até lograrem abater um desses U-2, os russos nunca protestaram, provavelmente para não terem que admitir sua impotência para alcançar os intrusos.
O U-2: Era um verdadeiro planador estratosférico. Com uma envergadura de mais de 34 m., podia planar a mais de 70.000 pés (+21.000 m.)
Já as forças da OTAN, da qual faziam parte os EUA, eram regidas por normas e tratados internacionais, e seus membros não tinham liberdade para serem tão agressivos com os aviões de reconhecimento russos.
Foto dos anos 60: um Phantom F-4 da Marinha dos EUA intercepta um Tupolev TU-16 Badger
Normalmente, quando os inevitáveis Tupolev surgiam durante os exercícios aeronavais, as intercepções eram concluídas com o afastamento dos aviões soviéticos das áreas de segurança, sob a escolta de caças da OTAN.
Foto mais recente: um F-15 Eagle e um TU-95 Bear sobre a costa do Alaska
Talvez a internet também possa promover a paz!
Esse período da guerra fria ainda é um caixa preta muito mais hermética que os períodos de hostilidades abertas. Teu texto está muito bom, dá uma pincelada formidável nas relações aéreas das duas potências. Essa possível "troca de figurinhas" agora existente entre os aviadores de ambos os lados é a mais positiva substituição das azedas relações anteriores que se pode esperar. Que elas continuem assim, ganha quem tirar mais fotografias dos contendores e publicar na internet. Abraços, JAIR.
ResponderExcluir- Em Albrook (Panama) eu via ocasionalmente um U-2 decolar e subir quase na vertical, para espionar Cuba. Lembrando que a letra U designa aeronaves utilitarias (utility) e foi adotada durante o desenvolvimento do projeto para despistar a espionagem da URSS.
ResponderExcluir- Vou fazer uma pausa, amigos. Meu computador entrou em parafuso, estou usando o do meu filho. Volto breve, se Deus quiser, para colocar em dia a leitura dos posts dos amigos e retomar as minhas materias. Fui.
Certo, Barcellos, o fato de usar a letra "U" e não "R" de aeronave de reconhecimento foi mesmo para despistar.
ResponderExcluirComo você, eu convivi com os U-2 em Albrook, onde havia também os Martin RB-57 Camberra, versão americana do bombardeiro inglês adaptada para reconhecimento a grande altitude. Segundo apuramos, ambos eram empregados em voos de espionagem sobre Cuba.