FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

OS GATOS

Há 14 anos compartilho minha casa com uma gatinha vira-lata que apareceu do nada e se instalou com a maior sem-cerimônia, me adotando como seu mordomo.
Os gatos tem tido uma quase sempre bem sucedida parceria com os seres humanos, desde há séculos.
Consta que teriam sido os egípcios os responsáveis por esta aproximação, e, incrivelmente, os maiores beneficiados foram os humanos!
Não pretendo dar uma aula de história, mesmo porque outros blogs apresentam de forma bem mais didática os fatores que envolveram o início deste relacionamento. Apenas narro os fatos de maneira informal, como num bate-papo. Os egípcios viviam em uma região onde o ciclo climático limitava as atividades agrícolas, que forneciam a base alimentar para a população. O plantio, cultivo e colheita seguiam calendários bastante definidos, e por isto os egípcios desenvolveram seus estudos sobre astronomia, e aprenderam a interpretar o efeito dos movimentos da Terra sobre as estações do ano e o clima. Tudo para ter uma colheita bem-sucedida. Quando tinham sucesso, geralmente as safras eram maiores do que as requeridas para consumo nas entressafras, e o excedente ficava armazenado em celeiros, para suprir as necessidades, no caso das próximas safras não serem tão abundantes.

Esta moça entrou lá em casa e se instalou com ares de dona do pedaço...
 
Porém, mesmo com tais precauções, em determinados momentos eles se viram ameaçados pela fome, devido a uma praga difícil de combater: ratos!
Os ratos também desenvolveram uma associação com os humanos, mas de uma forma que só beneficiava a eles: invadiam os celeiros e devoravam o que podiam dos grãos armazenados. Além disto, grande parte do que não era devorado ficava contaminado pelos seus dejetos, ficando inadequado para o consumo.
Entretanto, as regiões desérticas em torno das povoações egípcias eram abundantes em gatos, em seu estado selvagem.
Em situação normal, os felinos viviam em tocas apertadas e bem escondidas, e sendo animais de pequeno porte, eram presas de diversos animais maiores, como chacais, raposas e linces. Mas, sendo eles também predadores, tinham a difícil rotina de ficarem escondidos na maior parte do dia, saindo de suas tocas apenas à noite, para descobrir, caçar e trazer para seus filhotes insetos e animais menores, como pequenos répteis, pássaros e... ratos!
Mas, suas saídas precisavam ser muito breves e eficazes, para que ficassem expostos o menor tempo possível, evitando que, de predadores, se tornassem presas. Os gatos são caçadores rápidos, silenciosos e certeiros!
Especialistas em comportamento animal de um canal de TV a cabo especializado em fauna estabeleceram um ranking de animais predadores, baseados no percentual de sucesso de suas investidas. O vencedor foi o gato, superando tubarões, orcas, lobos outros menos votados.
Mas, voltando ao Egito antigo, os egípcios viram com esperança que à noite, os gatos venciam a timidez, se aproximavam dos povoados e partiam com sua habitual agressividade e eficácia contra os ratos, depois de verificarem que os humanos não representavam ameaça para eles. Pelo contrário, os egípcios logo perceberam que a presença dos felinos era uma dádiva dos céus, e dentro de sua religiosidade, atribuíram isto a uma intervenção divina!
Assim, os gatos passaram a ser bem tratados e bem vindos nas casas e povoações, com status de enviados dos deuses, e portanto sagrados.
A partir da segunda dinastia egípcia, foi incorporada às divindades uma deusa gata, chamada Bast ou Bastet.
Imagem egípcia de Bast. Existem outras representações em que ela é uma mulher com cabeça de gata.

Bast era considerada como os olhos do deus-sol Rá e protetora da maternidade, da família e da cura. Os médicos egípcios a adotavam como símbolo.
Os templos consagrados à deusa abrigavam diversos gatos que, quando morriam, eram mumificados, como os nobres e faraós.
No Egito, quando um gato da casa morria, as pessoas da família raspavam as sobrancelhas em sinal de luto. Quem matasse um gato poderia ser condenado à morte.
Depois de ter salvo o povo egípcio da fome, os gatos, sempre cumprindo sua finalidade protetora, passaram a ser adotadas como animais domésticos, desfrutando de todos os direitos da casa.
Por isto, não estranhe o jeito folgado e a postura exigente dos gatos...eles um dia evitaram que os homens morressem de fome!

4 comentários:

  1. Segundo C. W. Ceram essa gata era a deusa de Bubaste. Ele não esclarece se a deusa tomou o nome da cidade ou vice-versa.

    Abraços.

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    1. Ceram sabia das coisas. No ginásio, eu tinha um professor de história geral que sempre tinha na mesa um exemplar de DEUSES, TÚMULOS E SÁBIOS, ao lado do livro-texto.
      Abraços, Barcellos

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  2. Acho que Cleópatra era considerada a encarnação de Bast. Bem, euzinha não tenho muito apreço nesses bichanos e nem sei te explicar os motivos. Talvez de outras vidas rsrsrs Gosto mesmo é dos cães! A sua dona do pedaço é bem bonitinha e daqui percebo que seus bons tratos de mordomo tornaram a moça realmente uma Rainha do lar.
    Beijuuss Leonel e bom carnaval!

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    1. Eu sempre gostava mais dos cães, até que a convivência de 14 anos com minha pequena senhora me ajudou a compreender melhor os felinos.
      Hoje gosto dos cachorros e gatos da mesma forma, embora eles demonstrem sua amizade de formas bem diferentes!
      Feliz carnaval na roça!
      Bjs!

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