FRASE:

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"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

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segunda-feira, 12 de março de 2012

REDE? TÔ FORA!


Como já sabem os que me conhecem a mais tempo, eu relutei bastante em criar um blog.
Apesar de ser um entusiasta da ciência, da ficção científica e da tecnologia, sempre fico com um pé atrás antes de adotar para mim certas inovações.
Fui um dos últimos a adotar o telefone celular (assim mesmo, mais pela sua utilidade como agenda) e levei um bom tempo antes de conectar meu computador na internet. “Tweeter” para mim, ainda lembra um alto-falante pequeno, que dá notas agudas...
Tablet, estou pensando e ter um...há quase dois anos!
Hoje, reconheço a utilidade da internet, da qual sou mais um dependente, daqueles que se sente como um náufrago quando a rede sai do ar...
E o telefone celular é principalmente minha agenda e despertador, me ajuda a lembrar os aniversários dos amigos e parentes, além de outros compromissos.


Mas, ultimamente, o que me deixa mais desconfiado são as chamadas redes sociais...
Nem vou citar os nomes, para evitar problemas legais (que pretensão, como se meu blog tivesse algum peso nas comunicações).
Mas, redes sociais que ficam te apresentando a novos amigos, alguns que eu nem sei de onde vieram, mas que terão acesso a um mundo de dados sobre mim (supondo que eu fizesse como algumas pessoas, que informam na rede todos os seus passos)...me dão arrepios!
Não sou muito adepto de teorias de conspiração, até já trabalhei para esclarecer algumas delas, mas há indícios demais de que algum grupo está lucrando muito com os dados que os usuários publicam nas redes sociais.
Outra coisa que me deixa desconfiado são aquelas mensagens disparadas por alguém que tem silício no lugar de carbono (um  computador), querendo compartilhar isto ou aquilo, pedindo opinião sobre o que alguém que eu conheço andou falando, me apresentando novos integrantes, ou me cobrando participação, se fazendo passar por alguém conhecido.
Deve ser interessante para quem quer conhecer pessoas, fazer novos amigos, e dividir sua intimidade com alguém, ou mesmo procurar um(a) companheiro(a).
Mas, eu já fico satisfeito com o que tenho: meus amigos mais chegados têm o meu endereço de e-mail, e eu conheci muitas pessoas consistentes e que posso chamar de amigas nesta blogsfera (ou seja, a parte do éter internáutico habitada pela porção virtual dos blogueiros).
Assim, quando vejo principalmente adolescentes de ambos os sexos expondo sua intimidade e descrevendo seus passos e seus amigos nas redes sociais, não posso deixar de pensar em como ficam vulneráveis à pessoas mal-intencionadas. 

Claro, na vida cotidiana também ficamos expostos. Por acaso, descobri que alguma pessoa que trabalha em um órgão governamental com acesso a dados privativos e sigilosos dos cidadãos andou gravando DVDs com informações minuciosas, vendidos para agências de telemarketing, que os usam para selecionar seu público-alvo.
Numa ocasião, perguntei a uma operadora como haviam me escolhido para fazer a oferta, e ela me falou da existência do DVD e da sua origem.
Eu confirmei a fonte quando forneci a este órgão um número de telefone que, apesar de estar em meu nome, se encontrava instalado em outra casa: o tal número logo virou alvo de ofertas de cartões, empréstimos, pedidos de doações e outras coisas, todas dirigidas ao meu nome... 
Assim, de uma forma ou de outra, estamos sempre sujeitos à invasões de privacidade. Mas, não vejo necessidade de cooperar com as invasões!
Desconfio que há um propósito oculto bem maior, que deve ser do interesse de quem quer tornar as redes sociais uma necessidade...
Já tive que me cadastrar numa rede, única forma de acessar as obras de um amigo, ali publicadas.
Mas, ficam por aí as minhas incursões nestas arapucas.
E, eu, como sempre faço (a princípio), estou fora!
O tempo dirá se estou perdendo algo...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HISTÓRIA: LIONEL CRABB, UM MISTÉRIO DA GUERRA FRIA

Nos anos 50, eu li com interesse uma reportagem na revista “O CRUZEIRO” sobre os misteriosos acontecimentos envolvendo o desaparecimento de um herói britânico da II Guerra, o homem-rã Lionel "Buster" Crabb, quando ele, supostamente em missão do serviço de espionagem britânica MI5, mergulhava sob o casco do cruzador soviético Ordzhonikidze, ancorado no porto inglês de Portsmouth.

O cruzador Ordzhonikidze conduzira o primeiro-ministro e o presidente russo para uma conferência com o premier Anthony Eden e foi alvo de espionagem pelos britânicos em Portsmouth. Mas, ao que parece, os soviéticos eliminaram o espião. (foto: Daily Mail).

O navio viera em missão diplomática da União Soviética, conduzindo o então presidente Nikita Khrushchev e o primeiro-ministro Nicolai Bulganin para uma conferência com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.

Khrushchev e  Bulganin: convidados pelos britânicos, tiveram seu navio espionado pelo serviço secreto naval e protestaram.

O incidente, em abril de 1956, causou um embaraço diplomático, com os russos acusando os britânicos de tentativa de espionagem no navio soviético.
Mas, esta questão ficou no ar, e eu ocasionalmente, ouvia falar do assunto, mas sempre envolto em mistério e sem nenhuma conclusão.
Crabb foi um herói condecorado na II Guerra, e tinha ligações com os serviços militares de inteligência. Ele já havia sido condecorado por seu trabalho na remoção de minas de navios britânicos em Malta e por outras missões e recebeu a Ordem do Império Britânico por sua atuação junto à esquadra italiana, em Livorno, na Itália.
Após a guerra, em 1947, ele deu baixa da Marinha Britânica e passou a mergulhar por conta própria, mas sabe-se que ocasionalmente era chamado a executar missões em caráter sigiloso para a inteligência naval britânica.
Essas atividades teriam inspirado Ian Fleming, que também era membro do órgão, na criação do personagem James Bond, o agente 007, particularmente na aventura Thunderball.
 As aventuras de Crabb na II Guerra e na Guerra Fria inspiraram Ian Fleming na criação do personagem James Bond, o famoso agente 007 vivido nas telas por Sean Connery e outros atores.

Em 17 de abril de 1956, Crabb se registrou em um hotel em Portsmouth, junto com um certo Sr. Smith (que se acredita ter sido um oficial da inteligência naval do MI5).
Eles sairam do hotel em 19 de abril e Crabb jamais foi visto de novo. Smith voltou, apanhou as coisas de ambos, pagou a conta e sumiu.
Pouco menos de 14 meses depois do desaparecimento de Crabb, em 9 de junho de 1957, o corpo de um homem em traje de homem-rã foi encontrado boiando ao largo da illha Pilsey. Estava sem a cabeça e as mãos, o que na época tornava impossível sua identificação. Nem a ex-esposa Margaret nem a namorada de Crabb, Pat Rose, foram capazes de identificar positivamente o corpo. Um ex-parceiro de mergulho, Sydney Knowles, registrou que o corpo tinha uma cicatriz no joelho esquerdo semelhante à Crabb. A comissão formada para investigar o caso deu como conclusão que o corpo era mesmo de Lionel Crabb.

 Para Sydney Knowles, quem matou Crabb foi o MI5.

Mas, em março de 2006, Tim Binding publicou um artigo no jornal Daily Mail, com o título: BUSTER CRABB FOI ASSASSINADO – PELO MI5. Binding também publicou um livro de ficção baseado na vida de Crabb, intitulado MAN OVERDOARD, publicado em 2005. Ele afirmou que, logo após a publicação do livro, foi contatado por Sydney Knowles, então morando em Malaga, na Espanha, e que ele declarara que o MI5 soubera que Crabb tinha intenções de passar para o lado dos russos. Ele disse acreditar que, sendo Crabb um herói de guerra, a publicação de tais fatos seria desmoralizante. Então, a atividade junto ao Ordzhonikidze seria apenas um pretexto, e um novo parceiro fora enviado junto com Crabb, com a missão de elimina-lo.

 Diversos livros foram inspirados nos feitos e nas
misteriosas circunstâncias do desaparecimento de Crabb.

Knowles também afirmou que fora pressionado a reconhecer o corpo como o do seu colega, mesmo convencido do contrário.
Mais tarde, Knowles relatou ter sido ameaçado de morte em após manter este contato com Binding.
(E aqui ficam minhas dúvidas: então por que não fizeram o serviço direito e sumiram com o corpo, para alimentar as hipóteses de que ele fora mesmo capturado e deixa-lo eternamente desaparecido? E, se como diz Knowles, o corpo não era de Crabb, de quem seria?)
Oficiais ligados ao almirantado britânico deixaram transpirar que Crabb desapareceu quando testava um equipamento de mergulho ainda secreto, a três milhas do local onde o navio soviético estava ancorado.
Muitas hipóteses e teorias surgiram nos anos posteriores, como:
Crabb estaria vivendo na Rússia, como oficial na marinha soviética, após ter se passado para o lado dos russos;
teria sido capturado, passado por lavagem cerebral e se tornado treinador de mergulhadores soviéticos;
que ele faria parte de um grupo especial de comandos da marinha soviética, atuando no Mar Negro;
e que teria sido morto por homens-rãs russos, em torno do cruzador soviético.
Em 1990, Joseph Zwerkin, ex-membro da inteligência naval soviética, que fora para Israel após o fim da União Soviética, declarou que Crabb teria sido avistado rondando o navio russo e atingido por um atirador de elite a bordo (provavelmente, este Zwerkin estava querendo chamar a atenção, pois esta hipótese seria a mais improvável: atirar em alguém em um país estrangeiro, sem nem ao menos identifica-lo nem saber sua intenção?)
Documentos sigilosos liberados recentemente mostram que houve de fato uma campanha para encobrir o que realmente aconteceu. Sua ex-esposa Margaret Crabb teve negado um pedido de pensão, baseado na sua morte em serviço, o que implicava em certos benefícios (Crabb havia saído oficialmente da marinha britânica em 1947).
Não havia como provar, e o almirantado se negou a reconhecer, que Crabb executava missões para a inteligência naval britânica.
Alguns membros do parlamento britânico se interessaram pelo caso, e em 1961, o Comandante J.S. Kerans solicitou reabertura do caso. Em 1964, Marcus Lipton, parlamentar inglês, também tentou a mesma coisa. Ambas as propostas foram recusadas.
Porém, em 2007, numa história que mais parece saida das páginas de uma aventura de 007, o jornal britânico Daily Mail publicou uma reportagem do jornalista David Williams onde ele noticiou que um ex homem-rã da marinha soviética, Eduard Koltsov, então aos 74 anos, declarara em um documentário da TV russa que havia cortado a garganta do mergulhador britânico, quando ele aparentemente estava colocando uma mina sob o casco do cruzador russo no porto de Portsmouth.
Koltsov, na época com 23 anos, contou que recebeu ordens para investigar atividades submarinas suspeitas ao redor do cruzador russo Ordzhonikidze, que havia trazido a comitiva russa para conferências com o premier britânico Anthony Eden e seu ministério.
Na entrevista, Kolstov afirmou ter mergulhado nas águas de Portsmouth, onde estava ancorado o Ordzhonikidze, e vislumbrado as formas de um inimigo submerso.
“Vi a silhueta de um mergulhador, usando um traje leve de homem-rã, próximo a área onde ficavam os paióis de munição a estibordo do navio. Me aproximando mais, vi que ele estava fixando uma mina.”
Aos seus entrevistadores, ele mostrou o punhal que afirma ter usado para matar o mergulhador inglês, e a Estrela Vermelha com a qual foi agraciado em uma cerimônia secreta pelo seu feito.
Aos 74 anos, Koltsov explica que resolveu contar toda a história, passados 51 anos, para que antes de sua morte o mistério de Crabb ficasse esclarecido.

O ex-homem-rã russo Koltsov mostra a faca de mergulhador com a qual teria degolado Lionel Crabb, sob o casco do cruzador Ordzhonikidze, em Porthsmouth, em 19 de abril de 1956.

No ano anterior, Koltsov escrevera uma carta para um jornal, contando que fizera parte de um grupo de combate submarino chamado Barracuda, enviado para apurar atividades submarinas em torno do cruzador russo.
Nesta carta, ele não especificava quem teria matado Crabb, mas mostrou um gráfico com a descrição detalhada de como o matador mergulhou atrás de Crabb, fisgou-o pelo pé, empurrou-o para baixo e cortou sua mangueira de ar, antes de degola-lo. Segundo ele, o corpo ficou flutuando, sendo levado pela maré.
Na realidade, acredita-se que o que Crabb estaria fixando no casco seria um dispositivo de escuta e não exatamente uma mina.
A srta. Lomond Handley, na época com 61 anos, parente de Crabb, declarou: “ Acho difícil acreditar que mergulhadores soviéticos tenham cometido um assassinato em nossas águas. Simplesmente não acredito!”
“E para um membro da marinha de Sua Majestade ameaçar um navio visitante seria algo impensável. Uma explosão causaria embaraços ao nosso governo e destruiria o relacionamento entre a Inglaterra e a União Soviética, que o nosso governo tentava restabelecer.
“É possível que Crabb possa ter ido verificar se havia minas e sua tarefa fosse afastar o perigo para eles.”
Sua mãe, Eileen, era prima distante de Crabb, e muito ligada a ele.
“Ela passou a vida tentando descobrir o que aconteceu a ele, mas se viu diante de paredes intransponíveis!”
O governo só falou mentiras, e foram governos sucessivos, não apenas o daquela época. Nenhum governo jamais revelou a verdade. Isto mostra que não se pode confiar em governantes.”
Entretanto, a hipótese de que crabb teria ido ao navio russo para "afastar o perigo de minas", sem avisa-los me parece bem estranha. E quem estaria tentando explodir um cruzador russo?

Conclusões:
Na minha modesta opinião, a declaração do ex-homem-rã russo me pareceu a mais digna de crédito. Se ele viu um homem-rã hostil fixando algo no casco do navio, é bem possível que achasse difícil capturar o intruso sem luta e optasse pelo ataque letal, como fora treinado para fazer.
E, afinal, ninguém contestou o fato de ele ter recebido uma condecoração oficial por seu feito.
Porém, também não me parece lógico que os britânicos tentassem dinamitar com uma mina um navio trazendo as maiores autoridades soviéticas para uma conferência, justamente quando o objetivo do governo britânico era de aliviar tensões entre os países.
Provavelmente, ele devia mesmo era estar colocado algum dispositivo de escuta eletrônica para monitorar as comunicações do navio russo. Só que um fato destes, uma vez descoberto, também não seria menos desastroso para as relações diplomáticas.
O incidente provocou protestos russos após a história vir a público, e a reação de primeiro ministro Eden diante disto foi de muita irritação, e ele procurou deixar claro que fora uma ação não-autorizada pelo governo, numa iniciativa isolada do MI5, sem o seu conhecimento.

Mas, como falou a prima de Crabb, não se pode confiar em governantes!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

FILME: A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO

Quando nos encontramos no lançamento de sua obra O OUTRO NOME DA ROSA, meu grande amigo Barcellos, em determinado momento, me deu uma cutucada: "Você devia fazer a sinopse de A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO". Vindo de quem veio, a sugestão soou forte, e eu comecei logo a preparar o texto. Só que eu acabara de concluir uma trilogia de posts sobre a ação de submarinos alemães contra a nossa frota mercante durante a II Guerra, e talvez os leitores já estivessem saturados por assuntos subaquáticos. Assim, reservei este texto, que agora estou postando.

INTRODUÇÃO
Um dos aspectos menos conhecidos da Guerra Fria é o que aborda os confrontos entre submarinos soviéticos X ocidentais.
Até hoje, pouco se sabe de alguns incidentes e quase-incidentes deste período, apenas pedaços de histórias ou citações sem maiores detalhes.
É sintomático que, mesmo depois do fim da União Soviética e da Guerra Fria, por ocasião do acidente com o submarino russo KURSK, a princípio correram rumores sobre suspeitas de um ataque ou colisão com um submarino americano que estivesse rondando as manobras navais russas.
O escritor americano Tom Clancy inspirou-se nos tensos dias da Guerra Fria para escrever diversos de seus romances de espionagem/ação, a maioria com a participação do personagem Jack Ryan, jovem analista da CIA.
Ao que parece, o Clancy reuniu alguns fragmentos de histórias de perseguições submarinas reais e conseguiu fundi-los numa excelente narrativa de ficção quando escreveu o romance A Caçada Ao Outubro Vermelho.
Este foi o primeiro de seus livros a ser levado até as telas de cinema, em filme homônimo, e também o primeiro em que aparece o personagem Jack Ryan, vivido no filme por Alec Baldwin.
Posteriormente, Ryan seria revivido por Harrison Ford, em JOGOS PATRIÓTICOS (Patriot Games - 1992) e em O PERIGO REAL E IMEDIATO (Clear and Present Danger- 1994), e depois por Ben Affleck em A SOMA DE TODOS OS MEDOS (The Sum Of All Fears – 2002).

 Alec Baldwin, como o jovem Jack Ryan, o analista da CIA que conhecia o inimigo melhor que os generais do pentágono.
O FILME
A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO
(The Hunt For Red October- EUA – 1990 – 134 min.- cor)
A ano é 1984, e um revolucionário submarino de ataque soviético parte de sua gelada base em Mursmank para seu primeiro exercício no mar, com o restante da esquadra. O Outubro Vermelho é dotado de um inédito sistema alternativo de propulsão magneto-hidrodinâmica, que atua sugando a água através de dutos laterais paralelos e expelindo-a para trás, de uma forma que o torna altamente silencioso e praticamente indetectável para os inimigos americanos.
O submarino está carregado com uma bateria de mísseis nucleares que podem arrasar meio mundo e colocaria os soviéticos na ofensiva, pela primeira vez na história.

Marko Ramius (Sean Connery) e seu imediato Vasili Borodin (Sam Neill): uma arriscada conspiração, a bordo da mais mortífera arma de guerra do arsenal soviético.

Porém, seu comandante, o magistral capitão Marko Ramius (Sean Connery) e seu imediato Vasili Borodin (Sam Neill) tem outros planos: tendo já aliciado a maioria de seus oficiais subalternos, pretendem desertar para os EUA, entregando a revolucionária belonave intacta aos americanos, em troca de asilo e cidadania! Ramius deixa com seus superiores uma carta, só aberta após sua partida, onde explica suas intenções e os motivos.
Após eliminarem Putin, o oficial-comissário político a bordo,  (coincidência, o filme é de 1990!), encarnado por Peter Firth, eles iniciam uma fuga através do Atlântico Norte, e sua rota deixa preocupados americanos e russos, os primeiros por desconhecerem seus propósitos, e os segundos por conhece-los muito bem!
Do outro lado do Atlântico, autoridades americanas tem que decidir o que fazer a respeito do inusitado barco soviético, após terem sido avisados erradamente pelos russos de que a intenção de Ramius seria atacar os EUA com mísseis nucleares, por sua própria conta e risco!

"Isto não aconteceu, e eu nunca estive aqui, OK?" O vice-almirante Greer (James Earl Jones) manipula a verdade de acordo com os interesses da CIA.
Entretanto, o jovem analista da CIA Jack Ryan (Alec Baldwin) estudou a fundo biografia do comandante russo e não acredita que seja esta sua intenção. Ante o ceticismo dos chefes militares e políticos, tenta obter autorização para se comunicar com Ramius. Para isso, conta com o apoio de um congressista e de seu chefe, o vice-almirante Greer (James Earl Jones).

 O capitão Bart Mancuso (Scott Gleen), do submarino americano U.S.S. Dallas: para os russos, um caubói ligeiro no gatilho e perigoso.
No mar, o Outubro Vermelho tem que enfrentar o submarino-caçador americano U.S.S. Dallas, sob o comando do impetuoso capitão-de-mar-e-guerra Bart Mancuso (Scott Gleen, perfeito). Além disso, à sua retaguarda está outro submarino-caçador soviético, o Konovalov, enviado para destruí-lo, sob o comando de um dos seus melhores ex-alunos, o agressivo comandante Tupolev (Stellan Skarsgard).
A tensão está no ar o tempo todo, enquanto as horas passam e o Outubro Vermelho se aproxima da costa americana. A única esperança é Jack Ryan, que vai para o mar a procura de contato com os desertores russos.
O desenlace é eletrizante, pois entre tantas ameaças, os amotinados do submarino russo também percebem que nem todos os homens da sua tripulação estão de acordo com suas ideias de tornarem-se cidadãos americanos!
O filme dura pouco mais de duas horas, o que pode parecer longo, mas tem um pique tipo “007”, e agrada a quem gosta de ação com uma boa trama de fundo.
A direção foi de John Mc Tiernan, especialista no ramo: (Predador (1987), Duro de Matar (1988), Intruder A-6: Um Voo Para o Inferno (1990).
A película recebeu o Oscar de Melhor Edição Sonora em 1991.
Está disponível nas revendedoras e locadoras em DVD.
Diversão garantida!

domingo, 8 de agosto de 2010

UMA PAZ NADA PACÍFICA

O período entre o fim da II Guerra Mundial e a queda do regime comunista da União Soviética foi marcado por um clima de tensão e confronto entre as duas maiores potências bélicas do planeta.
Os que viveram esta época sabem muito bem porque este período era chamado Guerra Fria.
Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) viviam à beira de uma guerra que, se deflagrada, afetaria o mundo inteiro, e empregaria as mais terríveis armas jamais inventadas.
O Comando Aero Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos mantinha permanentemente no ar grandes bombardeiros B-47 e B-52 , carregando bombas nucleares e com alvos já designados na URSS, para desencadear uma terrível retaliação, no caso dos EUA serem atacados pelos soviéticos. Hoje se sabe que esta possibilidade não estava nos planos dos soviéticos, que também temiam o aparato ofensivo que os EUA mantinham em prontidão.
A um passo da III Guerra! Nesta foto da década de 60, um B-52 se aproxima para receber combustível de um KC-135. O reabastecimento em voo permitia que os bombardeiros permanecessem mais tempo na sua ronda na estratosfera, à beira das fronteiras da URSS.

Entretanto, para a maioria das pessoas, essa guerra de nervos se resumia à espionagem, troca de ameaças e intrigas. O único incidente aéreo real que ganhou repercussão mundial foi a derrubada do avião-espião americano U-2 sobre a Rússia, em 1960.
Pouco se fala do impressionante número de incidentes aéreos envolvendo aviões militares das duas grandes potências, durante a Guerra Fria.
Entre 1950 e 1969, nada menos de 14 aeronaves militares americanas foram abatidas por caças soviéticos, com a perda de 165 tripulantes! E isto não inclui ocorrências em zonas de guerra, como Coréia e Vietnã. Nem outros incidentes em que as aeronaves regressaram à suas bases apesar dos danos ou trocaram tiros com caças soviéticos.
Entre os tripulantes dados como "perdidos" acredita-se que alguns tenham sido capturados vivos e mantidos prisioneiros pelos russos, embora os russos tenham negado.
A maioria dos aparelhos abatidos eram aeronaves de grande porte, em versões de reconhecimento ou monitoramento/interferência eletrônica, e as acusações soviéticas eram de espionagem e/ou violação do seu espaço aéreo, enquanto que as alegações americanas eram de que estariam em espaço aéreo internacional.
A lista inclui aeronaves dos modelos P2V Neptune, RB-29, RB-50, RB-47, EC-121, RB-57 e C-130.


 O RB-50: apenas uma evolução do B-29, muito empregado como incursor.

Quase todos os abates foram realizados sobre o mar, e sem sobreviventes. Em alguns casos, os soviéticos recolheram e devolveram corpos ou restos mortais de tripulantes.
Uma das exceções foi o caso do capitão John E. Roche, co-piloto de um RB-50 abatido por caças MiG-17 sobre o Mar do Japão em 29 de julho de 1953, que sobreviveu por  22 horas no mar até ser resgatado por um destróier americano. Segundo ele declarou mais tarde, estariam em espaço aéreo internacional quando ocorreu a intercepção. Os componentes das equipes de resgate relataram ter visto lanchas e aviões de salvamento russos fazendo buscas na área.
Houve um incidente em que um MiG-15 soviético foi abatido por um dos caças F-86 Sabre  que escoltavam um RB-45 americano, atacado sobre o Mar Amarelo em 1954.
Mas, fora isto, não há notícias de outros aviões russos abatidos pelos americanos. E não que os russos não gostassem de rondar os exercícios aeronavais da OTAN (Organização do Tratado do Atlãntico Norte). Nessas incursões, os aparelhos mais empregados eram as  versões de reconhecimento e patrulha do gigantesco bombardeiro Tupolev TU-95, cujo codinome para a OTAN era “Bear”. Mas também eram usadas aeronaves Tupolev TU-16 “Badger”, Iliushyn IL-38 “May”, Myasishchev M-4 “Bison” e até o temível Tupolev Tu-22M “Backfire”.
Os objetivos de americanos e russos nestas incursões sempre foram os mesmos: vigiar e escutar as frequências de comunicações dos adversários, gravar as transmissões para tentar decifrar seus códigos de comunicações, identificar as frequências de operação dos radares, e medir o tempo de reação à sua presença em áreas restritas.
Mas, porque tantos aviões americanos abatidos? Seriam os americanos mais atrevidos e provocativos em suas missões de espionagem, ou os pilotos dos caças soviéticos seriam do tipo “ligeiro no gatilho”?
Talvez a resposta seja uma mistura de ambos os fatores. Apesar de apenas no caso do U-2 abatido ter havido uma comprovada e irrefutável invasão do espaço aéreo soviético, aquele tipo de voo já era feito rotineiramente há pelo menos dois anos, para desespero dos russos, que não conseguiam atingir os invasores. Os aviões Lockheed U-2, cuja existência fora mantida em sigilo até 1960, eram capazes de voar na fantástica altitude de mais de  70.000 pés (+ de 21.000 metros), bem além do teto operacional dos melhores caças russos daquela época e fora do alcance até mesmo dos mísseis soviéticos terra-ar. A impunidade com que realizavam esses voos, que eram acompanhados o tempo todo pelos radares russos, provocava a fúria no comando da força aérea soviética. Contudo, até lograrem abater um desses U-2, os russos nunca protestaram, provavelmente para não terem que admitir sua impotência para alcançar os intrusos.

O U-2: Era um verdadeiro planador estratosférico. Com uma envergadura de mais de 34 m., podia planar a mais de 70.000 pés (+21.000 m.)

Isto mostra a ousadia da doutrina que regia as missões de reconhecimento e espionagem dos americanos. Estas provocações, mesmo na era “pré-U-2”, provavelmente criaram o clima para a extrema agressividade dos interceptores soviéticos.
Já as forças da OTAN, da qual faziam parte os EUA, eram regidas por normas e tratados internacionais, e seus membros não tinham liberdade para serem tão agressivos com os aviões de reconhecimento russos.
 Foto dos anos 60: um Phantom F-4 da Marinha dos EUA intercepta um Tupolev TU-16 Badger

Normalmente, quando os inevitáveis Tupolev surgiam durante os exercícios aeronavais, as intercepções eram concluídas com o afastamento dos aviões soviéticos das áreas de segurança, sob a escolta de caças da OTAN.

Foto mais recente: um F-15 Eagle e um TU-95 Bear sobre a costa do Alaska

As vezes, as hostilidades se limitavam a gestos obscenos de pilotos e tripulantes de ambos os lados. Mesmo após a Guerra Fria, americanos e russos não perderam o hábito de espionarem um ao outro. Os Tupolev ainda continuam aparecendo para xeretar, mas revistas especializadas em aviação já exibiram fotos tiradas em voo, onde tripulantes dos aviões russos acenam e mostram cartazes com seus endereços de e-mail, para posterior contato com os aviadores ocidentais! Não foi esclarecido se os americanos fizeram o mesmo. Mas, será que resistiram à oportunidade de "trocar figurinhas" com seus oponentes? Há rumores de que, nos contatos por e-mail, seriam trocadas fotos tiradas por ambos os lados, com suas cameras particulares, durante os encontros, e também fotos das suas famílias.
Talvez a internet também possa promover a paz!

terça-feira, 20 de julho de 2010

SEGREDOS DA AMÉRICA

Depois da queda da União Soviética, e do consequente fim da Guerra Fria, as nações ocidentais envolvidas no confronto tiveram acesso à informações mais claras sobre o real poderio das forças armadas dos países do Pacto de Varsóvia, em diversas épocas e situações.
Nos EUA, foi aos poucos sendo revelado que, em alguns momentos, certos órgãos da inteligencia nacional superestimaram o potencial da ameaça soviética propositadamente, com a finalidade de justificar sua própria existência e garantir a aprovação de verbas aplicadas em seus programas de espionagem e contra-espionagem.
Ao que parece, depois de 11 de setembro de 2001, o risco de novos ataques terroristas veio motivar uma nova escalada no culto pela inteligência nas esferas do governo dos EUA.
Recentemente, o jornal americano Washington Post publicou uma reportagem intitulada “Top Secret America”, onde revela os absurdos que surgiram em termos de atividades de inteligência, após os atentados contra os prédios do World Trade Center e do Pentágono.
Resumindo, a reportagem cita que “o mundo secreto criado pelo governo em resposta aos atentados de 11 de setembro se tornou tão grande, descontrolado e secreto que ninguém sabe dizer o quanto custa, quantas pessoas emprega, quantos programas existem ou quantas agências estão empenhadas em atividades redundantes”.
Segundo o jornal, 1.271 organizações governamentais e 1.931 empresas privadas estão envolvidas em programas relacionados a contraterrorismo, segurança nacional e inteligência, em aproximadamente 10.000 locações espalhadas pelo território americano. 
Estima-se que 854.000 pessoas estejam envolvidas diretamente e autorizadas a acessar informações sobre estas atividades.
A maioria destas atividades são sigilosas, e por este motivo, é ainda mais difícil avaliar a sua eficácia e localizar os problemas da “América Secreta”, e isto inclui apurar se as verbas estão sendo bem empregadas.
O orçamento para a inteligência publicado para 2009 foi de 75 bilhões de dólares, 2,5 vezes maior que o de 2001. É evidente que os atentados tiveram influência direta neste aumento.
Diversas agências executam tarefas redundantes, resultando em desperdício de trabalho e dinheiro. Existem, por exemplo, 51 organizações federais, algumas militares, operando em 15 cidades americanas, somente rastreando o fluxo de dinheiro que entra e sai de organizações terroristas.
Os analistas que interpretam as informações obtidas emitem anualmente cerca de 50.000 relatórios, quantidade tão grande que os mesmos são “rotineiramente ignorados”.
Enquanto isto, é irônico que o atentado a bomba no avião em Detroit, do dia de Natal de 2009, não foi frustrado por nenhum dos milhares de analistas empenhados em localizar terroristas isolados, mas sim por um passageiro da mesma aeronave, que viu a fumaça saindo do seu vizinho de assento.
Ainda no governo de W. Bush, foi criado um gabinete, chamado Office of the Director of National Intelligence (ODNI), para comandar toda esta parafernália. Porém, as leis aprovadas pelo congresso para o seu funcionamento acabaram limitando seus poderes para interferir ou mesmo tomar conhecimento das atividades secretas de outras agências e muito menos tocar em suas verbas.
Assim, todas essas organizações parecem agir como tentáculos independentes de um gigantesco polvo, com um objetivo principal: sua autopreservação e subsistência.  Ah! E, ocasionalmente, também combater o terrorismo antiamericano.
Ao final do dia, todos vão para suas casas conscientes de que cumpriram suas obrigações como bons cidadãos americanos. Quem poderá dizer que não? Alguém deseja um novo 11 de setembro?
Desta forma, a comunidade da inteligência mostrou que unida, jamais será vencida (vide o caso da atual Rússia de Putin, onde, de forma apartidária, seus membros continuam no poder(*)).
Para motivar o burro, substituiram com folga a cenoura virtual da Guerra Fria pelo repolho real do 11 de setembro, cujo gosto já foi provado, e a carroça continua a todo o vapor!
Ainda bem que no Brasil, existe transparência, e coisas assim nunca acontecerão!

(*) Leitura recomendada: A ERA DOS ASSASSINOS – Yuri Felshtinsky Vladimir Pribilovski – 2008 - Ed. Record

Publicado nos EUA como: The Corporation: Russia and the KGB in the Age of President Putin