FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

FILME: A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO

Quando nos encontramos no lançamento de sua obra O OUTRO NOME DA ROSA, meu grande amigo Barcellos, em determinado momento, me deu uma cutucada: "Você devia fazer a sinopse de A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO". Vindo de quem veio, a sugestão soou forte, e eu comecei logo a preparar o texto. Só que eu acabara de concluir uma trilogia de posts sobre a ação de submarinos alemães contra a nossa frota mercante durante a II Guerra, e talvez os leitores já estivessem saturados por assuntos subaquáticos. Assim, reservei este texto, que agora estou postando.

INTRODUÇÃO
Um dos aspectos menos conhecidos da Guerra Fria é o que aborda os confrontos entre submarinos soviéticos X ocidentais.
Até hoje, pouco se sabe de alguns incidentes e quase-incidentes deste período, apenas pedaços de histórias ou citações sem maiores detalhes.
É sintomático que, mesmo depois do fim da União Soviética e da Guerra Fria, por ocasião do acidente com o submarino russo KURSK, a princípio correram rumores sobre suspeitas de um ataque ou colisão com um submarino americano que estivesse rondando as manobras navais russas.
O escritor americano Tom Clancy inspirou-se nos tensos dias da Guerra Fria para escrever diversos de seus romances de espionagem/ação, a maioria com a participação do personagem Jack Ryan, jovem analista da CIA.
Ao que parece, o Clancy reuniu alguns fragmentos de histórias de perseguições submarinas reais e conseguiu fundi-los numa excelente narrativa de ficção quando escreveu o romance A Caçada Ao Outubro Vermelho.
Este foi o primeiro de seus livros a ser levado até as telas de cinema, em filme homônimo, e também o primeiro em que aparece o personagem Jack Ryan, vivido no filme por Alec Baldwin.
Posteriormente, Ryan seria revivido por Harrison Ford, em JOGOS PATRIÓTICOS (Patriot Games - 1992) e em O PERIGO REAL E IMEDIATO (Clear and Present Danger- 1994), e depois por Ben Affleck em A SOMA DE TODOS OS MEDOS (The Sum Of All Fears – 2002).

 Alec Baldwin, como o jovem Jack Ryan, o analista da CIA que conhecia o inimigo melhor que os generais do pentágono.
O FILME
A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO
(The Hunt For Red October- EUA – 1990 – 134 min.- cor)
A ano é 1984, e um revolucionário submarino de ataque soviético parte de sua gelada base em Mursmank para seu primeiro exercício no mar, com o restante da esquadra. O Outubro Vermelho é dotado de um inédito sistema alternativo de propulsão magneto-hidrodinâmica, que atua sugando a água através de dutos laterais paralelos e expelindo-a para trás, de uma forma que o torna altamente silencioso e praticamente indetectável para os inimigos americanos.
O submarino está carregado com uma bateria de mísseis nucleares que podem arrasar meio mundo e colocaria os soviéticos na ofensiva, pela primeira vez na história.

Marko Ramius (Sean Connery) e seu imediato Vasili Borodin (Sam Neill): uma arriscada conspiração, a bordo da mais mortífera arma de guerra do arsenal soviético.

Porém, seu comandante, o magistral capitão Marko Ramius (Sean Connery) e seu imediato Vasili Borodin (Sam Neill) tem outros planos: tendo já aliciado a maioria de seus oficiais subalternos, pretendem desertar para os EUA, entregando a revolucionária belonave intacta aos americanos, em troca de asilo e cidadania! Ramius deixa com seus superiores uma carta, só aberta após sua partida, onde explica suas intenções e os motivos.
Após eliminarem Putin, o oficial-comissário político a bordo,  (coincidência, o filme é de 1990!), encarnado por Peter Firth, eles iniciam uma fuga através do Atlântico Norte, e sua rota deixa preocupados americanos e russos, os primeiros por desconhecerem seus propósitos, e os segundos por conhece-los muito bem!
Do outro lado do Atlântico, autoridades americanas tem que decidir o que fazer a respeito do inusitado barco soviético, após terem sido avisados erradamente pelos russos de que a intenção de Ramius seria atacar os EUA com mísseis nucleares, por sua própria conta e risco!

"Isto não aconteceu, e eu nunca estive aqui, OK?" O vice-almirante Greer (James Earl Jones) manipula a verdade de acordo com os interesses da CIA.
Entretanto, o jovem analista da CIA Jack Ryan (Alec Baldwin) estudou a fundo biografia do comandante russo e não acredita que seja esta sua intenção. Ante o ceticismo dos chefes militares e políticos, tenta obter autorização para se comunicar com Ramius. Para isso, conta com o apoio de um congressista e de seu chefe, o vice-almirante Greer (James Earl Jones).

 O capitão Bart Mancuso (Scott Gleen), do submarino americano U.S.S. Dallas: para os russos, um caubói ligeiro no gatilho e perigoso.
No mar, o Outubro Vermelho tem que enfrentar o submarino-caçador americano U.S.S. Dallas, sob o comando do impetuoso capitão-de-mar-e-guerra Bart Mancuso (Scott Gleen, perfeito). Além disso, à sua retaguarda está outro submarino-caçador soviético, o Konovalov, enviado para destruí-lo, sob o comando de um dos seus melhores ex-alunos, o agressivo comandante Tupolev (Stellan Skarsgard).
A tensão está no ar o tempo todo, enquanto as horas passam e o Outubro Vermelho se aproxima da costa americana. A única esperança é Jack Ryan, que vai para o mar a procura de contato com os desertores russos.
O desenlace é eletrizante, pois entre tantas ameaças, os amotinados do submarino russo também percebem que nem todos os homens da sua tripulação estão de acordo com suas ideias de tornarem-se cidadãos americanos!
O filme dura pouco mais de duas horas, o que pode parecer longo, mas tem um pique tipo “007”, e agrada a quem gosta de ação com uma boa trama de fundo.
A direção foi de John Mc Tiernan, especialista no ramo: (Predador (1987), Duro de Matar (1988), Intruder A-6: Um Voo Para o Inferno (1990).
A película recebeu o Oscar de Melhor Edição Sonora em 1991.
Está disponível nas revendedoras e locadoras em DVD.
Diversão garantida!

domingo, 4 de setembro de 2011

HISTÓRIA: SUBMARINOS DO EIXO AFUNDADOS NO BRASIL

Só para encerrar o assunto submarinos do eixo e seu envolvimento com o Brasil durante a II Guerra Mundial, eu tenho que contar também que não ficou barato para os submarinos do eixo Alemanha-Itália a participação no conflito. 
A grande maioria dos tripulantes encontrou seu fim dentro de mortalhas de aço, esmagados pela pressão das águas profundas que os engoliram!
Após uma impressionante ofensiva nos dois primeiros anos da guerra, ficou clara a ameaça representada pelos submarinos e as terríveis consequências dos ataques aos comboios e navios isolados. O principal objetivo destes ataques era cortar a linha de suprimentos para as ilhas britânicas, que dependiam enormemente da navegação marítima.
Por isto, os aliados concentraram esforços no desenvolvimento de tecnologias e táticas para combater os submarinos. E foram muito bem sucedidos, principalmente com o emprego de aviões de patrulha naval: quando o Brasil entrou na guerra, os números já começavam a se tornar desfavoráveis para os "lobos cinzentos".

Recentemente, a família Schürmann, que se tornou famosa por suas viagens pelos mares do mundo, anunciou que, após dois anos de pesquisas, conseguiu localizar um submarino alemão, o U-513, afundado na costa catarinense durante a II Guerra. Trata-se do primeiro navio desta categoria a ser localizado no Brasil.

Durante a II Guerra, foram afundados em nossas águas nada menos de 11 submarinos, sendo 10 alemães e um italiano:
Submarino
(tipo)
Data:
Local:
Atacante(s)
U-164
(IXC)
06/01/43
Largo de Fortaleza-CE
01º 58' S, 39º 22' W
PBY(EU)
U- 507
(IXC)
13/01/43
NW de Natal-RN
01°38'S, 39°52'W
PBY (EU)
Archimede
14/04/43
Litoral do RN
3º 23" S, 30º 28 W
PBY (EU)
U-128
(IXC)
17/05/43
Litoral de PE
10º 00' S, 35º 35' W
PBM (EU)
+ 2 destróieres (EU)
U-590 (VIIC)
09/07/43
Largo da foz do Amazonas
3º 22' N, 48º 38' W
PBY(EU)
U-513
(IXC)
19/07/43
SE de S. Fco. Do Sul-SC
27º 17' S, 47º 32' W
PBM(EU)
U-662
(VIIC)
21/07/43
Largo da Foz do Amazonas
3º 56' S, 48º 46' W
B-24(EU), PBY (EU)
U-598
(VIIC)
23/07/43
Largo de Natal-RN
4º 05' S, 33º 23' W
B-24(EU)
U-591
(VIIC)
30/07/43
Litoral de PE
8º 36' S, 34º 34' W
PV-1(EU)
U-199
(IXD2)
31/07/43
Litoral do RJ
23º 54' S, 42º 54' W
PBY (BR), A-28(BR),PBM(EU)
U-161
(IXC)
27/09/43
Litoral da BA
12º 30' S, 35º 35' W
PBM(EU)
EU= Estados Unidos, BR=Brasil. A decodificação dos tipos de submarinos e aviões atacantes está mais abaixo.
E ainda pode existir mais um, ainda não identificado, que foi atacado em 5 de abril de 1943 a 60 km de Aracaju, por um Lockheed Hudson A-28 da Força Aérea Brasileira (FAB), pilotado pelo tenente Ivo Gastaldoni (já falecido, Brigadeiro Reformado). Segundo o relato do piloto, um dos pioneiros da aviação de patrulha brasileira, as cargas de profundidade lançadas por ele explodiram em torno do submarino, e ele submergiu ou afundou, deixando uma grande mancha de óleo na superfície. Mais tarde, navios da Marinha recolheram destroços que poderiam ser deste U-boot. Contudo, os submarinos as vezes ejetavam óleo e destroços para tentar enganar atacantes, fazendo-os suspender o ataque.
Como mostrado no quadro acima, todos os submarinos foram afundados por aviões, e em apenas um deles houve envolvimento direto de navios de guerra. E, com exceção do U-199, os principais responsáveis foram aviões da US Navy (Marinha dos EUA), baseados em território brasileiro.
O Archimede foi o único submarino italiano afundado na costa brasileira. Os submarinos alemães do tipo VIIC (sete-C) de autonomia menor, só alcançavam o nordeste brasileiro. Já os dos tipos IX (nove) C e D2 eram maiores, tinham maior autonomia e levavam mais tripulantes e mais torpedos. 

Submarinos alemães tipo VIIC
(Clique para ampliar)

Deslocamento: 769 t (superfície) 871t (submerso)
Comprimento: 67,10 m
Largura: 6,20 m
Equipagem: 44 a 52 tripulantes.
Velocidade: 17,7 nós (32,8 km/h) (superfície), 7,6 nós (14,1 km/h) (submerso).
Profundidade testada: 230 m
Alcance:15.170 km, a 19 km/h (superfície), 150 km a 7,4 km/h (submerso).
Propulsão
Superfície: 2 Motores diesel Germaniawerft M6V 40/46- 6 cilindros, com turbocompressor, com potência total de 2.800 a 3.200 hp (2.100 a 2.400 kw).
Submerso: 2 Motores elétricos BBC GG UB 720/8, com potência total de 750 hp (560 kw).
Armamento:
5 tubos de torpedos (4 na proa, 1 na popa) c/14 torpedos de 533 mm; ou 26 minas TMA; ou 39 minas TMB.
1 canhão de 88 mm/L45 no convés, c/220 tiros.
Artilharia antiaérea variavel de .50 e 20 mm.



Submarinos alemães tipo IXC

(Clique para ampliar)
 
Deslocamento:1.120 t (superfície) 1.232 t (submerso)
Comprimento: 76,80 m
Largura: 6,80 m
Equipagem: 48 a 56 tripulantes (55 a 63 no tipoIXD).
Velocidade: 18,3 nós (33,9 km/h) (superfície), 7,3 nós (13,5 km/h) (submerso).
Profundidade testada: 230 m
Alcance: 20.000 km, a 19 km/h (superfície), 117 km a 7,4 km/h (submerso).
Propulsão
Superfície: 2 Motores diesel MAN M9V40/46 - 9 cilindros, com turbocompressor, com potência total de 4.400 hp (3.300 kW)
Submerso: 2 Motores elétricos SSW GU345/34, com potência total de 1.000 hp (740 kW)
Armamento:
6 tubos de torpedos (4 na proa, 2 na popa) c/22 torpedos de 533 mm.
1 canhão de 105 mm/45 no convés, c/110 tiros.
Artilharia antiaérea variavel de 20, 30, e 37 mm.

Identificação de aeronaves:

PBY= Consolidated Catalina PBY 
Hidroavião bombardeiro bimotor de patrulha.
Catalina PBY com insígnias dos EUA usadas no início da II Guerra. 
(Clique para ampliar)
Em operações na costa brasileira, foram utilizados pela FAB e pela US Navy. Um PBY da FAB foi o responsável pelo afundamento do U-199.
Motores: 2 x Pratt-Whitney R-1830-92 Twin Wasp radial de 9 cilindros - potência total: 2.400 hp
Tripulação: 8.
Velocidade máxima:314 km/h
Alcance: 4.030 km
Armamento: 3 metralhadoras Browning .30 + 2 metralhadoras Browning .50.
1.814 kg de bombas ou cargas de profundidade.

PBM= Martin Mariner PBM
Hidroavião bombardeiro bimotor de patrulha.

Mariner PBM com insígnias dos EUA usadas no início da II Guerra.
 (Clique para ampliar)
 
Em operações na costa brasileira, só foram utilizados pela US Navy.
Motores: 2 × Wright R-2600-12 radial, de 14 cilindros – Potência total:3.400 hp.
Tripulação: 7.
Velocidade máxima:330 km/h
Alcance: 4.800 km
Armamento: 8 metralhadoras .50 Browning M2 .
340 kg de bombas ou cargas de profundidade.
1.800 kg de bombas ou cargas de profundidade ou 2 torpedos.

A-28 = Lockheed A-28 Hudson
Bombardeiro bimotor de patrulha.

A-28 Hudson com insígnias da Royal Air Force (RAF). 
(Clique para ampliar)

Em operações na costa brasileira, só foram utilizados pela FAB.
Era uma versão militar derivada do Lockheed 14 Electra.
Motores: 2 x Wright Cyclone radial de 9 cilindros - potência total: 2.200 hp
Tripulação: 6.
Velocidade máxima:397 km/h
Alcance: 3.150 km
Armamento: 2 metralhadoras Browning .30 no nariz + 2 metralhadoras Browning .30 na torreta dorsal.
340 kg de bombas ou cargas de profundidade.

PV-1=Lockheed PV-1 Vega Ventura
Bombardeiro bimotor de patrulha.

PV-1 Ventura com insígnias dos EUA.
(Clique para ampliar)
Em operações na costa brasileira, foram utilizados pela FAB e pela US Navy.
O Vega Ventura foi um aperfeiçoamento do Hudson, com motores bem mais potentes.
Motores: 2 × Pratt-Whitney R-2800 radial de 18 cilindros - potência total: 4.000 hp.
Tripulação: 6.
Velocidade máxima:518 km/h
Alcance: 2.670 km
Armamento: 4 metralhadoras Browning .50 + 2 metralhadoras Browning .30.
340 kg de bombas ou cargas de profundidade.
6 cargas de profundidade (147 kg cada) ou um torpedo.

B-24=Consolidated B-24 Liberator
Bombardeiro pesado quadrimotor.

B-24 Liberator com insígnias dos EUA.
 (Clique para ampliar)


Em operações na costa brasileira, só foram utilizados pela US Navy.
Tripulação: 7 a 10.
Motores: 4 X Pratt-Whitney R-1830, com potência total de 4.800 hp.
Velocidade máxima:470 km/h
Alcance: 3.400 km
Armamento: 10 metralhadoras Browning .50.
5.800 kg de bombas ou cargas de profundidade.

Aproximadamente 800 submarinos alemães foram afundados durante a II Guerra, com a perda de mais de 28.000 tripulantes, 75% de baixas, um índice de perdas mais alto do qualquer outra tropa alemã no conflito. Esses submarinos causaram muitas perdas à navegação mercante aliada, inclusive no Brasil, mas pagaram muito caro!
_______________________________________________________________
Nota: Por motivo de saúde, terei que ficar afastado das postagens por algum tempo. Espero breve estar de volta com novas matérias. Agradeço ao apoio que sempre recebi de todos vocês!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

HISTÓRIA: AS VÍTIMAS BRASILEIRAS DOS SUBMARINOS

Na minha postagem HISTÓRIA: SUBMARINOS ALEMÃES ATACAM!, eu mencionei que finalmente sabia quem tinham sido os atacantes de todos os navios brasileiros afundados na II Guerra Mundial.
Aqui, está, conforme prometi a mim mesmo, o resultado de muitas consultas e de cruzamentos de informações, sobre o tema navios brasileiros atacados por submarinos do eixo Itália-Alemanha durante a II Guerra. Esta é a lista dos navios afundados, com data, hora e local (quando disponíveis), a identificação do submarino atacante e o nome do seu capitão na ocasião do ataque.


Navios Brasileiros Torpedeados na II Guerra Mundial

1942
N.
Navio
(Mortos)
Data
Hora
(1)
Local
(Posição)
Submarino
Tipo(2)
Comandante
do submarino
01
Buarque
(1)
15/02
04:43
Costa leste dos EUA
36°35'N, 75°20'W
U-432
VIIC
Cp T Heinz-Otto Schultze
02
Olinda
(0)
18/02
18:07
Costa leste dos EUA
37°30'N, 75°00'W
U-432
VIIC
Cp T Heinz-Otto Schultze
03
Cabedelo
(54)
25/02
-
Antilhas?
Da Vinci
Cp Cv Longanesi-Catani
04
Arabutã
(1)
07/03
21:10
Costa leste dos EUA
35°15'N, 73°55'W
U-155
IXC
Cp Cv Adolf C. Piening
05
Cairu
(1)
09/03
02:25
Costa leste dos EUA
39°10'N, 72°02'W
U-94
VIIC
1T Otto Ites
06
Parnaíba
(7)
01/05
20:46
Leste de Trinidad-Tobago
10°12'N, 57°16'W
U-162
IXC
Cp T Jürgen Wattenberg
07
Comte. Lira
(2)
18/05
22:30
200 nm da costa do RN
Barbarigo
Cp T Enzo
Grossi
08
Gonçalves Dias
(6)
24/05
13:15
Mar do Caribe
16°09'N, 70°00'W
U-502
IXC
Cp T J. Von Rosenstiel
09
Alegrete
(0)
01/06
23:51
Mar do Caribe
13°40'N, 61°30'W
U-156
IXC
Cp Cv Werner Hartenstein
10
Pedrinhas
(0)
26/06
23:17
300 nm a NE de Porto Rico
23°07'N, 62°06'W
U-203
VIIC
Cp T Rolf 
Mützelberg
11
Tamandaré
(4)
26/07
08:15
Ao largo de Trinidad-Tobago
11°34'N, 60°30'W
U-66
IXC
Cp T Friedrich Markworth
12
Piave
(1)
28/07
20:30
100 nm leste de Barbados
12°30'N, 55°49'W
U-155
IXC
Cp Cv Adolf C. Piening
13
Barbacena
(6)
28/07
00:40
100 nm leste de Barbados
13°10'N, 56°00'W
U-155
IXC
Cp Cv Adolf C. Piening
14
Baependi
(270)
16/08
00:12
Costa de Sergipe
11°50' S, 37°00'W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
15
Araraquara
(131)
16/08
02:02
Costa de Sergipe
12°00'S, 37°19'W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
16
Anibal Benevolo
(150)
16/08
09:13
11 nm da Barra de SE
11º42' S/37º23' W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
17
Itagiba
(36)
17/08
18:03
Costa da Bahia
norte da Ilha de Tinharé
13°20'S, 38°40'W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
18
Arará
(20)
17/08
18:03
Costa da Bahia
norte da Ilha de Tinharé
13°20'S, 38°49'W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
19
Jacira
(0)
19/08
00:00
Costa da Bahia
Entre Ilhéus e Itacaré
14°30'S, 38°40'W
U-507
IXC
Cp Cv Harro 
Schacht
20
Osório
(5)
28/09
01:10
Foz do Amazonas
norte de Salinas-PA
00°03'N, 47°45'W
U-514
IXC
Cp T Hans J. Auffermann
21
Lajes
(30
28/09
02:15
Foz do Amazonas-PA
00°13'N, 47°47'W
U-514
IXC
Cp T Hans J. Auffermann
22
Antonico
(16)
28/09
00:00
Costa da Guiana Francesa
05°30'N, 53°30'W
U-516
IXC
Cp Cv Gerhard Wiebe
23
Porto Alegre
(1)
03/11
16:42
Largo de Port Elizabeth -África do Sul
35°27'S, 28°02'E
U-504
IXC
Cp Cv Hans Poske
24
Apalóide
(5)
22/11
22:17
Leste das Pequenas Antilhas
13°28'N, 54°42'W
U-163
IXC
Cp Cv Kurt Engelmann
1943
N.
Navio
(Mortos)
Data
Hora
(1)
Local
(Posição)
Submarino
Tipo(2)
Comandante
do submarino
25
Brasilóide
(0)
18/02
03:15
Costa da Bahia
12°38' S, 37°57' W
U-518
IXC
Cp T Friedrich Wissmann
26
Afonso Pena (125)
02/03
23:01
Ao largo da Bahia
Barbarigo
Cp T Roberto
Rigoli
27
Tutoia
(7)
01/07
00:15
Largo de Iguapé-SP
24º43' S, 47º19' W
U-513
IXC
Cp Cv Rolf Guggenberger
28
Pelotaslóide
(5)
04/07
17:45
5 nm norte de Salinas -PA
00°24'S, 47°36'W
U-590
VIIC
1T Werner Krüer
29
Bagé
(28)
01/08
02:36
30 nm sul de Aracaju-SE
11°29'S, 36°58'W
U-185
IXC/40
Cp T Augustus
Maus
30
Itapagé
(22)
26/09
18:50
10 nm de Lagoa Azeda-AL
10º05'S, 35º54'W
U-161
IXC
Cp T Albrecht Achilles
31
Campos
(12)
23/10
12:33
15 nm de Alcatrazes-SP
24°42'S, 45°45'W
U-170
IXC/40
Cp T Günther
Pfeffer
1944
N.
Navio
(Mortos)
Data
Hora
(1)
Local
(Posição)
Submarino
Tipo(2)
Comandante
do submarino
32
Vital de Oliveira
(99)
20/07
04:54
25 nm sul do farol S. Tomé– RJ
22°29'S, 41°09'W
U-861
IXD2
Cp Cv Jürgen Oesten

(1) A hora, no caso dos submarinos alemães, se refere à hora de Berlim em que foi comunicado o afundamento. Esta coluna não serviu como ordenação, portanto podem haver horários fora de ordem, para um mesmo dia
(2) Os submarinos alemães tipo VIIC eram menores e tinham menor raio de ação que as diversas variantes do tipo IX, maiores e com maior autonomia.

Abreviaturas usadas no quadro:
nm= milha náutica (1.853 m)
N,S,E,W, NE = Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste
1T = Primeiro-tenente
Cp T = Capitão-tenente
Cp Cv = Capitão-de-corveta

Como se pode ver, pouco mais da metade (17) dos navios brasileiros afundados durante a II Guerra foram atacados em águas nacionais. Os outros foram afundados em diversas partes do Atlântico, como na costa dos EUA e no Caribe. Até no Oceano Índico houve um ataque, no caso do Porto Alegre.

O Arará: um dos seis navios brasileiros torpedeados pelo U-507 entre os dias 16 e 19 de agosto de 1942. De seus 35 ocupantes, 20 foram mortos no ataque.

Originalmente, constavam 34 navios, mas excluímos desta lista o navio Cisne Branco, uma vez que não há nenhuma referência ao seu afundamento nos arquivos dos submarinos alemães, sendo que o submarino que alegadamente o teria torpedeado (U-161) foi afundado no mesmo dia, a uma distância longe demais do local do naufrágio. Muitas contradições envolvem a misteriosa explosão que causou o naufrágio do Cisne Branco. Na realidade, há mais dúvidas do que certezas em relação a este navio e pode ter acontecido algum acidente, já que ele levava carga militar considerada secreta (talvez explosiva), embora declaradamente transportasse apenas sal.
Também foi excluído o veleiro Paracuri, que consta nos arquivos alemães como apenas danificado por tiros de canhão pelo submarino U-159 no Caribe, em 05 de junho de 1942, não havendo registro de vítimas.
Quanto ao Cabedelo, faltam alguns dados, já que este navio saiu em 14-fev-1942 do porto de Filadélfia, nos EUA, com destino ao Rio de Janeiro, e desapareceu sem deixar destroços, sobreviventes ou corpos. Dois pesquisadores europeus, um alemão e o outro italiano, chegaram a mesma conclusão de que ele foi torpedeado pelo submarino italiano Da Vinci, em 25-fev-1942. Porém, não temos informações sobre o local exato. 

 O Cabedelo, que se acredita ter sido afundado próximo às Antilhas pelo submarino italiano Da Vinci, em 25 -fev-1942: 54 mortos.

Também não consta da lista, por não ser um navio, o pequeno pesqueiro de 20 t CHANGRILÁ (Shangri-Lá), afundado ao largo de Cabo Frio (RJ) a tiros de canhão pelo submarino U-199, em 22-jul-1943. O destino deste barco, dado como desaparecido, só foi conhecido no início deste século, quando foi liberado o teor do interrogatório dos tripulantes sobreviventes do U-199, capturados e levados para os EUA, após o afundamento do submarino, em 31-jul-1943. Os 10 tripulantes, do CHANGRILÁ, todos pescadores de Arraial do Cabo, foram metralhados para que não revelassem a presença do submarino naquela posição. Seus corpos nunca chegaram à costa nem foram encontrados.
Este não foi o único caso de desrespeito à tratados internacionais no tratamento de sobreviventes de naufrágios. Após um incidente com o navio Laconia, esses caso se tornaram frequentes.
Em 12-set-1942, no Atlântico Sul, ao largo da costa africana, o submarino U-156, comandado pelo capitão-de-corveta Werner Hartenstein, torpedeou o navio inglês Laconia. O barco transportava 136 tripulantes, 80 civis, 268 soldados ingleses e cerca de 1.800 prisioneiros de guerra italianos, vigiados por 160 soldados poloneses. Percebendo que havia aliados italianos entre os náufragos, o comandante iniciou uma operação de salvamento, convocando mais dois submarinos, um alemão e outro italiano para cooperar no resgate. Rebocando botes e com os conveses cheios de soldados, os três submarinos rumaram para a costa africana quando foram avistados por um avião-patrulha americano. Apesar de ostentarem bandeiras brancas e cruzes vermelhas, foram atacados e forçados a submergir, causando a perda de vidas. Mais tarde, os aproximadamente 1.500 sobreviventes foram resgatados por navios franceses, a essa altura aliados dos alemães.
Em decorrência disso, o almirante Karl Doenitz, comandante da frota submarina alemã, expediu uma ordem para que seus barcos não mais se envolvessem em resgates de passageiros de navios torpedeados. Entretanto, essa ordem não explica o metralhamento sistemático de sobreviventes.
Essa determinação foi um dos motivos que levaram o Almirante Doenitz a ser indiciado pelo Tribunal de Nuremberg, instaurado pelos aliados após o conflito, para julgar os crimes de guerra cometidos pelos alemães. Sua defesa alegou que o mesmo procedimento fora adotado pelos aliados em situações semelhantes, citando ações da marinha dos EUA no Pacífico. Essa estratégia parece ter funcionado, pois ele pegou apenas dez anos de prisão. Doenitz faleceu em 1980, aos 89 anos.
Anos após o Julgamento de Nuremberg, o governo brasileiro, a pedido da Marinha, solicitou a extradição, para julgamento no Brasil, do ex-capitão-de-corveta Gerhardt Wiebe e outros oficiais, que serviam no submarino U-516 por ocasião do torpedeamento do navio brasileiro Antonico, em 28-set-1942, ao largo da Guiana Francesa. Após abandonarem o navio em baleeiras, os quarenta sobreviventes ainda foram metralhados pelos tripulantes alemães, sendo 16 mortos, inclusive o comandante Américo Neves, e diversos feridos. Mas houve sobreviventes que relataram o fato. A extradição foi negada e o Brasil desistiu da solicitação.
As perdas humanas brasileiras nestes afundamentos atingiram a soma total de 1.080 mortos.
Curiosamente, o primeiro navio brasileiro a ser atacado na II Guerra não foi alvo de nenhum submarino, mas de um avião!
Em 22 de março de 1941, o Taubaté, que viajava no Mediterrâneo, do Chipre para Alexandria, no Egito, foi atacado próximo ao seu destino por um avião da Luftwaffe, que após lançar bombas sem acertar, metralhou o navio, mesmo após o içamento de uma bandeira branca, matando um tripulante e ferindo outros 13. A diplomacia brasileira protestou, mas consta que a embaixada alemã não se pronunciou a respeito. Na época, o governo de Getúlio Vargas via com certa simpatia o regime nazista e a política externa brasileira buscava a neutralidade em relação à guerra.
Durante a II Guerra, os submarinos alemães afundaram mais de 3.000 navios aliados.



A lista dos navios brasileiros torpedeados foi elaborada com dados das seguintes fontes:

Apontamentos do Gen. da reserva Darcy Lázaro, veterano da FEB (Assoc. Dos Ex-Combatentes – Seção Paraná), conforme citado pelo pesquisador Diniz Esteves.

Informações constantes no livro do falecido Brig. Ivo Gastaldoni MEMÓRIAS DE UM PILOTO DE PATRULHA.

Em uma série de artigos do mesmo autor, publicados na REVISTA DA AERONÁUTICA, editada pelo Clube de Aeronáutica.

No excelente livro O BRASIL NA MIRA DE HITLER, de Roberto Sander (Ed. Objetiva, 2007), que conta diversos detalhes sobre o afundamento dos navios brasileiros, sobre a atividade de espionagem alemã no Brasil e da política brasileira da época.

No site www.uboat.net, onde constam informações detalhadas sobre as operações de mais de 1000 submarinos alemães durante a II Guerra Mundial.