FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

terça-feira, 5 de junho de 2012

TROCANDO EM MIÚDOS: PRÉ-SAL


De uns dois anos para cá, muito se falou do "Pré-Sal", e sua descoberta foi anunciada com muito estardalhaço pelo governo, como se isso fosse mudar a vida dos brasileiros. Mas, afinal, o que é este tal pré-sal e o que ele pode mudar na nossa vida? 
O chamado pré-sal é uma camada do subsolo rochoso situada abaixo da crosta de sal, no fundo do mar, ao largo da costa brasileira, abrangendo desde o litoral do Espírito Santo até o de Santa Catarina, numa extensão de aproximadamente 800 km, com largura variável, chegando a alcançar 200 km. Esta camada teria se formado há 150 milhões de anos, e estima-se que contenha enormes reservas de petróleo, além de gás natural. Análises demonstram que o óleo é de ótima qualidade, o que significa melhor valor comercial.
Para quem espera que o fim dos combustíveis fósseis acelere a adoção de meios de propulsão menos poluentes e renováveis, estas descobertas não são tão animadoras.

Diagrama mostrando as camadas submarinas.
(Fonte: Petrobrás) 


As estimativas são de que os os campos do pré-sal contenham em torno de 1,6 trilhões de m3 de óleo e gás natural, cinco vezes a reserva atual, o que colocaria o Brasil como sexto maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas dos cinco maiores produtores árabes.
A Petrobrás, que dispõe da mais avançada tecnologia e experiência em prospecção submarina, já está acostumada a explorar grandes profundidades no chamado pós-sal, e possui poços que alcançam de 2.600 até mais de 4.600 m!
Porém, os lençóis estão em profundidades de até 7.000 m, sob camadas de rochas salinas de até 2.000 m de espessura, o que torna a sua exploração extremamente difícil e cara.
Existem muitos problemas técnicos a serem resolvidos, para extrair petróleo e gás com segurança nas condições de altas temperaturas e pressões extremas, enfrentando a corrosividade do meio salino.
Por isto, a tecnologia necessária para explorar de forma eficaz essas reservas ainda está sendo desenvolvida.
Mas, a viabilidade econômica da exploração da camada pré-sal depende da elevação dos preços internacionais do barril de óleo, para compensar os altos custos da produção.
A meta da Petrobrás é alcançar, em 2017, produção diária superior a 1 milhão de barris de óleo, somente nas áreas do pré-sal onde já opera. Por enquanto, o único poço em operação a partir do pré-sal é o de Tupi.
E aí se configura uma contradição: ao mesmo tempo em que estas perspectivas nos abrem um novo horizonte no campo da economia, também nos colocam na contramão dos movimentos ecológicos, que pregam a substituição gradativa dos combustíveis fósseis por renováveis e não-poluentes.
Se bem que temos bastante companhia nesta contramão: parece bem lógico que nenhum país possuidor de reservas pareça disposto a abandonar a exploração de petróleo em benefício da biosfera.
Parece inevitável que os detentores de reservas irão usa-las até ao seu esgotamento, aproveitando o aumento dos preços internacionais que deve ocorrer antes disto.
Assim, se quisermos combustíveis menos poluentes e cidades com ar mais respirável, isto terá que esperar um pouco mais, e será feito lutando contra os interesses de quem quer lucrar com a produção de petróleo. Inclusive nosso próprio país.



 Mapa do pré-sal, mostrando as áreas de concessão. (Fonte: Petrobrás)

Em dezembro de 2010, o Congresso aprovou o chamado Marco Regulatório do Pré-Sal, um conjunto de leis que passou a regulamentar a forma de concessões para exploração do pré-sal, estabeleceu o modelo de partilha da produção e outras providências. 
Este Marco Regulatório vale para os 107.228 km² (72%) da área do pré-sal ainda não licitada.
Este novo sistema de exploração de petróleo na costa brasileira substitui o antigo mecanismo de concessão.  A produção de cada campo de petróleo terá que ser partilhada entre o consórcio vencedor da licitação e a União. Nos leilões, ganha quem oferecer ao governo federal a maior parcela da produção estimada para o campo.
A Petrobrás será a operadora única dos campos e no caso de formação de parcerias com outras empresas, ela terá uma participação mínima de 30% no consórcio.
O Marco Regulatório estabelece também (milagre!) que 50% do retorno obtido com a aplicação dos recursos serão destinados ao financiamento da educação.

24 comentários:

  1. Onde foi parar o meu comentário??????

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    1. Sandra, eu não tenho idéia...
      Os comentários feitos aqui vão também para o meu e-mail, mas não recebi nada.
      Deve ser mais um dos "apagões" deste tal Blogger, que engoliu o teu comment...
      Isto de vez em quando acontece comigo, comentando em outros blogs...
      Tente de novo!
      Bjs!

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  2. Amigo LeÔnidas, SERÁ??? que da pra confiar...!!!!

    Que o gonócio tá lá nóis já foi informado, mas dá pra confiar que eles não vão fazer cag*** emporcalhar o meio ambiente com essa mania de fazer tudo "nas coxas" ?
    É meu véi, ando meio assustado com esse paíszinho do faz de conta, dos alibabás e trocentos ladrões, pseudo-emergente!!!

    Vai que cola!!!! kkkkkkkkk
    Deusssssssssssssskiajude
    Abraços
    Tatto

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    1. Tatto, eu acato as suas dúvidas: macaco velho não põe a mão em cumbuca!
      Apesar de acreditar na competência técnica da Petrobrás, em qualquer atividade onde existe interferência política não dá para colocar todas as fichas!
      No papel, é tudo muito bonito, mas depende sempre dos executantes...
      Por isto, eu citei a euforia com que foi anunciada a existência das reservas, quando os benefícios para o zé povinho podem custar muito a chegar...ou nem chegar!
      Abração, amigo!

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  3. Tenho dúvidas como Xipan...e nem sei se estarei viva para ver a real aplicação desses recursos. Além disso tenho "mêda" dessa exploração toda e as consequências, que colheremos, na biosfera.
    Beijuuss n.a.

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    1. Rê, como eu já disse aí em cima, toda a dúvida é justificavel!
      Se as decisões em relação à exploração destes recursos forem tomadas com objetivos políticos imediatistas, a vaca pode ir para o brejo, e a carruagem virar abóbora bem antes do que se esperava!
      Desastres ecológicos são sempre uma possibilidade, em especial quando se trata de atividades críticas, onde o menor erro pode redundar numa tragédia incontrolável!
      Bjs!

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  4. Esperamos que tudo isso seja em favor do nosso povo, como você diz aí em cima sobre financiar a educação, eu fico de orelha em pé, será?
    Muito boa a matéria parabéns.
    Abraço

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    1. Pois é, Lu: no papel é isso que está escrito!
      Pelo menos, escreveram certo!
      O problema é na hora de ler e executar o que foi escrito...
      Oremos!
      Abraços!

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  5. Só Deus! ...Não acredito nadinha em coisa de políticos..."fico de orelha em pé, como diz a lucidreira;

    Como sempre gostei muito do comentário do Xipan, ele diz o que penso;
    e obrigada por continuar sendo meu amigo, e tentando me informar dessas coisas "tenho medo ..sim, sou leiga, mas sempre tem quem possa nos explicar sobre tal assunto; e tal do DrAgon? Chegou, não?! rs
    Gosto muito de ti, já sabes, ñ deixa de ser meu amigo, parece q meu blog tá sendo clonado, sei não, to triste.
    Beijo.
    Mery*

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    1. Mery, eu expliquei os fatos que existem, a maioria só no papel, ou no terreno das hipóteses...
      De sólido mesmo, só as reservas do pré-sal, que são reais!
      Esse negócio do blog paralelo já vem de muito tempo, eu tentei de tudo, mas dentro do ambiente do blogger, as coisas não deram certo, só vindo "por fora".
      A missão do Dragon foi totalmente bem sucedida! A cápsula foi recuperada do mar com sucesso!
      Obrigado pelo apoio e pela amizade! Não se preocupe, que eu sempre dou um jeito de chegar lá!
      Faça sempre o backup (cópia de segurança) do seu blog, como o Barcelos mostrou.
      Bjs!

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  6. 50% do retorno pra educação... mas com 70% de custos operacionais e 20% de desvio, só sobram 10% de retorno... dos quais 5% iriam pra educação... com 3% de desvios no ramal... e mais 1% de perdas por incompetência... xavê... sobra 1% pra professores, merenda, alunos, quadro negro, giz, livros, cadernos, telhados etc...
    É... tá de bom tamanho!

    Abraços, amigo.

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    1. Eu falei o que está lá na lei, preto no branco!
      Agora, a interpretação que os nossos governantes darão na hora de aplicar o dinheiro, é outra história!
      Aliás, é a mesma história de sempre!
      Lembra da CPMF?
      Abraços, Barcellos!

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  7. Ah o famoso pré sal, Santos já mostra sinais de avanço econômico por conta dele, mas eu sou a favor da criação de medidas mais ecológicas e menos poluentes também, mas enfim, e Leonel tem podcast novo no ar, abração :-)

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    1. Na verdade, tudo o que envolve esta atividade representa sério risco para a ecologia!
      Veja o que aconteceu no Golfo do México e o recente caso da Chevron, aqui mesmo no Brasil!
      Já estou ouvindo podcast, depois vou comentar!
      Abraços, Clayton!

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  8. OI LEONEL!
    SEMPRE NOS COLOCANDO A PAR DE ASSUNTOS RELEVANTES.
    GOSTEI MUITO DE TE LER ATÉ PORQUE APRENDI SOBRE O PRÉ SAL, COISAS QUE NEM PENSAVA.
    QUANTO AO ATO REGULATÓRIO QUE ESTABELECE OS 50% PARA A EDUCAÇÃO, DÁ PARA CONFIAR QUE IRÃO MESMO?
    ABRÇS

    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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    1. Zilani, pelos comentários acima, se pode ver que a confiança dos brasileiros na aplicação correta das leis é de 0%!
      Ninguém confia, pois todos estão escaldados!
      Abraços!

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  9. É claro que país nenhum abrirá mão de lucrar e lucrar em nome do meio ambiente. Luta ecológica é coisa para os sem-petróleo, somos fracos não, futura potência mundial, ricos pra dedéu e poluindo o mundo e o fundo.

    ê, mundão véio sem porteira, sô!

    Oh, aprendi aqui, viu? Agora sou uma inscrita no ENEM, então toda hora vou vir por aqui sorver atualização.

    Beijocas!

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    1. É isso mesmo! Agora estamos entrando no time dos que não estão nem aí para a ecologia, pelo menos no que se refere aos combustíveis.
      Para que investir em combustíveis renováveis e não-poluentes, se estamos com uma das maiores reservas de petróleo do mundo?
      Bjs, Milene!

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  10. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... Leonel perdoe-me amigo. Um texto muitísimo bem feito, didático,informativo.... mas quando li a última linha sobre investimentos na educação e comparei com a longa e antiga história de luta pela qualidade do ensino, tive que sorrir.....kkkkk.
    Olha, ainda bem que eu ando cultivando a esperança....kkkkkk... e além do mais, nós professores, devemos por obrigação, ensinar os nossos alunos a sonhar alto....

    Beijos e boa noite!!

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    1. Carla, de qualquer forma, este repasse depende de uma produção que ainda nem tem como ser feita em escala maior, por falta de meios.
      E quando começar a render realmente, terá que haver muita mobilização por parte dos setores da educação, no sentido de cobrar esta verba!
      Senão...vira "lei que não pegou", outra mania brasileira!
      Bjs!

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  11. o Pré sal, anda movendo Santos nos últimos anos, crescimento econômico, grande número de imóveis surgindo, cada vez mais altos, meninos que ouvi desde pequenos que seriam advogados, médicos e por ai vai, hoje fazendo faculdade de Petróleo e Gás, cursos de mergulho.
    Não sei onde isso vai parar, mas sinceramente não vejo com bons olhos.
    Bom dia, bjs

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    1. Sem dúvida, novas vagas surgirão inclusive em indústrias de apoio às explorações do pré-sal.
      Mas, nem tudo serão flores...
      Bjs, Mary!

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  12. Leonel,
    Primeiro devo pedir desculpas pela minha "ausência" como leitor do seu blogue. Parece que o sobrenatural de Almeida baixou no meu PC e está impedindo meu acesso à tua página, coisa que talvez só São Steve Jobs pode explicar. Acabei de adicioná-lo à minha relação "Companheiros da Blogsfera" e nada aconteceu, teu blogue continua sumido.
    Quanto ao texto, devo dizer que só o esgotamento total das reservas petrolíferas do Planeta trará consciência ao Homo sapiens de modo que ele investirá em fontes alternativas a sério. Ou seja, quando a humanidade estiver com a corda no pescoço vai correr atrás do prejuízo por não ter qualquer opção. Abraços e parabéns atrasado pelo ótimo texto, JAIR.

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    1. Jair, o blogger está apresentando falhas na edição do meu blog quando se acessa através de outro browser que não seja o Chrome, que é da mesma origem que o Google, e está formando uma rede semelhante ao Facebook.
      Quando eu coloco links nas minhas postagens, editadas através do browser Firefox, eles aparecem com um endereço inexistente.
      A Google está cada vez mais com cara de Microsoft!

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