FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

FILME: CONTATO

Via de regra, pesquisadores científicos costumam ter sucesso como escritores de ficção-científica. Talvez por labutarem em uma área onde ficam no limiar entre indícios e hipóteses, podem vislumbrar inúmeras possibilidades a serem exploradas. E, na ficção-científica, podem desenvolver suas ideias livremente, sem nenhuma necessidade de comprovação.
Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Carl Sagan são exemplos desta tendência. Depois de curtir uma obra de especulação científica do saudoso Sagan, Os Dragões do Éden, tive o ensejo de apreciar o seu excelente romance de ficção científica Contato. E pouco tempo depois, pude assistir e colocar na minha videoteca o filme baseado no livro.
Nem sempre um filme sai à altura do livro em que se baseia, mas, neste caso, os produtores foram particularmente felizes. Talvez por terem tido a boa idéia de colocar o próprio Carl Sagan como consultor do diretor Robert Zemeckis (De Volta Para o Futuro, Forrest Gump). Além de autor do livro que deu origem ao filme, Sagan também foi um dos idealizadores do projeto SETI (Search for ExtraTerrestrial Inteligence) que, como no filme, utiliza radiotelescópios como instrumentos de pesquisa.
Contato (Contact -1997- EUA - 153 min.), tem a ótima direção de Zemeckis  e a presença marcante de Jodie Foster no papel da apaixonada pesquisadora de vida extraterrestre  Eleanor (Ellie) Arroway. O papel caiu como uma luva para Jodie, que, apesar de não ter sido indicada para o Oscar de melhor atriz, recebeu  diversos prêmios de outras associações e academias de cinema por este papel.
O filme tem como tema a dedicação de Ellie na busca por sinais de vida inteligente extraterrestre, com o auxílio de radiotelescópios, num projeto financiado pelo governo americano.  Entretanto, para o Dr. David Drumlin (Tom Skerrit), ranzinza funcionário do governo encarregado do projeto, tudo não passa de um tremendo desperdício de dinheiro.  Ele acaba cortando as verbas da pesquisa e encerrando o projeto. Mas a incansável Ellie consegue sensibilizar um empresário bilionário (John Hurt) a patrocinar um projeto privado e volta à sua vigília. De repente, o impossível acontece: os aparelhos captam uma transmissão vinda de uma fonte inteligente, que não pode ser de nenhum satélite artificial, nem de alguma rádio-pirata! Depois de alguns ajustes e decodificações, se constata que se trata de uma transmissão realmente destinada aos terráqueos, e mostra como esses podem  estabelecer contato mais aproximado entre as duas civilizações.

Jodie Foster como Ellie, a cientista apaixonada pela busca de vida extraterrestre. 

O governo acaba assumindo o controle do projeto e os cientistas passam a sofrer pressões. A trama evolui, em meio aos inevitáveis confrontos entre políticos, religiosos  fundamentalistas e cientistas, cada qual querendo "puxar a brasa para sua sardinha". E Ellie, a principal responsável pela descoberta, se vê questionada quanto à questões teológicas, sofre desgaste e  acaba empurrada para um segundo plano pelo vedetismo dos políticos, como costuma acontecer em situações assim. Entretanto, a mensagem extraterrestre acaba gerando protestos de grupos radicais religiosos que negam sua autenticidade. Após diversos conflitos e até atos de sabotagem, o milionário protetor da jovem cientista  aparece  para resgata-la e volta a coloca-la como protagonista dos fatos.
E,  seguindo as instruções vindas do espaço, uma assustada Ellie parte para um insuspeitado encontro, como a Alice do conto infantil entrando na toca do coelho, onde coisas inesperadas e maravilhosas acontecem.
Mas, num mundo dominado por políticos, fundamentalistas e pela disputa entre egos inflados, a jovem cientista é quem acaba ficando numa saia justa.
Um ótimo filme de ficção-científica, baseado em um ótimo livro de ficção-científica. Ainda dá para curtir o DVD.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ECONOMIA: QUANTO MENOS, MAIS CARO

No domingo passado, meu compadre esteve aqui em casa, junto com meu afilhado, para assistirmos a um jogo de futebol.
Ele, que segue hábitos antigos de família, gosta de comprar certas especiarias não em supermercados, mas em tradicionais armazéns que ainda existem aqui no Rio. Estas lojas ainda existem por teimosia de alguns comerciantes de origem portuguesa, e tem uma clientela fiel, principalmente por ocasião das festas de fim-de-ano. Vendem especiarias como cravo, canela e artigos para festas, como nozes, castanhas e avelãs, frutas cristalizadas, passas, azeitonas portuguesas, azeite, bacalhau, conservas e outras coisas afins. Diga-se de passagem, geralmente de boa qualidade.
E como nesses locais vendem as coisas a granel, ele me trouxe dois pequenos sacos, com orégano e manjericão secos, 100g de cada um.

Orégano ou "ourégano" ? 1 kg custa quase R$ 150,00!

Para mim, que costumo comprar embalagens de 5 a 10 g no supermercado, isto parecia uma quantidade imensa. Por isto, eu até brinquei: “ Pô, só abrindo uma pizzaria para usar tanto orégano!” Mas,ele comentou algo como: “É melhor do que pagar aquele preço absurdo do supermercado!”
Como em 99% das vezes em que ele faz alguma coisa, o faz com lógica, eu registrei e calei o bico. Dois dias depois, me vi no supermercado e me ocorreu conferir os preços das referidas especiarias. Anotei como rascunho de mensagem no meu celular e em casa, abri uma planilha para conferir. E os resultados são simplesmente chocantes! Observem a coluna "Preço/kg" e vejam a diferença:

Produto         Origem       Quant (g)   Preço(R$)     Preço/kg (R$)

Orégano        Armazém             100            1,53           15,30
Orégano    Supermercado           10            1,49          149,00 !!!
Manjericão   Armazém             100            1,39            13,90
Manjericão Supermercado          7            0,95           135,71 !!!

Conclusão: tudo praticamente 10 vezes mais caro no supermercado! E depois ainda dizem que os armazens é que cobram caro!
Não pude deixar de me lembrar de um e-mail que circulou na internet, onde alguém calculou que a tinta de impressora quase rivaliza com o ouro!
E o detalhe: o perfume do orégano e do manjericão se espalhavam pela sala, mesmo estando eles fechados em sacos plásticos. Aqueles do supermercado, a gente enfia o  nariz no envelope e mal sente o cheiro!
As tais especiarias ainda são vendidas nos supermercados como eram na época em que chegavam na Europa depois de uma longa jornada no lombo de um camelo e uma travessia a bordo de uma caravela ou galeão. O consumidor final pagava por toda essa jornada.
Assim, se as empresas que vendem querem multiplicar o dinheiro por dez, é só comprar no armazém (negociando um preço ainda menor, por ser em grande quantidade), dividir em embalagens de 10 ou 5 g e revender!
Agora, uma boa dica é que orégano e manjericão, assim como salsa, cebolinha, coentro e pimentas diversas  podem ser cultivados até em apartamentos, em jardineiras, e colhidos na hora de cozinhar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

TRIBUTO AOS ATORES

A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...
(Trecho da música COMIDA, de Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto, sucesso com os Titãs.)

A cultura faz parte da vida humana. Para nos sentirmos bem, não nos basta a barriga cheia e a segurança de um abrigo. Uma das qualidades humanas é gostar de expor as próprias ideias, assim como conhecer e discutir as ideias alheias. Precisamos ouvir música tocada ou cantada, ler livros ou textos, assistir encenações, competições esportivas, enfim, apreciar a arte e o entretenimento em todas as suas expressões.
Não sou, nem pretendo ser crítico nem entendido em nenhuma modalidade de arte. Me considero apenas mais um leigo apreciador de algumas delas.
Cada um tem seus pontos mais sensíveis em relação à suas interações com o mundo da arte e do entretenimento: alguns preferem ouvir, outros preferem ver, outros preferem ler sobre as coisas. Entre todos os artistas, pintores, escultores, músicos ou escritores os que mais me chamam a atenção são os atores.
Se o pintor usa as cores das tintas para criar paisagens ou cenas, o escultor recorta na pedra ou na madeira formas que reproduzem a realidade, e o músico expressa nos sons seus sentimentos e sensações, como faz o poeta com seus versos, os atores fazem de si próprios os objetos da arte. 

 José Wilker, o malandro Lorde Cigano, com Betty Faria em Bye Bye Brasil.

Quando representam, e são bons no que fazem, nos levam a crer que estamos vendo não eles, mas suas personagens. Suas expressões e linguagem corporal nos fazem crer que estão mesmo apaixonados, desesperados, raivosos ou assustados. Mexem com nossos sentimentos, fazendo com que os odiemos, amemos, tenhamos medo ou pena deles.
Cada vez que vejo um filme, seja ele muito bom, apenas razoável, ou mesmo ruim, o que costuma me chamar a atenção é em que grau o ator ou atriz me convenceu de que naquele momento, ele é realmente aquele personagem que está representando no filme.
Alguns que me convenceram:

Burt Lancaster como o enigmático executivo bonachão de Enigma de Uma Vida;
Sharon Stone como a mulher vulgar e viciada do bookmaker Robert de Niro em Cassino;
José Wilker como o empresário de teatro mambembe da “Caravana Rolidei” em Bye-Bye Brasil;
Tom Hanks como o professor alistado como oficial do exército em O Resgate do Soldado Ryan;
Will Smith como aquele sofrido e persistente vendedor de copiadoras em À Procura da Felicidade;
Wagner Moura como o duro e obstinado capitão do BOPE da PM carioca em Tropa de Elite;
Elizabeth Taylor como a artista liberada e meio hippie que seduziu o padre em Adeus às Ilusões
Samuel L. Jackson como o assustador e violento policial meio psicopata em O Vizinho
Robert De Niro como o arrependido mercador de escravos em A Missão.

Seria inadequado se eu chamasse os atores de heróis, pois isto seria injusto para com os bombeiros, médicos, policiais, missionários e tantos outros que arriscam suas vidas ou as dedicam ao salvamento de outros.

Robert De Niro, como Rodrigo Mendonza em A Missão.

Mas, são eles parte de minha vida, pois contribuiram para diversos momentos de satisfação, assim como outros profissionais do entretenimento, e de todas essas atividades que são exclusivas da cultura humana e que diferenciam o homem dos animais, já que atos elementares como comer beber, e fazer sexo fazem parte do cotidiano de racionais e irracionais. A arte, pelo menos neste planeta, ainda é uma exclusividade humana.
(Desnecessário me lembrar de coisas negativas que também são exclusivas da humanidade.)
Infelizmente, por diversos motivos, eu nunca frequentei teatro com a frequência que gostaria, mas assisti muitas sessões de cinema, e hoje, graças ao milagre da tecnologia,  o cinema veio para minha sala.

Wagner Moura (centro), o Capitão Nascimento de Tropa de Elite. 

Mesmo assim, dedico especial reconhecimento aos atores do teatro. O ator de cinema tem a chance de repetir várias vezes as mesmas cenas, e, no final, a equipe de edição montará o filme apenas com as melhores, conforme seleção do diretor ou de quem for o big boss, o chefão.
(Quando essa seleção é feita visando mais a parte comercial, nem sempre as escolhas do diretor prevalecem. Por isto, há casos em que alguns anos depois de um lançamento, surge “a versão do diretor”, com as cenas que ele realmente escolheu, não raro mudando até o sentido do filme.)
O ator de teatro tem um desafio bem maior: ele tem que encenar diante da platéia e,  mesmo que tenha uma atuação magnífica, terá que repeti-la nas próximas apresentações, vez após vez, exposto a críticas às vezes impiedosas. Se num dia estiver desconcentrado devido a algum problema e errar uma fala ou um gesto, ainda corre o risco de ser vaiado ao vivo e em cores, se a platéia não for muito compreensiva, o que não é incomum.
Não é por acaso que atores de teatro arrebentam quando fazem cinema e são sempre muito elogiados pelos diretores.

 Elizabeth Taylor, como a contestadora Laura Reynolds, balança os valores do sacerdote Dr. Hewitt (Richard Burton), em Adeus às Ilusões.

Interessante notar que, no cinema, geralmente os filmes são associados aos atores, enquanto no teatro, as peças se identificam mais com os autores do que com os atores, pois a mesma peça acaba sendo encenada por elencos diferentes, de acordo com a montagem que é feita em diferentes países, locais ou companhias, havendo até mesmo a substituição eventual de componentes do elenco.
Mas, minha modesta homenagem nesta postagem é para todos os atores, do teatro,  circo, cinema e TV, que criam arte com suas próprias figuras, me divertem, me emocionam e me dão momentos de satisfação.
That's entertainment!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OLHA AÍ O FILME!

Consegui fazer a minha máquina do tempo funcionar por alguns minutos, antes de dar mais um curto-circuito, e acabo de chegar de 2011, onde dei uma passada rápida num shopping, e consegui fotografar o cartaz do filme sobre o drama da mina!
Também li a sinopse. O filme teve o título We're Alive! e foi dirigido por Steven Spielberg, que também se associou aos produtores. Antonio Banderas é o mineiro enrolado que teve que escolher se iria receber a mulher "legítima" (Penelope Cruz) ou a amante (Angelina Jolie). Sabe-se que ele deixou a esposa na saudade...Joaquim de Almeida, com jeitão de Dunga, faz o líder dos mineiros, que manteve a galera unida até o salvamento e foi o último (dos mineiros) a sair.

Cartaz do filme (clique para ampliar).

 E tem ainda George Clooney como "astro especialmente convidado", interpretando o presidente chileno.
O título no Brasil foi: "Os Sobreviventes da Mina San José", e no Chile " Campamento Esperanza".
Se a minha ida ao futuro não deixou nada para ocasionar algum "efeito borboleta", será tudo assim mesmo...Até o jornal onde eu li a sinopse eu deixei por lá!

Ué...onde eu deixei minha agenda?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DAS TREVAS À LUZ

Os primeiros homens começaram a sair da mina chilena onde estavam soterrados desde o desmoronamento, em 5 de agosto. A equipe de resgate estave em contato com os sobreviventes desde o 17° dia após o acidente. Eu torço para que tudo continue dando certo até ao fim. Meus instintos e minha experiência me fazem ficar apreensivo, pois eu tenho consciência de que nem sempre as coisas dão 100% certo.
De qualquer forma, independente do que acontecer, só o que já foi alcançado até agora já torna o salvamento uma façanha admirável. Não foi um plano B, uma alternativa-padrão prevista e planejada para resgate de mineiros, mas uma solução criada de improviso para resolver esta contingência.
Mineração é uma atividade de alto risco. As incursões subterrâneas são feitas em função das condições do subsolo a ser desbravado, dos objetivos da prospecção, e das ferramentas existentes, e não das alternativas de salvamento. Geralmente, os trabalhos são feitos no limiar da segurança pessoal dos envolvidos.
Na realidade, se não fosse pela tecnologia atual e por alguns detalhes, seria uma tragédia irremediável, com 33 homens confinados a quase 700 metros de profundidade, num local que se tornaria seu próprio túmulo. Poderia ser uma repetição em terra do triste episódio do submarino russo Kursk.
Mas, foi o binômio determinação/capacidade de um punhado de homens, usando as técnicas e a tecnologia disponíveis de uma forma inusitada, que possibilitou o sucesso do método de resgate. Os homens salvos até agora já justificam os esforços.
Não posso deixar de lembrar a semelhança com o incidente com a nave espacial Apollo XIII, onde também havia uma equipe de homens capazes e obstinados, quebrando a cabeça em terra para tentar resolver uma situação inédita, com uma tripulação de corajosos astronautas confinados numa cápsula danificada, em um ambiente hostil como é o espaço.
É nestes momentos difíceis que o ser humano mostra seu lado positivo, se recusando a aceitar a derrota, transformando desastres em triunfos do caráter, da abnegação e da capacidade.
Parabéns, chilenos!
Que o sucesso seja completo!

domingo, 10 de outubro de 2010

DIVAGANDO SOBRE OS MEUS SONHOS

 O Falso Espelho - René Magrite, 1928

Anteontem, muito cedo ainda, eu acordei de um sonho com o barulho das persianas batendo, sacudidas pela ventania, habitual cartão de visitas de uma frente fria, ocupando o lugar da massa de ar quente. Fechei a janela, tentei dormir novamente e voltar para o meu sonho, mas percebi que as lembranças dele estavam rapidamente se desvanecendo, e  logo eu não tinha mais a mínima lembrança do que sonhara. E nem consegui mais voltar a dormir. Então, fui até ao computador e comecei a escrever isto.
Muitos estudos eu já li sobre o sono e os sonhos. Ao que parece, temos boas informações sobre as fases do sono e suas implicações, e algumas coisas sobre o papel dos sonhos no nosso sono. Mas, as razões pelas quais sonhamos com determinadas coisas ainda permanecem meio incertas, devido à complexidade que envolve as coisas relacionadas com a mente humana. Estou abordando aqui este assunto não de forma científica, mas apenas divagando sobre minhas experiências pessoais.
Quando garoto, eu me lembro bem que costumava sonhar com coisas que me deixavam preocupado: que havia um bando de extraterrestres ou vampiros querendo me capturar quando eu estava sozinho em casa, ou que eu estava atrasado para uma prova no colégio. Nessas ocasiões, despertar era um alívio! Já na adolescência, os sonhos eróticos costumavam ter consequências meio desastrosas...
Há alguns anos, quando fui dispensado até das peladas por baixo desempenho, decorrência da idade, dei para sonhar que estava jogando futebol. Numa ocasião, minha mulher reclamou que, durante o sono, eu a havia chutado! E era verdade! 
Com o tempo, nem eu sei como, minha mente parece ter assimilado os sonhos de tal forma que, em determinadas ocasiões, posso perceber que estou sonhando e não tendo uma experiência real. E isto geralmente ocorre quando acontecem situações muito sem lógica, como encontros com pessoas já falecidas. Que eu me lembre, por duas vezes eu questionei o que estava acontecendo, após pessoas falecidas falarem comigo, pensando: "Isto não é possível, você já morreu! Eu queria que você estivesse mesmo aqui, mas isto só pode ser sonho!" Em uma delas, eu despertei logo em seguida, meio frustrado por ter interrompido o "contato".
Certa vez li numa revista que a principal finalidade dos sonhos seria proteger nosso sono. Em alguns momentos, eu vi indícios de que esta teoria poderia ser verdadeira. Exemplos: ruídos que poderiam nos acordar são interpretados como parte da ação desenrolada no sonho. O "estúdio" criador de sonhos providencia rapidamente um cenário onde se encaixa o ruído e assim, não precisamos acordar para conferir o que é.
Existe uma situação pela qual já passei diversas vezes em sonhos: estou apertado para urinar, e fico procurando um banheiro. Quando o encontro, sempre tem algo que me impede de concretizar o ato: ou descubro que o vaso sanitário está sem fundo, ou que a parede do banheiro está aberta para a rua, ou que simplesmente o vaso foi retirado do local, e o local afinal nem é mesmo um banheiro. Logo depois, acabo despertando e estou realmente precisando ir ao banheiro. Conclusão: o sonho "inventa" um banheiro, para que eu me alivie durante o sono e continue dormindo, mas um dispositivo de segurança no cérebro me impede de urinar durante o sono, pois molharia a cama e eu mesmo. Assim, interfere no sonho, criando também condições que me impedem de usar o banheiro imaginário para cumprir um ato real.  Menos mal!
Desta forma, parece que partes diferentes da mente trabalham com objetivos às vezes conflitantes: uma prioriza o meu sono e procura preserva-lo a qualquer custo, criando e encaixando no sonho as situações e estímulos que me levariam a acordar. Outra, procura impedir que eu faça coisas que não deveria fazer dormindo, ou acreditar em coisas que apesar de boas, são falsas, como o encontro com entes queridos já falecidos, e que talvez me provocassem frustração ao despertar.
Sabe-se que só lembramos uma pequena  fração dos nossos sonhos, e assim mesmo, até alguns minutos após despertar. Se não reconstituímos as partes do sonho até determinado tempo, depois parece que tudo é apagado e as poucas partes que conseguimos lembrar ficam como que "esburacadas", com muitas lacunas.
Hoje em dia, sei lá porque, meus sonhos não são mais tão assustadores como na minha infância.  Será que agora eu não tenho mais medo de nada? Ou aprendi a sonhar só com as coisas certas? Segredos ocultos nesta caixa misteriosa que é a mente humana...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

HISTÓRIA: O "CASEY JONES" DA CORÉIA

No filme Raposas do Espaço (The Hunters-1958), Robert Mitchum é o Maj. Saville, um veterano piloto de caça que chega à Coréia para participar do conflito, pilotando um caça F-86 Sabre contra os MiG-15 dos comunistas. Ao chegar, fica sabendo pelo comandante do seu esquadrão, um velho amigo, que um piloto inimigo anda fazendo estragos nas fileiras americanas. Eles o apelidaram “Casey Jones”. Nas cenas em que aparece, Casey Jones é um oriental. Seu MiG-15, pintado de azul-celeste, ostenta o número 7-11 e a figura de dois dados no costado. Na cena principal do filme, o major Saville (Mitchum) trava um eletrizante combate aéreo com o hábil inimigo e, é lógico, acaba por abate-lo.

 "Casey Jones" no filme Raposas do Espaço: um F-84F faz o papel do MiG-15.

O que pouca gente sabe é que filme teve inspiração num personagem real, e o final da história não foi como o do filme. No encontro de uma verdadeira trinca de ases, Casey Jones não levou a pior, como veremos a seguir.
Em 24 de junho de 1951, durante um confronto entre um grupo de F-86 e MiG-15, uns 30.000 pés de altitude sobre a margem meridional do rio Yalu, o Tcel. americano Bruce Hinton, comandante do 336º Esquadrão da 4ª Ala de Caças, se aproximava de um desprevenido MiG, prestes a obter sua 3ª vitória. Ele fora o primeiro piloto americano a abater um MiG naquela guerra. Mas, subitamente, viu cruzar à sua frente outro F-86, perseguido por um MiG-15, que o alvejava com seu temível canhão de 37 mm.
Hinton viu pedaços se desprenderem do F-86, que já soltava fumaça. Ele então partiu em direção ao MiG, que percebendo sua manobra, abandonou seu alvo e voltou-se para ele, fazendo uma passagem frontal e passando tão perto do seu avião que ele viu a iminência de uma colisão.
O piloto americano executou uma série de manobras de alto G, que seu próprio ala não conseguiu acompanhar, por ter entrado em blecaute (*), apesar do traje anti-G. Mas, após completar mais um círculo completo, e duas manobras “io-iô”, conseguiu disparar duas rajadas curtas atingindo o MiG. Percebendo estar em desvantagem, o habilidoso inimigo  guinou rapidamente e cruzou o rio Yalu, indo para a zona de exclusão, onde os americanos não podiam persegui-lo, por força de acordos internacionais.

Bruce Hinton: socorrendo seu amigo Eaglestone, esteve a pique de abater o lendário "Casey Jones". Robert Mitchum teve mais sorte...(Foto: LIFE)

Hinton então escoltou o F-86 danificado até ao aeródromo de Suwon, onde o mesmo fez um pouso de barriga e o avião foi para a sucata. Só então Hinton ficou sabendo que tinha salvado a vida de seu amigo Glenn T. Eaglestone, comandante da 4ª Ala de Caças. Eaglestone era um ás da II Guerra, onde abatera 18 aviões alemães com seu P-51. Estava na Coréia há seis meses e já abatera dois MiGs. Para pegar um ás assim experiente, só mesmo sendo alguém do mesmo nível.

Eaglestone, à esquerda do quadro, quando servia na 364ª Fighter Wing, na II Guerra, dando briefing diante de seu P-51 bastante decorado, já com 18 vitórias marcadas na fuselagem.(Foto:História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial, Vol. 22: P-51 Mustang.)

Nas palavras de Hinton: “ O piloto do MiG era muito bom! Ele ficava bem no alto, observando os engajamentos entre MiGs e F-86. Esta era uma tática já conhecida, usada por este piloto solitário, que apelidamos CASEY JONES. O velho Casey era um piloto excepcional, e sem dúvida, não era um oriental. Seu procedimento era ganhar velocidade, enquanto mergulhava sobre algum F-86 que ficasse isolado durante o combate, como fazia Von Richthofen na I Guerra”. 
No folclore americano, Casey Jones foi um lendário maquinista da chamada era dourada das ferrovias americanas. Dizem que ele costumava subir no topo da sua locomotiva para observar se a ferrovia estava desimpedida, a tempo de poder parar se houvesse algum problema. Os americanos viram alguma semelhança na atitude do ás inimigo, que ficava “no topo” sobre o combate, procurando uma presa desgarrada. Por isso, o apelidaram Casey Jones.
Mas, afinal, quem era este "Casey Jones" da Coréia? Como achava Hinton, ele não era mesmo um oriental. Tratava-se do capitão Nikolai Vasilievich Sutyagin, que fazia parte do 17º Regimento da 303ª Divisão de Caças da Força Aérea Soviética.
Sutyagin, o verdadeiro "Casey Jones" da Coréia: melhor que o do filme, foi o maior ás da guerra. Nesta foto, usando um uniforme chinês, sem insígnias nem crachás, como era usual entre os "Honchos". (Foto: Arquivos da Força Aérea Russa.)

Filho de camponeses, ingressara na força aérea soviética nos últimos meses da II Guerra Mundial, e participou da breve campanha final contra o Japão. Durante ao conflito coreano, foi um dos "Honchos" (veja mais aqui), pilotos russos que lutaram incógnitos a favor da Coréia do Norte. O veterano ás americano Eaglestone foi sua 4ª vítima na Coréia, e ao final de seu turno, ele havia alcançado 21 vitórias, a maioria delas confirmadas, tornando-se o maior ás da guerra.
Em outubro de 1951, foi agraciado com a medalha de ouro de Herói da União Soviética, a mais alta condecoração da U.R.S.S. Durante sua carreira, recebeu ainda a Ordem de Lenine, e por três vezes a Ordem da Bandeira Vermelha, e a Ordem da Guerra Patriótica de 1ª Classe, além de outras menos importantes, totalizando 16 condecorações.
De volta à Rússia, Sutyagin fez cursos de aperfeiçoamento e subiu na carreira militar, tendo alcançado o posto de major-general e passado para a reserva em 1978. Faleceu em 12 de novembro de 1986, aos 63 anos.
Bruce Hinton, que foi para a reserva como coronel, morreu em 27 de junho de 2009, três dias antes de completar 90 anos.

(*) Blecaute - No jargão da aviação militar, é a perda momentânea dos sentidos, devido à fuga do fluxo sanguíneo do cérebro, por ação das chamadas forças G, causadas pela aceleração inercial em manobras acentuadas. Também é chamado G-LOC (da sigla em inglês G-force induced Loss Of Consciousness, perda de consciência induzida por força G). Os pilotos de jatos de combate costumam usar um traje especial, que comprime os membros inferiores, para amenizar os efeitos das forças G.  Mas, na Coréia, consta que os soviéticos ainda não faziam uso deste equipamento.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A PROVA DO QUE SOMOS

Antes da eleição, comentários de pessoas mais conscientes, criticando candidaturas baseadas em piadas e palhaçadas, "plataformas" ancoradas no deboche, candidatos-arapuca para ganhar votos para outros menos cotados, candidatos com mandado de prisão em andamento, enquanto a lei da "ficha limpa" ficava convenientemente encalhada no STF.
Eu particularmente acho que seria desnecessária uma lei para impedir que se votasse em candidatos de procedência duvidosa. Os próprios eleitores é que deviam fazer a exclusão de tais candidatos, negando a eles seus votos.
Mas eis que começaram a aparecer os resultados e a emergir das trevas a verdadeira face do povo deste país...
Alguém já me disse que os políticos do Brasil não vieram de Marte nem de Gliese 381, mas desse mesmo povo do qual fazemos parte. São uma amostragem do nosso povo e estão onde estão por escolha desse mesmo povo!
Tirando fora  o fato do voto ser obrigatório e não opcional, no restante dos aspectos do nosso país, apesar de nossos governantes flertarem com caudilhos e ditaduras cinquentenárias, ainda estamos num regime democrático.
Portanto, não posso crer que tantas pessoas tenham sido obrigadas ou pressionadas a fazer as escolhas que fizeram, ao determinar quem vai representa-las por um mandato no legislativo. São esses eleitos que moldarão a cara do nosso país, propondo e aprovando as leis que regerão os destinos de todos!
Mas, voltando aos resultados, vimos a eleição já confirmada de candidaturas-piada, de candidatos ficha sujíssima e de candidatos-piso-de-galinheiro!
É verdade que não haviam muitas opções, mas mesmo o voto sendo obrigatório, a abstenção não é proibida! Nos campos da cédula eletrônica onde não havia ninguém que me convencesse, eu deixei em branco! Esse é  direito que eu tenho!
Assim, a eleição de alguns candidatos para o legislativo é uma prova significativa do tipo de eleitor que temos no Brasil. Foi uma escolha livre e uma manifestação da vontade do nosso povo.
É a prova do que somos...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

À PROCURA DE VIDA EXTRATERRESTRE

Desde o início dos anos 60, a NASA já empregava verbas na busca por vida extraterrestre, tirando esta especulação dos domínios da ficção-científica e colocando-a definitivamente no campo da ciência. Atualmente, além da escuta feita por diversas entidades científicas, usando radiotelescópios, que tentam captar sinais emitidos por civilizações avançadas, os novos supertelescópios como o Hubble e outros instrumentos conjugados são utilizados na busca por planetas onde as condições sejam capazes de abrigar alguma forma de vida, inteligente ou não.
Esta busca não é feita pela observação direta, mas pelos efeitos gravitacionais causados por tais planetas nos movimentos das estrelas em torno das quais eles orbitam. Diversos planetas já foram "descobertos" assim, nos últimos anos.
Recentemente, um deles acaba de virar notícia, pela possibilidade de que possa ser viável para a vida. O planeta Gliese 581g tem uma órbita circular em torno de Gliese 581, uma estrela do tipo anã vermelha, na constelação de Libra, a "apenas" 20,5 anos-luz da Terra. 

Concepção artística do planeta Gliese 581g, em torno da estrela anã vermelha Gliese 581. Na prática, ele não é visível da Terra, mas sua existência foi determinada pelas suas interações gravitacionais, que afetam os movimentos da estrela.

Gliese 581g foi detectado por uma equipe de astrônomos da Lick-Carnegie Exoplanet Survey, um projeto de pesquisas dos EUA.
A equipe é liderada por Steven Vogt e Paul Butler, pesquisadores de diferentes instituições que participam deste projeto. Suas conclusões foram baseadas em dados coletados ao longo de 11 anos por instrumentos acoplados a dois telescópios. A massa do planeta, um dos 6 que orbitam Glise 581, foi calculada como três a quatro vezes maior que a da Terra e sua translação dura aproximadamente 37 dias terrestres.
Informalmente, foi batizado com o nome de Zarmina, em homenagem à esposa de Vogt.
Mas, por que os pesquisadores colocaram este planeta na lista dos que podem conter vida?
Segundo as medições, o planeta mostra sempre a mesma face para a estrela-mãe. Apesar do calor abrasador no seu lado quente e do frio congelante no lado escuro, foi estimado que a temperatura média do planeta varia em torno de -12 a -31 graus centígrados, o que possibilitaria temperaturas semelhantes às terrestres na região situada na sua área de penumbra.
A massa do planeta indica ser ele provavelmente de natureza rochosa, com superfície definida e gravidade capaz de manter uma atmosfera.(Isto não quer dizer que ela exista.)
Em entrevista concedida para a Fundação Nacional De Ciência dos EUA, Steven Vogt, apesar de lembrar que não é um biólogo, se mostrou otimista quanto à possibilidade do planeta conter vida.
Ultimamente, os pesquisadores tem se mostrado propensos a uma revisão nos cálculos que estabelecem as probablidades de vida em outros planetas, em função da frequência com que tem sido descobertos novos planetas fora do nosso sistema solar. As descobertas superaram as expectativas iniciais, o que afeta aquelas probabilidades.
Apesar de tudo, ainda não há nenhuma comprovação das condições ambientais reais nestes planetas invisíveis. E, nos planetas do nosso sistema solar, apesar de já existirem sondas em Marte e condições para pesquisa de outros planetas em futuro próximo, até agora ainda não temos nenhuma confirmação positiva. Por enquanto, apesar das expectativas favoráveis, a existência de vida extraterrestre permanece apenas como uma conjetura.