FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

Mostrando postagens com marcador teatro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador teatro. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

TRIBUTO AOS ATORES

A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...
(Trecho da música COMIDA, de Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto, sucesso com os Titãs.)

A cultura faz parte da vida humana. Para nos sentirmos bem, não nos basta a barriga cheia e a segurança de um abrigo. Uma das qualidades humanas é gostar de expor as próprias ideias, assim como conhecer e discutir as ideias alheias. Precisamos ouvir música tocada ou cantada, ler livros ou textos, assistir encenações, competições esportivas, enfim, apreciar a arte e o entretenimento em todas as suas expressões.
Não sou, nem pretendo ser crítico nem entendido em nenhuma modalidade de arte. Me considero apenas mais um leigo apreciador de algumas delas.
Cada um tem seus pontos mais sensíveis em relação à suas interações com o mundo da arte e do entretenimento: alguns preferem ouvir, outros preferem ver, outros preferem ler sobre as coisas. Entre todos os artistas, pintores, escultores, músicos ou escritores os que mais me chamam a atenção são os atores.
Se o pintor usa as cores das tintas para criar paisagens ou cenas, o escultor recorta na pedra ou na madeira formas que reproduzem a realidade, e o músico expressa nos sons seus sentimentos e sensações, como faz o poeta com seus versos, os atores fazem de si próprios os objetos da arte. 

 José Wilker, o malandro Lorde Cigano, com Betty Faria em Bye Bye Brasil.

Quando representam, e são bons no que fazem, nos levam a crer que estamos vendo não eles, mas suas personagens. Suas expressões e linguagem corporal nos fazem crer que estão mesmo apaixonados, desesperados, raivosos ou assustados. Mexem com nossos sentimentos, fazendo com que os odiemos, amemos, tenhamos medo ou pena deles.
Cada vez que vejo um filme, seja ele muito bom, apenas razoável, ou mesmo ruim, o que costuma me chamar a atenção é em que grau o ator ou atriz me convenceu de que naquele momento, ele é realmente aquele personagem que está representando no filme.
Alguns que me convenceram:

Burt Lancaster como o enigmático executivo bonachão de Enigma de Uma Vida;
Sharon Stone como a mulher vulgar e viciada do bookmaker Robert de Niro em Cassino;
José Wilker como o empresário de teatro mambembe da “Caravana Rolidei” em Bye-Bye Brasil;
Tom Hanks como o professor alistado como oficial do exército em O Resgate do Soldado Ryan;
Will Smith como aquele sofrido e persistente vendedor de copiadoras em À Procura da Felicidade;
Wagner Moura como o duro e obstinado capitão do BOPE da PM carioca em Tropa de Elite;
Elizabeth Taylor como a artista liberada e meio hippie que seduziu o padre em Adeus às Ilusões
Samuel L. Jackson como o assustador e violento policial meio psicopata em O Vizinho
Robert De Niro como o arrependido mercador de escravos em A Missão.

Seria inadequado se eu chamasse os atores de heróis, pois isto seria injusto para com os bombeiros, médicos, policiais, missionários e tantos outros que arriscam suas vidas ou as dedicam ao salvamento de outros.

Robert De Niro, como Rodrigo Mendonza em A Missão.

Mas, são eles parte de minha vida, pois contribuiram para diversos momentos de satisfação, assim como outros profissionais do entretenimento, e de todas essas atividades que são exclusivas da cultura humana e que diferenciam o homem dos animais, já que atos elementares como comer beber, e fazer sexo fazem parte do cotidiano de racionais e irracionais. A arte, pelo menos neste planeta, ainda é uma exclusividade humana.
(Desnecessário me lembrar de coisas negativas que também são exclusivas da humanidade.)
Infelizmente, por diversos motivos, eu nunca frequentei teatro com a frequência que gostaria, mas assisti muitas sessões de cinema, e hoje, graças ao milagre da tecnologia,  o cinema veio para minha sala.

Wagner Moura (centro), o Capitão Nascimento de Tropa de Elite. 

Mesmo assim, dedico especial reconhecimento aos atores do teatro. O ator de cinema tem a chance de repetir várias vezes as mesmas cenas, e, no final, a equipe de edição montará o filme apenas com as melhores, conforme seleção do diretor ou de quem for o big boss, o chefão.
(Quando essa seleção é feita visando mais a parte comercial, nem sempre as escolhas do diretor prevalecem. Por isto, há casos em que alguns anos depois de um lançamento, surge “a versão do diretor”, com as cenas que ele realmente escolheu, não raro mudando até o sentido do filme.)
O ator de teatro tem um desafio bem maior: ele tem que encenar diante da platéia e,  mesmo que tenha uma atuação magnífica, terá que repeti-la nas próximas apresentações, vez após vez, exposto a críticas às vezes impiedosas. Se num dia estiver desconcentrado devido a algum problema e errar uma fala ou um gesto, ainda corre o risco de ser vaiado ao vivo e em cores, se a platéia não for muito compreensiva, o que não é incomum.
Não é por acaso que atores de teatro arrebentam quando fazem cinema e são sempre muito elogiados pelos diretores.

 Elizabeth Taylor, como a contestadora Laura Reynolds, balança os valores do sacerdote Dr. Hewitt (Richard Burton), em Adeus às Ilusões.

Interessante notar que, no cinema, geralmente os filmes são associados aos atores, enquanto no teatro, as peças se identificam mais com os autores do que com os atores, pois a mesma peça acaba sendo encenada por elencos diferentes, de acordo com a montagem que é feita em diferentes países, locais ou companhias, havendo até mesmo a substituição eventual de componentes do elenco.
Mas, minha modesta homenagem nesta postagem é para todos os atores, do teatro,  circo, cinema e TV, que criam arte com suas próprias figuras, me divertem, me emocionam e me dão momentos de satisfação.
That's entertainment!