FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

Mostrando postagens com marcador planos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador planos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 7 de março de 2013

CRÔNICAS HOSPITALARES

Texto arquivado...
 
Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013...
Preso a um leito, tento coordenar os pensamentos e aproveitar de alguma forma este tempo irremediavelmente devotado às agulhadas nas veias, nos dedos e no cérebro; sim, no cérebro, porque a expectativa de ser espetado é o uma das coisas que mais me incomoda.
Desconectado (não consegui obter a senha de nenhuma das redes locais da clínica e a péssima recepção local de 3G me desencorajou a assinar algum serviço deste tipo), só me resta escrever divagações para posterior publicação, se for o caso...
Na imagem cheia de chuviscos de uma velha TV CRT de 14 polegadas, vejo que o ex-papa Bento XVI foi acompanhado por toda a mídia televisiva em seu caminho aéreo para a residência onde ficará o resto do seus dias após a renúncia. Este foi o assunto de fundo de todos os noticiários e transmissões extras.
Eu fui educado em uma escola paroquial, onde o catecismo valia nota, assim como a presença na missa aos domingos. Fiz a primeira comunhão e segui assim até ao primeiro ano do ginásio, após o qual fui estudar num colégio particular onde a diretoria, a maioria do corpo docente e discente era formada por judeus. Lá nunca fui questionado com relação as minhas convicções religiosas e nem nada me foi perguntado a respeito.
Aos poucos, minhas atividades religiosas passaram a se resumir ao comparecimento à casamentos, enterros e missas de sétimo dia, sempre acompanhando a família.
De alguma forma, a falta de respostas à algumas questões fundamentais e a solidez de certos dogmas inexplicáveis (e inaceitáveis) me afastou ainda mais da paróquia e passei a procurar respostas em outras filosofias.
Hoje me pergunto qual diferença faz para mim o fato de um papa renunciar.
Não quero desrespeitar as pessoas que se importam com essas decisões, tomadas na cúpula de uma doutrina religiosa.
Mas, acho que, nos últimos quarenta anos, nenhuma decisão da minha vida foi tomada em função de algum ato papal. Com todo o respeito, eu mentiria se dissesse que a renúncia de Bento XVI alterou alguma rotina da minha vida.
“Rezar e refletir”, foram as palavras de Bento XVI/Ratzinger para descrever sua proposta em relação às suas atividades pós-papado, afirmando também que não deverá interferir na gestão de seu sucessor. Bom exemplo para ex-governantes do nosso país.
E um bom exemplo de atitude, que também pretendo seguir: rezar para daqui para diante não cometer tantas besteiras como as que já fiz, e refletir sobre as tantas besteiras que cometi e disse (como algumas acima).
Outro exemplo: por que, quando tenho todo o tempo do mundo e os meios para realizar alguma atividade, não o faço, e quando fico impedido de fazer qualquer coisa como agora, fico lamentando por isto?
Será que só sinto a necessidade de fazer algo quando estou impossibilitado de fazê-lo?
Será que isto ocorre com todo o mundo ou só com preguiçosos e acomodados como eu?
Estou ansioso por levantar desta cama, andar uns quatro quilômetros com minha cachorra, preparar um canteiro para reiniciar minha horta no fundo do quintal, contratar a pintura de meu quarto e dos muros da casa, consertar a chaminé da churrasqueira, arrumar a minha oficina/depósito e descartar no lixo quase um caminhão de coisas inúteis que estão há anos sem serem utilizadas, usar minha experiência para ajudar alguém a superar algum problema, enfim fazer um sem-número de coisas menos relevantes, mas necessárias.
Será que farei mesmo estas coisas quando estiver em condições?
A pergunta que não quer calar...

Já estou em casa outra vez, e resolvi publicar este texto, escrito há dias atrás...

domingo, 30 de janeiro de 2011

PLANOS E DECISÕES IRREVERSÍVEIS

Em 1519, o explorador espanhol Hernando Cortez, partindo de Cuba, chegou ao México, então habitado pelos astecas. Seu objetivo estava delineado: conquistar o império asteca e se apossar de todas as suas riquezas!
Como farejou dissidências entre seu pessoal, determinou que os navios que os haviam trazido fossem queimados, para que não houvesse a possibilidade de recuar.
Mais tarde, como bom conquistador da sua época, tomou como refém o imperador Montezuma, que o havia recebido com flores, destruiu e saqueou a capital Tenochtitlan e, com a ajuda de outros povos inimigos dos astecas, destruiu e saqueou todo o império asteca.

Mas,o fato de haver destruído seus navios após chegar, entretanto, tornou-se marcante, como uma prova de sua determinação, forçando seus homens a se concentrarem num único objetivo. Não haveria segunda chance! Vitória ou aniquilação! A dominação sobre os astecas passou a ser sua única chance de sobrevivência, e para Cortez, uma garantia de que todos dariam o melhor de si para atingirem um propósito.
De vez em quando, inadvertidamente, “queimamos os navios” e tomamos uma decisão que nos parece irrreversível. Colocamos todas as fichas em um número e contamos que vamos ter sucesso em uma empreitada.
Mas, na vida, parece que a única coisa certa é a sua própria incerteza.
É impressionante a forma como certas “linhas do tempo” são quebradas, e essas quebras nos arremessam para uma outra via, onde acabamos seguindo caminhos paralelos ou divergentes daquele que pretendíamos seguir!
Após algumas destas quebras, que fizeram minha vida dar “cavalos de pau”, como um fusca faria num pega dos anos 70, adotei uma linha diferente: hoje, prefiro planos a curto prazo. Mesmo porque, não sei até aonde vai a minha longevidade. Mas assim, tenho sido mais bem sucedido do que em outros tempos. E para certos pontos no desenvolvimento cronológico dos meus planos, coloco um operador “IF” (se). Se até aqui isto não foi alcançado então...e daí, surgem as alternativas!
Outras vezes, fico simplesmente ao sabor do vento, com a mente aberta, vendo aonde as correntes vão me levar...coisa típica de velhos preguiçosos, que não querem arcar nem com o peso de uma decisão, né?
Mas, na verdade, quando tenho que tomar uma decisão, é rapidinho, mesmo que seja a decisão errada!
Às vezes, fico matutando se Cortez tinha realmente avaliado que suas forças seriam capazes de levar a cabo seus objetivos, e tinha ele certeza da vitória, ou se preferia ser aniquilado a deixar de alcançar sucesso naquela primeira e única tentativa.
Para algumas pessoas, deve ser melhor morrer do que mudar de ideia...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ANO NOVO: MAIS UMA VOLTA...


Estamos prestes a completar, a bordo da nave Terra, mais uma volta em torno desta estrela que chamamos Sol.
Depois de inúmeros cálculos, divisões com resto, e reajustes periódicos, acabamos definindo o tempo decorrido neste percurso como ANO. 
A cada ano, se repete o ciclo das estações, referenciadas pelos solstícios e equinócios tão familiares ao meu amigo "El Brujo" Barcellos e aos druídas de Stonehenge.
Talvez por isto, encaramos o novo ano como uma nova oportunidade de recomeçar, como mais uma rodada de um jogo eletrônico. Recomeçamos com uma nova vida, nos desvinculando dos erros e micos que pagamos no ano anterior e às vezes propomos mudanças de atitude e realização de diversas coisas.
Mas, diferente das estações, tão previsíveis como consequências dos movimentos do planeta, no contexto dos eventos as coisas variam um pouco mais. Embora os eventos sejam quase sempre os mesmos, sua ocorrência é aleatória quanto ao local, hora e pessoas envolvidas. Sua magnitude também varia. 
Quase dá para dizer que o que ocorre a cada ano pode ser enquadrado na teoria quântica: há uma probabilidade percentual de que algumas coisas certamente vão ocorrer com determinada incidência, porém somos incapazes de dizer quando, onde e com quem.
Por exemplo: provavelmente os patrulheiros rodoviários, bombeiros e hospitais já devem ter em mãos uma previsão de mortos e feridos, bem como acidentes sem vítimas nas estradas, nos deslocamentos típicos do final de ano. Até as áreas de maior incidência podem ser mapeadas com algum acerto. Mas, o momento, o local exato e a identidade das vítimas de cada acidente permanece imprevisível, por falta de variáveis na equação. Muito óbvio, não é?
E é assim com tudo.
Confesso que só há pouco tempo, já de cabelos brancos, fui aprender, graças ao velho amigo "El Brujo" Barcellos, o verdadeiro significado da frase: "Navegar é preciso, viver não é preciso". (1)
A frase eu já conhecia há tempos, ao que parece, uma citação de Fernando Pessoa. Mas eu não entendia porque era preciso navegar e não era preciso viver. 
Até que, lendo uma matéria (não me lembro qual) do blog  Sete Ramos de Oliveira  fiquei sabendo que o "preciso" diz respeito à precisão e não ao ato de precisar, necessitar. O ato de navegar, com o sextante e a bússola, pode ser razoavelmente preciso. Já o viver é quase totalmente impreciso, pois envolve muitas variáveis desconhecidas.(2)
Ninguém devia saber disto melhor do que eu, que diversas vezes na vida tracei planos minuciosos e definitivos sobre o meu futuro a médio e longo prazo e depois vi tudo frustrado e as coisas tomando rumos completamente diferentes, devido à fatores com os quais eu nem sonhara.
Então, não podemos planejar mais nada, já que quem decide tudo são fatores aleatórios?
Nem tanto. Quando planejamos algo de forma realista, e estamos mesmo decididos a levar a cabo alguma tarefa a curto e médio prazo, temos grandes possibilidades de realiza-la, apesar de possíveis contratempos.
Porém, nada nos impede de deixar alternativas como "plano B" para o caso das coisas não sairem como pensamos. É recomendável que estejamos sempre com a mente aberta para encarar as novas hipóteses que surgirem. Assim,  não nos parecerá um fracasso se não alcançarmos os objetivos primários da forma como planejamos.
Bem, dito isto, quero dizer  que minhas "resoluções de ano novo" são coisas bem simples, na maioria coisas que já deveriam ter sido feitas, mas por algum motivo nem sempre justificado, foram adiadas. Tipo: plantar uma horta, arrumar o quartinho da bagunça, etc...etc...
Já me considerarei um herói, se conseguir realizar pelo menos metade delas!
Desejo a todos os que tiveram a paciência de ler estas minhas divagações desconexas um 2011 de sucessos e realizações! E os votos utópicos, mas sinceros, de sempre: paz, saúde, amor e prosperidade!

(1) e (2): Nestes parágrafos foram introduzidas correções, após os comentários do Jair e Barcellos, já que eu, à princípio, atribui uma citação erradamente ao blog do primeiro, quando na verdade, ela fora publicada no blog do segundo.